domingo, 30 de maio de 2021

TRISÁGIO DA SANTÍSSIMA TRINDADE – PODEROSA ORAÇÃO CONTRA CALAMIDADES PÚBLICAS

 


Há condição de se preparar para grandes catástrofes? Esta preocupação tem sido um tema constante nos últimos anos. A população de San Francisco, nos Estados Unidos, por exemplo, há muitos anos que vem se preparando para um grande terremoto que dizem pode acontecer a qualquer momento. Será que, realmente, está preparada?

A propósito de terremotos e tsunamis, a preocupação tem sido muito grande. Mas, não é somente terremotos e maremotos ou tsunamis que causam catástrofes de grandes proporções. As pandemias, por exemplo, atingem nível mundial e terrível, sem que as populações estejam preparadas para enfrentá-las.

Na realidade, o fator mais importante para que se escape de uma catástrofe desse tipo é nossa fé, uma confiança inabalável na proteção divina. Foi com este objetivo que foi revelado uma oração apropriada para tais catástrofes, chamada "Triságio da Santíssima Trindade".

 

O Triságio da Santíssima Trindade


Do grego “tris-agion” (três vezes Santo), é o nome que se dá à aclamação de louvor “Santo Deus, Santo Forte, Santo Imortal”, testemunhado pela primeira vez no Concílio de Calcedônia (451). Nos ritos orientais, sobretudo no bizantino, tem o seu lugar na procissão de entrada da Missa, como também acontece nos dias mais solenes do rito hispânico. Noutras liturgias orientais, canta-se antes das leituras bíblicas. Na Liturgia romana conservou-se só em Sexta-Feira Santa, durante a adoração da Cruz. Outra circunstância litúrgica em que também se pode falar de triságio é na aclamação do Sanctus, da Oração Eucarística: “Santo, Santo, Santo".

O triságio encontra suas raízes no Antigo Testamento, no livro de Isaías, capítulo 6, versículo 3: "Santo, santo, santo é o Senhor dos exércitos, a terra inteira está repleta de sua glória."

Na Sexta-Feira Santa, nos Lamentos do Senhor da Celebração da Paixão do Senhor, encontramos traços que expressam o triságio: "Deus Santo, Deus forte, Deus imortal, tende piedade de nós!" Na liturgia oriental, o triságio aparece no rito da palavra, na pequena entrada, como se pode notar da Divina Liturgia de São João Crisóstomo. O sacerdote recita a Oração do Hino do Triságio, e é concluída com o canto: "Santo Deus, Santo poderoso, Santo imortal, tem piedade de nós! (3 vezes). Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, agora e sempre, pelos séculos dos séculos. Amém! Santo imortal, tem piedade de nós! Santo Deus, Santo poderoso, Santo imortal, tem piedade de nós!"

O triságio, que deita raízes na liturgia judaica, aparece, documentado, em As Constituições Apostólicas (compostas no século IV), Livro VIII, Liturgia Eucarística: A Oração de Oblação, n. 12:27 - Introdução ao Sanctus: "Santo, Santo, Santo, o Senhor do universo; o céu e a terra estão cheios da sua glória, bendito és Tu pelos séculos. Amen".

Vejamos agora como um grande Santo, Antonio Maria Claret, conta tudo sobre esta oração tão importante para se rezar nos momentos de grandes catástrofes:

TRISÁGIO À SANTÍSSIMA TRINDADE



Origem do triságio

O santíssimo triságio não é invenção do engenho humano, senão obra do mesmo Deus, que Ele inspirou ao profeta Isaías quando este ouviu que o cantavam os Serafins, para exaltarem a glória do Criador.
Na escola dos mesmos Serafins e na dos outros coros angélicos foi onde o aprendeu milagrosamente aquele menino que, como São Paulo, foi arrebatado ao céu, segundo referem as histórias eclesiásticas. No ano 447, e sendo Teodósio Júnior imperador do Oriente, sentiu-se um terremoto quase universal, violentíssimo, e que pela sua duração e espantosos estragos se fez o mais célebre de todos quantos até então se tinham visto. Foram incalculáveis os prejuízos que seis meses de abalos quase contínuos causaram nos mais suntuosos edifícios de Constaninopla e em toda a famosa muralha do Quersoneso. Abriu-se a terra em muitos pontos e ficaram sepultadas em suas entranhas cidades inteiras; secaram-se as fontes e apareciam outras novas, e era tal a violência dos abalos que arrancava árvores corpulentíssimas, apareciam montanhas onde primeiro havia planuras, e profundos abismos onde havia antes montanhas. O mar lançava às praias peixes de grandeza enorme; e as praias e navios ficavam sem águas, que iam inundar grandes ilhas.
Em semelhante conflito, achou-se prudente abandonar os povoados e assim o fizeram os habitantes de Constantinopla com o imperador Teodósio, sua irmã Pulquéria, São Proclo, então patriarca daquela Igreja, e todo o clero. Reunidos num lugar chamado Campo dirigem ao céu grandes clamores e fervorosas súplicas, pedindo o socorro em necessidade tão apertada. Um dia, entre oito e nove horas da manhã, foi tão extraordinário o abalo que fez a terra, que pouco faltou para que não causasse os mesmos estragos que o dilúvio universal. A este espanto sucedeu admiração do prodígio seguinte: Um menino de poucos anos foi arrebatado pelos ares à vista de todos os do Campo, que o viram subir até perdê-lo de vista. Depois de algum tempo desceu à terra, do mesmo modo que subira ao céu, e logo em presença do Patriarca, do Imperador e da multidão pasmada, contou que sendo admitido nos coros celestes ouviu os anjos cantarem estas palavras: Santo Deus, Santo forte, Santo imortal, tende misericórdia de nós; e que ao mesmo tempo lhe mandaram que comunicasse a todos esta visão. Ditas estas palavras, aquele inocente menino morreu.
São Proclo e o Imperador, ouvida esta relação, mandaram unanimemente que todos entoassem em público este sagrado cântico, e imediatamente cessou o terremoto, e ficou quieta a terra.

Daqui nasceu o uso do Triságio, que o Concílio geral Calcedonense prescreveu a todos os fiéis, como um formulário para invocar a Santíssima Trindade nos tempos funestos e nas calamidades; daqui veio merecer a aprovação de tantos Prelados da Igreja, que apoiaram o uso dele, enriquecendo-o com o tesouro das indulgências e daqui finalmente veio que se pusesse método, que se imprimisse e reimprimisse tantas vezes, e sempre com universal aplauso e aceitação dos fiéis, que o consideram como um escudo impenetrável contra todos os males que Deus manda à terra em castigo de nossos pecados. [1]

 

Oferecimento

Para ganhar as indulgências, os que rezarem o Triságio

 

Rogamos-te, Senhor, pelo estado da Santa Igreja e Prelados dela; pela exaltação da fé católica, extirpação das heresias, paz e concórdia entre os príncipes cristãos, conversão de todos os infiéis, hereges e pecadores; pelos agonizantes e caminhantes, pelas benditas almas do purgatório e mais piedosos fins de nossa Santa Madre Igreja. Amém.


V. Bendita seja a santa e indivídua Trindade, agora e sempre por todos os séculos dos séculos.

R. Amém.

V. Abri, Senhor, meus lábios.

R. E a minha boca anunciará vossos louvores.

V. Meu Deus, em meu favor benigno atende.

R. Senhor, apressai-vos a socorrer-me.

V. Glória seja ao Eterno Pai.

Glória seja ao Eterno Filho.

Glória ao Espírito Santo.

R. Amém. Aleluia.


(no tempo da Quaresma se diz conforme abaixo):


Louvor seja a ti, Senhor, Rei da eterna glória.

Ato de Contrição

 Amorosíssimo Deus, trino e uno, Pai, Filho e Espírito Santo, em quem creio, em quem espero, a quem amo com todo o meu coração, corpo, alma, sentidos e potências; por serdes Vós meu Pai, meu Senhor e meu Deus, infinitamente bom e digno de ser amado sobre todas as coisas; pesa-me, Trindade Santíssima, pesa-me, Trindade misericordiosíssima, pesa-me, Trindade amabilíssima, de vos ter ofendido só por serdes Vós quem sois; proponho, e vos dou palavra, de nunca mais vos ofender e de morrer antes do que pecar; espero de vossa suma bondade e misericórdia infinita, que me perdoareis todos os meus pecados, e me dareis graças para perseverar num verdadeiro amor e cordialíssima devoção a vossa sempre amabilíssima Trindade. Amém

 

Hino

Já se afasta o sol radioso,

Ó luz perene, ó Trindade,

Infunde em nós ardoroso

O fogo da caridade.


Na alvorada te louvamos

E na hora vespertina;

Concede-nos que o façamos

Também na glória divina.

 

Ao Pai, ao Filho e a Ti,

Espírito consolador,

Sem cessar como até aqui

Se dê eterno louvor. Amém.

            Oração ao Pai

 Ó Pai Eterno, fora o prazer de vos possuir, eu não vejo mais do que tristeza e tormento, embora digam outra coisa os amadores da vaidade. Que me importa que diga o sensual que sua felicidade está em gozar de seus prazeres? Que me importa que diga também o ambicioso que seu maior contentamento é gozar de sua glória vã? Eu pela minha parte nunca cessarei de repetir com vossos Profetas e Apóstolos, que a minha suma felicidade, meu tesouro e minha glória é unir-me a meu Deus, e manter-me inviolavelmente unido a Ele.

Recita-se um Pai-Nosso, uma Ave-Maria, e nove vezes:
Santo, Santo, Santo, Senhor Deus dos exércitos, cheios estão os céus e a terra de vosso glória.

(responde-se, se possível em coro):

Glória ao Pai, glória ao Filho, glória ao Espírito Santo.

Oração ao Filho

Ó Verdade eterna, fora da qual eu não vejo outra coisa senão enganos e mentiras. Oh! E como tudo me aborrece à vista de vossos suaves atrativos! Oh! Como me parecem mentirosos e asquerosos os discursos dos homens, em comparação das palavras da vida, com as quais Vós falais ao coração daqueles que vos escutam. Ah! Quando será a hora em que Vós me tratareis sem enigma e me falareis claramente no no seio de vossa glória? Oh! Que trato! Que beleza! Que luz!

Recita-se um Pai-Nosso, uma Ave-Maria e nove vezes:
Santo, Santo, Santo, Senhor Deus, etc.

Oração ao Espírito Santo

Ó Amor, ó Dom do Altíssimo, centro das doçuras e da felicidade do mesmo Deus; que atrativo para uma alma ver-se no abismo de vossa bondade e toda cheia de vossas inefáveis consolações! Ah! Prazeres enganadores! Como haveis de poder comparar-vos com a menor das doçuras que um Deus, quando quer, sabe derramar sobre uma alma fiel? Oh! Se uma só partícula delas é tão deliciosa, quanto mais será quando Vós as derramardes como uma torrente sem medida e sem reserva? Quando será isto, meu Deus, quando será?

Recita-se um Pai-Nosso, uma Ave-Maria e nove vezes:  Santo, Santo, Santo, Senhor Deus, etc.

Antífona

A ti, Deus Pai, a ti, Filho Unigênito, a ti, Espírito Santo, Paráclito, santa e indivídua Trindade, de todo coração te confessamos, louvamos e bendizemos. A ti seja dada a glória pelos séculos dos séculos. Amém.

V. Bendigamos ao Pai, e ao Filho e ao Espírito Santo.

R. Louvemo-lo e exaltemo-lo em todos os séculos.


Oração

Senhor Deus uno e trino, dai-me continuamente vossa graça, vossa caridade e a vossa comunicação para que no tempo e na eternidade vos amemos e glorifiquemos. Deus Pai, Deus Filho, Deus Espírito Santo numa deidade por todos os séculos dos séculos. Amém.


Deprecação devota à Santíssima Trindade

(A cada invocação se responde: ”Toda criatura vos ame e glorifique”)


V. Pai eterno, onipotente Deus;


R. Toda criatura, etc.


V. Verbo divino, imenso Deus;


R. Toda criatura, etc.


V. Espírito Santo, infinito Deus;


- Santíssima Trindade e um só Deus verdadeiro;

- Rei dos Céus, imortal e invisível;

- Criador, conservador, governador de todo o criado;

- Vida nossa, em quem, de quem e por quem vivemos;

- Vida divina, e uma em três pessoas;

- Céu divino de excelsitude majestosa;

- Céu supremo do céu, oculto aos homens;

- Sol divino e incriado;

- Círculo perfeitíssimo de capacidade infinita;

- Alimento divino dos anjos;

- Belo íris, arco de clemência;

- Astro primeiro e trino, que iluminais o mundo;



(A cada invocação, responde-se: “Livrai-nos, trino Senhor”)



V. De todo mal de alma e corpo;

R. Livrai-nos, etc.


- De todo pecado e ocasião de culpa;

- De vossa ira e indignação;

- Da morte repentina e improvisa;

- Das insídias e assaltos do demônio;

- Do espírito de desonestidade e das suas sugestões;

- Da concupiscência da carne;

- De toda ira, ódio e má vontade;

- Das pragas da peste, fome, guerra e terremoto;

- Dos inimigos da fé católica;

- De nossos inimigos e de suas maquinações;

- Da morte eterna;

- Por vossa Unidade em Trindade e Trindade em Unidade;

- Pela igualdade essencial de vossas pessoas;

- Pela sublimidade do mistério de vossa Trindade;

- Pelo inefável nome de vossa Trindade;

- Pelo portentoso de vosso nome, uno e trino;

- Pelo muito que vos agradam as almas que são devotas de vossa Santíssima Trindade;

- Pelo grande amor com que livrais de males aos povos onde há algum devoto de vossa Trindade amável;

- Pela virtude divina, que nos devotos de vossa Trindade santíssima, reconhecem os demônios contra si mesmos;


(A cada invocação, responde-se: “Rogamo-Vos, ouvi-nos”)


V. Nós pecadores;

R. Rogamo-Vos, etc.

- Que saibamos resistir ao demônio com as armas da devoção à vossa Trindade;
- Que embelezeis cada dia mais, com as cores da vossa graça, vossa imagem que está em nossas almas;

- Que todos os fiéis se esmerem em ser muito devotos de vossa Santíssima Trindade;
- Que todos alcancemos as muitas felicidades que estão vinculadas para os devotos dessa vossa Trindade adorável;

- Que ao confessarmos o mistério de vossa Trindade, se desfaçam os erros dos infiéis;

- Que todas as almas do purgatório gozem muito refrigério em virtude do mistério de vossa Trindade;

- Que vos digneis ouvir-nos pela vossa piedade;

- Santo Deus, Santo Forte, Santo Imortal, livrai-nos, Senhor, de todo mal.[2]



Obséquios ou oferecimentos à Santíssima Trindade

 

1. Ó beatíssima Trindade, eu vos prometo que com todo esforço e empenho hei de procurar salvar minha alma, visto como Vós a criastes à vossa imagem e semelhança e para o céu. E também por amor vosso procurarei salvar as almas de meu próximo.

2. Para salvar minha alma e dar-vos glória e louvor, sei que hei de guardar a divina lei; eu empenho minha palavra de a guardar como a menina de meus olhos e procurar, outrossim, que os outros a guardem.
3. Aqui na terra hei de exercitar-me em louvar-Vos e espero fazê-lo depois com maior perfeição no céu; e por isso com freqüência rezarei o triságio e o verso: “Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo”. E procurarei, além disso, que os outros Vos louvem. Amém.



[1] O Papa Clemente XIV concedeu 100 dias de indulgência para cada dia que se reze: 100 mais três vezes no dia, nos domingos, na festa da Santíssima Trindade e durante a sua oitava, e Indulgência Plenária a quem o rezar todos os dias durante um mês, confessando e comungando no dia do mês que se escolher.
[2] Invocação semelhante Nosso Senhor ensinou à Santa Faustina: “Santo Deus, Santo Forte, Santo Imortal, tende piedade de mim e de todos os pecadores, etc” , jaculatória que a Santa rezava entre uma dezena e outra do terço.

("Caminho Reto e Seguro para Chegar ao Céu" - Santo Antonio Maria Claret - Editora Ave Maria, São Paulo - págs. 155/166)

 

sábado, 29 de maio de 2021

HOMENAGENS PEDIDAS AOS INDIVÍDUOS OU CULTO INDIVIDUAL AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

 


O Coração de Jesus, querendo reinar inteiramente no homem, quer reinar na alma e no corpo, e por isso pede um culto interno e um culto externo.

O que é o culto interno e o culto externo?

A distinção em culto interno e culto externo não indica uma classificação rigorosa, compreendendo duas séries de atos distintos, uns dos quais sejam sempre externos e sensíveis, e outros sempre internos e espirituais. Atos  internos são aqueles que se passam ordinariamente no íntimo da alma; atos externos, os que se manifestam as mais das vezes por meio de sinais visíveis, ainda que uns e outros devam proceder da alma e possam também exprimir-se exteriormente.

Quais são os atos internos da devoção ao Sagrado Coração?

“O culto interno do Sagrado Coração, diz o P. de Gallifet, (*) consiste;

1 ."da parte da inteligência, no conhecimento do Coração de Jesus, da sua dignidade, da sua santidade, das suas prerrogativas e sobretudo do seu amor; ciência preciosa, que se adquire, não só pela leitura cuidadosa de seu livro, mas sobretudo pela oração;

2."deste conhecimento deve nascer uma estima infinita daquele Coração adorável;

3."A inteligência, depois de bem esclarecida sobre a excelência do Coração de Jesus, deve necessariamente produzir na vontade afetos de adoração, de ação de graças, de confiança e sobretudo de amor;

4. “A estes atos da inteligência e da vontade é preciso juntar os da memória, com uma lembrança freqüente e familiar desse Coração Sagrado, por meio de orações jaculatórias”.

(*) Excelência da devoção ao Sagrado Coração. Liv. XIII, cap. I.

Quais são as homenagens exteriores que devemos prestar ao Sagrado Coração?

São numerosíssimos os atos externos que se podem fazer em honra do Sagrado Coração.

A B . Margarida Maria recomenda especialmente quatorze (*).

Estes diversos atos estão indicados minuciosamente na maior parte dos livros de piedade, em honra do Sagrado Coração; por isso daremos aqui apenas a lista deles com uma breve explicação.

Em que consiste o primeiro ato individual em honra do Sagrado Coração, isto é, a Consagração?

A primeira homenagem pedida pelo Coração de .Jesus é a Consagração. Consagrar-se é reconhecer a realeza divina deste divino Coração, aceitar livremente o seu reinado, tomar a resolução de o servir com fidelidade e fazer a oferta voluntária e absoluta de tudo o que se é e de tudo o que se tem.

Esta homenagem supõe: 1º. um ato da inteligência, pelo qual reconhecemos os soberanos direitos do Coração de Jesus; 2º. um ato da vontade, pelo qual nos submetemos ao império a que N. S. tem direito como Criador, como Homem-Deus, e como Redentor; 3º . ainda outro ato da vontade, pelo qual nos oferecemos livremente ao Coração de Jesus, em reconhecimento do seu amor, com todos os bens que dele recebemos, para que de todos disponha segundo a sua vontade ; 4º. acrescenta-se ordinariamente um sinal exterior, como é, por exemplo, a recitação de uma fórmula, em prova da sinceridade desta doação.

(*) Veja-se a obra : O reinado do Coração de Jesus – segundo volume. Todo o volume foi destinado a expor os ensinamentos da B. Margarida Maria com relação ás diversas homenagens pedidas pelo Sag. Coração. - Veja-se também O thesouro espiritual da devoção ao Sagrado Coração, ou coleção das antigas orações e exercícios em honra do Sagrado Coração.

Qual é a segunda homenagem individual em honra do Sagrado Coração?

A segunda homenagem pedida pelo Sagrado Coração é o Ato de desagravo.

Este ato consiste nas reparações oferecidas ao Sagrado Coração para suprir o pouco amor que os homens lhe testemunham e os ultrajes que dele recebe.

Qual é a terceira homenagem individual em honra do Sagrado Coração?

A terceira homenagem individual pedida por N. S. J. C. em honra do seu divino Coração é a Sagrada Comunhão. O maior testemunho de amor que podemos dar ao Coração de Jesus e a melhor reparação que lhe podemos oferecer é unirmo-nos a ele muitas vezes pela Comunhão Sacramental e desejarmos ardentemente essa união. Esta comunhão de desejo, tão agradável ao  Coração de Jesus, chama-se comunhão espiritual.

Qual é a quarta homenagem que devemos prestar ao Coração de Jesus?

Uma das principais homenagens que podemos oferecer ao Sagrado Coração é a Missa, quer ouvida, quer mandada celebrar em sua honra, especialmente a Missa reparadora, isto é, a que se ouve ou a que se manda celebrar em reparação dos ultrajes feitos ao divino Coração.

Qual é a quinta homenagem que devemos prestar ao Coração de Jesus?

Nosso Senhor deseja que honremos o seu divino Coração, sobretudo na Eucaristia; por isso se recomendam especialmente á piedade dos fieis as visitas ao SS. Sacramento, quer reais, quer espirituais. O zelo por estas visitas deve distinguir os verdadeiros servos do Sagrado Coração. A visita espiritual , conhecida com o nome de Reunião divina, é-lhes particularmente aconselhada.

Que vem a ser essa Reunião divina?

Posto que as visitas espirituais, ou de desejo, se possam fazer em toda e qualquer ocasião, há contudo dois momentos especialmente designados para elas: O primeiro é às 9 horas da manhã, em memória da entrada de Jesus no caminho doloroso da Paixão; o segundo, ás 4 da tarde, em memória da lançada com que o soldado lhe feriu o Coração. Em conformidade com os conselhos da B . Margarida Maria, os fieis, nestes dois momentos, reunem-se no Coração de Jesus, presente no sacrário, para lhe oferecerem as suas homenagens. É isto que se chama Reunião divina, ou Sinal Sagrado, porque há o costume de o recordar por meio de 33 badaladas.

Qual é a sexta homenagem que podemos prestar ao Coração de Jesus?

Entre as homenagens que podemos oferecer ao Coração de Jesus devemos dar preferência ás que têm por fim honrar a Nosso Senhor na sua paixão e morte, sobretudo ao exercido da Hora Santa todas as quintas feiras, e à Noite Santa de quinta para sexta feira santa.

Que é a Hora Santa?

A Hora Santa é um exercício piedoso, que consiste numa hora de oração em união com a oração do Salvador no jardim das Oliveiras, durante a noite de quinta para sexta feira. Este exercício foi pedido por Nosso Senhor.

A Igreja concedeu aos associados da Arquiconfraria da Hora Santa, cujo centro é na Visitação de Paray-le-Monial, uma indulgência plenária, que pode lucrar-se desde as 4 horas da tarde de quinta-feira.

Quais são as outras homenagens que podemos ainda prestar individualmente ao Coração de Jesus?

A inda há oito homenagens que podemos prestar ao Sagrado Coração, a saber:

7º. A ladainha do Sagrado Coração;

8º. As novenas ou tríduos;

9º· O oficio do Sagrado Coração, aprovado e enriquecido de indulgências pela Santa Sé, em 1901;

10º. O terço ou coroinha do Sagrado Coração, que se reza de diversas  maneiras;

11º. A devoção aos 33 anos da vida mortal de Nosso Senhor;

12º.O culto particular à imagem do Sagrado Coração, especialmente o escapulário canonicamente instituído pela Santa Sé;

I3o. As peregrinações aos santuários levantados em honra do Sagrado Coração.

14º.O retiro quer anual, quer mensal, em união com o Sagrado Coração.

(Extraído de “O Coração de Jesus Segundo a Doutrina da Beata Margarida Maria Alacoque” – Por um Oblato de Maria Imaculada, Capelão de Montmarfe – Introdução do Pe. Joaquim dos Santos Abranches -  Editor Manuel Pedro dos Santos, 1907, Lisboa –págs. 92/96)


 

quinta-feira, 27 de maio de 2021

ELITES E O POVO

 



A situação atual bem acentua essa distinção entre elite e povo feita por Dr. Plínio Corrêa de Oliveira. Percebemos, especialmente no Brasil, que temos uma elite completamente corrompida e inteiramente separada, isolada, do restante da população. Políticos, jornalistas, artistas, intelectuais, aqueles que podem ser chamados de elite, não estão concordes com o restante do povo; pelo contrário, destoam completamente da maioria e até agem contra ela. Vejam o que disse Dr. Plínio sobre o assunto em 1987. De lá para cá a situação só piorou.

"Cai em erro crasso quem imagina que de elite só é quem faz parte das minorias extrínsecas à multidão, e que esta constitui por definição um imenso rebanho de pessoas medíocres, ou até carentes do ponto de vista intelectual, cultural e moral. De sorte que um país se dividiria necessariamente em duas categorias separadas por um abismo: os paradigmáticos e os errados, os super-homens e os sub-homens.

A tal respeito, perece-me indispensável lembrar uma verdade que nem todos os historiadores e sociólogos ressaltam devidamente.

Admite-se geralmente que todo povo tem o governo que merece. O corolário é que todo povo tem também as elites (no sentido autêntico, e não no pejorativo) que merece. O surgimento das elites, sua perfeita caracterização e a inteira irradiação de sua ação benfazeja são largamente influenciados pela conexão que mantenham com o todo da população. Não há elites que se conservem integras e vivazes sem receber o freqüente enriquecimento de valores provenientes da população em geral.

Para que uma elite assuma inteiramente a fisionomia que lhe deve ser própria, concorre muito a adequada interpretação e o comunicativo consenso das multidões. E, para que as elites possam influenciar, é indispensável a receptividade do povo.

Mais, Quando o relacionamento elite-povo é correto, do povo provém, muitas e muitas vezes, a inspiração das elites. Para não dar senão um exemplo entre cem, entre mil, bastaria lembrar as obras-primas musicais inspiradas por artistas de gênio, a partir das mais simples melodias populares.

O papel da população na formação da alma de um país, e portanto de sua cultura, de seus grandes homens, de seu agir histórico, vai tão longe que até mesmo em funções habitualmente tidas com privilégio e missão peculiar das aristocracias – de sangue e de outras – o povo desempenha uma missão de particular grandeza.

Com efeito, em certo sentido as classes conservadoras por excelência são mais as populares do que as elevadas. Assim, na Europa, por exemplo, os velhos trajes, danças, cânticos e modos de ser – enfim, as maneiras regionais típicas – foram muito mais conservadas pelo povinho (o dos campos) do que pelas classes dirigentes das grandes cidades. E, no Brasil, a clássica preta baiana com sua indumentária, seus quitutes e seu folclore, sob muitos aspectos lembra mais o Brasil de outrora do que quantos descendentes de capitães-mores, barões, conselheiros ou coronéis da guarda nacional.

Se as elites decaem, é difícil que não arrastem o povo. Se o povo decai, perece-me impossível que não arraste as elites.

É oportuno distinguir aqui um povo qualquer de um grande povo. Ou então um povo em sua fase ascensional, em seu apogeu, e um povo em marasmo ou em decadência. Não forçaria o sentido da palavra quem afirmasse que um povo na sua ascensão ou em seu zênite constitui todo inteiro, no conjunto universal dos povos, uma enorme elite, dentro da qual afloram quase por destilação, elites mais quintessenciadas e menores. E que é a harmônica conjugação da elite-povo (ou elite-maioria), com a elite-minoria, que nasce a grandeza geral.

A antítese elites-povo que o progressismo quer inculcar, pintando a realidade como se entre aquelas e este corresse um abismo, uma negra e hiante solução de continuidade, é uma impostura. Esta solução de continuidade existe só quando o povo e as elites estão mais ou menos moribundos, e se disjungem: pequenos escóis artificiais de um lado, grandes massas anônimas no outro."


(Artigo "Elites e o Povo", de Plínio Corrêa de Oliveira - Jornal “Última Hora”, de 16 de fevereiro de 1987, pág. 4)


 

terça-feira, 25 de maio de 2021

SÃO GREGÓRIO VII, O PAPA “QUEBRA-GARRAS”

 


Lembremos que o Imperador da época, Henrique IV (1050-1106), intervinha nos assuntos da Igreja e tentava de controlá-La através da nomeação de bispos. E o Papa santo combateu esta política e conseguiu eliminar esta pretensão do governo imperial e deu uma lição ao Imperador. E apresentam-no então como um grande “quebra-dentes” do Sacro Império Romano-Alemão. Isto é falso. Ele não foi um "quebra-dentes", mas sim um “quebra-garras”. Quando o Imperador tentou deitar garras no poder eclesiástico, São Gregório o “quebrou”.

O “Dictatus Papae” é a afirmação da monarquia pontifícia e universal em matéria espiritual, de uma monarquia universal suprema sem prejuízo das monarquias subordinadas que se deveria estender por toda a Cristandade. O Papa não pretendia governar o Império, mas reivindicava o direito de exercitar uma influência decisiva. Esse documento vê no Sacro Império a “espada” do Sumo Pontífice, pronta para proteger a Santa Igreja Católica, defender a Fé e combater Seus inimigos. De um lado, o poder temporal deve governar de modo independente conforme o direito natural. De outro, o Papado deve vigiar que isto se dê efetivamente. Neste sentido, os dois poderes são diversos e independentes.

Mas o “Dictatus Papae” afirma também que se se nos perguntasse qual é o poder mais elevado e eminente na Terra, a resposta é clara e é representada igualmente na arte da época: bem no alto o Papa; à sua direita e em um plano abaixo, o imperador; abaixo deste, todos os reis e potentados da terra. Abaixo do Papa, significando a ordem espiritual, todo o clero católico. E tudo dependendo de um só monarca supremo que era o Pontífice. Era essa a concepção de São Gregório VII.

 (Plínio Corrêa de Oliveira – Conferência “Santo do Dia”, 25 de maio de 1964)


Alguns dos tópicos do “DictatusPapae”:

1 – A Igreja romana foi fundada somente pelo Senhor 2 – Somente o Romano Pontífice pode ser chamado, de direito, de Bispo de Roma. 3 – Somente ele pode depor ou restabelecer bispos. 5 – O papa pode depor os ausentes. 6 – Não se deve residir na mesma casa onde moram pessoas que ele excomungou. 7 – Somente ele pode promulgar novas leis, atendendo às exigências dos tempos, formar novas comunidades religiosas, transformar um cabido de cônegos em abadia, ou vice-versa, dividir uma diocese rica ou unir dioceses pobres. 12 – A ele é lícito depor o imperador. 13 – A ele é lícito, se houver necessidade, transferir um bispo de uma sé para outra. 16 – Nenhum sínodo pode ser chamado geral sem o consentimento do Papa. 17 – Nenhuma norma e nenhum livro podem ser considerados canônicos sem a aprovação dele. 20 – Ninguém pode condenar aquele que apela para a Santa Sé. 21 – Toda causa de maior relevo de qualquer igreja, deve ser remetida à Santa Sé. 24 – Depois de sua decisão, e com sua autorização, é permitido aos súditos apresentar uma queixa. 25 – Mesmo sem recorrer a um sínodo, pode depor um bispo ou receber de novo na igreja aqueles que tenham sido excomungados. 27 – Ele pode liberar os súditos do juramento de fidelidade ao Soberano, em caso de injustiça.

Fonte>

https://www.pliniocorreadeoliveira.info/DIS_SD_640525_saogregorio7dictatuspapae.htm#.X8A-oGVKjcs



sábado, 22 de maio de 2021

Caracteres do reinado do Sagrado Coração de Jesus

 




Quais são os caracteres do reinado do Sagrado Coração?

Nosso Senhor mostrou á B. Margarida Maria que o reinado do seu divino Coração teria quatro qualidades muito particulares : a) há de ser Impugnado ; b) certo e seguro ; c) será universa! ; d) será cheio de doçura e de força.

Como será impugnado o reino do Sagrado Coração?

“Satanás, diz a serva de Deus, está desesperado, vendo que por meio da devoção ao Sagrado Coração muitas almas, que julgava suas, lhe escaparão!

Por isso resolveu pôr obstáculos a quanto eu empreender.(*)

Devemos preparar-nos para a luta por isso, suportando com valor as guerras do inimigo, não nos surpreendendo as contradições que se levantarem diante dos nossos esforços para estabelecer o reinado deste Sagrado Coração. Sejam quais forem  estas contradições, não desistamos do nosso propósito, nem desanimemos.

Este divino Coração servir-se-á deles como de sólida base para estabelecer o seu reinado, porque nesta gloriosa e santa empresa as crises e contrariedades são sinais infalíveis e seguros de que a obra é de Deus, e de que Deus deve ter grande glória por meio do reinado do Sagrado Coração de seu divino Filho”

“Regozijemo-nos muito, e tanto mais, quanto o trabalho for maior e trouxer  alguma humilhação e mortificação: são estes os sinais evidentes de que o Sagrado Coração o aceita, porque as suas obras não se realizam senão no meio das contradições” .

(*) ·cartas 46, 471 1001 w5. Vida por ella, 3 5

É certo e seguro o reinado do Sagrado Coração?


Várias vezes, Nosso Senhor significou à B . Margarida Maria, que o reinado do seu divino Coração havia de chegar, apesar de todas as contradições.

“Não temas, lhe disse ele um dia; reinarei apesar de Satanás e dos seus sequazes; espero aqueles que se querem opor ao meu reinado. Satanás será confundido com todos os que aderem á sua causa” .

“Ó' meu amável Salvador, lhe respondeu ela, quando chegará esse feliz momento? Enquanto o esperamos, entrego-vos a defesa da vossa causa e sofrerei em silêncio. Ouvi então estas palavras: “Crês tu que eu o posso fazer? Se assim é, verás o poder do meu Coração na magnificência do meu amor” .

Sim! este divino Coração reinará ! Esta palavra transporta-me de alegria, é toda a minha consolação.

Mas agora é tempo de trabalhar e sofrer em silêncio, como o Sagrado Coração de Jesus trabalhou e sofreu por nosso amor” .

Deverá o reinado do Sagrado Coração ser universal?

“O Coração de Jesus quer reinar no mundo inteiro, porque todos os corações 'lhe foram dados por herança. “A devoção a este divino Coração foi-me representada semelhante o uma formosa árvore que devia germinar  e lançar raízes no meio do nosso Instituto, diz a B. Margarida Maria, e logo desenvolverá os seus ramos nas casas que o compõem: mas quer que as filhas da Visitação distribuam com abundância os frutos desta árvore sagrada a todos os que os desejarem, sem recear que se acabem, pois quer dar por este meio vida ás almas, fazendo-as sair do caminho da perdição. O seu amor não deixará perecer nenhuma das que lhe forem consagradas”.

Reinará o Sagrando Coração  pela doçura e força do seu amor?

“Estou convencida, escreve a Bem-aventurada, que o Sagrado Coração quer estabelecer o seu reinado pela suavidade do amor, e não pelos rigores da justiça. A devoção a este Coração Sagrado não deve estabelecer-se pela força.

Este divino Coração é todo brandura, humildade e paciência; por isso quer insinuar-se em nossos corações pela unção da sua caridade, semelhante a um óleo ou balsamo precioso, cuja essência e aroma se espalham suavemente.

“E' preciso, pois, que tudo se faça com brandura e suavidade, e ao mesmo tempo com fortaleza e diligência, segundo os meios que nos deu o Sagrado Coração.

Devemos (sem dúvida), prosseguir a obra de Deus, sem desistência nem aborrecimento, em despeito dos obstáculos e contradições que sobrevierem; este divino Coração tem muita força para vencer tudo, e muito poder para confundir os seus inimigos ; mas é necessário esperar com paciência, porque este Coração adorável saberá realizar todas as coisas a seu tempo. A sua graça atua suave e docemente, ainda que com fortaleza e eficácia” .

A Bem-aventurada Margarida Maria tomou parte nos primeiros combates que se deram para estabelecer o reinado do Sagrado Coração, viu as primeiras vitórias, e morreu antes de ver o seu completo triunfo.

Como recebeu o demônio esta nova devoção?

O inferno estremeceu, como era de esperar, e fê-Io sentir de uma forma terrível à Bem-aventurada Margarida Maria, cuja vida foi uma série de sofrimentos e  provas extraordinárias.

“Satanás está exasperado, morde-se de raiva ao ver espalhar-se a devoção ao Sagrado Coração, porque muitas almas lhe hão de fugir por meio dela. Mas tenhamos confiança, o Sagrado Coração reinará ! Ele mo disse, e Satanás será confundido” .

Como recebeu a Igreja esta devoção nos seus princípios?

Esta devoção espalhou-se a pouco e pouco pela Igreja: estabeleceu-se primeiro nos conventos da Visitação e nalgumas comunidades. Algumas dioceses a aceitaram também.

A Santa Sé vigiava esse movimento com atenção e muita prudência ; animava-o com bênçãos, com indulgências e com outras graças, mas esperava o sinal da Providência para tomar a direção dele. Só em 1.899 se manifestou este sinal. Alumiado por uma luz sobrenatural, Leão XIII, anunciou a consagração do mundo inteiro ao Sagrado Coração de Jesus para o dia 11 de junho de 1.899. Um ato solene precedeu esta consagração: foi a promulgação da Encíclica Annum sacrum de 25 de maio, na qual o Vigário de J . C. apresenta oficialmente a imagem do Sagrado Coração como a nova bandeira dos cristãos, e declara a devoção a este Coração divino como a devoção vital da Igreja, destinada a produzir nos ultimas tempos as maravilhas realizadas nos primeiros pela cruz.

Depois de recordar o Labarum de salvação mostrado a Constantino, e fazer resenha dos males que afligem a Igreja, o Vigário de J. C. pronuncia estas palavras memoráveis que são, por assim dizer, a entrega oficial do estandarte do Sagrado Coração à Igreja :

“En a lterum hodie oblatum oculis signum, auspicatissimum divinissimumque : videlicet Cor Jesu sacratissimum, superimposita Cruce, splendidissimo andare inter flammas elucens. In eo omnes collocandre spes, ex eo hominum petenda atque expectanda salus» .

“Eis que hoje se oferece aos nossos olhos outro sinal de salvação; sinal diviníssimo e de suprema esperança : E' o Coração Sacratíssimo de Jesus, que, encimado pela Cruz, resplandece no meio de chamas com o mais vivo fulgor. E' nele que havemos de colocar todas as nossas esperanças ; a ele havemos de pedir e dele havemos de esperar a salvação dos homens” .

Estas palavras são talvez as mais extraordinárias que os Papas têm  pronunciado, depois que S. Melchiades, arvorou oficialmente na Igreja, o estandarte da Cruz, no ano de 312, em seguida á visão de Constantino.

Por estas palavras tão claras e tão expressivas o Vigário de Jesus Cristo, em virtude da sua autoridade divina, reconhece e levanta o novo estandarte de salvação e de vitória mostrado. á Bem-aventurada Margarida Maria, sob o qual se devem ferir os últimas combates e alcançar os grandes triunfos da Igreja contra o inferno.  “Sim ! Este divino Coração reinará ! - repetia com prazer a serva de Deus ! Sim, há de reinar, ele mo disse ! Esta palavra transporta-me de alegria” .

A fim de preparar e apressar este triunfo, é necessário, como indica Leão XIII, corresponder ao seu chamamento, e prestar ao Coração de Jesus as homenagens que ele espera de nós, e que a Bem-aventurada Margarida Maria vai indicar-nos.

(Extraído de “O Coração de Jesus Segundo a Doutrina da Beata Margarida Maria Alacoque” – Por um Oblato de Maria Imaculada, Capelão de Montmarfe – Introdução do Pe. Joaquim dos Santos Abranches -  Editor Manuel Pedro dos Santos, 1907, Lisboa –págs. 55/88)