segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Maria, Rainha-Mãe do Universo


Neste primeiro domingo depois do Natal, a Igreja homenageia a Sagrada Família. Nosso Senhor Jesus Cristo é o principal membro desta Família, pois Ele é o próprio Deus como Segunda Pessoa da Santíssima Trindade. São José, também símbolo da castidade, esposo da Virgem Santíssima, foi o último dos Patriarcas e precioso auxiliar no decorrer de 30 anos da vida privada de Jesus. Destacamos aqui o papel de Nossa Senhora, não somente como Mãe de Deus, mas também como poderosa auxiliar de Jesus Cristo tanto em sua vida privada quanto pública: Ela é a co-regente de Cristo na regência do Universo.

Papel da Rainha-Mãe no exercício da regência

Quando a pessoa rege assume, principalmente, o poder de legislar ou aplicar a justiça. É por isso que tanto no Antigo quanto no Novo Testamento o cargo de juiz se confunde muitas vezes com o de rei ou governante. “O rei, que está sentado no trono da justiça, pelo seu olhar dissipa todo o mal” (Prov. 20, 8). Quando no Credo se diz que Jesus Cristo virá novamente para “julgar os vivos e os mortos” , na realidade está se afirmando que será sua completa regência sobre todos os homens a ocorrer no Juízo Final, mas auxiliado por seus co-regentes : “Jesus disse-lhes: Em verdade vos digo que, no dia da regeneração, quando o Filho do Homem estiver sentado no trono da sua glória, vós, que me seguistes, também estareis sentados sobre doze tronos, e julgareis as doze tribos de Israel”. (Mt 19, 28). Não se compreende que sua Mãe Santíssima não esteja sentada também num trono semelhante. Essa figura do juiz, como se viu, confunde-se com a de regente. No entanto, há um importante papel exercido pela esposa ou pela mãe do juiz ou do regente. Uma rainha-consorte pode ser uma regente secundária de um povo, pode ser também a “rainha-mãe” com funções adjutórias, mas importantes para uma boa regência. Trata-se de uma grande e poderosa auxiliar ao principal regente, com poderes muito maiores do que seus próprios ministros. Há um encargo exercido pela Rainha-Mãe que, não só extrapola, mas até transcende ao do regente principal. Nesse caso é ela também regente, uma co-regente. Um dos seus papéis mais importantes é como geradora ou continuadora da dinastia, que antecede e sobrepõe ao próprio poder de legislar ou aplicar a justiça. Assim, as matriarcas Eva, Sara, Rute e tantas outras do Patriarcado foram antecessoras das modernas Rainhas-Mães enquanto geradoras ou continuadoras da descendência patriarcal ou dinástica. Um outro papel é o de intercessão, exercendo também um cargo auxiliar de julgar ou de aplicar a justiça, pois a intercessão é uma função advocatícia e competente da lei. Existem diversos intercessores, mas uma intercessora é de importância primordial e indispensável entre o legislador (o rei ou regente) e seus súditos, mediadora que tem função de pacificar os que ferem a lei. Não se trata de punir, não se trata de aplicar as penas e os castigos, ou até mesmo de condená-los com acusações formais (funções também exercidas pelos advogados de acusação), mas de usar a misericórdia, o perdão, instrumento muito útil no processo judicial. É claro que a palavra final, a sentença de castigo ou perdão continua com o juiz, o principal regente, mas há necessidade de alguém que sirva para atenuar a pena ou para defender eventual inocência do acusado. Essa função de perdoar é mais sublime do que a de condenar, pois demonstra mais grandeza. Tal é o valor do perdão que Nosso Senhor o colocou no Pai Nosso: “Perdoai as nossas dívidas”, ou, como se diz hoje, “Perdoai as nossas ofensas”. Poderia ter posto assim “condenai aos que erram”, etc., mas, não, preferiu colocar o perdão num patamar mais alto. Por isso o perdão sempre é dado através dessa co-regência, de uma intercessora ou mediadora incumbida somente de usar a misericórdia. E quando há uma mediadora especialmente designada para obter esse perdão é porque lhe foi dado especial poder. Segundo São João Crisóstomo quando o homem perdoa faz o papel de Deus, tratando-se, portanto, de um atributo divino transmitido aos homens. E no exercício dessa função, dentro do poder regencial, a pessoa mais importante é a mãe do legislador, ou mãe do regente, também chamada de “Rainha-Mãe”, ou, em alguns casos, “Rainha-Consorte”. Assim, há necessidade de alguém que tenha poder e influência sobre o principal regente legal e que tenha por fim principal dentro da regência obter a paz social como solucionadora de contendas. Nesse caso, a primeira co-regente da História foi Eva, que Deus criou como “adjutório semelhante ao homem” (Gên 2.18). Será que não teria sido esse o papel de Eva perante e contenda entre Caim e Abel e que ela não tenha exercido a contento? Já Rebeca, a mãe de Jacó, pelo contrário, usou bem o seu ofício e evitou que Esaú o matasse. (Gn 27, 41-45). Nos casos acima, a mediadora ocupa a função de pacificadora. Nas primeiras dinastias da História (especialmente durante o Patriarcado), ainda não se sobressaía o papel da consorte do Patriarca (a não ser no caso de Sara, esposa de Abraão), pois elas ainda não podiam aparecer na regência da sociedade. Esse papel passou a preponderar quando surgiram as primeiras monarquias, especialmente no caso dos hebreus, quando as mães dos reis tinham poder de destaque. No decorrer do tempo foi aos poucos sendo ressaltado o papel das mulheres nas regências, ou como mandatárias legais, ou então como mães dos reis ou príncipes. Uma das principais características nesse papel era a formação das elites, como educadoras de príncipes e de reis. Um dos exemplos mais frisantes, já no decorrer do Cristianismo, foi o da mãe de São Luís IX (Branca de Castela) e da esposa de Dom João I (Filipa de Lancastre, “mãe da ínclita geração”, segundo Camões), ambas exímias educadoras de príncipes e de reis. Os exemplos de intervenções mediadoras de tais mulheres são contados aos milhares na História, como Santa Helena e tantas outras.

Importância das rainhas-mães no povo hebreu

A Sagrada Escritura, porém, não dava pouca importância ao papel das mulheres na sociedade. Além dos exemplos heróicos narrados nos livros de Rute, Judite e Ester, temos também a referência que se fazia ao nome das mães dos reis israelitas. Quase todo rei hebreu tem seu nome ligado ao de sua mãe. O primeiro episódio em que isso se dá ocorreu assim:
“Foi, pois, Betsabéia ter com o rei Salomão, para lhe falar em favor de Adonias. O rei levantou-se para a vir receber, saudou-a com profunda reverência e sentou-se no seu trono; e foi posto um trono para a mãe do rei, a qual se sentou à sua mão direita.”(I Reis 2, 19).
Em seguida a Sagrada Escritura narra o diálogo entre os dois, ocasião em que a rainha intercede por Adonias. A partir daí, tornou-se tradição entre os hebreus colocar a mãe do rei em papel de destaque, geralmente como sua intercessora perante os súditos. É bem uma pré-figura de Nossa Senhora como Mediadora, sentada num trono de Nosso Senhor Jesus Cristo à Sua mão direita. Depois da morte de Salomão e do cisma de Samaria, os reis são citados na Sagrada Escritura quase sempre junto com o de sua genitora, tal passou a ser o papel dela na regência do trono e a fim de que assim fosse conhecida também a descendência pelo levirato. Os reinos tinham como sedes as cidades de Jerusalém, o de Judá, e Samaria, o de Israel. De modo geral, são citadas as mães dos reis de Judá, talvez por causa da profecia que previa a origem do Messias naquela tribo. Na seqüência de reis que vai da morte de Salomão até a destruição do reino de Israel (da Samaria) são de modo geral citadas as mães daqueles que procederam corretamente. Depois disso, são citadas todas as mães dos reis de Judá, quer tenham sido eles bons ou não. O primeiro a ter a mãe assim mencionada foi Josafá (I Rs 22, 41-42): “Josafá, filho de Asa, sua mãe chamava-se Azula, filha de Salai... ...fez o que era reto diante do Senhor”. Seu sucessor, Jorão, não mereceu que tivesse sua mãe citada certamente porque “...procedeu mal diante do Senhor”. Já o seguinte, Acazias, embora tenha procedido mal mereceu que sua mãe, Atália, fosse mencionada, uma mulher ruim que perverteu mais ainda o reino após a morte do filho. Um outro rei muito ruim foi Acaz, tão ruim que ofereceu seu próprio filho para ser queimado aos ídolos, e, talvez por isso, não se sabe o nome de sua mãe. Temos, depois, uma sucessão de reis de Judá que são mencionados ao lado de sua mãe: Joás, filho de Sebia; Ananias, filho de Joadan; Azarias, filho de Jequélia, Joatão, filho de Jerusa, Ezequias, filho e Abi (todos estes tendo procedido corretamente); Manassés, filho de Hafsiba; Amon, filho de Messamelet; Josias, filho de Idida; Joacaz, filho de Amital; Joaquim, filho de Zébida e Sedecias, filho de Amital (sendo que, entre estes seis últimos reis, apenas Josias procedeu bem). Quanto ao reino de Samaria, ou de Israel, tivemos apenas alguns deles citados ao lado de sua mãe, como o primeiro deles que foi Jeú, o qual começou bem o reinado mas acabou mal: "No sétimo ano de Jeú, Joás começou a reinar e reinou quarenta anos em Jerusalém. Sua mãe chamava-se Sebia, de Bersabéia..." (II Reis 12, 1); tudo indica que a citação procede do fato de Sebia ser da tribo de Judá. Um outro citado com a mãe foi Facéia, filho de Romélia. Parece que o Divino Espírito Santo inspirava o escritor sagrado a prefigurar nas mães dos reis do povo eleito a importância que seria dada futuramente à Mãe do Rei dos reis, Maria Santíssima. E a Sagrada Escritura dava importância às mães dos reis de Judá, por ser desta tribo que viria o Messias, e àqueles que procediam corretamente. O livro de Rute, como que deu início a esta citação matriarcal, a qual seria respeitada nas pessoas de todos os reis legítimos de Judá. E, como se sabe, foi graças a Rute que não foi interrompida a descendência de onde nasceria o Messias, da tribo de Judá, com a qual ela conseguiria o casamento com um de seus filhos ilustres, embora sendo ela moabita: seu primeiro marido morreu sem deixar descendência e, mais uma vez, a tribo de Judá, de onde nasceria o Messias, iria ficar sem descendência.

O costume do levirato entre os hebreus

Para se entender melhor o papel das mulheres e do levirato durante o Patriarcado, vejamos, no caso de Rute, o que aconteceu com os ancestrais de sua tribo, de onde nasceria o Messias. A descendência de Judá iria ficar interrompida já no primeiro filho primogênito daquele Patriarca, chamado Her, que "foi mau diante do Senhor e o Senhor o fez morrer" (I Crôn. 2, 3). Como Her não iria deixar descendência, sua viúva, Tamar, se prevaleceu do chamado "levirato" e se casou com Onan. Mas este também prevaricou e foi morto por Deus. Como Judá prometera-lhe o último de seus filhos, Sela, mas esqueceu-se, Tamar fez uma trama para se unir ao sogro Judá, embora de uma forma artificiosa, e com ele ter filhos para dar continuidade à sua herança. Lembremo-nos que o termo "irmão" é utilizado nas Sagradas Escrituras de uma forma abrangente a todos os parentes colaterais, primos, tios, até cunhados, sogros e genros, além dos irmãos propriamente ditos. . Fato semelhante estava para ocorrer no tempo dos Juízes com Maalon, último descendente da tribo de Judá, casado com Rute. O Patriarca principal e pai de Maalon, chamado Elimelec, casado com Noemi, havia saído de seu país por causa da seca e emigrado para as terras dos moabitas. Lá, morre Elimelec e seus filhos homens, Maalon e Quelion, sem deixar filhos. A tribo de Judá estava novamente sem descendentes e não havia como cumprir a profecia de Jacó: “O cetro não será tirado de Judá, nem o príncipe da sua descendência, até que venha Aquele que deve ser enviado. E ele será expectação das nações” (Gen 49, 10-11 Resolveu então Noemi voltar para sua terra, aconselhando às suas duas noras, Orfa e Rute, moabitas, para ficarem entre seu povo. No entanto, as duas insistiam em acompanhar Noemi. Noemi era efrata, natural de Belém, onde residia a tribo de Judá e lá havia deixado seus bens e parentes. Enquanto Rute, moabita, por ser uma mulher de boa índole, queria, de todo o coração, ser parte do povo hebreu e seguir as leis que o regiam. Por causa disso insistiu e seguiu sua sogra, enquanto que a outra nora ficou. Como deveria se comportar a estrangeira junto dos hebreus? Moisés havia determinado: "Quando segares a messe no teu campo e deixares por esquecimento alguma gavela, não voltarás para a levar, mas deixa-la-ás tomar ao estrangeiro, ao órfão e à viúva, a fim de que o Senhor teu Deus te abençoe em todas as obras das tuas mãos". (Deut. 24, 19-20). Rute disse à sua sogra: "Se o mandas, irei ao campo apanhar as espigas que escapam das mãos dos segadores, onde quer que eu encontre algum pai de família que se mostre clemente para comigo". Havia na cidade um rico parente de Elimelec, chamado Booz, e foi para lá justamente que Rute se dirigiu, embora sem saber quem era. Rute já era conhecida como uma pessoa bondosa, e tendo exercido o seu trabalho com afinco, pois ia "atrás dos segadores desde manhã até agora, e não voltou a casa nem um momento", Booz gostou dela e lhe autorizou que diariamente viesse ali fazer seu trabalho. Rute estranhou que ele tivesse sido tão benevolente para com ela, e Booz respondeu: "Foi-me contado tudo o que tens feito para com tua sogra depois da morte do teu marido; como deixaste os teus parentes, a terra onde nasceste, e vieste para um povo que antes não conhecias". Em seguida ordenou que lhe dessem de comer e, quando estivesse no campo, não só permitissem Rute apanhar as espigas que caíam das gavelas mas deixassem que algumas caíssem de propósito para que ela as apanhasse. Naquele dia, Rute apanhou muitas espigas de trigo e, chegando em casa, mostrou-as à sua sogra. Havia também juntado muita comida que lhe deram do sobejo, a qual deu também à Noemi. Quando contou que aquilo tudo tinha sido colhido na propriedade de Booz, Noemi sentiu viva alegria e contou-lhe que aquele homem era seu parente e muito poderoso em Belém. Em seguida, ordenou a Rute que voltasse a segar no campo de Booz, orientando-a para tentar conquistar o coração dele. Rute prometeu fazer tudo da forma como a sogra lhe recomendou... E de fato o fez. Parece que era uma espécie de "ritual" ou costume, que Booz certamente muito conhecia, e que significaria um pedido de casamento ou, pelo menos, uma apresentação ou pedido de proteção. Quando Booz deu por conta e viu Rute, exclamou: "Quem és tu?" Ao que ela respondeu: "Sou Rute, tua serva. Estende tua capa sobre tua serva, porque és parente". Em seguida, Booz passa a elogiar a boa mulher e lhe prometer fazer tudo por ela, mas por causa de suas virtudes e não por motivos materiais ou egoísticos. Sim, a lei do levirato mandava que a obrigação de casar-se com a viúva deveria recair sobre o irmão mais próximo. Booz sabia que através de Rute passaria a assumir toda a herança da família, que era rica, eles eram os principais herdeiros da tribo de Judá, mas insistia em cumprir a lei: deveria procurar o parente mais próximo de Rute e lhe perguntar se não tinha interesse em desposar a viúva. Para casar-se com Rute, Booz se utilizou de um estratagema: "Foi pois Booz para a porta (da cidade) e sentou-se ali. Vendo passar o parente de que antes falamos, chamando-o pelo nome, disse-lhe: Vem cá por um pouco, senta-te aqui. Ele foi e sentou-se. Então Booz tomando dez homens dos anciãos da cidade, disse-lhes: Sentai-vos aqui. Estando eles sentados, disse ao seu parente: Noemi, que voltou do país de Moab, está para vender uma parte do campo de Elimelec, nosso irmão; eu quis informar-te disso e dizer-to diante de todos os que estão aqui sentados, e dos anciãos do meu povo. Se o queres possuir pelo direito de parentesco, compra-o e fica com ele, mas se te desagrada, dize-mo, para que eu saiba o que devo fazer; porque não há outro parente senão tu, que és o primeiro, e eu, que sou o segundo". O inquirido respondeu que tinha interesse em comprar o campo de Noemi, mas Booz aí acrescentou que era necessário que ele se casasse com a viúva Rute, "mulher do defunto, para que suscites o nome do teu parente na sua herança". Neste caso, o interessado desistiu porque não queria renunciar a dar continuidade ao parentesco de sua família, ele já era um patriarca e não queria desistir do patriarcado de sua estirpe em benefício de outra. Era um costume antigo em Israel entre os parentes, que quando um cedia o seu direito a outro, para a cessão ser válida, o que cedia tirava o sapato e dava ao seu parente, a fim de evitar o que preceituava o Deuteronômio 25, 9-10. Assim, Booz exigiu que seu parente tirasse o sapato e lhe desse, declarando em seguida: "Vós sois hoje testemunhas de que entro a possuir tudo o que era de Elimelec, de Quelion e de Maalon, entregando-me Noemi; e de que recebo por esposa Rute, moabita, mulher de Maalon, a fim de eu fazer reviver o nome do defunto na sua herança, para o seu nome não se extinguir na sua família e entre os irmãos e no seu povo". Foi desta forma que a descendência de Judá não foi mais uma vez interrompida, continuou com Booz gerando Obed, e Obed gerando Isaí (ou Jessé), que foi o pai do rei Davi, de cuja família nasceu Nosso Senhor Jesus Cristo, exatamente em Belém, a mesma cidade onde ocorreu esta história. Eis a razão da história de Rute. É como se ela fosse um elo para dar continuidade ao Patriarcado de uma das mais importantes famílias, da qual sairia o Messias. E como a descendência atingiu seu ponto alto num monarca, ficou assim mais sólida e sem perigo de se desfazer.

Alguns anos depois, nascia numa gruta de Belém o Rei dos reis, amparado nos braços da Rainha-Mãe.

domingo, 29 de dezembro de 2013

O QUE SIGNIFICA FICAR VELHO NOS DIAS ATUAIS

Ancianidade tornou-se sinônimo de solidão. A situação dos anciãos no mundo moderno está cada vez pior, pois estão fadados a viver na solidão e morrer abandonados, inclusive assassinados sob amparo legal pelos próprios médicos, e muitas vezes com autorização ou ordem perempta da família – a terrível eutanásia. Idosos fogem da Holanda com medo da eutanásia, segundo noticia o jornal "Deutsche Welle". Asilo na Alemanha converte-se em abrigo para idosos que fogem da Holanda com medo de serem vítimas de eutanásia a pedido da família. São quatro mil casos de eutanásia por ano, sendo um quarto sem aprovação do paciente.(...) Estudo justifica temores – Uma análise feita pela Universidade de Göttingen de sete mil casos de eutanásia praticados na Holanda justifica o medo de idosos de terem a sua vida abreviada a pedido de familiares. Em 41% destes casos, o desejo de antecipar a morte do paciente foi da sua família. 14% das vítimas eram totalmente conscientes e capacitados até para responder por eventuais crimes na Justiça. (...) Não, não é na China nem na Coreia do Norte. É numa daquelas sociedades perfeitas do Norte da Europa. Aliás, é na Europa onde os idosos são mais desprezados, apesar de tantas leis que lhes dizem garantir uma aposentadoria tranquila - mas não o próprio fim da vida. Veja o vídeo abaixo, muito esclarecedor.


https://www.youtube.com/watch?v=S09zpRXm1U8

domingo, 22 de dezembro de 2013

Propostas de reforma da Cúria Romana são bem antigas




A “Cúria” é o órgão administrativo da Santa Sé, formado pelas autoridades que regem o funcionamento de toda a Igreja. O termo “cúria” vem do latim, e quer dizer “corte”, dando à igreja sua característica monárquica. Foi no Pontificado de Paulo VI que a Cúria sofreu sua última reforma, através do Decreto “Christus Dominus”, de 28.10.1965. Uma outra reforma, forçada, havia sido feita no século XIX, quando a Igreja teve seus Estados Pontifícios invadidos e tomados pela força, pois a partir desta data não havia mais como administrar tais estados, forçando a Igreja a assinar o Tratado de Latrão em 1929.

Muitos tentam separar os problemas meramente administrativos, políticos e legais dos religiosos; mas, com a Igreja, isso é impossivel, pois tudo o que fizer qualquer representante da Igreja terá que mostrar um sentido moral e religioso naquilo que faz. Assim, fala-se hoje numa reforma da Cúria Romana apenas com medidas de caráter burocráticos, como se os membros da Igreja, seus clérigos e presbíteros que atuam na sua direção, não exercessem nenhum papel religioso em seus trabalhos. Falam de questões econômicas e financeiras como se a Igreja vivesse apenas em função delas. Não é bem assim, como veremos adiante.

E para avaliar bem, vamos pôr em confronto dois Papas, o atual e Adriano VI (século XVI). Podemos traçar alguns traços de semelhanças entre os dois, apesar de tão distantes no tempo.

O Papa Adriano VI, de curtíssimo reinado de pouco mais de um ano, foi um dos poucos Pontífices a adotar o próprio nome após eleito, pois trazia de nascimento o nome (era de Ultrecht, Países Baixos) de Adrian Floriszoon Boeyens. O Papa Francisco também rompeu uma tradição de homenagear um antecessor, apenas não adotou seu nome de nascimento. Adriano foi também o único Papa não italiano até João Paulo II, tendência que segue até hoje. No início do ano seguinte a seu pontificado, em janeiro de 1523, começou a fazer uma reforma na Cúria Romana, programa que o atual Papa também está tentando implantar no Vaticano. Diz-se que Adriano VI era impopular entre os italianos por ser estrangeiro e pouco culto, não tendo sido também muito feliz na condução de assuntos políticos e religiosos da época. Francisco é estrangeiro na Itália e não muito culto, mas é muito diferente daquele Papa no que diz respeito à popularidade. Com relação ao sucesso do Papa atual nas questões políticas e religiosas, ainda é muito cedo para se avaliar.

Transcrevemos aqui o texto de um documento em que Adriano VI falava da reforma na Cúria. Se o Papa Francisco pretende fazer uma reforma que atinja o cerne da questão e da crise religiosa que atualmente assola a Igreja, deverá pautar sua reforma nos termos em que o pretendia aquele outro Papa. Embora os tempos sejam outros, no entanto, se a causa de tantos problemas são de origem moral e doutrinária, e envolvem principalmente o clero, será pensando em tais questões que qualquer reforma deverá ser pautada.

O famoso historiador Ludovico Pastor, autor da obra “História dos Papas”, transcreve um documento memorável de Adriano VI, a instrução lida pelo núncio Francesco Chieregati e dirigida aos príncipes alemães reunidos em Nueremberg no dia 3 de janeiro de 1523. Estava em plena efervescência a revolta protestante, ainda em seu nascedouro, e a admoestação do Papa visava essencialmente prevenir o que veio a ocorrer depois, pois o protestantismo nasceu exatamente no seio do clero decadente (não se esqueçam que Lutero era padre). Como havia muita corrupção entre os clérigos, o Papa desejava uma reforma profunda que sanasse tais males. Eis o texto:

“Deves dizer também que reconhecemos livremente haver Deus permitido esta perseguição a sua Igreja, por causa dos pecados dos homens, e especialmente dos Sacerdotes e Prelados, pois de certo não se encurtou a mão do Senhor para nos salvar; mas são nossos pecados que nos afastam d’Ele, de modo que não nos ouve as súplicas.

“A Sagrada Escritura anuncia claramente que os pecados do povo têm origem nos pecados dos sacerdotes, e por isto, como observa (São João) Crisóstomo, nosso Divino Salvador, quando quis purificar a enferma Jerusalém, dirigiu-se em primeiro lugar ao Templo, para repreender antes de tudo os pecados dos sacerdotes; e nisso imitou o bom médico, que cura a doença em sua raiz.

“Bem sabemos que, mesmo nesta Santa Sé, há já alguns anos vêm ocorrendo, muitas coisas dignas de repreensão; abusou-se das coisas eclesiásticas, quebrantaram-se os preceitos, chegou-se a tudo perverter. Assim, não é de espantar que a enfermidade se tenha propagado da cabeça aos membros, desde o Papa até aos Prelados.

“Nós todos, Prelados e Eclesiásticos, nos afastamos do caminho reto, e já há muito não há um que pratique o bem. Por isso devemos todos glorificar a Deus e nos humilharmos em sua presença; que cada um de nós considere por que caiu, e se julgue a si mesmo, ao invés de esperar a justiça de Deus no dia de sua ira.

“Por isto deves tu prometer em nosso nome que estamos resolvidos a empregar toda a diligência a fim de que, em primeiro lugar, seja reformada a Cúria Romana, da qual talvez se tenham originado todos esses males; e acontecerá que, assim como a enfermidade por aqui começou, também por aqui comece a saúde.

“Nós nos consideramos tanto mais obrigados a levar isso a bom termo, quanto todo o mundo deseja semelhante reforma.

“Porém não procuramos nossa dignidade pontifícia e de mais bom grado teríamos terminado na solidão da vida privada nossos dias; de bom grado teríamos recusado a tiara, e só o temor de Deus, a legitimidade da eleição e o perigo de um cisma nos determinaram a aceitar o supremo múnus pastoral. Em consequência, queremos exercê-lo não por ambição de mando, nem para enriquecer nossos parentes, mas para restituir à Santa Igreja, Esposa de Deus, sua antiga formosura, prestar auxílio aos oprimidos, elevar os varões sábios e virtuosos, e, genericamente, fazer tudo o que compete a um bom pastor e verdadeiro sucessor de São Pedro.

“Não obstante, que ninguém se surpreenda, se não corrigimos todos os abusos de um só golpe; pois as doenças estão profundamente enraizadas e são múltiplas; pelo que é preciso proceder passo a passo, e opor primeiramente os oportunos remédios aos danos mais graves e perigosos, para não perturbar ainda mais a fundo por meio de uma precipitada reforma de todas as coisas.Com razão diz Aristóteles que toda mudança repentina é muito perigosa para uma sociedade”.



quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Devolvam também o mandato de Dom Pedro II

Em sessão solene desta quarta-feira (18), o Congresso Nacional devolveu de maneira simbólica o mandato de presidente da República a João Goulart, que foi destituído do cargo em 1964. A presidente Dilma Rousseff e ministros de Estado participaram da cerimônia. Qual o efeito prático de tal medida? Aparentemente, nenhum. Se o ato é simbólico, nenhum poder ou mandato foi realmente restituído ao ex-presidente, que teve sua paz cadavérica incomodada outro dia com uma exumação esdrúxula para ver se havia sido envenenado. Como se vê tanto a exumação do cadáver quanto esta restituição de mandato são meros atos teatrais, meras encenações de políticos esquerdistas querendo desenterrar e memória de seus líderes fracassados do passado. É também a única coisa que está sabendo fazer a inútil “Comissão de Verdade”, na falta de alto mais prático e efetivo na consecução de seus objetivos. Não é nenhum reconhecimento de valor do ex-presidente, mas uma mera alfinetada nos militares, uma vingança tardia do que fizeram com aquele político e seus seguidores. Segundo a mídia, trata-se da mera “anulação” da sessão legislativa que destituiu o ex-presidente. Ora, se aquela sessão foi “anulada” deveria surtir seus efeitos legais, isto é, o deposto deveria voltar ao cargo do qual foi ilegalmente destituído. Mas, como cadáveres não podem atuar como os vivos, designaram o ato como “simbólico”. E, no entanto, é de supor que poderia surtir outros efeitos legais, como, por exemplo, garantir alguma pensão à viúva ou aos familiares de Goulart. Será que isto ocorreu? Se ocorreu, nada foi informado à opinião pública. Há uma outra significação que dizem não ser “simbólica”, que é tornar ilegal o golpe militar de 1964. Vejam bem: se o golpe de 64 foi tornado ilegal qual o resultado prático desta medida? Então, os ex-presidentes Castelo Branco, Costa e Silva, Médici, Geisel e Figueiredo vão ser declarados como ilegais? E as leis que eles aprovaram vão ser todas revogadas? É claro que se eles não eram presidentes legítimos tudo o que fizeram, inclusive as leis que assinaram, também são ilegítimas e devem ser revogadas, como, por exemplo o FGTS, o PIS-PASEP, a fundação do Banco Central e tantas outra que ainda persistem. E, por causa desta constatação haverão outras consequências, como, por exemplo, anular as pensões das viúvas ou dos familiares deles? Ou tudo realmente não passa de uma peça teatral? Teatro por teatro, sugiro aos políticos que promovam uma sessão tornando também ilegal o golpe de 1889, feito também pelos militares, e que destituiu do cargo o nosso imperador Dom Pedro II. Devolvam-lhe, nem que seja simbolicamente, o seu cargo. Feito isso acreditarei na sinceridade de quem promoveu a restituição do cargo de Goulart.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

O "APARTHEID" ACABOU?


O termo foi generalizado na mídia após a dramática experiência da África do Sul. Mas, o sistema de “apartheid”, ou segregação racial, é bem antigo. Para que se entenda a questão é preciso, antes de tudo, destacar alguns pressupostos:
 1º - A segregação de modo geral é feita por uma elite que dirige uma nação, representando maioria ou minoria, conforme o caso. Isto é, pode ocorrer que tal segregação seja feita contra uma maioria ou contra uma minoria, a depender de qual das partes está no poder. Os nazistas quando dominavam um país, impunham a segregação para aqueles que se lhes opunham, fossem maioria ou minoria, como no caso dos judeus.
2º - Há casos de minorias que se segregam por conta própria, em geral para se proteger contra a maioria hostil: foi o caso dos judeus que sempre optaram pela segregação, vivendo em guetos, separados da população em que moravam. Seguindo o exemplo dos judeus, os protestantes sempre tiveram tal prática nos países que colonizaram. Especialmente os ingleses e os holandeses, os quais nunca aceitavam conviver com os nativos e viviam em “guetos”. Na África do Sul havia também muitas tribos negras que se recusavam à convivência com os brancos, por diversos e variados motivos, mas, um dos principais era o desejo de continuar vivendo na barbárie. Já nas colônias portuguesas e espanholas (por serem católicas) nunca houve tal segregação, daí surgindo uma das maiores miscigenação de raças que já houve na história da humanidade.
3º - Os países ditos democráticos também praticam segregação racial quando impõem aos povos indígenas que vivam reclusos em suas aldeias, sem direito de praticar a vida civil comum dos outros cidadãos, e também impedindo que os civilizados tenham comércio com eles. A Constituição brasileira, ao institucionalizar as terras indígenas como direitos de um povo, nada mais fazem do que regulamentar a segregação, que é racial, pois, no caso, os índios possuem uma etnia diferente do resto de nosso povo. E, por força da lei, obriga tais povos a viverem separados, segregados, do resto da nação, sem desfrutar dos mesmos direitos. Assim como era na África do Sul, o índio só tem o direito de votar se comprovar formação escolar. Essa questão é muito antiga entre nós: data do tempo do Marquês de Pombal, o qual proibiu os jesuítas de catequizar os índios, que deveriam permanecer no estado selvagem, conforme aquela mentalidade protestante e laica de que falamos.
Vistos tais pressupostos, vamos analisar como surgiu no mundo moderno a discussão em torno deste tema. O termo “apartheid”, que alguns dizem vir do idioma africâner, significa simplesmente “separação” ou “segregação” racial, sistema que não permite a mistura de raças. Se tal sistema existia em outros países mais como culturas locais, praticado pelos povos por causa da educação protestante ou pelos judeus, no caso da África do Sul foi implantado como sistema legal pelo próprio governo. Os detratores de tal sistema alegam sempre, para o censurar, que era feito por um governo de “minoria branca”, mas nunca salientam que antes de serem brancos eram protestantes e, portanto, muito ciosos de suas raças como “povo escolhido” de Deus. Veremos adiante como a filosofia do “apartheid” surgiu de princípios religiosos, oriundos de judeus e protestantes.
Tais leis racistas começaram a vigorar na África do Sul a partir de 1948, sendo abolidas em 1994. Essa legislação dividia as raças não somente em brancas e negras como se fala habitualmente, mas nas seguintes categorias: negros, brancos, de cor e indianos. Quer dizer, eram quatro as raças em que o povo de lá era dividido. E tal divisão não era somente por classificação étnica e cultural, mas envolvia, principalmente, questão econômica e política. O branco só podia frequentar escola de branco, o negro a dos negros, o indiano a dos indianos, a pessoa “de cor” uma escola para as pessoas “de cor”, etc. No entanto, antes disso tornar-se lei, já havia tal prática em grande parte do país, pois, em várias regiões, a maioria negra não aceitava a mistura com outras raças, nem tampouco os brancos também o aceitavam. Essa resistência existiu sempre, muito mais como consequência dos princípios protestantes ensinados àquele povo do que mesmo por causa de outros fatores, já que muitas das tribos do interior do país nunca foram “evangelizadas” por causa dessa recusa em aceitar culturas estranhas. As desordens e guerras ocorridas por causa do “apartheid” sul-africano foram decorrentes de dois fatores: de um lado o orgulho e prepotência racial dos protestantes brancos e de outro a ignorância dos negros. Por causa dessa guerra muito sangue foi derramado, pois o famoso Congresso Nacional Africano sempre foi um grupo guerrilheiro sanguinário. Era comum entre eles a prática do desumano “necklace of death” (colar da morte): colocavam um pneu em torno da vítima (geralmente preso ao pescoço) e jogavam gasolina em cima, matando-a de uma forma cruel. E tal prática era utilizada pelo CNA contra qualquer opositor político (e não apenas racista), e a maioria dos que matavam era entre os próprios negros.

Antecedentes
A presença protestante na África do Sul começou em meados do século XVII, quando a famosa Companhia das Índias Orientais, dos holandeses, fundou uma colônia na cidade do Cabo. De início vieram alguns agricultores para executar os trabalhos do campo, os chamados “bôers”, mas, ao longo dos anos foi cada vez mais utilizado o trabalho escravo dos nativos. Foram estes os mesmos holandeses que estiveram no Brasil naquela mesma época, em Salvador e Recife, de onde graças a Deus foram expulsos: do contrário estaríamos vivendo hoje por aqui o mesmo problema de segregação que praticaram na África e em outros lugares. No século XIX os holandeses perderam a colônia do Cabo, mas para os também protestantes ingleses, que, do mesmo modo, praticavam a segregação racial. A escravidão ainda era utilizada pelos proprietários de terra, mas quando em 1834 a Inglaterra passou a proibi-lo, os bôers se deslocaram com seus escravos e pertences para outras regiões, fundando o Orange e o Transvaal, da mesma forma nascidos sob o peso da força bruta e do ódio racial protestantes. Os ingleses também aceitavam pacificamente a existência de leis racistas, e até criaram algumas, como a “lei do passe” que regulamentava a circulação de negros para áreas diferentes de onde moravam. No tempo dos ingleses os negros nem sequer tinham permissão para andar nas ruas das cidades do Cabo e de Natal durante a noite. A partir de 1892, também, foram criadas leis que limitavam o direito de voto dos negros, dos indianos e dos “de cor”, conforme a situação financeira de cada um.
A partir do século XX, com a descoberta das minas de diamante e de ouro, a região se viu envolvida em várias guerras, culminando com um tratado do qual surgiu a União Sul-Africana, mas ainda sob o governo britânico. Nesta nova situação política nada mudou para as pessoas negras, indianas ou de cor. Os dirigentes protestantes não permitiam que pessoas de raça considerada inferior dividissem o poder com eles. No entanto, partiu de um partido nitidamente bôer, e não inglês, a legislação oficial do apartheid. Aquilo que, de início, era apenas cultural, costume e crenças entre a população, deveria se transformar em lei. E as restrições raciais envolviam não somente a frequência de lugares públicos, mas até mesmo a posse de terras: os negros e as pessoas “de cor”, por exemplo, não podiam comprar terras fora de suas “reservas indígenas”. A partir de 1948 o “apartheid” foi justificado pelos juristas protestantes como necessário para manter a personalidade dos grupos raciais do país. Cada etnia, cada raça, cada grupo econômico e social, deveria manter suas características próprias e não deveria haver miscigenação. Era o Governo querendo impor a uma nação como deveria ficar suas características raciais. Quem impôs isso foi o Partido Reunido Nacional, chefiado por Daniel François Malan, famoso e poderoso pastor da “Igreja Reformada Holandesa”.
O argumento para a manutenção da segregação racial é de cunho não somente filosófico, mas religioso. Prevalece aquele princípio de “povo eleito”, “raça escolhida”, um ideal nitidamente protestante que herdaram dos judeus. Segundo este pensamento, os brancos oriundos da Holanda, os "boers", eram de uma raça que não deveria misturar-se, especialmente com as pessoas de raças consideradas inferiores. O próprio Partido Nacional definia em seu manifesto que a segregação racial se baseava em princípios cristãos. Por detrás disso está a ideia de um povo ou de uma raça escolhida, diferente das demais, e tendo que ficar “pura” para manter-se como tal. A legislação considerava também que a África do Sul não deveria ser tida como uma nação, mas quatro nações compostas por quatro grupos raciais; brancos, negros, “de cor” (que eram os mestiços) e indianos.
Da mesma forma, o movimento anti-apartheid data de longas datas. O Congresso Nacional Africano, por exemplo, começou suas atividades em 1912. No entanto, houve muita infiltração marxista entre eles, desviando-o de seu verdadeiro objetivo. Antes do combate ao racismo, eles pretendiam mesmo era implantar um regime comunista na região. Da mesma forma, o CNA nunca foi uma organização movida por bons princípios, criando uma situação mais de ódio do que de paz social. Aqueles que se destacavam como atuantes de uma “resistência pacífica” eram estimulados pelo Ocidente, inclusive com prêmios Nobel da paz, mas eram poucos. E aos poucos foram se juntando outras organizações de caráter internacional, chegando a influenciar importantes políticos do Ocidente, seja americanos ou europeus. E a causa do “apartheid” caiu na desgraça da opinião pública mundial, o que não chegou a ser assim entendido pelos dirigentes daquele país, a maioria protestante ou insuflada por ideias afins com os hereges discípulos de Lutero.
Até que a ONU resolveu colocar o regime na clandestinidade, através de uma resolução de 6 de novembro de 1962, onde eram condenadas as práticas racistas e segregacionistas da África do Sul. Daí em diante, todos os esforços do Ocidente, especialmente dos países mais ricos como Estados Unidos e Inglaterra, foi combater o regime do “apartheid”, do que se aproveitou a ex-URSS para infiltrar seus membros no CNA e tentar implantar um regime comunista, haja vista a instabilidade política criada para a elite branca. O próprio Mandela era filiado ao Partido Comunista, fato que costumeiramente não era mencionado na mídia, pois isso poderia causar maior rejeição entre a própria população negra, completamente hostil ao comunismo.
Cedendo às pressões internacionais, a partir da década de 90 o governo libertou Mandela e mandou abolir todas as leis segregacionistas. Um caso em discussão era o documento denominado “Afrikaner Broederbond”. Nele era afirmada a crença Afrikaner na democracia e nos princípios Cristãos. Sua visão da democracia, contudo, sistematicamente excluía não-brancos, e seu entendimento dos princípios Cristãos não estendiam o tratamento igual aos seus vizinhos negros. Aparentemente eles reconheciam negros como sendo inferiores ou "diferentes demais" para serem tratados de forma igual. Quer dizer, o que predomina entre eles é o auto-conceito de “raça escolhida”, de “povo eleito”, algo muito especial e superior às demais raças, motivo por que não deve se miscigenar. Esta grave presunção é uma temerária e excessiva confiança na própria salvação eterna sem basear-se em nenhuma revelação ou princípio de justiça.
O governo sul-africano tentou dividir o Estado da África do Sul reconhecido internacionalmente em um sem número de republiquetas. Algo como 87% da terra era reservada aos brancos, mestiços, e indianos. Cerca de 13% da terra era divida em dez "pátrias" fragmentadas para os negros (80% da população) aos quais era dada "independência", apesar da autonomia ser mais teórica que real: o exército da África do Sul interviria para remover governos das "pátrias" que implementassem políticas que não fossem do gosto da África do Sul. Depois tentou traçar uma equivalência entre sua visão de "cidadãos" negros nas "pátrias" e a visão da União Europeia e dos Estados Unidos sobre imigrantes ilegais vindos da Europa Oriental e América Latina, respectivamente. Quer dizer, eles consideravam as comunidades negras encravadas em seu território como “reservas”, o mesmo que ocorre com nossas reservas indígenas. Onde a África do Sul se diferenciava de outros países é que, enquanto estes desmantelavam sua legislação discriminatória e tornavam-se mais abertos em assuntos relacionados à raça, lá se construía um labirinto legal de discriminação racial.

Há “Apartheid” no Brasil?
Se considerarmos os termos em que a ONU definiu tal regime, sim. Em 1973 a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou o texto da Convenção Internacional da Punição e Supressão ao crime do “Apartheid”. Embora tal convenção visasse quase que exclusivamente a África do Sul, os princípios ali expostos valem para qualquer país. A convenção ganhou força em 1976. Pelo menos dois intens, no Artigo II da convenção que define o apartheid, rezam assim:
(c) Qualquer medida legislativa e outras medidas calculadas para evitar que um grupo ou grupos raciais participem da vida política, social, econômica ou cultural de um país e a criação deliberada de condições que evitem o desenvolvimento completo de um grupo ou grupos raciais, em particular através da negação dos direitos e liberdades humanas, incluindo o direito ao trabalho, o direito de formar uniões comerciais, o direito à educação, o direito de deixar e retornar ao seu país, o direito à uma nacionalidade, o direito de ir e vir e da mobilidade da residência, o direito à liberdade de opinião e expressão, e o direito a junções e associações livres e pacíficas a membros de grupos raciais.
(d) Qualquer medida, incluindo medidas legislativas, destinadas a dividir racialmente a população pela criação de reservas separadas e guetos para membros de um grupo ou grupos raciais, a proibição de casamentos que mesclem grupos raciais distintos, a expropriação de propriedades territoriais pertencentes a grupos raciais a membros que não são da comunidade;
Pensando bem, não é o que ocorre com o governo brasileiro que faz exatamente isso com nossos índios, segregando-os em terras separadas dos habitantes de nosso país, usando até o nome de “reservas” como está classificado nessa convenção da ONU? Mas, apesar de cometer o mesmo crime dos sul-africanos não há uma só movimento que o combata entre nós. Talvez os nossos índios não tenham mesma força numérica dos negros, representando menos de 0,2% de nossa população. Embora “possuam” mais terras do que a própria África do Sul...

Origens remotas do segregacionismo
Seguindo prescrições do tempo de Moisés, o povo hebreu tinha uma consciência muito forte de sua descendência, por isso conservando-se isolados dos outros com suas divisões tribais. Guardavam rigorosamente os registros de suas origens, dos antepassados de todas as 12 tribos. Por exemplo, Nosso Senhor Jesus Cristo tem sua descendência descrita por São Lucas porque Sua família possuía tais registros. No entanto, com o tempo suas tribos foram se espalhando pelo mundo e ocasionando muitas miscigenações com os outros povos, os chamados gentios, que deram sua contribuição ao Povo Eleito. Por exemplo, o rei de Tiro, Hiram, ajudou Salomão na construção do Templo, embora não fosse israelita de nascimento. A própria Rute, ancestral do rei David, não era israelita, mas moabita.
Em geral as comunidades judaicas espalhadas pelo mundo procuram viver isoladas, pretendendo assim manter suas características originais. Orgulham-se de ser um povo escolhido por Deus, e, por causa disso, terem que viver sem mesclar-se com os demais. Até hoje acreditam que o Messias prometido por Deus será um rei poderoso, um chefe de estado dono de grande poder e majestade, fazendo com que seu povo se erga e domine todo o mundo. E isso os faz diferentes. Esta ideia falseada do Messias perdura fortemente até nos judeus de nossos dias, conforme explica Mons. Henri Delassus: “No entanto, a imensa maioria dos judeus mantém-se fiel à antiga crença, assim exposta pelo eminente rabino Drach no seu livro L’Eglise et la Synagogue. “Segundo a doutrina ensinada pelos mestres de Israel, o Messias deve ser um grande conquistador, que submeterá as nações à servidão dos judeus. Estes retomarão a Terra Santa, triunfantes e carregados das riquezas que terão arrancado aos infiéis. Então todos os povos serão submetidos aos judeus e a estes pertencerão os bens e o poder dos vencidos. É com uma saudação a esse mesmo triunfador e com a esperança dos bens que ele deve obter para o seu povo que os rabinos ordinariamente terminam seus discursos”. O mesmo autor narra o seguinte: “Na escola que eu freqüentava, em Estrasburgo, conta Drach, as crianças tomaram a resolução de, na primeira aparição do Messias, roubar todas as confeitarias da cidade... Fiz durante muito tempo, sozinho, o inventário de uma bela confeitaria no canto da Praça de Armas, cuja propriedade queria para mim”. (Drach, Deuxième lettre, p. 319. Paris, 1827).
Esta crença do povo escolhido, embora verdadeira sob alguns aspectos (principalmente porque dele nasceria o Salvador e a Igreja), fazia-os acreditar, por orgulho, que somente os judeus eram destinados à salvação, os demais povos estavam para sempre condenados. Eles eram, pois, o “povo eleito”, destinado a reger os outros povos, indicando com isso que as outras nações eram repelidas ou menosprezadas por Deus. De tal forma que motivou a pergunta feita por um anônimo a Nosso Senhor: “Alguém lhe perguntou: Senhor, são poucos os que se salvam?” (Lc 13, 22). A pergunta não provém de uma dúvida, mas de uma maneira de pensar pela qual todos os judeus julgam que somente eles, a minoria no mundo, se salvarão. O Pe. Lagrange comenta sobre este episódio: “É freqüente esta preocupação dos rabinos. Pensava-se na salvação eterna, sobretudo na dos israelitas, porque os demais haviam merecido sua perdição e quase se alegravam dela”. Da mesma forma que encaravam essa exclusividade na salvação eterna, também viam assim o predomínio temporal sobre os povos. A ideia do exclusivismo judeu perdurou até entre cristãos. O pensamento da “Igreja de Jerusalém” (At 15, 1-3) reflete tal exclusivismo ou primazia. Era assim que pensavam os cristãos oriundos do farisaísmo. O próprio Santiago Menor, Bispo e Apóstolo, era um dos cabeças dessa idéia. E, no decorrer dos anos, a ideia foi vicejando entre alguns falsos cristãos, terminando por imperar completamente entre os protestantes.

Segregacionismo das seitas protestantes
Interpretando mal o sentido de “povo escolhido”, em geral todas as seitas protestantes admitem serem as únicas a ter o direito da salvação eterna, daí se manterem separadas das demais pessoas. Tal maneira de pensar começou a ser comum entre eles especialmente após o movimento de Lutero no século XVI, tendo influenciado vários escritores e políticos no decorrer dos tempos. Todo país dominado por governos protestantes do período viveram o segregacionismo em suas colônias. Tivemos um exemplo no Brasil, quando aqui aportaram os piratas holandeses nas invasões do século XVII e também quando chegaram alguns ingleses estabelecendo colônias anglicanas, como a que se estabeleceu em Salvador no século XIX, inteiramente isolada, segregada do resto da população. Vejam também o exemplo dos ingleses na Índia, período em que dominaram sem que houvesse a menor preocupação na miscigenação com aquele povo. Sendo assim, o “apartheid” não é decorrente de um pensamento nazista, como o afirma gente apressada na análise do tema, mas dos protestantes. E não pode se dizer que o mesmo acabou, mesmo na África do Sul. Lá ainda perdura o “apartheid” cultural, por onde negros e brancos se recusam a viver em comum, embora não seja de uma forma tão intensa quanto antes. Enquanto existirem seitas protestantes, cujos membros cheios de orgulho e presunção se achem puros e merecedores únicos das graças divinas, essa separação, ou segregação, continuará a perdurar, tanto por causa de brancos como por causa de negros, pardos ou indianos.

domingo, 1 de dezembro de 2013

VIOLÊNCIA URBANA, MAIS UMA HERANÇA DAS ESQUERDAS




Fala-se muito no Brasil sobre o legado que a revolução militar de 1964 nos deixou. E a mídia só ressalta o lado negativo das prisões ilegais, torturas e mortes ocorridas com os elementos da esquerda. Não se fala do bom legado, qual seja, os enormes benefícios trazidos pela moralização da chamada “coisa pública” e um grande desenvolvimento econômico que marcou época.

De outro lado, não falam do legado negativo deixado pelas esquerdas. Um deles foi o incremento da violência urbana no Brasil. É a partir do final da década de 60 que começam a surgir os assaltos a banco através do famoso “Comando Vermelho”, uma facção criminosa criada pelas esquerdas que lutava contra os militares na década de 60. Assaltavam bancos com o fim de arrecadar fundos para os movimentos armados contra o governo. Foi criada e alimentada pela esquerda, sendo hoje o modelo de inúmeras outras facções como o PCC em São Paulo. Atualmente, dizem que o “Comando Vermelho” não faz mais um trabalho característico das esquerdas (já que elas estão no poder), sendo apenas mais uma falange de bandidos que assaltam e se organizam para incrementar o tráfico de drogas. É fato notório que há elementos estrangeiros ligados ao socialismo internacional que despejam rios de dinheiro nas facções criminosas brasileiras, ou com fins de alimentar o tráfico de drogas ou então simplesmente para angariar recursos. Líderes políticos comunistas mantêm ligações com todas estas organizações criminosas, e os elementos da esquerda dita moderada não desconhecem esta realidade.

Apesar das esquerdas alimentarem as quadrilhas de traficantes e de guerrilheiros na Colômbia, tanto com recursos financeiros quanto com apoio moral, até hoje o governo brasileiro nunca fez uma condenação oficial daquela guerrilha, dizendo descaradamente que não se trata de terroristas, mas de opositores ao governo em luta armada. E por que não agiria também a esquerda para acobertar e promover o banditismo do “Comando Vermelho” e congêneres do Rio? Mas, afinal, que queriam (ou querem) as esquerdas para o Brasil nos idos de 60? Queriam paz? Queriam um país próspero e progressista, livre da miséria e da pobreza? Ora, continua nos programas dos partidos de esquerda (sem nenhuma exceção) a busca pelo que eles chamam de “socialismo”. Mesmo depois da falência da URSS, quando se revelou para o mundo as falácias e mentiras sobre o socialismo, na verdade uma fonte de miséria e de pobreza, os elementos das esquerdas brasileiras (e com eles alguns outros da América Latina) continuam a apregoar este utópico socialismo. Todos veem claramente que o “socialismo bolivariano” de Hugo Chávez está levando a Venezuela cada vez mais para a miséria e a desgraça. Mesmo assim, o programa deles continua o mesmo: socialismo, “socialismo ou morte”. Se a morte não vier por alguma bala, virá por inanição, tal a miséria em que o mesmo deixará aquele povo...

Há uma outra coisa: foram as esquerdas que inauguraram no Brasil a esperteza política, o chamado popularismo oportunista em busca de votos, a demagogia para se promover aos cargos públicos. A esquerda, hoje, não visa mais as guerrilhas urbanas porque já detêm o poder através de seu principal partido. Não seria esta sua tática se estivessem na oposição a um regime declaradamente anti-esquerdista (ou anti-socialista, dá no mesmo). Mas seus filhos não abortados continuam vivos: os traficantes e as quadrilhas de assaltos a mão armada que se espalharam pelo Brasil.

De outro lado, os principais dirigentes esquerdistas são péssimos exemplos para nossa população. Os governantes de um povo influenciam toda a sua população pela vida que levam. Se forem honestos, vão ser exemplos de honestidade. Se tiverem boa moral, serão exemplos de moralidade e de respeito. No nosso caso, o ex-presidente Lula está sendo apontado como um exemplo de operário que progrediu e chegou ao poder máximo, mas na realidade não é assim que o povo o vê. Veem-no como um homem que soube usar da esperteza para galgar seus postos, como um sujeito labioso que engana facilmente seus ouvintes com palavras falaciosas e, sobretudo, como um homem que não quis estudar, não se esforçou para angariar maior desenvolvimento cultural e, mesmo assim, “passa a perna” em todo mundo.

Ele não seria o modelo da revolta máxima, que seria a reação armada. Este papel caberia a outro, como a sua sucessora, um péssimo mau exemplo de quem pegou em armas contra as autoridades a fim de querer fazer prevalecer suas ideias mirabolantes do socialismo utópico. E mau exemplo também por defender o aborto e apoiar o seu partido que quer descriminalizá-lo entre nós.

Este modelo talvez seja o que deveria vigorar no Brasil a partir de 2011, já inaugurado com os ataques dos bandidos no Rio no final do ano 2010. Ora, não somente estes bandidos sabem que a autoridade principal de nosso país já executou ação armada, mas toda a população que poderá ver a luta armada como uma coisa natural e conseqüência pura e simples da busca de seus ideais. A população não somente sabe que a presidente já pegou em armas, mas também que todos os seus correligionários que o fizeram não só foram perdoados, mas até indenizados com gordas verbas do atual governo. E podem muito bem pensar: “se a gente aderir aos bandidos, quem sabe amanhã alguma ONG de direitos humanos vai conseguir que a gente receba indenizações com a morte ocorrida nas mãos dos policiais que nos combatem”. Enfim, o crime foi banalizado também pela esquerda, e a bandidagem do Rio de Janeiro pode-se dizer que é um dos filhos não abortados desta montanha vermelha, que apesar de quase morta ainda fumega.

Há um fato mais clamoroso. Sempre que um governante de esquerda assume um governo a violência aumenta. Foi assim com Brizola no Rio, ocasião em que os bicheiros e os traficantes mais aumentaram de poder. Foi assim com o atual governador da Bahia (PT), que teve a criminalidade aumentada consideravelmente em seu governo. Foi assim também em Pernambuco, um dos Estados mais violento do Brasil exatamente porque lá sempre mandou o PT. Quais as razões disso? Primeira razão: os bandidos sentem que a autoridade não tem pulso para combater a marginalidade quando a repressão é feita com “excessos de cuidados” aos direitos humanos. E aí eles se aproveitam para aumentar sua ação, que muitas vezes ficam impunes por causa desta política acentuadamente humanitária para com bandidos de alta periculosidade. Segunda razão: a corrupção política domina a administração pública e vai servir de mau exemplo até mesmo para os cidadãos de bem. Talvez os escândalos impunes ocorridos no governo Lula tenham influenciado mais a marginalidade do que as gordas verbas mandadas pelas diversas máfias que alimentam as quadrilhas do Rio. Existiria uma terceira razão, esta localizada em algumas cidades em que a autoridade local fez alianças com bandidos. Mas aí não entra em destaque apenas a ação da esquerda, mas um conjunto de problemas morais da sociedade moderna. Se alguém pensa que Dilma Rousseff não serviu de mau exemplo quando declarou francamente a sua participação na luta armada, e sem demonstrar nenhum arrependimento, até pelo contrário contando vantagens, olhe para o crescimento da violência urbana, ocorrida exatamente após a posse dela. Esperemos para ver se a presidente vai querer tratar os bandidos da mesma forma que ela gostaria que fosse tratada pelos militares quando foi presa a quarenta anos atrás. Eles, os bandidos, sabem que ela e seu governo tratam-nos com brandura e muitos cautelosos na defesa de supostos “direitos humanos” que alardeiam diariamente.