segunda-feira, 30 de abril de 2018

SÃO PIO V VIU A PRÉ-FIGURA DA VITÓRIA DO REINO DE MARIA









Plinio Corrêa de Oliveira


Hoje é festa de São Pio V (1551-1572), Papa e Confessor. Dele afirma o Martirológio que se aplicou com zelo e entusiasmo a restaurar a disciplina eclesiástica, extirpar as heresias e esmagar os inimigos do nome cristão. Ele foi inquisidor supremo, promotor da batalha de Lepanto.

Dados narrados por D. Guéranger, em L’Année Liturgique e de Rohrbacher, na sua Histoire Universelle de l’Eglise Catholique:

“Miguel Ghislieri, futuro São Pio V, foi nomeado superior de numerosos conventos, e [deplorou] logo o relaxamento, corrigindo abusos, mantendo a disciplina. Com ele pareceram ressuscitados os Pacômios... Onde se encontrasse fazia reviver o espírito de São Domingos em toda sua pureza e fervor. Era notável sua assiduidade nos exercícios do claustro. No exercício divino, destacava-se por sua humildade sincera, por seu amor à solidão, ao silêncio, à pobreza, à mortificação e seu zelo contra as heresias de seu tempo. Por isso foi feito inquisidor da fé em Como. Cumpriu seu ofício com prudência, mas foi objeto de perseguição, correndo risco de vida. Em 1557, Paulo IV o fez Cardeal. Todo o Sacro Colégio agradeceu ao Pontífice por lhe ter dado um tão digno colega. Malgrado suas numerosas ocupações, o agora cardeal Ghislieri era imensamente afável, quer com aqueles que vinham tratar de negócios sérios, quer com os que vinham importuná-lo...”

“A ninguém jamais fez recusas, nunca foi recusada uma audiência e o todo de sua conduta, como suas menores atitudes, faziam compreender que Deus o elevava dia a dia, a fim de que dessa altura ele pudesse servir, instruir, edificar o maior número de pessoas.

“Eleito Papa, Pio V reuniu todos os dignatários e domésticos de sua casa, prescreveu-lhes regras de conduta, declarou o que esperava deles, segundo seu estado, e advertiu que não aceitava nenhuma infração aos princípios de uma piedade exemplar. E ele dava exemplo. Austeríssimo consigo mesmo, não abandonava suas vestes de monge sob os trajes pontifícios, nem mesmo sobre a dura enxerga que lhe servia de leito. Todas as noites fazia uma longa visita aos sete altares da Igreja de São Pedro”.

Que cena bonita! A Igreja de São Pedro já fechada, e o papa santo, indo de altar em altar para rezar na solidão da igreja, seguido provavelmente por uma ou duas pessoas que conduziam velas, alguma coisa assim, e rezando longamente. Que cena maravilhosa!

“Em conjunturas importantes, passava noites inteiras de joelhos, consultando a Deus sobre suas decisões. Seu sêlo, no lugar do escudo, trazia esse versículo de um salmo: “Possam meus caminhos estar dirigidos a guardar a Vossa justiça”. E para não se afastar nunca do sofrimento de Cristo, tinha sempre diante de si, sobre uma mesa, uma imagem de Nosso Salvador na Cruz, ao redor da qual estavam escritas essas palavras de São Paulo: “Longe de mim gloriar-me senão na Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo”. Dirigindo-se a cardeais, notou-lhes que o meio mais seguro de apaziguar a cólera de Deus, de deter os hereges que atacavam a Igreja, os muçulmanos que estendiam seu império de barbárie, era em primeiro lugar regular suas vidas e suas casas. 'É a vós, dizia, que Cristo dirige as palavras: Vós sois a luz do mundo, vós sois o sal da terra'.

“Roma era publicamente devorada pelas cortesãs (...). Pio V publicou um edito muito rigoroso contra (...), banindo-as de Roma e dos Estados pontifícios, chamando-as as ‘pestes da república’ (res publica). (...)

“Depois de seis anos de um pontificado cheio de lutas, entre os quais destaca-se o esforço do papa contra os turcos e a obtenção da vitória de Lepanto (1571) por sua oração a Nossa Senhora do Rosário, Pio V passou a ser objeto do ódio por parte dos inimigos da Igreja. Tentaram matá-lo, empregando para isso os meios mais pérfidos. Uma vez, por um estratagema tão covarde quanto sacrílego, secundados por uma odiosa traição, passaram veneno nos pés do crucifixo que o santo tinha no seu oratório”...

Isso é uma infâmia! Matar um papa, um papa santo, matar na hora em que ele vai oscular o crucifixo, e pôr o veneno no próprio crucifixo, são requintes de infâmia...!

“...que osculava com freqüência. Como se preparasse para sua homenagem diária à sagrada imagem, eis que os pés do Crucificado destacam-se da cruz e como que se afastam do respeitoso ancião. Pio V compreendeu, então, que a malícia de seus inimigos se transformara para ele em instrumento de morte. No leito de morte, lançando um último olhar à Igreja da terra que ia deixar pela do Céu, e querendo implorar uma última vez a divina bondade em favor do rebanho que deixava exposto a tantos perigos, recitou com uma voz quase apagada essa estrofe dos hinos do tempo pascal: ‘Criador do homem, dignai-vos preservar Vosso povo dos assaltos da morte’. Tendo acabado essas palavras, dormiu suavemente no Senhor”.

* * *

São tão bonitos esses dados que a gente tem dificuldade em os comentar. Nós podemos em alguma coisa tomar nota da fisionomia moral dele.

Em primeiro lugar, esse aspecto que temos comentado tanto aqui: a distinção entre o briguento e o lutador.

O indivíduo lutador é aquele que luta por princípios, nunca faz uma briga por razões de caráter individual. No campo dos interesses individuais, ele tolera, ele suporta, ele perdoa, ele é magnânimo, não se incomoda com nada, mas no campo da doutrina e dos interesses da Igreja Católica é um leão e aí é verdadeiramente indomável, podendo ser considerado uma fera, porque o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo foi chamado pela Escritura “Leão de Judá”.

Sempre que alguém é muito briguento, é pouco lutador. Luta quem o faz pela Igreja; briga quem é movido meramente por seus interesses pessoais.

Os senhores estão vendo aqui São Pio V afabilíssimo, modelo de afabilidade. Aquele tempo era uma época de Renascentismo, com uma vida de corte muito desenvolvida; todos os Prelados eram importunados por um mundo de cacetes: iam fazer pedidos, faziam visitas supérfluas, atrapalhavam a vida do prelado de várias maneiras... Ele tinha uma paciência completa, recebendo todo mundo de modo edificante, maravilhoso. Mas isso é porque atrapalhava a vida dele e atrapalhando a vida dele estava em jogo ele. E estando em jogo sua pessoa, estavam em jogo interesses dele e os interesses dele não eram nada, porque nenhum de nós diante de Deus é nada. E por causa disso a nossa preocupação deve ser de sacrificar nossos interesses individuais, nossas conveniências, nossa vontade à Causa Católica.

Observem que quando se trata de moral, de doutrina, como a severidade a mais extrema, a mais infatigável, a mais contínua é o traço distintivo desse homem. De começo ao fim, numa época de relaxamento moral, de abandono de todos os princípios, de esboroamento da Cristandade, época da Renascença, como ele representa a moralidade firme! Os senhores vêem que começa por aí: ele entra no convento. Qual era sua nota característica? Destacava-se pela humildade sincera, pelo amor à solidão, ao silêncio, à pobreza e à mortificação. O lutador gosta da solidão, gosta do silêncio, gosta da pobreza e da mortificação.

Pelo contrário, o briguento não. Prestem atenção: gente briguenta nunca gosta de estar sozinha. Gosta sempre de estar perto dos outros atazanando. Diz a Escritura que é melhor a gente morar numa casa com goteiras do que com uma mulher litigiosa, porque a goteira é parada e a mulher sai atrás do homem pela casa. A pessoa briguenta tem muito disso.

O lutador se isola, o lutador se concentra, o lutador tem princípios, ele pensa. E quando chega a hora de falar, fala mesmo!

Ele já era notado por seu zelo contra as heresias, mas heresias de seu tempo. Eu conheci professores de seminário que eram exímios para refutar a heresia dos montanistas, dos donatistas. Dizia-se: “Esse aí é um monstro. Fazia aulas com uma energia contra Ario, mas uma coisa extraordinária!...” Mas era incapaz de protestar contra o vereador do bairro que propusesse uma lei imoral qualquer... Ou seja, eram corajosos retrospectivos...

Feito Cardeal, qual é sua preocupação? É da luta - foi nomeado ao mesmo tempo inquisidor –, é a luta a favor da inquisição contra os hereges.

Feito Papa, recomeça a luta contra a falta de austeridade. Primeiro chama todos os dignatários domésticos de sua casa, prescreve regras de conduta. Naquele tempo de Renascentismo era exatamente para acabar com aquelas frivolidades, porque tem que ser sério, tem que ser austero, não pode andar com carinha assim sorrindo, pimpona... Naquele tempo usava-se batina de seda preta rendada, quase como saia balão, como se fosse uma senhora... jeitos femininos, adamados, cabelinhos arranjados, dois, três anéis nos dedos, etc. Acaba com isso. Porte-se como um Ministro de Nosso Senhor Jesus Cristo que conduz consigo o porte de Cristo crucificado.

Ele mesmo usava sua batina de dominicano, sob os trajes pontificais, e dormia vestido de dominicano. O costume é observado em várias Ordens religiosas de se dormir com o hábito religioso.

Dom Duarte Leopoldo e Silva, que foi um antigo arcebispo de São Paulo, foi acometido de um ataque cardíaco durante a noite. Ele dormia de pijama. Tocou a campainha para chamar o secretário. Antes deste chegar, ele já tinha se vestido e estava deitado de batina na cama. Quer dizer, isso é o senso eclesiástico! Nunca se apresentar, nem sequer à intimidade de seu próprio secretário, sem o traje talar. Como isso é muito diferente do espírito de hoje...

Ele atribuía toda a tristeza da Igreja no tempo dele - a devastação que o protestantismo continuava a fazer, o espírito da Renascença, o neo-paganismo, a imoralidade, os avanços dos turcos que ameaçavam a Igreja - aos pecados que eram cometidos dentro da própria Igreja. E atribuía isso particularmente aos cardeais. De onde então ele dizer aos cardeais que a reforma de vida devia começar pela reforma deles.

Os senhores dirão: “Mas Dr. Plínio, os cardeais daquele tempo eram bem parecidos com os cardeais de outros tempos, não?” Eu digo: é verdade, com uma “pequena” diferença, mas essa diferença é “pequena” como o tamanho que vai da terra ao céu: os cardeais daquele tempo tinham uma porção de defeitos, mas quando um cardeal Ghislieri era eleito para o Sacro Colégio, eles iam agradecer ao Papa, e depois elegiam esse cardeal Papa. Não é pequena a diferença...

Os senhores viram a medida dele contra as mulheres de má vida.

Por fim, os senhores conhecem o famoso episódio quando ele viu Nossa Senhora Auxiliadora desbaratar em Lepanto as naus dos turcos. E aqui há uma relação entre a “Bagarre” e esse episódio da vida de São Pio V. Num “sonho” (visão) que São João Bosco teve, Nossa Senhora Auxiliadora estava presidindo do alto uma batalha em que, como em Lepanto, eram completamente dispersadas as naus dos adversários.

São Pio V viu uma vitória pré-figurativa da vitória que a Cristandade terá e da implantação do Reino de Maria.

O que podemos pedir a São Pio V hoje? Que ele faça vir quanto antes esses acontecimentos, a fim de que venha logo o Reino de Maria e possamos ver uma Lepanto imensamente maior do que a Lepanto de seu tempo, para a glória de Nossa Senhora, que com tanto amor ele serviu”.

(Fonte: Conferência, "Santo do Dia", 4 de maio de 1966 - http://www.pliniocorreadeoliveira.info/DIS_SD_660504_saopiov.htm#.Wue_FaQvwdU )

 






sábado, 28 de abril de 2018

"Eu vos tenho gravado em meu Coração, em minhas mãos, para vos amar e vos defender"





COMENTÁRIOS DE DR. PLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA A UM TEXTO DE SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT, ONDE É TRATADO DA AMPLITUDE DO AUXÍLIO DE NOSSA SENHORA AOS QUE SABEM INVOCÁ-LA

Vamos ler um comentário de São Luís Grignion que se encontra na “Carta Circular aos Associados da Companhia de Maria”, extraído diretamente de suas obras completas.
Aqui os senhores podem ver a amplitude do auxílio de Nossa Senhora para aqueles que sabem de fato implorá-La:

Eu sou a vossa proteção e a vossa defesa...

É uma introdução, pequena, comentada.

... ó pequena companhia...

“Companhia” os senhores sabem o que quer dizer na linguagem de São Luís Maria Grignion de Monfort, ou seja batalhão.

"... disse o Padre eterno. Eu vos tenho gravado em meu Coração, em minhas mãos, para vos amar e vos defender, porque vós pusestes vossa confiança em Mim, e não nos homens, na Providência e não no ouro".

Quer dizer, o pensamento muito bonito aqui é o seguinte: aqueles que se dão inteiramente a Deus Nosso Senhor, os que se dão a Deus por meio de Maria, eles têm o nome d’Eles gravado no Coração e nas mãos do próprio Deus.
“No Coração” é um símbolo, quer dizer, o nome gravado no Amor do próprio Deus. “Nas mãos”, que dizer, na operosidade da Providência. A Providência que atua e encaminha os acontecimentos.

O índio na menina dos olhos da imagem de Nossa Senhora de Guadalupe: exemplo da amplitude da proteção dEla

Nós temos uma ilustração muito bonita disso no quadro representando Nossa Senhora de Guadalupe.
Como os senhores sabem, recentemente, fotografias tiradas do quadro, verificou-se que na menina dos olhos da imagem, estava o índio para quem Ela apareceu. Quer dizer, está na própria menina do olhos. É um modo de Nossa Senhora exprimir a mesma coisa. É um carinho singular que Ela tem para com aqueles que A servem, e que podem ser fustigados por essas ou aquelas tempestades: são sempre levados a bom termo pela Providência Divina.

Eu vos libertarei de ciladas que vos fazem, das calúnias que são levantadas contra vós.

Os senhores vêem como, portanto, é próprio aos verdadeiros filhos de Nossa Senhora, em todos os tempos, sofrer ciladas e calúnias.

Eu vos livrarei dos terrores da noite, e das trevas que vos metem medo.

O que são os terrores da noite? Não são só os fantasmas, os medos que as pessoas podem ter durante a noite, mas são os terrores que aparecem aos homens nas situações obscuras e tenebrosas da vida. Nas quadras difíceis da existência, em que o homem não sabe como agir, ele se vê como que numa noite cheia de terrores. E então, Deus diz, e Nossa Senhora que é a Medianeira de Deus, diz também que "nos livrará dos terrores da noite". Quer dizer, nos auxiliará nas trevas de que possamos estar circundados.

Nossa Senhora nos livrará dos assaltos do “demônio do meio-dia”, que é o demônio da idade madura

Eu vos livrarei dos assaltos do demônio do meio-dia que vos quer seduzir.

Ao que parece esse “demônio do meio-dia”, é o demônio da idade madura. É o demônio a que estão sujeitos os homens quando eles chegam à idade em que eles se perguntam: "O que é que eu fiz na vida? Que carreira eu segui? Que grau eu ocupei? A que cargo eu cheguei? Que dinheiro eu economizei? Que prestígio eu granjeei?"
E vendo que não granjearam o que queriam, embora às vezes tenham granjeado muito, eles então resolvem vender-se.
Esta forma de tentação é chamado o “demônio do meio-dia”. Porque o homem está no meio-dia de sua vida, está no pináculo de sua vida, naquela hora em que vai caminhando para o seu declínio, que a tarde começa e que ele então faz um retrospecto do que foi toda a sua manhã, para perguntar o que fez, o que colheu.
Preocupação que não se põe de modo tão aflitivo - é certo - aos vinte anos, como aos trinta; nem tão aflitiva aos trinta quanto aos quarenta. E que parece que chega ao seu zênite entre os quarenta e os sessenta. É a era em que o homem procura consolidar-se, em que o homem se torna venal. Provavelmente Judas Iscariotis encontrou-se com o “demônio do meio-dia” quando resolveu vender a Nosso Senhor.

Nossa Senhora cobrirá com seu afeto aqueles que forem perseguidos pela ação do demônio e seus sequazes por amor ao nome d'Ela

Eu vos esconderei sob as minhas próprias asas.

Esta é aquela palavra linda, de Nosso Senhor a respeito de Jerusalém. Quando Ele diz: "Jerusalém, Jerusalém, se tu tivesse conhecido Aquele que poderia te dar a paz. Quantas vezes Eu quis reunir-te sob as minhas asas como a galinha faz com os pintainhos. Mas tu não conhecestes a paz, etc."
Assim também, diz aqui: "Eu te reunirei debaixo das minhas asas. Eu te cobrirei com o meu afeto", diz Nossa Senhora àqueles que forem perseguidos pela ação do demônio e dos sequazes do demônio por amor ao nome d’Ela.
Adiante explicarei aos senhores a importância que tem o ser perseguido por amor ao nome d’Ela.

Eu vos carregarei nos meus próprios ombros.

É uma referência à parábola do Bom Pastor, que toma a ovelha doente, e a carrega nos próprios ombros com todo o afeto.

Eu vos nutrirei no meu próprio seio.

Quer dizer, a Providência fará conosco o que a mãe faz com o seu filhinho, o que Nossa Senhora fez com o Menino Jesus, assim Ela nos trata a nós perseguidos por amor a Ela.

Eu vos armarei com a minha verdade e tão poderosamente, que vós vereis os vossos inimigos cair aos milhares ao vosso lado. Mil maus pobres à vossa esquerda, dez mil maus ricos à vossa direita, sem que a minha vingança sequer se aproxime de vós.

O justo perseguido por amor a Nossa Senhora verá caírem, de um lado e do outro, os inimigos d’Ela

A metáfora é linda. É o justo perseguido por amor a Nossa Senhora, que caminha. Ele verá caírem de um lado e do outro os inimigos d'Ela, e a vingança de Deus a ele não atingirá. À esquerda d’Ele, cairão mil maus pobres; à direita d’Ele cairão dez mil maus ricos. Mas ele nem de longe será atingido.
Por que esses mil maus pobres e esses dez mil maus ricos? Em primeiro lugar, é preciso que os senhores notem quantos inimigos tem o justo. Ele olha para a esquerda, ele tem mil homens, e isso numa época em que a população do Globo era muito menor, hein!
Porque são todas frases bíblicas. Mil homens era um exército, dez mil era uma coisa que metia medo.
Do outro lado, ele tem dez mil maus ricos. Quer dizer, está assediado de maus por todos os lados. Cercaram-no para liquidá-lo. Mas põe a sua confiança em Nossa Senhora, e nada lhe sucede.
Por que de um lado os pobres são mil, e os maus ricos são dez mil? Ele mostra aí que o bem não é ser pobre, nem ser rico. O mau não é ser pobre, nem ser rico. O importante é ser bom ou ser ruim. Ele tem de um lado ricos, de outro lado pobres; uns e outros são ruins. Mas como o rico é mais poderoso do que o pobre, corresponde a uma manifestação maior do poder de Deus liquidar um número maior de ricos.

Vós caminhareis com coragem sobre a áspide e o basilisco, invejoso e caluniador.

Áspide é uma forma de cobra. E basilisco é um animal mitológico. Então, são a áspide – deve ser a invejosa – e o basilisco – deve ser o caluniador. Quer dizer, "vós caminhareis sobre os invejosos e os caluniadores. E nada vos acontecerá".
São animais bravios. Caminhar sobre cobras não é nada prudente, é perigoso; caminhar sobre basilisco, animal mitológico, deve ser uma coisa horrorosa. Mas nada acontecerá. Serão todos calcados aos pés.


A vida da Igreja não teria nenhuma beleza, nem nenhum mérito, se muitas vezes os bons não tivessem sofrido

Vós calcareis aos pés o leão e o dragão ímpio, arrogante e orgulhoso. Eu vos ouvireis nas vossas orações, Eu vos acompanharei nos vossos sofrimentos. Eu vos livrareis de todos os males, e Eu vos glorificarei com toda a minha glória.

Os senhores vejam que beleza. Quer dizer, nesta batalha - notem bem – o justo sofre, não é que ele não sofre. Diz aqui:

Eu vos acompanharei nos vossos sofrimentos.

O justo pode sofrer, e quantas vezes tem sofrido! Mas a vida da Igreja não teria nenhuma beleza, nem nenhum mérito, se muitas vezes os bons não tivessem sofrido. Depois diz:

Eu vos livrareis de vossos males.

Portanto tereis os males. Os bons vão ter males, mas serão libertos dos males que tiverem; deverão passar por fases cruciais, enfrentar coisas terríveis, mas devem ser libertos. A Providência intervirá a favor d’Eles. E a promessa linda:

Eu vos glorificarei com toda a minha glória, que eu vos mostrarei no meu reino descoberto, depois que Eu vos tenha enchido de dias e de bênçãos nesta Terra.

Isso é uma majestade de Deus providíssima.
Naturalmente, Ele não diz aí o seguinte: que todo o mundo que é bom, vive muito tempo. Mas Ele diz uma outra coisa: que aqueles que segundo o desígnio d'Ele devem viver muito tempo, Ele não permitirá aos maus que matem. Ele só permitirá que eles cumpram os seus dias na Terra. Os maus só matarão aquele que estiver nos desígnios de Deus, de permitir que morram numa determinada ocasião, como uma doença poderia matar, um desastre, ou qualquer outra coisa que pudesse matar.
Bem, eles, nesta Terra, serão acumulados de dias e de bênçãos. E depois no Céu, eles serão glorificados com toda a glória de Deus.
Os senhores vêem que prêmio magnífico. Para quem? Isto não é para qualquer perseguido, mas para quem é perseguido por amor a Deus! Quer dizer, nós precisamos notar bem o que é ser um perseguido por amor a Deus. É perseguido por amor a Deus aquele que é odiado pelas qualidades que tem, e que tem essas qualidades para servir a Deus. São duas coisas que é preciso considerar.
Quer dizer, vamos tomar um pai de família solícito, entretanto ateu… o que pode acontecer. Vem um bandido qualquer e implica com sua solicitude e o assassina. Comete, portanto, um homicídio, um crime abominável.
Mas esse homem não tem a glória de quem é perseguido por amor a Deus. É perseguido pelo amor a Deus aquele homem que tinha esta virtude por amor a Deus. E quem o mata, ou persegue, ou calunia, ou qualquer coisa, sabendo que ele estava praticando a virtude, por causa da virtude que ele pratica e sabendo que ele pratica aquela virtude por amor a Deus. Esta é a condição para a gente ser perseguido por amor a Deus.
Qual é o mérito especial que se tem de ser perseguido por amor a Deus?
Ser perseguido por amor a Deus é uma das bem-aventuranças que estão no Evangelho. É uma bem-aventurança pelo seguinte: aquele que é perseguido por amor a Deus, recebe de Deus uma espécie de delegação, uma espécie de representação ou de mandato. Ele é um procurador de Deus diante dos homens. E sendo odiado por amor a Deus, é Deus que odeiam nele. E sendo ele odiado por amor a Deus, Deus contrai uma espécie de união com ele. Contrai uma espécie de ligação com ele que é uma prova de que Deus o amava, e é uma prova de que Deus o quer amar ainda mais. Deus o chama para junto de Si, e o quer cumular de provas de Seu afeto e de Seu carinho, precisamente nessas circunstâncias. Porque fizeram-no sofrer por amor a Ele.
Dou aos senhores outro exemplo terreno e os senhores podem compreender bem.
Os senhores imaginem um rei que é duramente insultado por um cavaleiro de um reino vizinho. O rei dirá: "Eu lutar com um simples cavaleiro de um reino, não é uma coisa que tenha propósito, eu sou rei. Eu luto com outro rei, não luto contra um cavaleiro, com um simples cavaleiro; mas, de outro lado, a minha honra não pode deixar de ser desagravada desse ultraje. Então eu nomeio alguém para lutar contra aquele". Esse alguém vai lá e luta. Não foi uma prova de afeto do rei ter nomeado esse sujeito para a luta? Por que? Porque o rei quis sentir-se representado por aquele, quis incumbir aquele da função digna, gloriosa, de defender a honra real.
Sempre que alguém ataca aos bons por suas qualidades, ainda que se tenha defeitos, é a Deus que ele está atacando.
Nosso Senhor disse isso expressamente: "Aquilo que fizerem ao menor dentre de vós, a Mim mesmo o tereis feito".
O que vale para esmola como vale para ultraje. E se Ele quis, portanto, permitiu que nós, no cumprimento do dever, fôssemos atacados por ódio a Ele, somos como aquele cavaleiro que Ele constitui como representante d’Ele. Agüentando aquela perseguição, agüentando a calúnia, agüentando a injúria, nós agüentamos em nome d’Ele e somos representantes d’Ele, somos como Anjos representando Deus na Terra. Quer dizer, é uma missão lindíssima e que nos reveste de toda a glória. Deus se faz assim representar freqüentemente na Terra.
Notem que Nosso Senhor disse que no juízo final Ele vai julgar os homens assim: "Eu estive nu, e vós não Me vestistes; Eu estive encarcerado e vós não Me visitastes; Eu tinha fome e vós não Me destes de comer; Eu tinha sede e vós não Me destes de beber. Ide agora malditos!"
Quer dizer, Ele estava na pessoa de todos os aflitos e de todos os necessitados, e aos que não socorreram os aflitos e os necessitados [dirá]: "Ide agora malditos para o fogo do eterno!"
Quer dizer, Ele mesmo Se fez representar nessas circunstâncias. Quanto mais os que sofrem de aflição por causa d’Ele, de necessidade por causa dEle.
Se é verdade que Christianusalter Christi, o cristão crucificado é um outro Cristo Crucificado. E São Paulo Apóstolo dizia que ele não sabia pregar a não ser Jesus Cristo e Jesus Cristo Crucificado.
De maneira que nós devemos pedir a Nossa Senhora que Ela nos torne dignos de, por nossa oração, por nossa firmeza, enfrentar essa fúria. Que Ela afaste de nós a provação e a perseguição, mas que se estiver no desígnio d’Ela que nós enfrentemos isso durante algum tempo, que Ela nos dê a confiança imperturbável de que de quaisquer cinzas, renascerá a TFP para a glória d’Ela.

("Conferência" de 21 de outubro de 1971)

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TEXTO DE SÃO LUÍS GRIGNION DE MONTFORT

(Traduzido de“San Luís Maria Grignion de Montfort – OBRAS” – BAC – Págs. 547/551)

“Aos associados da Companhia de Maria

[1]Não temas, pequeno rebanho, porque foi do agrado de vosso Pai dar-vos o reino.[1]Não temais, mesmo que, naturalmente, tenhais todos os motivos para temer. Vós não sois mais que um débil rebanho, tão pequeno que até um menino o pode contar.[2]De outro lado, as nações, os mundanos, os avarentos, os voluptuosos, os libertinos, se juntam aos milhares para fazer-lhes guerra com suas burlas, suas calúnias, seus desprezos e violências: Se levantam os reis da terra e seus chefes conspiram.[3]
[2] Vós sois pequenos; eles, grandes. Vós, pobres; eles, ricos. Vós, sem crédito; eles contam com o apoio de todos. Vós, débeis; eles têm o poder em sua mão.
Mas, uma vez mais, não temais; sim, não temais voluntariamente. Escutai a Jesus Cristo, que vos diz: Sou eu; não temais.[4]Eu os escolhi a vós.[5] Eu sou vosso bom pastor. Eu os reconheço como minhas ovelhas.[6]Não vos admireis que o mundo vos tenha ódio.[7] Sabei que primeiro ele odiou a Mim.[8]Se fósseis do mundo, o mundo vos amaria como coisa sua; mas porque não sois do mundo[9], tereis que padecer seu ódio, suas calúnias, suas injúrias, seus desprezos, seus ultrajes.
[3] Eu sou vosso protetor[10],e vossa defesa, pequena companhia, vos disse o Pai eterno; os tenho gravados em meu coração e escritos em minhas mãos[11] para amá-los e defendê-los, porque haveis colocado vossa confiança em mim e não nos homens, em minha Providência e não no ouro.
Eu os livrarei das ciladas que vos armam, das calúnias que vos levantam, dos terrores da noite e das trevas que vos aterram; dos assaltos do demônio do meio-dia, que busca seduzi-los; eu vos esconderei sob minha asas; eu vos carregarei sobre meus ombros; eu vos alimentarei em meus peitos; eu vos armarei com minha verdade, e duma forma tão poderosa  que vereis com vossos próprios olhos cair os vossos inimigos aos milhares ao vosso redor: mil maus pobres à vossa esquerda e dez ricos maus à vossa direita, sem que de vós sequer se aproxime minha vingança.
Caminhareis valorosos sobre a áspide e o basilisco invejoso e caluniador; pisoteareis o leão e o dragão ímpio, soberbo e orgulhoso; eu vos acompanharei em vossos sofrimentos; eu vos escutarei em vossas orações; eu vos libertarei de todos os vossos males; eu vos glorificarei com a plenitude de minha glória, que vos manifestarei abertamente depois de vos haver cumulado de dias e bênçãos sobre a terra.[12]
[4] Estas são, querida e pequena Companhia de Maria, as promessas admiráveis que Deus vos faz pela boca do profeta, contanto que por Maria ponhais toda vossa confiança n’Ele.
Abandonados como estais todos à sua Providência, a Deus toca sustentá-los, multiplicá-los e dizer: Sede fecundos e multiplicai-vos e enchei a terra;[13]não temais, pois, vosso pequeno número. A Deus toca defendê-los; não temais, pois, a vossos inimigos. A Deus toca vesti-los, alimentá-los e mantê-los: não temais, pois, que vos falte o necessário nestes críticos tempos, que o são somente por falta de confiança em Deus.[14] A Deus toca glorificá-los[15]: não temais, pois, que ninguém os tire vossa glória. Numa palavra: não temais a nada e descansai seguros sobre o seio paternal de Deus.
[5] Mas pouco é não temer nada. Deus quer que espereis d’Ele grandes coisas e que esta esperança os cumule de alegria.
Este riquíssimo e bondosíssimo Pai quer dar-lhes o reino de sua graça.[16] Sois reis e sacerdotes de Deus: vos fizeste para nosso Deus reino e sacerdotes[17], por vosso caráter de cristãos e de sacerdotes. Mas sois reis, ademais, por vossa pobreza voluntária: bem-aventurados os que têm espírito de pobre, porque d’Eles é o reino dos céus[18]. O Senhor não vos disse somente que obtereis o reino dos céus, senão que, tendo espírito de pobre, já o possuís. Como?
[6] 1º Porque assim como no céu não há necessidade de nada do que existe sobre a terra, senão que se transborda de bens espirituais e eternos e se possui plenamente a Deus, do mesmo modo os pobres voluntários como vós não necessitam de nada sobre a terra, porque não querem nem desejam nada – pelo contrário não teriam espírito de pobre -, porque, como disse o sábio, como são o espírito e o coração do pobre, assim são suas riquezas.[19] Se seu coração está contente é rico e não lhe falta nada.
[7] 2 ºOs que têmespírito de pobre são ricos na fé e nas demais virtudes: “É sobejamente rico o que tem espírito de pobre com Jesus Cristo”, disse São Jerônimo.[20]
É rico em consolos divinos: Preparaste, ó Deus!, vossos bens aos necessitados.[21] Ao não ser ferido pelas espinhas dos ricos nem o desejo das riquezas e ao privar-se como um rei do céu das doçuras terrestres e carnais, transborda de consolos divinos: Oferece manjar de reis.[22]
Mais ainda, já é rico com a glória do céu, mesmo que seus corpo todavia lá não esteja. Ouro é o que vale ouro.[23] Do mesmo modo, o que vale o céu podemos dizer que é o céu. Que vale ter espírito de pobre? – O reino dos céus, a glória dos céus.
[8]   O que tem verdadeiro espírito de pobre possui o mesmo Deus em seu coração. “Há, acaso, algo mais glorioso para o homem que vender seus bens e comprar a Cristo?” pergunta Santo Agostinho.[24]  Oh, ditosa venda! Oh ditosa compra! Não conhece o homem seu valor? [25] Sabei, queridos irmãos, que nenhum homem conhece o preço de vossa pobreza evangélica: “Rica é realmente a pobreza cristã, pois mais é o que tem que o que não possui; nem teme sofrer a miséria neste mundo aquele a quem foi dado possuí-lo todo ao possuir ao Dono de tudo quanto existe”[26]
[9] Para acrescentar o tesouro de vossa pobreza e o grande reino que haveis conquistado, observai estas três práticas:
1ª Apreciai e amai ternamente a pobreza real e afetiva que haveis abraçado; ninguém se faz rico com mais facilidade nem sabe empregar melhor as riquezas, disse um sábio bispo, que o que tem verdadeiro espírito de pobre, pois sabe que as riquezas não servem senão para fazer pobres e miseráveis a quem, possuindo-as, as amam, e que fazem verdadeiramente ricos e felizes àqueles que se desfazem delas com santo e glorioso menosprezo: “As riquezas convertem em pobres e miseráveis ao que as ama; em ditoso e rico ao que por Cristo as despreza”.[27]
Não volteis, pois, a mirar o patrimônio ou o benefício que haveis deixado: O que deita mão ao arado e segue olhando para trás, não é apto  para o reino de Deus.[28].Nem olheis para os lados, com inveja, tantos bens, eclesiásticos ou não, que poderíeis certamente possuir como tantos outros, cuja vista desperta as paixões dos insensatos.[29]
[10] 2ª  Experimentai voluntariamente as conseqüências da pobreza. A saber: 1º, o trabalho, não comendo o pão senão com o suor da fronte, na pregação e no confessionário; 2º, as humilhações e desprezos de que são objeto, ordinariamente, os eclesiásticos pobres; 3º, as demais incomodidades        que acompanham a pobreza, nos vestidos, na comida, na habitação, nas fadigas e nas viagens.
[11] 3ªAspirai sem cessar os bens eternos e batei à porta da misericórdia de Jesus Cristo, que reconhece e ouve certamente a todos os que andam vestidos com a libré de sua pobreza. O que tem verdadeiro espírito de pobre olha o mundo como um deserto horrível e aparta d’Ele o seu coração, não se enreda em seus negócios: Nenhum soldado da ativa se envolve em assuntos civis.[30]Não sustenta a seus parentes e amigos do mundo...[31]
[12] Assim, pois, como um viajante que tem pressa de chegar a uma cidade importante, à qual dirige rapidamente seus passos concentrado somente neste pensamento, cruza indiferente, sem deter-se a contemplar a beleza das regiões que atravessa, da mesma maneira o missionário, desprendido como um São Francisco, caminha com toda pressa para a celestial Jerusalém. Enamorado unicamente dos encantos desta imortal cidade de paz e de glória, só tem olhos para contemplá-la; não encontrará  pena ao que lhe custa para chegar a ela nem prazer ao que lhe possa apartar dela. Como outro São Paulo, não considera as coisas visíveis, senão as invisíveis, porque, se disse de si mesmo, as coisas visíveis são passageiras e perecedoras, a morte as arrebata quando se crê poder gozar delas, freqüentemente se perdem com amargura ainda antes da morte; enquanto que os bens invisíveis – esses bens inefáveis que só podem saborear-se na posse de Deus – são eternos.
Assim, finalmente, o missionário, sustentado e animado por esta nobre esperança que repousa no fundo de seu coração e perseverando em sua santa e sublime vocação, terá a dita de poder repetir confiadamente, na hora da morte, as belas e consoladoras palavras do mais zeloso de todos os missionários de Cristo: Combati o bom combate, terminei minha carreira, guardei a fé. De resto me está reservada a coroa da justiça que me dará o Senhor, justo juiz...[32]








[1]Lc 12,32
[2] Is 10, 19
[3]Salmos 2,2
[4]Lc 24, 36
[5] Jo 15, 16
[6]Jo 10, 14
[7] I Jo 3, 13
[8]Jo 15, 18
[9]Jo 15, 19
[10]Gên 15, 1
[11] Is 49, 16
[12] Salmo 90
[13]Gên 1,28
[14] Mt 6, 26-34
[15] Salmo 91 (90), 15.
[16]Lc 12, 32
[17]Apoc. 5, 10
[18]Mt 5, 3
[19]Eclo 38, 20
[20] San Jeronimo “Ad HeliodorumMonachumep. 14: PI. 22,348
[21] Salmo 67, 11
[22]Gên 49, 20
[23] Aurum est quod aurum valet.
[24] San Agustin, Serm. ult. De diversis; PI, 39.
[25] Job 28, 13
[26] San Agustin Serm. 78: PI, 38,492;  Serm. 85: PI, 38,521.
[27] Beato HUMBERTO DE ROMANS,OP (séc. XIII), Epístola de tribusvotissubstantialibusreliionis.
[28]Lc 9, 62
[29] Sab. 15, 5
[30] 2Tim 2, 4
[31] O manuscrito original, em seu estado atual, termina com esta frase incompleta. A última parte desapareceu. Um velho caderno (1837) do arquivo geral da Companhia de Maria apresenta como final as linhas que reportamos como a de n. 12, sua atribuição a São Luís Grignion é duvidosa, pelo que se transcreve em caracteres diferentes.
[32] 2Tim 4, 7-8