quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Canibalismo é coisa do passado e de gente bárbara?

O costume indígena mais bárbaro, cruel e desumano era evidentemente o da antropofagia. Não se tem notícia de nenhum outro povo com costume tão bárbaro. Algo de parecido pode ter ocorrido entre os hebreus, mas decorrente de certos castigos (lev 26, 28-30), ou então no cerco de Jerusalém havido no ano 70 de nossa Era, onde, por causa da terrível fome que grassou entre eles, chegaram a comer carne humana. Entre os nossos índios, porém, se comia carne humana pelo prazer da vingança.
Quando o Beato Anchieta encontrava-se refém entre os tamoios, como garantia da negociação de paz que estava sendo feita entre os índios e os portugueses, presenciou a seguinte cena: “...E então mandou a uma de suas mulheres que tirasse uma canela da perna que tinha guardado, de que soem fazer flautas. Os outros vendo-a disseram: “Pois tu o mataste e comeste, comamos nós também”, e pedindo farinha, um por uma banda e outro por outra, começaram a roer nela como perros”

Mais ou menos na mesma época, o aventureiro Hans Staden era prisioneiro dos mesmos índios, onde presenciou fatos semelhantes. Certo dia os índios prepararam o fogo para cozinhar um índio carijó, morto, não se sabe, pela mão dos tamoios ou por causa de doença que havia contraído: “Decepou-lhe a cabeça, pois o carijó tinha só um olho e tinha má aparência, por causa da moléstia que tinha tido. Atirou fora a cabeça, chamuscando a pele do corpo sobre o fogo. Picou-o depois, repartindo-o entre os outros, em partes iguais, como é usado entre eles. Consumiram-no todo, menos a cabeça e as tripas, das quais tiveram nojo, porque estava doente”. Alguns dias depois Hans Staden foi levado á tenda do cacique Cunhambebe, à frente do qual o alemão viu um cesto cheio de carne humana. O chefe índio comia uma perna nesse momento, oferecendo-lhe um pedaço para também comer, o qual respondeu ao índio: “Um animal irracional não come outro parceiro, e um homem deve devorar outro homem?” Cunhambebe deu mais uma mordida e respondeu: “Sou um jaguar. Está gostoso”.
Realmente é muito estranho que um animal coma seu semelhante: nem os tigres o fazem. No entanto, homens bárbaros chegam a este ponto. Os padres jesuítas informavam que em geral os índios, pela sua própria natureza, sentiam certa repugnância em comer carne humana, causando até vômitos em alguns, mas era vencida facilmente pelo ódio e espírito de vingança que nutriam pelo morto.
Todos comprovam que era por espírito de vingança que o faziam, como informa o padre Thevet: “...a maior vingança praticada pelos selvagens, a que me parece ser a mais cruel e indigna, é a de devorar os inimigos. Quando capturam prisioneiros de guerra e não têm meios de conduzi-los à sua aldeia, cortam-lhes os braços e as pernas e, se houver tempo antes de recomeçar o combate, devoram-no ali mesmo, enquanto não chega a hora de se retirarem do local. Caso contrário, cada um leva seu pedaço maior ou menor. Sempre que podem, levam os cativos para a sua aldeia, mas ali também o devorarão posteriormente. ...é custoso arrancar-lhes um prisioneiro das mãos depois que o agarram, tal é a avidez que têm de devorá-lo, parecendo leões famintos”.

Já em suas primeiras cartas do Brasil, o Beato Anchieta conta que toda a terra está povoada de índios ”que têm por sumo deleite comer-se uns aos outros. E muitos vão às guerras, e andando mais de cem léguas, se cativam três ou quatro, se tornam com eles. E com grandes festas e cantares os matam, usando de muitas cerimônias gentílicas e assim os comem, bebendo muito vinho, que fazem de raízes. E os miseráveis dos cativos se têm por muito honrados por morrer morte, que a seu parecer é mui gloriosa”. Logo após o lance fatal em que a vítima era morta, as mulheres avançavam sobre o corpo do defunto e “umas lhe espetavam com paus agudos os membros cortados, outras untavam as mãos com as gorduras deles e andavam untando as caras e bocas às outras, e tal havia que colhia o sangue com as mãos e lambia, espetáculo abominável de maneira que tiveram uma boa carniçaria com que se fartar”.Costumavam também moquear os restos mortais para guardar e comer depois, cortando fora o dedo polegar “porque com este atirava flechas”.
O padre Simão de Vasconcelos, desce a detalhes:
“Nações há destas que em colhendo às mãos o inimigo, o atam a um pau pendurado, como se penduraram uma fera, e dele a postas vão tirando, e comendo pouco a pouco, até deixar-lhe os ossos esbrugados; ou cozendo-as, ou assando-as, ou torrando-as ao sol sobre pedras; ou quando o ódio é maior, comendo-as cruas, palpitando ainda entre os dentes, correndo-lhes pelos beiços o sangue do miserável padecente, quais tigres desumanos. Outros lhes abrem as entranhas, e lhes bebem o sangue em satisfação do agravo; e antes que expire chega a ele o agravado, ou algum seu parente, e dando-lhe com uma maça na cabeça, acaba de matá-lo; e fica deste feito afamado, e com nome de grande, e valente entre os outros. Usam também partir o padecente em quartos, qual onça do mato, e assados estes, ou cozidos, os vão comendo em seus banquetes, com grandes bailes, e bebidas de vinho: e para mais cevarem o ódio, conservam parte destas carnes ao fumo, para dar sabor às mais carnes das feras, quando as cozem, como costumamos fazer com toucinho”.

Muitos já cristãos, mas lembrando ainda dos antigos costumes pagãos, lamentavam na hora da morte não poder se vingar dos inimigos comendo mais alguns pedaços de carne deles. O jesuíta Azpilcueta Navarro indo visitar uma aldeia ficou horrorizado com o espetáculo que presenciou: “...vi que daquela carne cozinhavam em um grande caldeirão, e ao tempo que cheguei, atiravam fora uma porção de braços, pés e cabeças de gente, que era cousa medonha de ver-se, e seis ou sete mulheres que com trabalho se teriam de pé, dançavam ao redor, espevitando o fogo, que pareciam demônios no inferno”.
Entre povos bárbaros temos notícias de canibalismo não só de nossos índios, mas também dos incas e astecas. E até mesmo de antigos povos que habitavam a Europa. A descoberta de dois corpos de mais de dois mil anos, mutilados e queimados na Suíça, pode confirmar algo que os arqueólogos supunham há algum tempo: que os antigos suíços praticavam canibalismo, informou a imprensa do país. Os dois corpos de adultos exumados estavam deitados de bruços, sem o braço e a perna direitos, e os restos tinham indícios de queimaduras, declarou um dos arqueólogos do sítio de Mormont, situado entre Lausanne e Yverdon les Bains. "Pode-se supor que foram assados. Por isso, é provável que tenham sido comidos. Em todo caso, foram tratados como animais", explicou. Textos romanos permitem achar que os celtas - dos quais os suíços são um dos povos descendentes - praticavam sacrifícios humanos, mas até agora nenhuma prova arqueológica permitiu provar atos desse tipo. A agência de pesquisas arqueológicas Archeodunum, que trabalha nesse sítio, assinalou que não pode confirmar informações sobre a descoberta por ora. Em 2006 foram iniciadas escavações em Mormont, um dos maiores santuários do mundo celta, com mais de 250 valas onde foram encontrados restos de animais e fragmentos humanos. Pode exagero na conclusão dos citados cientistas, pois não se pode concluir que havia um costume canibal enraizado no povo apenas pela "prova" de dois corpos encontrado em tais condições. Um costume exigiria mais corpos na mesma condição.
O que levaria o homem ao canibalismo? Viu-se, assim, que o que motivava os índios à prática do canibalismo era o espírito de vingança. E o que estaria motivando o homem moderno à volta desta prática tão bárbara? Eis uma notícia, divulgada pela G1 da Globo, que mostra um entre vários casos ocorridos nestes últimos dias, onde se verifica a volta do canibalismo justamente entre gente que se diz “civilizada”, isto é, na Inglaterra. A notícia demonstra, ainda, que a violência contra os homossexuais é cometida entre eles mesmos. Se fosse o caso de um heterossexual matando e canibalizando um homossexual, a mídia liberal gritaria por medidas urgentes contra a “homofobia assassina e insana”.
Depois de três horas de duração, o júri deu a sentença para o ex-Mr.Gay do Reino Unido, acusado de cortar e cozinhar partes do ex-namorado em Leeds, Inglaterra. Anthony Morley, 36, cortou a garganta de Damian Oldfield depois de várias facadas na vítima em abril deste ano. Morley, que é “chef”, foi preso em um mercado próximo a sua casa, com a roupa suja de sangue. Ele alegou que tinha matado um homem que havia tentado violá-lo. Morley sustentou que matou a vítima em legítima defesa e encontrava-se inseguro sobre a sua homossexualidade. No dia do crime, Oldfield, que trabalhava na publicidade de uma revista gay, disse que não queria mais continuar o namoro. Eles beberam e dormiram juntos na casa de Morley. O acusado declarou à Corte que ficou aterrorizado com a idéia de que Oldfield fosse estuprá-lo, alegando um trauma de infância. Ele contou que não sabe como matou o ex-namorado e não se lembra do que ocorreu após o ataque. Ele também disse que não se recordava de ter cozinhado partes da vítima, mas poderia tê-lo feito imaginando que estava preparando uma carne no restaurante em que trabalha. A polícia encontrou na casa seis pedaços de carne humana cozida, temperos, óleo e a faca usada no crime. “Antes deste caso, achava que o canibalismo acontecia em épocas remotas, nas passagens de Robinson Crusoé", comentou o juiz James Stewart ao anunciar o veredicto de "um dos assassinatos mais sórdidos" no qual ele já trabalhou. O magistrado lembrou como Anthony Morley havia utilizado suas habilidades de chefe para cortar seu amante e cozinhar sua carne. "Ela não estava a seu gosto, então a jogou no lixo", acrescentou.
Uma notícia vinda da Alemanha causa pasmo e estupor. Ela foi redigida nos seguintes termos:
“A fantasia do técnico de computadores alemão Armin Meiwes, 42, era devorar alguém. Ele a realizou em março de 2001, ao matar e comer um homem que atendera a seu anúncio na internet pedindo vítimas. Ontem, Meiwes começou a ser julgado por assassinato.
No primeiro dia de depoimento, em Kassel (região central da Alemanha) o réu admitiu ter matado Bernd-Jurgen Brandes, 43, e deu detalhes mórbidos do ritual que comparou a “receber a comunhão”.
A defesa, que diz ter o episódio gravado em vídeo, alega que a vítima quis ser morta e concordou em ter o corpo devorado - tendo chegado a dividir parte da própria genitália flambada com o acusado. Meiwes teria convidado Brandes, um especialista em computadores de Berlim, para visitá-lo em sua casa, em Rotenburg, após conhecê-lo pela internet. O assassinato ocorreu numa sala apelidada de “matadouro”, decorada com utensílios de açougue e uma jaula.
Após devorar a genitália, Brandes teria perdido a consciência, e Meiwes então o matou a facadas. Ele pendurou o corpo num gancho de açougue e o fatiou, guardando as porções em seu freezer. Até ser preso, em dezembro de 2002, o réu comeu 20 quilos de carne da vítima. A promotoria, que pede prisão perpétua, admite que Brandes quisesse ser morto, mas alega que ele não tinha discernimento. Já Meiwes, examinado por um psiquiatra, foi considerado apto para o julgamento”. Mas tudo indica que Meiwes não estava só, pois assim conclui a notícia:
“O réu disse que sites com nomes como “Cannibal Cafe” reuniriam “centenas” de pessoas dispostas a devorar alguém ou a serem devoradas. Nos 12 meses em que os anúncios de Meiwes estiveram na rede, 430 pessoas responderam.” (“Folha de São Paulo”, 04.12.2003, A-17)
Outro caso de canibalismo foi em 1920, Fritz Haarmann ficou conhecido como “o vampiro de Hanover”. Fritz já havia sido internado em sanatórios e já havia passado pela polícia até que montou um açougue. Nessa época existiam muitos moradores de rua e Fritz então os convidava para ir até sua casa. Ao chegarem, Fritz os pendurava nos ganchos do açougue e mordia o pescoço das vítimas até morrerem, cortava então seu corpo e fazia salsicha. As salsichas feitas com carne humana por Fritz foram consumidas por ele e outra parte foi vendida em seu açougue. Foram 27 mortos.

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