sexta-feira, 26 de abril de 2019

OS PODERES TEMPORAL E ESPIRITUAL ESTÃO CONSAGRADOS NAS SAGRADAS ESCRITURAS






Nosso Senhor Jesus Cristo disse que seu Reino não é deste mundo, dando a entender que sua supremacia de domínio universal é na outra vida. Mas, enquanto durar este mundo, aqui Ele também deve reinar, deverá deter conjuntamente com o espiritual um poder temporal. Algumas passagens nas Sagradas Escrituras nos confirmam isso.

“O Anjo disse-lhe: "Não temas Maria, pois encontraste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande e chamar-se-á Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó e o seu reino não terá fim." (Lc 1, 30-34)

Vê-se que o Anjo fala em “casa de Jacó”, mas o patriarca teve seu nome mudado por um Anjo para Israel (Gên 32, 28). Poderia ter dito “casa de Israel”, já que na linguagem corrente entre os hebreus o nome Jacó estava ligado à descendência real através da tribo de Judá (poder temporal), enquanto Israel tinha sentido mais espiritual e divino. O Anjo, portanto, falava claramente também numa descendência real terrena. É como se estivesse definido aí a diferença entre o poder temporal e o espiritual, que, no entanto, devem reger unidos.
O Profeta Isaías também chama a dinastia que dominava os hebreus de “Casa de Jacó” e não “Casa de Israel”, indicando um reinado meramente terreno: “Casa de Jacó, vinde e caminhemos à luz do Senhor. Pois tu (ó Senhor) rejeitaste o teu povo, a casa de Jacó, porque eles se encheram (de superstições) como noutro tempo tiveram agoureiros como os filisteus, e se uniram aos filhos dos estranhos” (Is 2, 5-6).  Note-se que quando o Profeta fala “rejeitaste o teu povo”, logo a seguir completa, “a casa de Jacó”, quer dizer, Deus recusou os dirigentes, os filhos de Judá, (hoje conhecidos como judeus), e não o povo israelita. . Mais adiante, o Profeta dá a entender essa distinção entre governantes e o povo quando diz: “Agora, pois habitantes de Jerusalém, e homens de Judá, sede vós os juízes entre mim e a minha vinha” (Is 5, 3). Habitantes de Jerusalém eram apenas os que moravam na capital, dominada por duas tribos, Benjamin e Judá, e “homens de Judá”, claramente, eram os dirigentes, os príncipes e reis que lá dominavam.
Quando o Profeta se refere à “casa de Jacó” sempre dá a entender que está falando dos reis, da dinastia real, e não do povo eleito em geral, como nestes textos: “E acontecerá isto naquele dia: Os que tiverem ficado de Israel e os da casa de Jacó, que se tiverem salvado, não se apoiarão mais sobre aquele que os fere; mas apoiar-se-ão sinceramente sobre o Senhor, o Santo de Israel” (Is 10, 20-21). Em seguida o profeta fala que se converterão apenas “as relíquias”, isto é, uma pequena porção, tanto da “casa de Jacó” quanto do povo em geral.
Em outra passagem, diz: “Apesar dos que investem com ímpeto contra Jacó, Israel florescerá” (Is 27-6), deixando bem claro a diferença entre o poder temporal (Jacó) e o espiritual (Israel), indicando que mesmo que as elites recusem o poder divino, este terminará por prevalecer.
Em outra parte vemos: “Por esta causa, o Senhor, que resgatou Abraão, diz isto à casa de Jacó: Agora não será confundido Jacó, nem agora se envergonhará o seu rosto; mas, quando vir no meio dele os seus filhos, obra das minhas mãos, dar glória ao seu nome, também eles santificarão o Santo de Jacó e glorificarão o Deus de Israel” (Is 29, 22-23). O “Santo de Jacó” é, pois, Jesus Cristo, descendente da “casa de Jacó” (do poder temporal)e o “Deus de Israel” nem precisa dizer Quem é, representando aí o poder espiritual.
E, no entanto, as profecias diziam “E tu Belém de Efrata, tu és pequenina entre as milhares de Judá; mas de ti é que há de sair aquele que há de reinar em Israel”. (Miq 5, 2). Há, portanto, dois significados nos títulos reais dados a Jesus Cristo: o terreno e o divino, sendo rei da “casa de Jacó” o faz com o título meramente terreno, mas como “Rei de Israel” (nome com que o Anjo mudou o nome de Jacó) ele reina sobre todos os homens, pois este título é divino. Estão bem definidos os poderes temporal e espiritual.