terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

A DEVOÇÃO A NOSSA SENHORA AUMENTA NOSSA CAPACIDADE DE SOFRER





 (COMENTÁRIOS DE DR. PLINIO SOBRE A SANTÍSSIMA  VIRGEM MARIA – 21)

Em plano muito mais elevado, podemos esperar de Nossa Senhora aquilo que um filho espera de sua mãe?
Há duas espécies de mães: a boa e a pseudo-boa. A mãe pseudo-boa – helás! Por demais freqüente nos povos latinos – tem pena do filhinho e não quer que ele sofra, tenha “dodói”. Ela pactua com todas as traquinagens do filho, com todas as suas faltas no cumprimento do dever, com toda a sua moleza, dispensando-o de todas as regras e prejudicando irremediavelmente a formação do seu caráter.
Mas há outro tipo de mãe que sabe que, dada a contingência atual do homem, não há outro meio para ele senão sofrer, sofrer e sofrer  muito para dilatar a alma, santificá-la, engrandecê-la. Sabe que é preciso sofrer para lutar na vida, que é preciso sofrer para viver, sofrer enfim em todas as circunstâncias. Sabe que, em última análise,  que o homem vale na medida do que sofre. Esta mãe cuida de aliviar os sofrimentos de seus filhos na medida que isto seja possível e não lhes cause prejuizo. Mas toda a medida de sofrimento que verdadeiramente a educação exija, uma boa mãe quer que o filho a atinja. Ela simplesmente limita-se a ampará-lo no sofrimento, de tal forma que ele tenha força e coragem para sofrer o que deve. Mas ela quer que ele sofra. Nossa Senhora procede por essa forma.
Haveria ilusão em tomar as vidas de santos, os florilégios de Nossa Senhora, e ver de modo unilateral certas graças excepcionais que Ela concede. Por exemplo, São Francisco de Sales, no auge de uma tentação atroz relacionada com o problema angustiante da predestinação, emagrecendo, definhando, numa esterilidade espiritual pavorosa, com uma “procella tenebrarum” dentro da alma, aproxima-se de uma imagem de Nossa Senhora e recita o “Memorare”: imediatamente as nuvens se dissipam e ele se sente cheio de paz e de tranqüilidade; a crise espiritual estava resolvida.
Tendo-se um sem número de casos destes, não se pode deixar de sentir uma impressão profundamente edificante e muito útil para a vida espiritual. Mas ela não deve ser unilateral.
Nossa Senhora alivia a miúdo as provações de nossa vida espiritual como uma boa mãe que reduz o sofrimento do filho na medida do indispensável. Mas há um limite necessário para todo sofrimento, e não é um limite pequeno. Dele Nossa Senhora não nos tira.
Não se pense que a devoção a Nossa Senhora é uma espécie de morfina para a vida espiritual, que, uma vez ingerida, dissipa todas as dores. Não, Nossa Senhora – e São Luís Grignion insiste sore isto – não tira do ombro do fiel o peso da cruz, mas lhe dá forças abundantes para carregá-la. Ela lhe dá o amor à cruz e ao sofrimento. Este é o fruto da devoção à Nossa Senhora.
A graça de possuir uma grande intimidade com Nossa Senhora
Devemos compreender, portanto, que na devoção à Nossa Senhora há duas coisas a pedir: reconhecendo que somos homens fracos, que não somos atletas na vida  espiritual, devemos pedir a Ela que nos socorra nas aflições que nos parecem muito pesadas. É um esplêndido pedido, e Ela no-lo atenderá muitas vezes.
Sempre que, na medida da Providência de Deus, for possível socorrer-nos, Ela o fará. Mas devemos nos lembrar de que há uma certa medida de dor que devemos suportar, e por inteiro. Nós mesmo não sabemos bem qual é essa medida; Ela o sabe.
Precisamos então pedir-Lhe forças para suportar. Neste ponto, neste equilíbrio destes dois pedidos, é que está a providência de Nossa Senhora.
Imaginemos um homem que leva sua vida quotidiana. Esta sempre tem dois aspectos diferentes: há períodos da vida de todos os dias que vivemos da rotina comum. É o trabalho de ir e voltar da escola, de preparar a lição, de visitar um parente. É uma engrenagem comum, um quase prosaísmo quotidiano.
Mas há outro aspecto da vida do homem, que são as ocasiões dos grandes sofrimentos, em que ele não tem apenas os aborrecimentos da vida de todos os dias, mas em que arca com um peso de sofrimentos excepcionalmente grandes.
Imaginemos, numa e noutra destas fases da vida espiritual, uma pessoa que saiba verdadeiramente praticar a devoção de São Luís Grignion. Ela se lembrará, nas pequenas dificuldades da vida quotidiana, que tem em Nossa Senhora uma Mãe. Lembrar-se-á não só várias vezes durante o dia, mas terá disto uma consciência habitual e permanente. Quando ela estiver em dificuldades, quando tiver problemas, ainda que sejam minúsculos, pedirá o socorro de Maria, dirigir-se-á a Ela. Em todas as circunstâncias correntes da vida, estará rezando à Virgem Santíssima. A pessoa viverá numa permanente intimidade com Nossa Senhora, para tudo pedindo-Lhe socorro. Numa perplexidade pedir-Lhe-á que a faça ver o verdadeiro caminho. Nas grandes ocasiões, pedir-lhe forças para suportar o peso das provações excepcionais, obtendo com isso energia para os atos de heroísmo que muitas vezes a vida espiritual exige de cada um.
Se uma pessoa souber oferecer todos os seus atos em união com Nossa Senhora e, segundo as intenções d’Ela, souber pedir constantemente o Seu auxílio em todos os momentos – por exemplo, se está distraída na leitura, pedir a Ela que a faça, apesar disto, tirar frutos; se sai à rua e vê alguém que está cometendo um pecado, pedir por aquela alma; se tem uma tentação, pedir forças para resistir; se vê uma alma que sofre, pedir por ela – se esta pessoa souber, enfim, recorrer continuamente à Nossa Senhora, sua vida espiritual crescerá maravilhosamente. Podemos dizer que não há melhor programa para a vida espiritual. Isto exige, porém, toda uma compenetração e todo um esforço de vontade.
Nossa Senhora: panacéia para a vida espiritual
Das provações inerentes à vida espiritual ou impostas pela fidelidade à Igreja há uma muito árdua, pela qual todos devemos passar. É a sensação de aridez, de estagnação, de imobilidade aparente de todas as coisas. Entra ano, sai ano, e a vida espiritual parece não progredir; é a vida de apostolado que se debate sempre nos mesmos problemas; é algo que vai acontecer, e se consegue evitar; depois, é outro mal que está para surgir, consegue-se impedir;  novamente outro imprevisto, e chora-se porque não se o evitou, mas fica-se vigilante para outro que está para acontecer. Nos primeiros momentos ter-se-á a sensação de uma montanha russa. Mas esta diverte quando se lhe dá uma volta. Mas passar nela alguns anos é humanamente insuportável, e sentimo-nos tentados a acabar com aquele sobe-e-desce, a fim de vivermos como um homem particular qualquer.
Este prolongamento contínuo da mesma ordem de coisas aparentemente imóvel é como navegar no mar sem ponto de referência. Fica-se navegando, sabe-se por um ato de fé nas estrelas que se está mudando de posição, mas, exceção feita disto, não se tem noção de movimento. E quanto de esforço despendido para se navegar! Seria a sensação dos remadores de uma galera, que tivessem a impressão de que o barco não se movia do lugar. É a sensação de enfaramento, de monotonia, que por vezes pode-se ter na vida espiritual e na de apostolado.
Para tais ocasiões a solução é o recurso a Nossa Senhora; rezar e Ela que é o remédio para tudo. Costuma-se dizer que não se devem admitir panacéias. Há uma exceção: Nossa Senhora é verdadeiramente uma panacéia, exceto para a má vontade de quem positivamente não quer ser bom. “Qui creavit te sinte te, non salvabit te sin te”; “Aquele que te criou sem teu concurso, não te salvará sem a tua colaboração”, diz Santo Agostinho.
Esta verdadeira devoção a Nossa Senhora nos dá possibilidades de eficácia incalculáveis no serviço da Igreja.
Tomemos, por exemplo, um contra-revolucionário que pratica seriamente esta devoção e que assista a uma reunião de formação. O mérito de ter comparecido à reunião reverte às mãos de Nossa Senhora e Ela, que conhece melhor os interesses da Igreja do qualquer homem, aplicá-lo-á de acordo com Sua Sabedoria. E assim, além do apostolado que faz, comparecendo às reuniões, pode fazer um bem maravilhoso em algum outro plano.
Bem pode ser que esteja participando de um modo invisível, sem o saber, dos mais altos destinos da Igreja, da luta entre a Esposa de Cristo e a Anti-Igreja. Ele não o sabe, mas Nossa Senhora terá nisto aplicado seus méritos, e está produzindo frutos que ele nem sequer pode imaginar. É o que há de mais certo, pois Nossa Senhora não esbanja os nossos méritos. Ela os aplica com a máxima sabedoria possível. Portanto, o que fazemos quando os confiamos à Sua Sabedoria, é aproveitá-los ao sumo”.


Extraído de comentários de Plinio Corrêa de Oliveira sobre o TRATADO DA VERDADEIRA DEVOÇÃO À SANTÍSSIMA VIRGEM - (1951) – Capítulo V – Motivos que nos recomendam esta devoção


segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

PELO CARÁTER ALUCINÓGENO, QUAL A DIFERENÇA DA MÚSICA PARA AS DROGAS?



Há muitos anos presenciei numa pequena cidade do interior baiano uma apresentação espetacular de um trio elétrico. Nunca tinha visto em toda a minha vida algo tão espetacular, com uma riqueza de tecnologia e brilho, visando exclusivamente causar alucinação, pela música, nas multidões.  Tal era o estado de euforia das multidões perante aquele espetáculo de cores, brilho e som, que pareciam a meus olhos um amontoado de possessos vindos dos infernos. Para mim aquele estado de euforia é diabólico, não pode ser normal. As pessoas ficam fora de si, dão a impressão de estar suspensas no ar, durante o pula-pula infernal e diabólico.
A propósito, veio-me a interrogação: que papel tem a música em provocar alucinação nas massas? A música pode também ter caráter alucinógeno, a semelhança das drogas?
E a resposta quem vai dá é um especialista, o guru indiano Maharishi Nahesh Yogi, morto em 2008, o inspirador de várias músicas dos Beatles quando era mestre deles.  Certo dia lhe perguntaram porque ele não aderia ao uso de drogas, tipo LSD, como o fazia seus amigos Beatles, com o objetivo de ficar “fora de si”, em êxtase, em estado de completa alucinação. Respondeu ele, não sei se querendo esconder o fato de também usar drogas, que sua música substitui a droga perfeitamente em trazer alucinação e extasiamento às pessoas. Portanto, aquele tipo de música podia muito bem substituir a droga. Aí está a explicação porque as mocinhas que ouviam os Beatles ficavam tão alucinadas quando os viam nos palcos cantando suas canções.
É verdade. A música pode não causar problemas de saúde tão graves como as drogas alucinógenas, mas causa sérios transtornos psíquicos ao estimular os baixos instintos. Quem ouve um trio elétrico e se extasia com aquelas músicas, imediatamente passa a se comportar animalescamente, perdendo completamente o auto-controle sobre si mesmo.
Existem músicas que podem fazer a pessoa relaxar, nos causar bons efeitos se forem acompanhadas de ordem, de harmonia, de sentido cultural, etc., Existem músicas que convidam o homem á contemplação das coisas mais altas, elevando o espírito humano, como o canto gregoriano, por exemplo. Estas não possuem caráter alucinógeno, como as de carnaval, demasiadamente excitantes e provocantes dos baixos instintos humanos. Esta última é uma música que gera impulsos irrefletidos: pular sofregamente, dar murros, gritar, enfim, entrar em êxtase.
Daí se conclui que ela tem o mesmo efeito alucinógena do que uma droga tipo cocaína, crack ou LSD.  Com a diferença que é aceita pacificamente por toda a sociedade. Sem nenhuma censura.