sexta-feira, 19 de março de 2010

Como proteger-se numa calamidade pública como um terremoto?

Esta preocupação tem sido um tema constante nos últimos dias. É que tem havido diversas catástrofes, como o tsunami na Ásia há mais de cinco anos ou os últimos terremotos, sem que supostamente as populações estivessem realmente "preparadas" para enfrentar tão difícil situação. Convenhamos, há condição se preparar para tais catástrofes? A população de San Francisco, nos Estados Unidos, há muitos anos que vem se preparando para um grande terremoto que dizem pode acontecer a qualquer momento. Será que, realmente, está preparada?
A propósito de terremotos, a preocupação tem sido muito maior. Um especialista no assunto, o americano Doug Copp, conta que já esteve dentro de 875 prédios em ruínas, trabalhando em grupos de resgates de vítimas de terremotos. Liderou grupos de resgates de vários organismos internacionais e é especialista na Área de Diminuição e Resolução de Desastres (UN-UNIENET) das Nações Unidas. Quer dizer, é um cara muito preparado e entendido em assuntos de desastres naturais, especialmente de terremotos. Em 1996 coordenou a execução de um vídeo em que eram feitas várias demonstrações de como sobreviver a um terremoto. O filme foi rodado pelo governo da Turquia e posteriormente divulgado como modelo de orientação para salvar pessoas vítimas de terremotos. A orientação principal dada no vídeo centra-se na expressão "Triângulo da vida", espaço que ele diz ser essencial para se escapar num terremoto. Quando há um desmoronamento de um prédio o local mais seguro para se proteger é próximo a algo que está ainda de pé, como uma parede, um móvel, ou qualquer coisa fixa, ficando próximo a ele (bem junto ao mesmo) na forma "fetal": de cócoras, joelhos próximos ao rosto, braços abarcando as pernas, etc. Segundo suas experiências, quem agir desta forma tem mais de 90% de chances de escapar com vida ao terremoto.
Na realidade, o fator mais importante para que se escape de uma catástrofe desse tipo é nossa fé, uma confiança inabalável na proteção divina. Foi com este objetivo que foi revelado uma oração apropriada para tais catástrofes, chamada "Triságio da Santíssima Trindade".

O Triságio da Santíssima Trindade

Do grego, tris-agion (três vezes Santo), é o nome que se dá à aclamação de louvor «Santo Deus, Santo Forte, Santo Imortal», testemunhado pela primeira vez no Concílio de Calcedônia (451). Nos ritos orientais, sobretudo no bizantino, tem o seu lugar na procissão de entrada da Missa, como também acontece nos dias mais solenes do rito hispânico. Noutras liturgias orientais, canta-se antes das leituras bíblicas. Na Liturgia romana conservou-se só em Sexta-Feira Santa, durante a adoração da Cruz. Outra circunstância litúrgica em que também se pode falar de «triságio» é na aclamação do Sanctus, da Oração Eucarística: «Santo, Santo, Santo".
O triságio encontra suas raízes no Antigo Testamento, no livro de Isaías, capítulo 6, versículo 3: "Santo, santo, santo é o Senhor dos exércitos, a terra inteira está repleta de sua glória."
Na Sexta-Feira Santa, nos Lamentos do Senhor da Celebração da Paixão do Senhor, encontramos traços que expressam o triságio:
"Deus Santo, Deus forte, Deus imortal, tende piedade de nós!"
Na liturgia oriental, o triságio aparece no rito da palavra, na pequena entrada, como se pode notar da Divina Liturgia de São João Crisóstomo. O sacerdote recita a Oração do Hino do Triságio, e é concluída com o canto:
"Santo Deus, Santo poderoso, Santo imortal, tem piedade de nós! (3 vezes).
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, agora e sempre, pelos séculos dos séculos. Amém! Santo imortal, tem piedade de nós!
Santo Deus, Santo poderoso, Santo imortal, tem piedade de nós!"
O triságio, que deita raízes na liturgia judaica, aparece, documentado, em As Constituições Apostólicas (compostas no século IV), Livro VIII, Liturgia Eucarística: A Oração de Oblação, n. 12:27 - Introdução ao Sanctus: "Santo, Santo, Santo, o Senhor do universo; o céu e a terra estão cheios da sua glória, bendito és Tu pelos séculos. Amen".

Vejamos agora como um grande Santo, Antonio Maria Claret, conta tudo sobre esta oração tão importante para se rezar nos momentos de grandes catástrofes:

TRISÁGIO À SANTÍSSIMA TRINDADE

Origem do triságio

O santíssimo triságio não é invenção do engenho humano, senão obra do mesmo Deus, que Ele inspirou ao profeta Isaías quando este ouviu que o cantavam os Serafins, para exaltarem a glória do Criador.
Na escola dos mesmos Serafins e na dos outros coros angélicos foi onde o aprendeu milagrosamente aquele menino que, como São Paulo, foi arrebatado ao céu, segundo referem as histórias eclesiásticas. No ano 447, e sendo Teodósio Júnior imperador do Oriente, sentiu-se um terremoto quase universal, violentíssimo, e que pela sua duração e espantosos estragos se fez o mais célebre de todos quantos até então se tinham visto. Foram incalculáveis os prejuízos que seis meses de abalos quase contínuos causaram nos mais suntuosos edifícios de Constaninopla e em toda a famosa muralha do Quersoneso. Abriu-se a terra em muitos pontos e ficaram sepultadas em suas entranhas cidades inteiras; secaram-se as fontes e apareciam outras novas, e era tal a violência dos abalos que arrancava árvores corpulentíssimas, apareciam montanhas onde primeiro havia planuras, e profundos abismos onde havia antes montanhas. O mar lançava às praias peixes de grandeza enorme; e as praias e navios ficavam sem águas, que iam inundar grandes ilhas.
Em semelhante conflito, achou-se prudente abandonar os povoados e assim o fizeram os habitantes de Constantinopla com o imperador Teodósio, sua irmã Pulquéria, São Proclo, então patriarca daquela Igreja, e todo o clero. Reunidos num lugar chamado Campo dirigem ao céu grandes clamores e fervorosas súplicas, pedindo o socorro em necessidade tão apertada. Um dia, entre oito e nove horas da manhã, foi tão extraordinário o abalo que fez a terra, que pouco faltou para que não causasse os mesmos estragos que o dilúvio universal. A este espanto sucedeu admiração do prodígio seguinte:
Um menino de poucos anos foi arrebatado pelos ares à vista de todos os do Campo, que o viram subir até perdê-lo de vista. Depois de algum tempo desceu à terra, do mesmo modo que subira ao céu, e logo em presença do Patriarca, do Imperador e da multidão pasmada, contou que sendo admitido nos coros celestes ouviu os anjos cantarem estas palavras: Santo Deus, Santo forte, Santo imortal, tende misericórdia de nós; e que ao mesmo tempo lhe mandaram que comunicasse a todos esta visão. Ditas estas palavras, aquele inocente menino morreu.
São Proclo e o Imperador, ouvida esta relação, mandaram unanimemente que todos entoassem em público este sagrado cântico, e imediatamente cessou o terremoto, e ficou quieta a terra.
Daqui nasceu o uso do Triságio, que o Concílio geral Calcedonense prescreveu a todos os fiéis, como um formulário para invocar a Santíssima Trindade nos tempos funestos e nas calamidades; daqui veio merecer a aprovação de tantos Prelados da Igreja, que apoiaram o uso dele, enriquecendo-o com o tesouro das indulgências e daqui finalmente veio que se pusesse método, que se imprimisse e reimprimisse tantas vezes, e sempre com universal aplauso e aceitação dos fiéis, que o consideram como um escudo impenetrável contra todos os males que Deus manda à terra em castigo de nossos pecados.
[1]

Oferecimento

Para ganhar as indulgências, os que rezarem o Triságio

Rogamos-te, Senhor, pelo estado da Santa Igreja e Prelados dela; pela exaltação da fé católica, extirpação das heresias, paz e concórdia entre os príncipes cristãos, conversão de todos os infiéis, hereges e pecadores; pelos agonizantes e caminhantes, pelas benditas almas do purgatório e mais piedosos fins de nossa Santa Madre Igreja. Amém.
V. Bendita seja a santa e indivídua Trindade, agora e sempre por todos os séculos dos séculos.
R. Amém.
V. Abri, Senhor, meus lábios.
R. E a minha boca anunciará vossos louvores.
V. Meu Deus, em meu favor benigno atende.
R. Senhor, apressai-vos a socorrer-me.
V. Glória seja ao Eterno Pai.
Glória seja ao Eterno Filho.
Glória ao Espírito Santo.
R. Amém. Aleluia.

(no tempo da Quaresma se diz conforme abaixo):

Louvor seja a ti, Senhor, Rei da eterna glória.

Ato de Contrição

Amorosísimo Deus, trino e uno, Pai, Filho e Espírito Santo, em quem creio, em quem espero, a quem amo com todo o meu coração, corpo, alma, sentidos e potências; por serdes Vós meu Pai, meu Senhor e meu Deus, infinitamente bom e digno de ser amado sobre todas as coisas; pesa-me, Trindade Santíssima, pesa-me, Trindade misericordiosíssima, pesa-me, Trindade amabilíssima, de vos ter ofendido só por serdes Vós quem sois; proponho, e vos dou palavra, de nunca mais vos ofender e de morrer antes do que pecar; espero de vossa suma bondade e misericórdia infinita, que me perdoareis todos os meus pecados, e me dareis graças para perseverar num verdadeiro amor e cordialíssima devoção a vossa sempre amabilíssima Trindade. Amém.

Hino

Já se afasta o sol radioso,
Ó luz perene, ó Trindade,
Infunde em nós ardoroso
O fogo da caridade.

Na alvorada te louvamos
E na hora vespertina;
Concede-nos que o façamos
Também na glória divina.

Ao Pai, ao Filho e a Ti,
Espírito consolador,
Sem cessar como até aqui
Se dê eterno louvor. Amém.

Oração ao Pai

Ó Pai Eterno, fora o prazer de vos possuir, eu não vejo mais do que tristeza e tormento, embora digam outra coisa os amadores da vaidade. Que me importa que diga o sensual que sua felicidade está em gozar de seus prazeres? Que me importa que diga também o ambicioso que seu maior contentamento é gozar de sua glória vã? Eu pela minha parte nunca cessarei de repetir com vossos Profetas e Apóstolos, que a minha suma felicidade, meu tesouro e minha glória é unir-me a meu Deus, e manter-me inviolavelmente unido a Ele.
Recita-se um Pai-Nosso, uma Ave-Maria, e nove vezes:
Santo, Santo, Santo, Senhor Deus dos exércitos, cheios estão os céus e a terra de vosso glória.
(responde-se, se possível em coro):
Glória ao Pai, glória ao Filho, glória ao Espírito Santo.

Oração ao Filho

Ó Verdade eterna, fora da qual eu não vejo outra coisa senão enganos e mentiras. Oh! E como tudo me aborrece à vista de vossos suaves atrativos! Oh! Como me parecem mentirosos e asquerosos os discursos dos homens, em comparação das palavras da vida, com as quais Vós falais ao coração daqueles que vos escutam. Ah! Quando será a hora em que Vós me tratareis sem enigma e me falareis claramenteno no seio de vossa glória? Oh! Que trato! Que beleza! Que luz!

Recita-se um Pai-Nosso, uma Ave-Maria e nove vezes:
Santo, Santo, Santo, Senhor Deus, etc.

Oração ao Espírito Santo

Ó Amor, ó Dom do Altíssimo, centro das doçuras e da felicidade do mesmo Deus; que atrativo para uma alma ver-se no abismo de vossa bondade e toda cheia de vossas inefáveis consolações! Ah! Prazeres enganadores! Como haveis de poder comparar-vos com a menor das doçuras que um Deus, quando quer, sabe derramar sobre uma alma fiel? Oh! Se uma só partícula delas é tão deliciosa, quanto mais será quando Vós as derramardes como uma torrente sem medida e sem reserva? Quando será isto, meu Deus, quando será?

Recita-se um Pai-Nosso, uma Ave-Maria e nove vezes:
Santo, Santo, Santo, Senhor Deus, etc.

Antífona

A ti, Deus Pai, a ti, Filho Unigênito, a ti, Espírito Santo, Paráclito, santa e indivídua Trindade, de todo coração te confessamos, louvamos e bendizemos. A ti seja dada a glória pelos séculos dos séculos. Amém.
V. Bendigamos ao Pai, e ao Filho e ao Espírito Santo.
R. Louvemo-lo e exaltemo-lo em todos os séculos.

Oração

Senhor Deus uno e trino, dai-me continuamente vossa graça, vossa caridade e a vossa comunicação para que no tempo e na eternidade vos amemos e glorifiquemos. Deus Pai, Deus Filho, Deus Espírito Santo numa deidade por todos os séculos dos séculos. Amém.

Deprecação devota à Santíssima Trindade

(A cada invocação se responde: ”Toda criatura vos ame e glorifique”)

V. Pai eterno, onipotente Deus;
R. Toda criatura, etc.
V. Verbo divino, imenso Deus;
R. Toda criatura, etc.
V. Espírito Santo, infinito Deus;
- Santíssima Trindade e um só Deus verdaeiro;
- Rei dos Céus, imortal e invisível;
- Criador, conservador, governador de todo o criado;
- Vida nossa, em quem, de quem e por quem vivemos;
- Vida divina, e uma em três pessoas;
- Céu divino de excelsitude majestosa;
- Céu supremo do céu, oculto aos homens;
- Sol divino e incriado;
- Círculo perfeitíssimo de capacidade infinita;
- Alimento divino dos anjos;
- Belo iris, arco de clemência;
- Astro primeiro e trino, que iluminais o mundo;

(A cada invocação, responde-se: “Livrai-nos, trino Senhor”)

V. De todo mal de alma e corpo;
R. Livrai-nos, etc.
- De todo pecado e ocasião de culpa;
- De vossa ira e indignação;
- Da morte repentina e improvisa;
- Das insídias e assaltos do demônio;
- Do espírito de desonestidade e das suas sugestões;
- Da concupiscência da carne;
- De toda ira, ódio e má vontade;
- Das pragas da peste, fome, guerra e terremoto;
- Dos inimigos da fé católica;
- De nossos inimigos e de suas maquinações;
- Da morte eterna;
- Por vossa Unidade em Trindade e Trindade em Unidade;
- Pela igualdade essencial de vossas pessoas;
- Pela sublimidade do mistério de vossa Trindade;
- Pelo inefável nome de vossa Trindade;
- Pelo portentoso de vosso nome, uno e trino;
- Pelo muito que vos agradam as almas que são devotas de vossa Santíssima Trindade;
- Pelo grande amor com que livrais de males aos povos onde há algum devoto de vossa Trindade amável;
- Pela virtude divina, que nos devotos de vossa Trindade santíssima, reconhecem os demônios contra si mesmos;

(A cada invocação, responde-se: “Rogamo-Vos, ouvi-nos”)

V. Nós pecadores;
R. Rogamo-Vos, etc.
- Que saibamos resistir ao demônio com as armas da devoção à vossa Trindade;
- Que embelezeis cada dia mais, com as cores da vossa graça, vossa imagem que está em nossas almas;
- Que todos os fiéis se esmerem em ser muito devotos de vossa Santíssima Trindade;
- Que todos alcancemos as muitas felicidades que estão vinculadas para os devotos dessa vossa Trindade adorável;
- Que ao confessarmos o mistério de vossa Trindade, se desfaçam os erros dos infiéis;
- Que todas as almas do purgatório gozem muito refrigério em virtude do mistério de vossa Trindade;
- Que vos digneis ouvir-nos pela vossa piedade;
- Santo Deus, Santo Forte, Santo Imortal, livrai-nos, Senhor, de todo mal.
[2]

Obséquios ou oferecimentos à Santíssima Trindade

1. Ó beatíssima Trindade, eu vos prometo que com todo esforço e empenho hei de procurar salvar minha alma, visto como Vós a criastes à vossa imagem e semelhança e para o céu. E também por amor vosso procurarei salvar as almas de meu próximo.
2. Para salvar minha alma e dar-vos glória e louvor, sei que hei de guardar a divina lei; eu empenho minha palavra de a guardar como a menina de meus olhos e procurar, outrossim, que os outros a guardem.
3. Aqui na terra hei de exercitar-me em louvar-Vos e espero fazê-lo depois com maior perfeição no céu; e por isso com freqüência rezarei o triságio e o verso: “Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo”. E procurarei, além disso, que os outros Vos louvem. Amém.


[1] O Papa Clemente XIV concedeu 100 dias de indulgência para cada dia que se reze: 100 mais três vezes no dia, nos domingos, na festa da Santíssima Trindade e durante a sua oitava, e Indulgência Plenária a quem o rezar todos os dias durante um mês, confessando e comungando no dia do mês que se escolher.
[2] Invocação semelhante Nosso Senhor ensinou à Santa Faustina: “Santo Deus, Santo Forte, Santo Imortal, tende piedade de mim e de todos os pecadores, etc” , jaculatória que a Santa rezava entre uma dezena e outra do terço.

("Caminho Reto e Seguro para Chegar ao Céu" - Santo Antonio Maria Claret - Editora Ave Maria, São Paulo - págs. 155/166)

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