quarta-feira, 29 de abril de 2020

FERIR DURAMENTE OS QUE ERRAM PARA SALVÁ-LOS







De uma carta escrita, durante o Grande Cisma do Ocidente, a três altos Prelados italianos que se haviam passado para a facção do falso Papa levantado em Avignon, depois de terem prestado obediência a Urbano VI, legitimamente eleito em Roma.

Ai, ai de mim, até onde vos fez chegar não terdes seguido com virtude a vossa dignidade! Vós fostes postos a alimentar-vos ao peito da Santa Igreja: como flores neste jardim, para que lançásseis um perfume de virtude; fostes postos como lâmpada no candelabro para dar luz aos fiéis cristãos e dilatar a Fé. Bem sabeis se tendes feito aquilo para que fostes criados. Decerto não, porque o amor-próprio não vo-lo fez conhecer; porque em verdade fostes postos neste jardim só para fortificar e dar luz e exemplo de boa e santa vida. Se a tivésseis conhecido tê-la-íeis amado o  vestido desta doce verdade. E onde está a gratidão de que deveis ter a esta Esposa que vos alimentou ao seu peito? Não vejo outra coisa senão ingratidão: a qual ingratidão disseca a fonte da piedade.
Quem me disse que sois ingratos, vis e mercenários? A perseguição que vós, com os outros, fizestes a esta Esposa, na ocasião em que devíeis ser-Lhe escudo e resistir aos golpes da heresia. Apesar desta, sabeis e conheceis a verdade, que o Papa Urbano VI é o verdadeiro Papa., Sumo Pontífice eleito de modo regular e não por temor, verdadeiramente mais por inspiração divina que por indústria humana. E assim o anunciastes a nós: o que era verdade. Agora voltastes as costas, como cavaleiros vis e miseráveis: a vossa sombra fez-vos medo. Afastastes-vos da verdade que fortifica e encostastes-vos à mentira que enfraquece a alma e o corpo, privando-vos da graça espiritual e temporal. Qual a razão disto? A peçonha do amor-próprio que envenenou o mundo. Ele é tal que a vós, colunas, tornou-vos mais fracos que a palha. Não sois flores que lançam perfumes, mas mau cheiro que empesta o mundo todo. Não lâmpadas postas em um candelabro, de tal modo que dilatásseis a fé, mas luz escondida debaixo do alqueire da soberba: procedestes como dilatadores, mas como contaminadores da Fé; lançais trevas para vós e para os outros. .Fostes escolhidos, como anjos terrestres, para nos libertar do demônio do inferno, e recebestes o encargo angélico de conduzir as ovelhas à obediência da Santa Igreja; e no entanto quereis o ofício dos demônios. Quereis dar-nos o mal que tendes em vós, tirando-nos da obediência a Cristo na terra (o Papa) e induzindo-nos à obediência ao Anticristo, membro do diabo; e vós sois como ele, enquanto estiverdes nesta heresia.
Esta não é cegueira da ignorância, isto é, que venha da ignorância; não que vos tenha sido apresentada uma coisa por outra.  Não: porque vós sabeis qual é a verdade e no-la anunciastes, e não nós a vós. Oh! Como sois loucos! Vós que nos destes a verdade e quereis saborear a mentira... (digo-vos isso sem reverência alguma, porque estais privados da reverência)... Podereis dizer-me: “Por que não acreditais? Nós sabemos melhor a verdade... do que vós”. E eu vos respondo que vós mesmos nos tendes já mostrado que estais afastados da verdade em muitas coisas; e que não devo vos dar crédito quando dizeis que o Papa Urbano VI não é o Papa verdadeiro. Se me volto para o princípio de vossa vida, não a vejo tão boa e tão santa que vos afasteis, com consciência, de mentir. E quem nos mostra a vossa vida pouco ordenada? O veneno da heresia...

Ai, insensatos, dignos de mil mortes! Como cegos, não vedes o vosso mal; e chegastes a tanta confusão que a vós mesmos vos fizestes mentirosos e idólatras. Ainda que fosse verdadeiro (que não é: confesso e não o nego ser o Papa Urbano Vi o verdadeiro Papa), mas fosse verdadeiro aquele que dizeis , não terríveis vós mentido no-lo indicastes como Sumo Pontífice que ele é? E não lhe teríeis vós feito reverência falsamente, adotando-o como Cristo na terra? E não seríeis simoníacos ao obter dele graças e ao usá-las ilicitamente? Sim, agora elegeram o antipapa e vós juntamente com eles; no ato e no aspecto, tendes mostrado assim, porfiando por encontrar-vos aqui quando os demônios incarnados elegeram o demônio.
...Admitamos que tenhais feito menos mal que os outros na vossa intenção; no entanto fizestes mal juntamente com os outros. E que posso dizer?  Posso dizer que quem não é pela verdade é contra a verdade: quem então não esteve com o Cristo, o Papa Urbano VI, esteve contra ele. E por isso digo-vos que vós, juntamente com o antipapa, fizestes mal; posso dizer que foi eleito um membro do diabo: porque, se fosse membro de Cristo, antes teria eleito a morte do que consentido em tão grande mal, porque ele sabe bem a verdade e não pode desculpar-se por ignorância. Ora, todos estes erros tendes cometido em favor deste demônio, isto é: confessá-lo Papa  (e não é assim a verdade), e fazer reverência a quem não deveis. Estais afastado da luz e ides para as trevas; saístes da verdade e chegastes à mentira. Para qualquer lado que me volte, não encontro senão mentiras. Sois merecedores de castigo o qual castigo eu vos digo em verdade (e dele descarrego a minha consciência) cairá sobre vós, se não voltardes à obediência com uma humildade verdadeira.

Oh miséria em cima de miséria! Ah cegueira em cima de cegueira, que não deixa ver o seu mal, nem os prejuízos que traz para a alma e para o corpo! Porque, se o vísseis, não vos teríeis afastado  da verdade assim tão insensatamente, com um temor servil, apaixonados como soberbos, e pessoas habituadas, ao seu bel prazer, aos gozos e deleites humanos.... O último fruto nascido de vos que traz morte, mostra-nos que árvore sois: e que a vossa árvore está plantada na terra da soberba, que sai do vosso amor-próprio que vos tirou a luz da razão.

...Reconhecei as vossas culpas, para que vos possais humilhar e compreender a infinita bondade de Deus, que não mandou à terra que vos engolisse, nem aos animais que vos devorassem; antes vos dá tempo para que possais corrigir a vossa alma. Se não o reconhecerdes, o que vos tem sido dado como graça se tornará em um grande castigo. Porém, se quiserdes voltar ao redil e alimentar-vos da verdade ao peito da Esposa de Cristo, sereis recebido com misericórdia por Cristo no céu e por Cristo na terra, não obstante a iniquidade que cometestes...

Não vos parecerá duro que se vos firo com as palavras que o amor da vossa salvação me fez escrever. Mais vos feriria de viva voz, se Deus mo permitisse . Seja feita a sua vontade. E aliás merecei antes os fatos que as palavras. Acabo e não digo mais.; que, se eu seguisse minha vontade, não pararia; tanto a minha alma está cheia de dor e de tristeza por ver tanta cegueira naqueles que foram escolhidos para luz, não como cordeiros que se alimentam do cibo da honra de Deus, salvação  das almas e reforma da Santa Igreja, mas como ladrões roubam a honra que devem dar a Deus e dão-na a eles mesmos  e como lobos devoram as ovelhas: do que tenho grande tristeza...

(Extraído de “Catolicismo”, n.23, novembro de 1952)

SANTA CATARINA DE SENA: QUERER VIVER EM PAZ, É MUITAS DAS VEZES, A PIOR DAS CRUELDADES





SANTA CATARINA DE SENA: QUERER VIVER EM PAZ É, MUITAS DAS VEZES, A MAIOR DAS CRUELDADES


“Santa Catarina de Sena (1347-1380), virgem. Amou apaixonadamente a Santa Igreja. Pregou a reforma da Igreja e a Cruzada”.
Uma santa que prega Cruzada também parece tão contrária à caridade da “heresia branca”.
Sobre Santa Catarina de Sena há os seguintes dados biográficos:
“A Gregório XI a Santa fala com severidade daqueles que são caridosos e compassivos por amor carnal, da mesma maneira que são cheios de complacência para com o próprio corpo”.
O que significa “caridoso e compassivo por amor carnal”? É pai, marido, mulher, filho que tem um apego para além do razoável com os membros de sua família, é “familiosa”; levado a não ver os defeitos dos seus parentes e a pactuar até com os defeitos deles, imaginando-os melhores do que são por um amor que é puramente da carne, por um amor que vem do sangue, que vem do lado físico, que não tem nada de sobrenatural. É contra isso que ela fala. Naturalmente se aplicava muito, naquele tempo, aos Papas, bispos - naquele tempo, hoje não... – que tinham nepotismo e que favoreciam parentes.
“Semelhantes seres, vendo seus subordinados caírem em pecado, fingem não o perceber...”
Esses subordinados são os filhos e outros dependentes.
“... a fim de não se sentirem em obrigação de castigá-los. Ou então, se os castigam, é com tanta brandura que mais parecem passar unguento sobre o vício, pois temem sempre desagradar alguém a provocar mais descontentamentos.”
Um Prelado que agisse dessa maneira também entraria na mesma censura: “Oh, meus filhinhos, quem sabe se não é inteiramente conveniente que as moças usem a saia cinco centímetros acima do joelho. Não vos irriteis. Eu não quero dizer que tem mal nisso, não. Eu digo, quem sabe, talvez etc.” Ou então não dizer palavra nenhuma...
“... isso provem do quanto eles se amam a si mesmos”.
Eu acho a observação esplêndida, porque mostra que essas tendências todas não são bondade, são egoísmo. É para não ter amolação.
“Querer viver em paz é, muitas vezes, a maior das crueldades”.
Essa frase mereceria ser escrita ao pé de uma imagem de Santa Catarina de Sena e posta numa capela nossa, qualquer coisa assim... “Querer viver em paz é, muitas vezes, a maior das crueldades”. Ora, o próprio da “familiosa” é querer viver em paz. E é uma crueldade para com a família, que deveria receber admoestações salutares, fica privada disso, afinal de contas, para que o apóstolo não sofra nada.
“Quando o abscesso está formado, é preciso que ele seja inciso pelo ferro e queimado pelo fogo e se deixarmos de fazer isso para apenas tratá-lo com bálsamos, alastra em extensão e a morte, muitas vezes, é precipitada”.
Quer dizer, é tratar a ferro e fogo. É preciso ser inciso pelo ferro e queimado pelo fogo. Mas é preciso dizer as coisas.
Os senhores dirão: “Bom, Dr. Plinio, o sr. muitas vezes não recomenda prudência?” É verdade. Às vezes interesses superiores da Causa católica recomendam prudência. Mas pelo menos interiormente a gente deve ter esse estado de espírito. E dever sofrer essa prudência com sumo padecimento, com suma tristeza. E não é assim: “Ah... o Dr. Plinio recomendou prudência. Eu não vou precisar brigar com fulano de tal... tão bonzinho! Uma vez eu suspeitei que ele tem uma concubina. Mas não deve ser verdade, eu já nem penso mais nisso, porque ele me agrada tanto... É meu padrinho. Me dá até um presente cada aniversário, cada Natal...”
Quanta miséria em não querer ver as pessoas com quem a gente tem ligação carnal, como são! Qual é o resultado disso? O mais das vezes, pelo menos, quem tem essas condescendências para com quem não é verdadeiro católico, tem muitas dificuldades em ser condescendente com os verdadeiros católicos. E vice-versa. Eu conheço essa gente. Vamos dizer que a regra geral é essa. É o quê? Egoísmo, egoísmo, egoísmo, e com a aparência de bondade...
Agora uma carta de Santa Catarina ao cardeal Pierre d´Estaing:
“Eu desejo ver em vós um homem de coragem. A alma que teme a opinião dos homens não atingirá jamais a perfeição”.
Essa é outra frase que mereceria ser escrita: a pessoa que teme a opinião dos homens jamais alcançará a perfeição, quer dizer, jamais alcançará a santidade. É evidente. Porque se a pessoa está de tal maneira subjugada pela opinião dos outros e tem pavor de ser criticada por colegas, por outras coisas assim, então não tem verdadeiro amor de Deus. É evidente.
“Tudo abala uma tal alma; não levará avante empreendimento algum”.
Bem entendido, empreendimento bom. Porque fugir nas horas de dificuldades para só aparecer na hora de vitória, medos, timidezes, isso as obras de negação e de omissão, essas de toda espécie. Obra boa de apostolado, nenhuma. Muitas vezes as pessoas fracassam no apostolado e se perguntam porque foi. Se a gente dissesse: “Você não tem medo do juízo dos outros? - Tenho. - Deus não abençoará sua obra, porque quem tem medo do juízo dos outros, já coloca contra si uma condição negativa.
“Ó, como é perigoso esse receio!”
Receio dos outros.
“Ele paralisa os santos anseios e pôs obstáculos à sua realização. Cega o homem a ponto de não mais conhecer a verdade. Pois esse temor procede do amor próprio. Assim que a criatura humana começa a amar a si mesma, dela se apodera o temor da opinião dos outros.
“Por que receia o homem? Porque colocou seu amor e sua esperança nas coisas frágeis, que não repousam sobre base sólida e que passam como o vento. Ó culpável amor próprio! Como és pernicioso aos superiores e aqueles que lhe são submetidos! Tratando-se de um prelado, jamais (repreende) ou castiga seus subordinados, receoso de desgostá-los. Não leva em conta nem o direito, nem a justiça, julgando segundo seu próprio capricho ou de conformidade com o capricho das criaturas, de maneira que aquelas que dirige mais se enraízam no erro”.
“Eu creio que seria bom que o nosso doce Cristo na terra, o Papa, se libertasse de duas coisas que corrompem a Esposa de Cristo: a primeira é a afeição demasiada à sua família; a segunda é brandura excessiva baseada em desmedida indulgência”.
É uma Santa que censura isso num Papa.
“Corrompem-se os membros de Cristo porque ninguém os castiga. É com mão firme que precisa ser restaurada a ordem, pois uma excessiva complacência constitui, por vezes, a maior das crueldades. Não diga que a Igreja vem a ser menos perseguida, mas tende fé no porvir glorioso que lhe foi predito”.
Quer dizer, se a Igreja for perseguida, que seja. Não tem importância, toca para frente! Ela vai ter seu futuro glorioso mais adiante.
“O bem só triunfará quando a corrupção atingir o seu auge”.
Alguém poderia me dizer: “Mas Dr. Plinio, um “geração nova”, débil, capenga etc., como é que vai praticar esse conselho?” Eu digo: primeira coisa é compenetrar-se disso, ter isso em vista e reconhecer para a gente mesmo que a gente é assim. Eu vou reconhecer francamente: eu sou medroso, eu sou poltrão; eu deveria ser corajoso, não sou. Mas ao menos para o meu olhar interior, eu sempre quando me vir, verei sempre aquele poltrão. Aqui está o poltrão do fulano, quando eu pensar em mim mesmo. Porque não tenho coragem de confessar a Deus diante dos homens; porque não tenho coragem de proclamar Nossa Senhora diante dos homens; porque tenho mais medo de uma risota do que do olhar soberanamente majestoso e bondoso e digno de amor de Deus, que perscruta minha alma até o fim, de Nossa Senhora, que é minha Mãe. Aqui estou eu; eu sei que eu sou assim. E reconhecendo que sou assim, desejo mudar.
Este é o ponto de partida de toda forma de emenda, e sem ele não há emenda. Vejamos os nossos defeitos e reconheçamos o que eles são. O resto virá depois.
Se nós nos olharmos de frente, rezaremos bem e se rezarmos bem nós obteremos cura. Não adianta a gente só rezar. “Então está bom: resultado do conselho do Dr. Plinio, três Ave-Marias por dia, está feito!” Não, assim não se faz... Três Ave-Marias, esplêndido! Indispensável! Mas é preciso que eu tenha coragem de olhar meu defeito de frente.
E que eu diga de mim para mim, francamente, fustigando-me a mim no meu interior: Tal sou eu; isso eu faço e isso tem tal coisa de ruim. Confio na misericórdia de Nossa Senhora, sei que Ela me atenderá, sei que Ela vai tomar em consideração minha debilidade, minha capenguice etc. Está bem, mas isso que eu posso fazer, eu faço; que é o de ter bem em vista, diante de mim mesmo o meu pecado e de me estigmatizar.


(Plínio Corrêa de Oliveira -  Conferência Santo do Dia, 29 de abril de 1966)




segunda-feira, 27 de abril de 2020

NOSSA SENHORA DE MONTSERRAT






Nossa Senhora de Montserrat - 27 de abril
(Catalunha, Espanha - 27 de abril)
Invocação mariana das mais antigas e veneráveis, Nossa Senhora de Montserrat, em Barcelona, é comemorada a 27 de abril; diante dela mantém-se sempre acesa lâmpada de ouro.
Deus, na Sua justiça, não permitiu que como descendentes de Adão, morássemos no Paraíso terrestre. Mas, na Sua misericórdia, franqueou-nos eterna morada no Paraíso celeste. Não podemos colher os frutos naturais das árvores do Éden. Em compensação, podemos saborear os frutos sobrenaturais de incontáveis árvores que Deus fez crescer um pouco por toda a parte nesta terra de exílio. Entre essas árvores, das mais frutíferas são os santuários de Nossa Senhora. E já que pelos frutos se conhece a árvore, degustemos os de Montserrat, para depois observar a semente e as raízes milagrosas.
O lugar onde se encontra essa árvore é grandioso. Trata-se de conjunto de escarpados rochedos que atingem 1.235 metros de altura, formando uma cordilheira de dez quilômetros de extensão por cinco quilômetros de largura. E para contorná-lo, faz-se necessário um giro de mais de 25 quilômetros.

Esplendor do culto em Montserrat antes da Revolução Francesa
Os seguintes são apenas alguns dos numerosos itens do louvor que se tributava a Nossa Senhora de Montserrat.
O altar-mor, onde ficava a sagrada imagem, foi obra do célebre escultor Estevão Jordán, por encomenda do rei Felipe 11. Esse escultor trabalhou em Valladolid durante nove anos nessa obra estupenda. Dessa longínqua cidade, situada na província de Castela, o altar foi transportado em 65 carretas até Montserrat, onde recebeu uma cocobertura de ouro. E Felipe III, na companhia de Grandes de Espanha e de outros altos dignitários da corte, assistiu à solene entronização da imagem no magnífico altar-
O sacrário que posteriormente foi instalado pesava 210 quilos de prata. Para o celebrante poder acercar-se do altar-mor para celebrar a Santa Missa devia subir 5 degraus, todos também de prata maciça. A milagrosa imagem estava sobre um belo trono todo de . prata, oferta do duque de Cardona, que incluía dois anjos sustentando dois lampadários do mesmo metal precioso. Ardiam dia e noite 4 círios de cera e 741âmpadas de prata. Os reis Felipe II e Felipe IV acrescentaram cada um outro lampadário colossal. O maior de todos, no entanto, proveio do grão-duque de Toscana,com 120 quilos de prata. Das quatro coroas com jóias de Nossa Senhora, uma demorou 27 anos para ser montada por um monge beneditino do próprio Santuário. Reunia 1.124 brilhantes, 1.800 pérolas, 38 esmeraldas, 26 rubis de grandes tamanho e um número não especificado de muitas outras pedras.


 De cima, pode-se contemplar o Mediterrâneo, os Pirineus, as ilhas Baleares e toda a Catalunha. A silhueta singularmente abrupta dos penedos valeu-Ihes o nome de Montserrat: um monte cujas rochas parecerem ter sido recortadas por uma serra. Em locais escolhidos da montanha, erguem-se a Basílica da . Virgem, um mosteiro beneditino, várias ermidas e capelas, uma Via Sacra e um Rosário, com os quinze mistérios representados por grandes esculturas.
Certos frutos da Virgem de Montserrat fortaleceram insignes guerreiros da Fé na luta contra o paganismo e a heresia. Em 1571, Dom João d' Áustria, voltando da decisiva batalha naval de Lepanto, deixou aos pés de Nossa Senhora algumas bandeiras arrebatadas aos muçulmanos e a grande lanterna da nau capitânia de Ali Pashá.
Santo Inácio de Loyola, . antes de fundar a Companhia de Jesus, fez, em Montserrat, uma noite de vigília de armas e uma confissão geral. Jaime I, o Conquistador, que libertou muitas terras do jugo mouro, favoreceu o santuário com múltiplos benefícios. Os três monarcas espanhóis da época da evangelização da América, Fernando, o Católico, Carlos V e Felipe II, rezaram diante da Imagem escurecida da Virgem.
Incontáveis são os tesouros com que os devotos foram, ao longo dos séculos, agradecendo os benefícios a Nossa Senhora de Montserrat Exemplo eloqüente são as quatro coroas da imagem.
Sacrilegamente, entretanto, grande parte desse tesouro foi pilhado, danificado ou destruído pela "Revolução Francesa de botas" , isto é, pela invasão napoleônica.(vide quadro)
A semente de tanta história e graças está envolta na legenda. A imagem data de tempos imemoriais e seu escultor é desconhecido. Se não há dados históricos precisos, sabe-se que por ocasião da invasão muçulmana, no início do século VIII, a imagem foi escondida entre os rochedos de Montserrat. Ali passou mais de um século e um tanto esquecida em meio à conturbada História da época.
Em 880, três pastores, às margens do rio Llobregat, que passa ao pé da montanha, apascentavam seus rebanhos. Ao anoitecer, durante cinco sábados consecutivos, foram surpreendidos por uma maravilhosa harmonia e um forte resplendor, que provinham da montanha. Aos poucos, havendo falado do portento, somaram-se-lhes outras testemunhas, inclusive o Vigário de Olesa.
A resistência antinapoleônica em Montserrat
A "Revolução Francesa de botas", isto é, a soldadesca napoleônica, invadiu a Espanha em 1808. O centro da resistência na Catalunha foi Montserrat, por causa de sua configuração geográfica e posição estratégica. Durante três anos, e obtendo algumas vitórias ali funcionou a base de operações em 1811, um numeroso e bem armado contingente de soldados franceses, sob comando de Suchet, vencendo árdua oposição dos catalães, acabou dominando a importante posição de resistência. O mosteiro já havia sido evacuado, mas numa das ermidas dispersas pelos rochedos haviam ficado dois monges idosos, que foram impiedosa e sacrilegamente assassinados.
Outros nefandos atentados, sob pretexto militar foram perpetrados. A basílica de Nossa Senhora foi pilhada e por fim incendiada. A imagem, previdentemente. já tinha sido oculta entre os numerosos despenhadeiros de Montserrat. Depois de três meses. os invasores foram escorraçados da montanha. Porém. voltaram com reforços e derrotaram mais uma vez a guarnição local. Nessa segunda agressão, colocaram barris de barris de pólvora para arrasar o santuário. As detonações foram ouvidas até a 30 km de distância. Com isso, não restou nada da igreja antiga; grande parte da nova, do tempo de Felipe II foi também reduzida a escombros, e o mosteiro inteiramente incendiado.
Napoleão foi definitivamente expulso da Espanha em 1814. A glorificação de Nossa Senhora de Montserrat foi parcialmente restaurada. Mas os devotos de Virgem Negra ainda hoje labutam para que a restauração seja não apenas total, mas aumentada em relação ao que existia apos tantos séculos de devoção.


No sexto sábado, compareceu o próprio Bispo de Vic, o piedoso Gundemaro. Juntamente com parte do clero e multidão de fiéis de Olesa, o Prelado pôde atestar que ao anoitecer ocorriam as referidas maravilhas em Montserrat.
O Bispo humildemente adorou a Deus naquele portento. No dia seguinte, domingo, ordenou uma solene procissão desde Olesa até o lugar do fulgor. Por entre penhascos e precipícios, árdua foi a escalada. Num ponto bem alto, afinal, em uma gruta acharam a imagem da Virgem com seu Divino Filho.
Depois de jubilosa veneração, o Bispo decidiu levá-la para ser cultuada na cidade. Mas, em certo trecho da montanha, uma força prodigiosa impediu-lhes de prosseguir. Depois, a imagem tornou-se inamovível. Singularmente, o local era bastante plano, o que veio a favorecer a construção do Mosteiro e do Santuário de
Montserrat. Aliás o hino "Virolai", de autoria do Pe. Jacinto Verdaguer alude a essa inusitada plataforma: "com serra de ouro, os anjos do Céu serraram as montanhas para fazer um trono à Mãe de Deus".

FONTES DE REFERÊNCIA:
Conde Fabrequer, lmágenes de ia Virgen en Espana, Madrid, 1861, t.I, pp. 65-112
Enciclopedia Universal Ilustrada Europeo-Americana, Hijos Espasa Editores; Barcelona, 1. XXXVI, pp. 777-805
NOTA:
A partir de 1580, e até 1640, o Brasil passou a pertencer à Espanha, trazendo para cá a devoção à Nossa Senhora de Montserrat, tendo sido erigido uma capela em sua honra na cidade de Salvador. Segundo é narrado no livro “Santuário Mariano”, do século XVIII, onde se relata diversos milagres ocorridos com algumas imagens de Nossa Senhora na Bahia, ocorreu o seguinte caso: Estando São José de Anchieta num navio em direção ao Espírito Santo, de repente desabou tremenda tempestade no mar. Dirigiu-se então o santo às pessoas que com ele viajavam, e disse: “aqui tem um excomungado; por favor se apresente para fazer uma confissão de seus pecados e assim aplacar a ira divina”. Logo em seguida apresentou-se um homem, confessou-se com ele e a tempestade amainou. Este homem tinha roubado um livro onde se narrava os milagres ocorridos na capela de Nossa Senhora de Montserrat, em Salvador, e o bispo local tinha excomungado o autor daquele roubo.  Não se sabe se tal livro foi devolvido ou havia sido destruído por aquele homem.

terça-feira, 21 de abril de 2020

DONA LUCÍLIA, MÃE E EDUCADORA CATÓLICA EXEMPLAR





Comemora-se nesse 21 de abril a data de falecimento da senhora Lucília Ribeiro dos Santos Corrêa de Oliveira, mãe de Dr. Plínio Corrêa de Oliveira, maior líder católico do século passado e inspirador do Movimento que deu origem aos Arautos do Evangelho, fundado por Monsenhor João Scognamiglio Clá Dias. A propósito dessa data, transcrevemos a seguir parte da biografia da mesma publicada em setembro de 1995, poucos dias antes do falecimento de Dr. Plínio:


"A fotografia em que Dona Lucília tem o filho recém-nascido nos braços bem demonstra a graça batismal que ela passo a passo enriqueceu pela sua correspondência e prolongou até o término de sua vida aos 92 anos.
Com o olhar cheio de afeto, contempla ternamente o filhinho. Transparece-lhe no sorriso a torrente de carinho, de pena e de proteção diante da fragilidade do menino. Não é difícil perceber quanto ela se encanta com a candura que vê na criança.
Do conjunto de todas as fotos ao longo de sua vida, talvez seja nesta que ela apareça mais contente. Contentíssima, não por haver sido objeto de algum agrado, ou por ter recebido um elogio, mas apenas devido ao filhinho que leva nos braços.
“O convívio dela comigo era para mim um verdadeiro paraíso”, lembra-se, saudoso, esse tão amado filho. “Eu tinha uma noção muito grande de minha própria fragilidade. Sentia-se pequeno, doente. À força de toda espécie de tratamento, ela me transformou . Eu percebia, inclusive, que poderia morrer, mas notava também seu envolvente carinho e o enorme desejo de que eu vivesse. Eram como tônicos a me comunicar vitalidade. De dentro de minha fraqueza me vinha a seguinte idéia: ‘Ela quer tanto e pode tanto! É provável que consiga fazer de mim uma pessoa saudável. Que tragédia se eu morresse! Pois iriam levar-me para longe dela”.
“Ora, eu queria viver. Sentia que, para mim, continuar vivo dependia dela. Essas cogitações não me vinham à mente só em relação a essa vida terrena, mas também em relação à outra. Não concebia um ambiente celestial que não fosse parecido com a atmosfera que sentia junto a ela. Mamãe foi um paraíso para mim até o momento que cerrou os olhos”.
“Além disso, ela me abriu outro jardim, incomparavelmente mais paradisíaco: ensinou-me a compreender e amar a Sana Igreja Católica e me incutiu a devoção ao Sagrado Coração de Jesus e a Nossa Senhora”.

“Onde está Jesus?”

Rosée[1] e Plínio constituíam o foco da atenta preocupação de Dona Lucília. Além disso exercia ela sobre seus dos pequenos uma benéfica e exemplar influência, toda feita de convite à dignidade e ao sobrenatural. Na missão educadora dela transparecerá com maior clareza o fundo cristalino de sua bela alma. Logo de início, ela se emprenhará no sentido de que seus filhos apliquem os primeiros lampejos da razão em distinguir duas imagens de sua devoção, uma do Sagrado Coração de Jesus, outra de Nossa Senhora das Graças.
À simples pergunta: “Onde está Jesus?” ou “onde está Maria?”, as crianças de imediato apontavam para a imagem correspondente. E, um pouco mais tarde, as primeiras palavras que lhes passarão pelos lábios serão os nomes do Redentor e de sua Mãe Santíssima.
Anos depois, numa carta de 1925, enviada ao Rio de Janeiro a seu filho já moço, lembrará ela:
“...pois como sabes, você e Rosée são confiados a Deus antes de nascer, e portanto com fé e amor de Deus vocês não poderão deixar de ser felizes, tanto mais que, por vocês eu rezo noite dia e é natural que as preces de uma mãe católica, mesmo de tão poucos méritos, sejam atendidas por Nossa Senhora que também é mãe, e Nosso Senhor Jesus Cristo!.

(Extraído da obra “Dona Lucília” – de João S. Clá Dias – setembro de 1995 - volume I, págs. 123/124)





[1] Nome pelo qual Rosenda ficou mais conhecida.

domingo, 19 de abril de 2020

O COVID-19 E O CHOQUE DE CIVILIZAÇÕES







Redação (sexta-feira, 17-04-2020, Gaudium Press) Foi definitivamente demonstrado que as personalidades que mais aparecem na mídia hoje são exatamente aquelas que não estão abrindo caminho para eventos históricos ou que têm respostas. . Eles nos lembram a resposta cáustica que Talleyrand deu à pessoa que lhe trouxe a notícia da morte de Napoleão em Santa Elena: "Uma notícia, obrigado. Mas não é um evento". As direções da história haviam mudado de tal maneira na Europa que o corso não valia mais nada à política francesa ou internacional. O homem foi literalmente queimado e não reconhecido por qualquer pessoa com 52 anos de idade.
Porque o paradoxo é que, neste momento, existem fofocas que os transformam em eventos e eventos verdadeiros que não os tornam novidade. É o poder da maioria dos meios de comunicação do mundo hoje mais inclinado ao sensacionalismo e ao entretenimento do que a medir a real importância de qualquer evento.
O que se verifica é que, provavelmente devido a uma aterrorizante ignorância do contexto histórico, os comunicadores de hoje não entendem realmente o que está acontecendo no mundo. E, na melhor das hipóteses, os diretores de notícias provavelmente sabem alguma coisa, é por isso que duram tanto tempo em seus empregos, mas também entre eles é notório que eles são mais ignorantes do que sabem. A perda do hábito de ler pesa muito entre as novas gerações, que preferem o mundo dos vídeos e áudios ao dos livros ou da imprensa escrita, e isso quando eles estão realmente interessados ​​em saber algo sobre a vida de certos personagens ou grandes nomes. batalhas, conquistas e explorações, porque a grande maioria vive intensamente o presente nas condições de uma inteligência emocional, que os leva a acreditar apenas no que produz uma sensação e não um pensamento, e a verdade é que eles quase não pensam mais.
Talvez no setor de publicidade e produção de documentários ainda exista alguma inteligência criativa, mas também existem muitas decepções que a cada dia produz essas obras.

Huntington
Samuel Huntington (1927-2006) pode não precisar de uma apresentação em certos círculos acadêmicos que sobrevivem, nem seu famoso livro "The Clash of Civilizations" [O Choque de Civilizações], que em 1996 deu muito o que falar, porque - como qualquer ensaio com idéias - se prestava a controvérsias interessantes que certamente a maioria dos comunicadores hoje não os seguiu.
Havia endossos à sua teoria e respostas enérgicas de marxistas condenados intransigentes. Também tinha interpretações controversas, e alguns intelectuais explicitaram e deduziram da abordagem de Huntington, novas teorias e hipóteses que alimentaram a vida do pensamento alheio.
Mas, em essência, o veterano professor de Harvard por mais de cinquenta anos, sustentou que ainda havia muitos remanescentes culturais que não haviam sido absorvidos pela cultura anglo-protestante e pelo "Sonho Americano", que estava gerando um choque de civilizações com consequências imprevisíveis. . Concluindo, segundo ele, era necessária uma cultura universal que homologasse toda a humanidade e, se isso não for alcançado pelo capitalismo, será alcançado pelo marxismo ou ... pelo coronavírus.

Para onde andamos?
As medidas de "proteção" que estão sendo tomadas hoje parecem estar mais próximas do estabelecimento de um sistema socialista em que a liberdade de iniciativa será abolida e a sociedade será forçada a racionamento, restrições, longas filas para obter serviços, limitações de viagens. , recreações dirigidas e até perseguição religiosa. Uma espécie de desinformado, mas obediente à casta da polícia estadual, gradualmente assume o controle às vezes arbitrário e agressivo contra o cidadão comum. Talvez estejamos enfrentando a possibilidade de um ensaio ou o estabelecimento definitivo do que o próprio Huntington chamou de reconfiguração da ordem mundial.

Cristianismo, a solução
Ter rejeitado o cristianismo da maneira que o catolicismo propôs e continua a propor é uma das causas, se não a principal, da situação em que o mundo está hoje. "Vá ao mundo inteiro e pregue o Evangelho" foi a ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo. Não se tratava de procurar um Deus em comum para toda a humanidade, mas de trazer a todos eles o verdadeiro Deus, que encarnou a si mesmo, tornou-se homem e nos redimiu de nossos pecados. Jesus de Nazaré, filho da Virgem Maria, que fundou seu próprio corpo místico em sua igreja. Além disso, não haverá nova ordem mundial, mas apenas uma situação estranha e misteriosa, como disse o Dr. Plinio Corrêa de Oliveira (1).
Somente os ensinamentos usuais da Igreja têm capacidade e poder para organizar a humanidade em verdadeira harmonia e paz, mas sob o cetro real, paterno e manso do Cordeiro de Deus que realmente tira os pecados do mundo. O que quer que seja proposto apenas agravará a calamidade. Rosário em mãos e em massa (mesmo que agora esteja na Internet), iremos para o outro lado, porque receberemos forças para suportar o que vier, como nos tempos das mais dolorosas perseguições e martírios contra os cristãos. E apesar de ainda não derramarmos sangue, mas estarmos prontos para fazê-lo, já estamos sofrendo o sofrimento moral de sermos limitados em nossa prática religiosa tradicional, pelo que muitos já descrevem como abuso de poder.

(1) – “Revolução e Contra-Revolução” – Plínio Corrêa de Oliveira, Parte I, Cap. VII, 1-A
Por Antonio Borda

Fonte:


quinta-feira, 16 de abril de 2020

CIVILIZAÇÃO DO PECADO, DAS GUERRAS E DOS HORRORES DAS EPIDEMIAS





Há quatro anos atrás (19 de abril de 2016), publiquei um texto (“A Civilização do Pecado, da Guerra e dos Horrores”)  no site Glória TV, do qual extraio abaixo o que fala sobre as doenças no mundo de hoje.

“Costumeiramente são divulgadas pelo mundo notícias sobre o sucesso
alcançado pela ciência médica no combate às doenças. Em 1979, o Diretor
Nacional de Saúde nos Estados Unidos, William Stewart, declarou com
otimismo que havia chegada a hora de dar por encerradas as doenças
infecciosas. Enfim, todas aquelas doenças que haviam causado tantas
mortes, como as pestes negra e bubônica, a malária, o sarampo, a gripe
espanhola, a tuberculose, haviam sido definitivamente banidas da terra, delas
não se tinha mais notícias a não ser esporadicamente.
Logo a ilusão do Dr. Stewart se patenteou, pois as doenças infecciosas
reapareciam, ou com outra roupagem, ou sob a mesma forma de outrora. A
AIDS tornou-se a pior delas, onde o seu crescimento constante demonstra a
impotência do homem perante o mal. Médicos advertem até que o
ressurgimento de variadas bactérias resistentes às drogas modernas poderá
ser mais mortal do que a própria AIDS. Doenças tidas como debeladas, como
a tuberculose, a pneumonia, a meningite, ressurgem mais fortes e resistentes
aos medicamentos modernos. Destas doenças, o câncer, apesar de não ser
infecciosa, se destaca por seu caráter mortal e diverso, pois existem mais de
mil tipos deles, a maioria letal.
E surgem novos vírus e novas bactérias como o Ébola e o antrax, e a
gripe H1N1, talvez proliferados de forma artificial e criminosa pelos terroristas
chamados “biológicos”. A UNAIDS, o Programa Conjunto das Nações Unidas
sobre HIV/AIDS, informou que no ano de 1996 foram infectadas mais de 3
milhões de pessoas com o HIV. Deste total mais de um milhão morreram da
doença naquele ano. Até aquela data já haviam morrido mais de 6 milhões
de aidéticos no mundo, de um total de mais de 30 milhões de infectados
desde o surgimento da doença no início da década de 80. Os dados são
alarmantes pois prognosticam um crescimento vertiginoso da doença para os
anos seguintes. Estimava-se que após o ano 2000 seriam mais de 40 milhões
o total de pessoas infectadas pelo vírus HIV. A doença já havia matado, até
2001, mais de 25 milhões de pessoas.
A partir da descoberta de um medicamento, o chamado “coquetel”, a
doença teve um certo recuo. Segundo dados da UNAIDS, até o ano 2010
cerca de 38 milhões de pessoas viviam com o vírus. Só em 2005 haviam
morrido 2,5 milhões de infectados com a doença. O pior é que a única
solução plausível apresentada pela mídia é o uso de preservativo, quando, na
realidade, é um recurso inexpressivo que nunca conseguirá debelar o mal.
Seria necessário se conscientizar a sociedade de que a única solução é a
continência sexual, coisa que as autoridades se recusam obstinadamente de
fazê-lo.
Peter Lamptey, presidente da Family Health International Aids Institute,
uma ONG americana, havia afirmado que a AIDS mataria mais de 65 milhões
de pessoas até o final da década passada, e não andou longe de acertar o
seu prognóstico. Seria uma matança muito superior à “peste negra”, doença
que grassou na Europa e na Ásia no século XIV e que fez 40 milhões de
vítimas fatais.Não há registro de epidemia mais avassaladora do que a AIDS.
A peste bubônica, oriunda da bactéria "pasteurella pesti", matou mais de 25
milhões de pessoas no século XIV, época em que os recursos médicos eram
escassos. A varíola também matou muita gente no século XIX, não se
sabendo a quantidade exata de vítimas. A cólera, oriunda da bactéria "vibrio
cholerae" ou "cholera morbus", também causou milhares de mortes no século
XIX . Mas foi no século XX que houve uma epidemia mais terrível, antes da
AIDS, que foi a tristemente famosa "Gripe espanhola", que causou a morte de
mais de 40 milhões de pessoas num período de dois anos. Todas estas
pragas foram debeladas e controladas pela medicina e hoje não se fala mais
nelas.
Já a AIDS, não. Continua progredindo, continua matando, e continua
sem cura. Desde que ela foi detectada, na década de 80, os governos mais
ricos do mundo, a ONU e as instituições científicas mais credenciadas,
gastaram fortunas na tentativa de achar uma cura para tão pernicioso mal,
mas nada mais conseguiram do que um medicamento, chamado AZT, que
prolonga um pouco mais a vida do paciente, e em alguns casos consegue
amenizar os males da doença.
No final do ano 2002 surgiu uma nova epidemia. Trata-se da
"pneumonia asiática", ou a Síndrome Respiratória Aguda (SARS em inglês).
Supõe-se que tenha surgido na província de Guangdong, na China, onde
foram registrados os primeiros casos. Depois a doença teria se espalhado
para Hong Kong e outras cidades da Ásia, cuja população é muito intensa, e
para diversos países do mundo.
Talvez esta epidemia seja a primeira que tenha sua origem
perfeitamente conhecida e historiada. A jornalista Elisabeth Rosenthal, do
New York Times, narra com pormenores: "Estudos preliminares revelam que
um percentual inusualmente alto entre as primeiras vítimas de SARS em
Guangdong era de trabalhadores do setor de alimentação, indício de como o
vírus, que normalmente atacava aves ou roedores, passou a infectar
humanos.
"Um dos primeiros casos, em dezembro último, foi o de um vendedor
de cobras e pássaros, que morreu no hospital de Shunde (sul da China). Sua
mulher e funcionários do hospital também contraíram o vírus.
"... No início de fevereiro, pacientes assustados de pequenas cidades
do sul da China foram transferidos para hospitais em Cantão - foi quando a
explosão de casos realmente aconteceu".8. A jornalista segue historiando
vários casos até a propagação da doença em outros países e o alerta mundial
dado pela OMS em 14 de março de 2003. Há muita riqueza de detalhes,
exatamente num país dominado por um regime ditatorial comunista que prima
em esconder este tipo de coisas para o resto do mundo. Pelo relato fica
entendido que o vírus , que antes só atacava os animais, passou a atacar
seres humanos de uma forma natural sem que houvesse qualquer
interferência artificial para sua mutação.
Como se trata um vírus, o "coronavirus", esta pneumonia se propaga
pela simples respiração dos doentes. A pneumonia asiática ataca de forma
diferente da pneumonia típica, pois esta é oriunda de uma bactéria, que ataca
as vias respiratórias mas não é contagiosa, enquanto que a outra é virótica e
se propaga espalhando os vírus pelas vias respiratórias como as gripes e
resfriados. Há cientistas que afirmam a possibilidade de contágio pelo simples
contato pessoal. No caso da SARS a pessoa infectada fica com inflamação
nos espaços existentes entre os alvéolos no sistema respiratório. O vírus fica
incubado de dois a dez dias no organismo humano. Depois que ele se
manifesta infecta todas as pessoas que têm contato com o doente.
Outras doenças atacam a humanidade como conseqüência da vida
moderna. O estresse é o resultado da vida agitada do mundo atual, e causa
sérias lesões no sistema nervoso. Talvez por causa disso surgiu uma doença
que no Brasil se denominou de LER (lesão por esforços repetidos) decorrente
do uso constante do leve teclado do computador ou de outros esforços
modernos, tidos como leves. O mal de “Alzheimer”, uma doença pré-senil que
ataca o sistema nervoso central de pessoas idosas, ainda é objeto de estudos
para se saber sua origem, mas alguns cientistas já admitem que pessoas que
ficam muitas horas sob efeitos ionizantes dos monitores de computador ou da
TV podem ser vítimas fáceis desta doença. Há também a suspeita de que a
carne bovina poderia ser uma das causadoras, a semelhança do chamado
“mal da vaca louca”, surto epidêmico que surgiu na Europa como
conseqüência do consumo de certas carnes contaminadas pelo agente
infeccioso. No entanto, até o momento não se sabe a causa real deste mal. O
Presidente da APAZ - Associação de Parentes e Amigos das Pessoas com
Alzheimer, o gerontólogo Dr Jacob Guterman, disse em São Paulo que "aos
95 anos, uma em cada duas pessoas tem Alzheimer. Aos 85 anos, 25%, ou
seja, uma em cada quatro pessoas sofre da doença".
Atualmente, a doença atinge quase um milhão de brasileiros, dentre os
quase 15 milhões de idosos. O professor de neurologia da Unicamp Jayme
Antunes Maciel Jr. declara: "O Alzheimer é a doença do século 21, o grande
desafio da medicina. Passamos a vida fazendo com que o homem viva mais e
com qualidade. Superamos a mortalidade rápida de doenças como
tuberculose; em 90% dos casos, câncer diagnosticado precocemente tem
tratamento, sem falar da AIDS. Mas e o cérebro? Continua uma incógnita".
8 “Folha de São Paulo”, 04.05.2003
Sem cura e diagnóstico específico, a doença progride lentamente até levar o paciente à morte.
Outra doença que cresce muito, talvez como decorrência da vida
moderna, é o diabetes. O presidente da Federação Internacional do Diabetes
(sigla IDF em inglês), George Alberti, declarou que está para ocorrer uma
tragédia mundial, pois mais de 300 milhões de pessoas no mundo têm
tolerância à glicose diminuída, condição que pressupõe as pessoas para a
aquisição da doença. O diabetes tipo 2, que antigamente atingia mais as
pessoas idosas, vem atingindo a saúde de uma grande quantidade de
jovens, haja vista o alto consumo de alimentos sem valor nutritivo e também a
vida sedentária que eles estão levando.
Médicos americanos advertiram para o surgimento de uma nova
doença: a “psicose do emagrecimento”. Trata-se de pessoas que adquirem
uma neurose por causa da mania moderna de buscar emagrecer a qualquer
custo, e de tal maneira ficam temerosas de não o conseguir, ou de o
conseguirem com muito sofrimento, que assim adquirem uma lesão
neurológica.
A Organização Mundial de Saúde e o UNICEF (Fundo das Nações
Unidas para a Infância), divulgaram que morrem 11 milhões de crianças, a
maioria bebês, anualmente em todo o mundo, por motivo de doenças em
geral curáveis. As doenças que mais matam são: diarréia, malária, sarampo,
pneumonia, AIDS e subnutrição. A vida paradisíaca, prometida pelo avanço
da medicina e da tecnologia, não consegue evitar esta catástrofe, pior do que
uma guerra mundial.
No Brasil, apesar dos esforços governamentais, as epidemias são
freqüentes, tornando os meios para combatê-las quase infrutíferos. Basta
citarmos como exemplo os casos de dengue, ocorridos em 1991 e 2001/2002
e 2015, sendo que esta última superior o número de vítimas fatais da anterior.
A doença voltou com toda força em 2014, dando origem, inclusive, a outras
variedades como o “Zica” e a Chikungunya. Temos ainda o registro de 222
mil casos de AIDS até o final de 2001, com 105 mil mortos desde que
começou a doença. Existiam até meados do ano 2002 mais de 115 mil
pacientes em tratamento intensivo da doença. Isto somente no Brasil...
Seria alongar demais o presente trabalho falar sobre as novas doenças
que surgem a cada momento no mundo, como a H1N1 e tantas outras,
artificiais ou não. No entanto, não se pode negar que o homem é impotente,
com sua ciência médica tão evoluída, de conter o avanço de pragas e
doenças.”

Fonte: