sábado, 12 de novembro de 2011

Uma Revolução em franco recuo

O “modelo” da Revolução da Sorbonne (Paris, maio de 1968) foi facilmente disseminado pelo mundo. Com base naquela matriz ideológica, diversos grupos realizaram ações revolucionárias em várias partes do planeta.
No Brasil, como alhures, a técnica de conduzir a opinião pública é sempre a mesma. O sucesso obtido na Sorbonne de 68 tem inspirado muita gente a repetir a façanha.
Hoje, no entanto, tudo indica que as diversas revoluções similares que explodem em várias partes do globo conduzem a uma tentativa de universalizá-la mais ainda. Sendo universal, é necessário que haja unidade, pelo menos entre os agentes revolucionários. Por enquanto, a universalidade está nos meios e nos métodos de ação, mas tende a sê-lo também no campo ideológico, dos propósitos. Somente a unidade fará com que se obtenha mais êxito universal.
Quanto aos métodos, tivemos, por exemplo, as diversas manifestações de descontentamentos eclodidas entre os árabes e na Europa, depois transplantadas para os Estados Unidos da América e os países sul-americanos. Para atrair a simpatia do público revestiram-nas com o título de “indignados” e “primavera árabe”. Como o ato de indignar-se não identifica em si disposição para a revolução e o caos, mas uma atitude de revolta contra as injustiças, logo os revolucionários atraíram a simpatia de certo público e conseguiram, inclusive, derrubar alguns governos ditatoriais árabes. Com uso das armas, inclusive. Na Europa, é claro, tinha que ser diferente. E nos Estados Unidos mais ainda, com outra roupagem, outro nomes, com propósitos meio indefinidos, próprios desse tipo de revolução. Dentro do grupo “Ocupem Wall Street”, como não poderia deixar de ser, o tema principal é a guerra contra os bancos e o capitalismo dito “selvagem”, uma velha e surrada tese marxista de luta de classes.
E agora a paticipação nesse movimento está muito mais ao alcance de todos, pois, diferentemente de maio de 68, temos a internet com as redes sociais que divulgam celeremente as ordens, os contatos, as decisões e os programas predeterminados.


O Milagre da “Revolução Espontânea”

Um das características que os faz atraentes para o público é o cunho da espontaneidade. Veja o que publicamos em nossa postagem de 17.10.2011, o milagre da revoluçao espontânea.

Uma frustrada tentativa de repetição da Sorbonne-68

A “Revolução dos indignados” está ainda em curso. No entanto, tudo indica que essa Revolução não avança, mas murcha. Não queremos dizer com isso que a ação desses grupos estancou, mas sim que não encontra eco no restante da população. Trata-se, sempre, de uma minoria isolada, que não encontra apoio da população em geral. Veremos por quê.
Em São Paulo, tivemos recentemente um exemplo fraglante disso. Dentro do Campus da USP houve um crime e a droga corria solta. O reitor resolveu chamar a polícia, como é óbvio, para policiar o recinto das faculdades. “Indignadas” com a ação da reitoria, várias organizações estudantis resolveram protestar: a polícia teria que vigiar a “cracolândia”, a USP não, segundo palavras excitadoras do movimento ditas pelo ministro da Educação.
No entanto, feita uma reunião, a maioria resolveu concordar com a ação da polícia. Primeira derrota dos “indignados” revolucionários, os quais, insatisfeitos, resolveram agir contra a maioria. Cerca de 100 alunos (uma minoria irrisória) invadem o prédio da Faculdade Filosofia. Esperavam que os outros estudantes o apoiassem, mas em vão: a grande maioria, em reunião, decide a desocupação do prédio. Aí, então, cerca de 70 remanescentes daqueles 100, ao sair da Faculdade de Filosofia resolvem invadir o prédio da própria reitoria. Dessa vez, porém, o reitor resolve acionar a justiça, a qual dá um ultimato aos invasores para desocupar o prédio. Como não o fizeram, foram expulsos pelos policiais. Esta última ação ocorreu no dia 8 de novembro.
No dia seguinte, os grupos revolucionários fazem nova tentativa de conquistar a adesão dos estudantes e proclamam uma greve em protesto contra a ação policial no recinto da USP. Nova derrota. Não há adesão ao movimento, o qual mingua por falta de participantes. Será que esperavam ocorrer o mesmo que na Sorbonne de maio de 68, quando uma minoria invadiu uma faculdade, depois a própria universidade, passando posteriormente para as ruas e as fábricas? Pode ser que não, pelo menos entre os indivíduos de base, mas em todos os outros movimenos semelhates havidos em outras partes do mundo, inicialmente há sempre uma causa pequena e de pouca repercussão, para, depois se partir para uma questão nacional e até internacional, que é o escopo dos líderes. Esta, da USP, foi um fiasco total.
Uma particularidade, que a mídia chamou a atenção desde o início desse movimento: os invasores da reitoria da USP são, na maioria, filhos de gente rica ou de classe média. Alguns dos pais foram até à polícia para protestar dizendo que estavam sendo vítimas de perseguição política. Eles pleiteavam o “direito” de seus filhos fumarem maconha no recinto da USP e acusam a justiça de “perseguição política”.
O que reflete bem o tipo de ação promovida nos bastidores por gente desse tipo é retradado pelo jornal “Folha de São Paulo”(edição de 10.11.2011), ao relatar o seguinte episódio:

“Quinze socialites se reuniram anteontem à tarde, nos Jardins (zona oeste), para debater o combate à corrupção e outros temas. Antes mesmo de começar, a pauta já era outra. “Ei, menino, sabe que fim deu a confusão da USP?”, assuntou uma das integrantes do Grupo Ação em Cidanania à reportagem. PMs haviam retirado, horas antes, os invasores da reitoria. Iniciada a reunião pela psicalanista Maria Cecília Parasmo – regada a refrigerante, bolacha e bolo -, o debate ficou em torno de como “mobilizar o povo” e “para quê”. Para Ana Paula Junqueira, pré-candidata do PMDB a vereadora, o brasileiro deveria se inspirar na Primavera Árabe.. Quando o tópico voltou para os conflitos na USP, os ânimos se exaltaram. A historiadora Maria Cecília Naclério sugeriu que o grupo de invasores teria ligação com máfias (“tudo isso é orquestrado”). Já a presidente da Associação de Mulheres de Negócios, Márcia Kitz, questionou se a PM não deveria ter sido mais incisiva, com uso de bombas de efeito moral e jatos d’água. Após publicação de Vídeo pela TV Folha, ontem, o termo “socialites” ficou entre os mais comentados no Twitter em SP”. (FSP, 10.11.2011, caderno Cotidiano, C3).

A queda da disponibilidade revolucionária

Estar disponível é ter um espírito propenso e pronto para a ação. O chamado “mundo virtual” tira um pouco esta disponibilidade, pois enclausura as pessoas numa espécie de “autismo consentido” e numa acomodação egoística. No entanto, torna as pessoas mais manipuláveis.
O que deve ser manipulado pela Revolução? A mesma disponibilidade para a ação, a ação coordenada e universal, assim como a unidade da ação. As pessoas manipuláveis devem agir por impulso, sem raciocinar bem o que estão a fazer nem o seu conteúdo ideológico. Em geral as pessoas são manipuláveis por questões sentimentais, compulsivas, financeiras, etc.
Mesmo assim, tal manipulação tem encontrado muitas dificuldades. Uma delas é que o “mundo virtual” ainda é vivenciado por uma minoria da população, pelo menos em tempo integral. E parace que saturou, não indicando que há para onde crescer mais do que o que já crescreu. Assim, os próprios agentes da manipulação podem ser atingidos pelo parasitismo virtual. As redes sociais funcionam mais como necessidade que as pessoas têm hoje, num mundo tão isolacionista, de se comunicarem, mas parece que não tem surtido muito efeito quando se pretende por ele a ação das massas para promover uma revolução tendenciosa.

Veja nossa postagem Sorbonne, maio 68: motivações imediatas, meros pretextos para a ação

A Revolução e a auto-regência dos seus lideres

Um líder revolucionário, apesar de em geral ter que ser carismático, perde sua auto-regência ao se entregar inteiremente às paixões revolucionárias. Estas paixões, virulentas e irracionais, tendem a obscurecer o “lumen rationis”(a luz da razão), transforando-os em meros autômatos. Também os líderes podem ser influenciados pela tendência a agir por impulsos. É mais cômodo. Desta forma, as lideranças revolucionárias hoje são raras, pois falta-lhes o que denominamos acima de “disponibilidade revolucionária”, necessária para “tocar” a massa para a ação. Um líder perde sua capacidade de liderança quando perde também sua auto-regência, é sabendo governar-se que se governa os outros com eficiência.
Um dos recursos que a Revolução pode usar, nesse caso, é da ação integrada, liderada não por um individuo mas por um grupo, um “comitê”, um soviet. Recurso já usado na Sorbonne para se dá a idéia de que as decisões não são individuais, mas coletivas. Mas esse grupo precisa se utilizar de recursos com que possa mover a “massa” na direção revolucionária. Nesse caso, a técnica mais apropriada (já usada em várias ocasiões) é a “acupuntura social”, pela qual as massas vão agir impulsionadas por fatos ocorridos e provocados de propósito que as levem em direção diferente e até oposta daquilo que pensam e vivem. Um exemplo foi a eleição ganha pelo partido socialista espanhol em 2004, fruto de um atentado terrorista. O atentado foi feito pelos árabes, mas levou a opinião pública a desviar seus votos contrários ao governo conservador, então no poder, dando vitória aos socialistas. Assim, sem um discurso, sem ação de nenhum líder, mas de um grupo, o povo foi levado a agir de forma diferente e até contrária ao que pensava.

Veja nossa postagem: Sorbonne, maio 68: a “acupuntura social”



Vídeos:

Invasão da USP



Ocupem Wall Street



Legenda de um video:
MOVIMENTO OCUPE WALL STREET PODE SER O COMEÇO DE UM NOVO MODELO DE SOCIEDADE, E NOVOS SISTEMAS MAIS JUSTOS DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS NATURAIS.

Os indignados voltam a sair às ruas na Espanha




Uma das características dos povos muçulmanos é o grande atraso em que teimam permanecer, recusando qualquer evolução social. Isso ocorre por causa dos princípios religiosos, embora seja negado por alguns. Há séculos que são dominados por clãs e por regimes tribais. A tônica do noticiário, como se vê abaixo, é que as revoltas vão solucionar todos os problemas: basta que se coloque outro grupo político no poder e se façam eleições. Fácil, né? Quem garante que os políticos que vão suceder aos ditadores vão inaugurar um regime realmente democrático? Quem garante que não vai ser mais uma sucessão de ditaduras? Não se muda a cultura de um povo assim da noite para o dia.
A única novidade em toda essa onda é que a mídia está trombeteando aos quatro ventos que tudo está sendo feito via internet. O que é absurdo, pois muitas dessas revoltas estão sendo feitas por grupos armados, como ocorreu na Líbia e está ocorrendo agora na Síria. Outra novidade é que o movimento é apresentado ao Ocidente como exemplo de uma revolução toda virtual, nascida espontaneamente dentro das chamadas “redes sociais”. Um mito, uma mentira, como vimos acima ao comentar sobre a “espontaneidade revolucionária”.

Primavera árabe – manifestações pacíficas ou Guerra?




A queda da ditadura no Egito





A análise da Revolução, como feita acima, é baseada nas teses da obra “Revolução e Contra-Revolução”, do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, cujo texto pode ser obtido aqui: http://www.pliniocorreadeoliveira.info/livros.asp

Um comentário:

fec disse...

Isso mesmo. Mitos e mentiras!