sexta-feira, 30 de outubro de 2020

ALGUMAS REVELAÇÕES DA BEATA ANA CATARINA DE EMMERICH SOBRE A CRISE NA IGREJA

 

A Beata Anna Catalina Emerich[1] não só previu, mas viu a crise dentro da Igreja. Viu ela que um terço dos demônios que estavam no inferno seriam soltos em torno de cinqüenta ou sessenta anos antes do ano 2000, aos quais Deus daria certo tempo para agir na terra, mas findo este tempo seriam novamente sepultados no inferno. Quer dizer, seriam exorcizados de uma forma que não permaneceriam nos “ares”, fazendo algum mal aos homens, mas seriam projetados de volta para o inferno.

Monsenhor Delassus, que publica tais visões, comenta:

“Várias vezes Anna Catharina fala da igreja dos apóstatas, que também chama de igreja das trevas e cujos progressos ela mostra. Ela também assinala nessa igreja a presença e a influência de certos cúmplices dos principais chefes da franco-maçonaria. Que igreja é essa? Ela não o precisa, senão pela frase que lemos acima: “Aqui tudo é mais natural”, e que parece indicar que com isso ela compreendia os propósitos daqueles que desertam da ordem sobrenatural para se porem mais à vontade no naturalismo”.

Mas a construção deste maldito templo satânico, que era o corpo místico do demônio e sua falsa igreja, só seria possível com a destruição da Igreja de Cristo. Daí a atuação constante dos demolidores:

 

“Fileiras de trabalhadores ocupados no trabalho de destruição estendiam-se através do mundo inteiro, e fiquei espantada com a coordenação com que tudo era feito. Os demolidores destacavam grandes pedaços do edifício. Esses sectários são numerosos e entre eles há apóstatas. Realizando o trabalho de destruição eles precisam seguir certas prescrições e certas regras. Usavam aventais brancos, debruados com uma faixa azul e guarnecido de bolsos. Tinham colheres de pedreiro fixadas na cintura. Ademais, têm vestimentas de toda espécie. Entre eles existem personagens distintos dos outros, grandes e corpulentos, com uniformes e cruzes, os quais, contudo, não trabalhavam diretamente, mas marcavam nas paredes das igrejas, com a colher de pedreiro, o que era preciso demolir. Vi com horror que havia entre eles padres católicos. Freqüentemente, quando os demolidores não sabiam bem como agir, eles se aproximavam, para se instruírem a respeito, de um dos seus, que tinha um grande livro no qual estava traçado todo o plano a seguir para as destruições, e este marcava exatamente, com a colher de pedreiro, o ponto que devia ser atacado; e logo um pedaço caía sob as marteladas. A operação prosseguia tranqüilamente seu ritmo e caminhava infalivelmente, mas sem despertar atenção e sem ruído, tendo os demolidores os olhos à espreita”.

 

Em suas visões, a Bem-Aventurada via que o objetivo principal dos demolidores era Roma, era o Papado:

 

“Vi, um dia, o Papa em oração. Ele estava rodeado de falsos amigos. Vi sobretudo um homem-negro trabalhar para a ruína da Igreja com grande atividade. Ele diligenciava em cativar os cardeais através de adulações hipócritas”.

 

As visões da Bem-Aventurada Catharina Emmerich abarcam toda a História do Universo e a Obra divina. Desde a criação do mundo até a vinda do Anticristo.  Sobre os dias que viriam após sua época, viu de uma forma simbólica o crescimento do corpo místico de satanás da seguinte forma:

 

“Eu vejo as trevas se adensarem. Ameaça uma grande tempestade, o céu está coberto de um modo apavorante. Há poucas pessoas que rezam e a aflição dos bons é grande. Vejo por toda a parte as comunidades católicas oprimidas, humilhadas, arruinadas e privadas de liberdade. Vejo muitas igrejas fechadas. Vejo grandes misérias se produzirem em todos os lugares. Vejo guerras e sangue derramado.

“Tive a visão de uma imensa batalha. Toda a planície estava coberta por uma espessa fumaça.  Vinhas estavam cheias de soldados, de onde atiravam continuamente. Era um lugar baixo; viam-se grandes cidades ao longe.  Vi São Miguel descer com numerosa tropa de anjos e separar os combatentes. Mas isso só acontecerá quando tudo estiver perdido.  Um chefe invocará São Miguel e então a vitória descerá”.

“Vi São Miguel pairando sobre a igreja de São Pedro, brilhante de luz, usando uma vestimenta vermelho-sangue e segurando na mão um grande estandarte de guerra. Verdes e azuis combatiam contra os brancos, que pareciam sofrer a derrota. Todos ignoravam porque combatiam. Entretanto, o anjo desceu, foi aos brancos e eu o vi várias vezes à frente de todas as suas coortes. Então eles ficaram animados de uma coragem maravilhosa, sem que soubessem de onde isso lhes vinha.  O anjo multiplicava seus golpes entre os inimigos, as tropas inimigas passavam para o lado dos brancos, outros fugiam para todos os lados”.

 

Sobre a demolição da Igreja a Bem-Aventurada teve diversas visões, chegando ao ponto de vê-La a tal ponto destruída que só restava de pé o Santíssimo Sacramento.  Nisto ela viu um homem que defendia a Igreja:

 

“Eu estava acabrunhada de tristeza e me perguntava onde estava aquele homem que eu tinha visto outrora permanecer sobre a Igreja para defendê-la, usando uma vestimenta vermelha e segurando uma bandeira branca”. 

 

Se ela não via neste momento o homem que “outrora” defendia a Igreja é porque este já havia entrado na glória, pois em seguida é Nossa Senhora em pessoa que luta pela igreja:

 

“Então vi uma mulher cheia de majestade avançar pela grande praça que fica diante da igreja. Ela tinha seu amplo manto erguido sobre os dois braços, e ela se levantou suavemente no ar. Ela se postou sobre a cúpula e estendeu sobre a Igreja, em toda a sua extensão, o manto que parecia faiscar de ouro”.  “Os demônios acabavam de tomar um instante de repouso; mas quando quiseram voltar ao trabalho foi-lhes absolutamente impossível aproximar-se do espaço coberto pelo manto virginal”. 

 

Os anjos bons agora ocupavam tais espaços, preparando o ambiente para a vinda do Reino de Maria.

É chegado a hora em que, após o Varão da Destra de Nossa Senhora ter subido aos céus[2], com o seu holocausto  como que “comprou” de Deus um mais poderoso auxílio angélico para os bons que combatiam:

Na descrição a seguir há uma referência a um movimento dentro da Igreja para a restauração de tudo:

 

“Vieram homens muito velhos, impotentes, esquecidos, depois muitos jovens fortes e vigorosos, mulheres e crianças, eclesiásticos e seculares; e o edifício foi logo inteiramente restaurado”. 

 

Depois de tudo isso, o Reino de Maria:

 

“Vi tudo se renovar e uma igreja que se erguia até o céu”. Em outra visão: “Vi uma imagem desse tempo distante que não posso descrever. Mas vi sobre a terra a noite se retirar e a luz e o amor retomarem uma nova vida. Tive nessa ocasião visões de toda espécie sobre o renascimento das Ordens religiosas. O tempo do Anticristo não está tão próximo como alguns crêem. Haverá ainda precursores, e vi em duas cidades doutores de escola dos quais poderiam sair esses precursores”.[3]

 


[1] Vidente alemã nascida em 8 de setembro de 1774 e falecida a 09 de fevereiro de 1824

[2] Refiro-me ao Grande Monarca, do qual fala mais detalhadamente o Beato Palau em suas revelações .

[3] Os textos da Beata foram extraídos da obra “La Conjuration Antichrétienne”, de Monsenhor Henri Delassus, publicada em 1910, no pontificado de São Pio X.


quinta-feira, 29 de outubro de 2020

QUAL FOI A MANIFESTAÇÃO MAIS PERFEITA DO MENINO JESUS

 



Todos os anos, em dezembro, as famílias costumam montar o presépio de Natal em um lugar nobre da casa. Embora cada uma tenha sua peculiaridade e beleza, todas reúnem algumas peças essenciais que nos lembram o mistério da gruta de Belém. No centro, o Deus Menino rodeado primeiro pela Bem-aventurada Virgem Maria com o seu casto marido São José e depois por dois grupos de personagens muito característicos e de importante valor simbólico: os pastores e os magos.

O Deus Menino se manifestou de formas diferentes, embora a mensagem seja a mesma. Qual será a manifestação mais perfeita?

Quem tem um grande espírito religioso vai pensar que é dos pastores, pois só imaginar o céu cheio de anjos cantando uma música celestial nunca antes ouvida na terra é para surpreender quem entende bem o que isso significa, porque estamos falando de Milhares de anjos que cantavam no céu em pleno silêncio noturno de um campo em meados do século I, época em que o silêncio pode ser falado com todas as propriedades, já que não havia fábricas ou motores ou qualquer ruído exceto o dos grilos noturnos. Sem dúvida foi um grande show, a manifestação mais perfeita.

Mas outra pessoa mais dada às coisas naturais, aos fenômenos atmosféricos, às constelações das estrelas, dirá que foi a grande estrela que guiou os Reis Magos e que São Tomás afirma que foi uma estrela criada por Deus colocada fora do espaço sideral, mas na atmosfera terrestre e que se movia de acordo com o desígnio divino. [1] Sem dúvida, tal estrela única despertaria a atenção de milhares de centros astronômicos e também de muitas pessoas ao perceber algo tão especial e mais uma vez pensamos que naquela época, quando não havia luz elétrica, o céu estrelado era uma verdadeira maravilha, um espetáculo que só podemos conhecer quando viajamos para o campo, longe da cidade. Realmente deve ter sido uma estrela incomum para se destacar muito bem das outras.

O doutor angélico comenta [2] que assim como uma demonstração científica é feita a partir de princípios evidentes para aquele a quem a demonstração é dirigida, Deus quis manifestar-se aos pastores por meio dos anjos porque, como judeus eram, estavam acostumados às revelações angelicais enquanto os Magos, como bons astrônomos, queriam se manifestar através de uma estrela.

Qual deles será mais perfeito? Os anjos ou a estrela? Vamos complicar um pouco mais, será que houve apenas duas manifestações do Deus Menino?

São Tomás comenta [3] que existe uma terceira, mais perfeita que as anteriores. Alguém poderia imaginar que para ser superior à aparição angélica e à estrela deve ter sido um espetáculo inimaginável e, no entanto, quando vimos a manjedoura não encontramos um terceiro grupo que atendesse a essa expectativa. O que será então?

São Tomás de Aquino prossegue dizendo que os justos são familiares e acostumados a serem instruídos pelo instinto interno do Espírito Santo por meio do espírito de profecia, sem a intervenção de sinais sensíveis.

Foram dois personagens, dois justos, dois profetas que, embora não representados na manjedoura, também receberam a manifestação divina, não de forma material e visível, mas de forma mais perfeita, a voz da graça dentro deles.

Simeão e Ana. Um padre idoso e uma profetisa idosa, que acreditavam ardentemente na voz interior que lhes dizia que veriam o Salvador.

Eram dois justos que, sem sinais exteriores mais fáceis de acreditar, aderiram com a virtude da confiança a esta noção que a graça colocou em suas almas.

Esta manifestação requer, portanto, uma fé forte que espera sem ver, acredita sem duvidar, confiando contra todas as dificuldades que a promessa se cumprirá. E poderíamos afirmar que foram mais felizes do que os pastores e os magos porque viram em seus braços com maior profundidade, maior mérito e maior alegria do que o Verbo feito carne, o Deus Menino.

Deus está sempre em comunicação conosco no silêncio interior de nossas almas, mas requer atenção especial de nossa parte, porque em meio à turbulência e às preocupações do mundo moderno Ele passa despercebido.

À medida que a santidade cresce, a fé é fortalecida, a profundidade de espírito é adquirida e a confiança em Deus é fortalecida. Atingimos uma maior sensibilidade à voz da graça que ressoa constantemente dentro de nós e que Pe. Thomas descreve muito bem no início do seu livro: “Voz de Cristo, voz misteriosa da graça que ressoa no silêncio do corações, murmurais no fundo das nossas consciências palavras de doçura e de paz ». [4]

Peçamos à Bem-aventurada Virgem Maria, que «guardou no seu coração todas as coisas meditando nelas» (Lc 2,19), que nos conceda a graça da vida interior e que abra os ouvidos da alma para a manifestação constante de Deus em nós.

 

 Diác. Hugo Vicente Ochipinti González, EP


[1] S. Th. III, q.36, a.7 So

[2] S. Th. III, q. 36, a. 5 So

[3] Idem

[4] SAINT LAURENT. P. Thomas de. O libro da confiança. São Paulo: Artpress. p. 9 (traducción nuestra)

 

 

 

quarta-feira, 28 de outubro de 2020

EXERCÍCIO DA ENCARNAÇÃO E DO PRIMEIRO TRABALHO DE JESUS

 


Adoro-Te Verbo divino encarnado, adoro-Te Filho de Deus vivo humanado, adoro-Te Deus meu verdadeiro, vestido de mísera carne, e mortalidade. Chegastes desejado dos Santos Padres: chegastes saúde das almas, verdadeira vida, e bem-aventurança dos errados pecadores. Já não se gabará o Céu de ser ele só vossa casa, pois já aqui Vos tenho unido a minha humanidade, morador de meu degredo e companheiro destas terrenas moradas. Já não me desprezará criatura nenhuma, pois eu não adorei Anjo divino, e eles adorarão Deus humano. Chegou a vossa hora, fonte de águas vivas, rio de infinitas bondades e misericórdias. Arrebentastes fora da madre, tudo enchestes, e alagastes de divinas riquezas e graças. Esquecestes-Vos de nossos males, abraçastes nossas misérias e viestes esposo das almas, cheio de graças e de verdades. Quem como Vós, Deus meu, quando o mundo menos o merecia, quando os pecados mais reinavam, quando esta natureza estava pelos pecados mais danificada e corrupta, quando mais razões tínheis de Vos enojar e enfastiar de nós; então mostrais vossas verdades, então Vos dais todo, então nos socorreis com vossa presença, e Vos fazeis homem como nosso companheiro e remediador de nossos males. Só Vós sois verdadeiro, vossos prazos sempre chegam. Quando parece que estais mais longe, então Vos achais perto e mais presente, cheio de graças e de verdades. Porque Vós trazeis misericórdias verdadeiras, riquezas verdadeiras, bondade, saúdes, vidas, bem-aventuranças, pazes, amizades, tesouros, glórias, grandezas e abastanças verdadeiras para as almas, que vindes buscar e para o mundo perdido, que vindes remediar. Não vindes despejado, meu soberano Senhor, nem deixais vossos tesouros no Céu represados; tudo quanto tendes trazeis convosco. Não perdeis nada do vosso, fazendo-Vos homem como eu; mas dai-me quanto tendes. Já Vos não posso fugir de medo de vossa majestade, pois aqui Vos tenho em minha miséria, e de meu amor preso, e rendido. Abraço-Vos todo meu bem, amo-Vos minha bem-aventurança, meu tesouro, minha riqueza, meu companheiro, meu amigo verdadeiro, minha paz, minha alegria, minha glória, vida, saúde minha.

Ó como estou rico convosco! Havei-me inveja, Anjos, havei-me inveja, Serafins, havei-me inveja, Céus e terra, e todas as criaturas, porque tenho neste Senhor o que não tendes; porque tenho Deus Homem, e vós não tendes Deus Anjo. Adorais o meu  tesouro, adorais o meu único bem, adorais o meu companheiro, e amigo, o meu Deus humanado, e o meu homem Deus, de que vos vem, e há-de vos vir quantos bens tendes e podeis ter.  Pudestes mais que eu, amor divino: não pude tanto pecar, que mais não pudésseis perdoar; não pude tanto desagradecer que Vos tirasse a vontade de dar; não pude tanto enjeitar , que de todo Vos pudesse perder; não Vos pude tanto fugir, que me não alcançásseis, porque soltastes a força, a fúria de vosso divino fogo, e prendestes minha humanidade, e Vos vestistes de minhas misérias, e nelas Vos destes todo, e entrastes por meu degredo, e vos misturastes comigo, e se fujo a Deus, não posso fugir a homem:  maneira que se me não perder a  mim por minha vontade, não Vos posso perder a Vós homem como eu, já companheiro de minhas misérias, e mortal.

Bem Vos entendo, Deus meu: amor Vos traz, e amor quereis; em fogo ardeis, e quereis, que pegando nas estopas desta humanidade ardam em amor, se se deixarem de Vós abrasar, e quiserem antes viver molhadas nos charcos, e lodos do amor terreno. Mas Vós, Deus meu, da vossa parte a todas as almas ponde fogo, e tanto que até os que se perdem, perdem-se carregados de obras, e mercês de vosso infinito amor, mas porque Vos não dão seu coração, fica tudo neles em vão. Doui-Vos, Senhor da minha alma, todo meu coração, todo meu espírito, todo este homem inteiro, todo meu amor. Amo-Vos e desejo todo derreter-me em vosso amor. Se tivera o amor de todas as criaturas, como todo Vos amara; e se tivera infinito amor, amara-Vos infinitamente. Mas, amo-Vos quanto posso, e pois Vós, infinito Bem, todo seus meu, convosco todo Vos amo.

Ó se sempre Vos amasse! Ó se sempre me abrasásseis! Ó se sempre Vos possuísse! Ó se nada me apartasse de Vós, Deus meu humanado, ainda que minha humanidade está em Vós perfeitíssima, puríssima, cheia de graças, parte da minha miserável é. Não pode em Vós estar corrupta e culpável, como em mim, mas está como instrumento de meu remédio e por essa, como esta por quem me perco, me quereis Vós remediar. Curai-me, saúde verdadeira, alumiai-me, grandeza divina, sustentai-me, fortaleza soberana; aviventai-me, vida eterna, pois Vos vejo como Deus que adoro, homem rodeado de minhas misérias sem pecado e cheio de todas estas graças e perfeições para meu remédio. A misericórdia e amor que Vos humanou, Vos faça haver piedade desta vossa humanidade em mim tão perdida, mísera e corrupta. Quisestes, Deus meu, mostrar que quanto fazeis nos homens, já o fazeis como no vosso, pois Vos fizeste homem. Já curais minhas chagas como vossas, olhais para mim, governai-me, ajudai-me, remediai-me, como vosso, pois tomais por honra desta humanidade, que tomastes todos os homens sejam como Vós quereis, e pretendeis, puros, limpos, ricos, grandes e bem-aventurados. Vosso sou, meu Criador, vosso sou todo por justiça, vosso quero ser por amor e vontade de todo coração. Eis-me aqui, todo a Vós me apego, com estes sacratíssimos pés me abraço, pois todo sois meu, todo entregue, todo rendido, por me adquirirdes o amor dessa alma.

Ó amor, fazei em mim, tal mudança, que possais também dizer: toda és minha, miserável criatura! Ó se visse este prefeito todo, de parte a parte! Mas Vós só o haveis de fazer fogo divino, e todo me haveis de queimar, e abrasar, e converter em Vós.

(“Trabalhos de Jesus” – Padre Tomé de Jesus – I Volume – Lelo & irmãos Editores – 1951 – págs. 80/83);

 NOTA: O padre Tomé de Jesus foi um místico jesuíta (século XVI), tornado prisioneiro entre os muçulmanos, onde fez estas meditações e depois as publicou quando foi libertado.

 

 

 

 

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

O MENINO JESUS DE CEBU, FILIPINAS

 



O Santo Niño de Cebu (" Santo Menino de Cebu ") é uma imagem do Menino Jesus muito semelhante ao Menino Jesus de Praga, venerada nas Filipinas.

Como a imagem em Praga, ele é  vestido com muitas roupas caras  doações de devotos fervorosos das Filipinas e do exterior.

 A estátua é a mais antiga relíquia católica nas Filipinas e colocada permanentemente desde 1565 na Basílica Menor del Santo Niño de Cebu, na cidade de  Cebu .

 História

 Em abril de 1521, o explorador português Fernão de Magalhães , a serviço de Carlos I de Espanha , chegou a Cebu durante sua viagem para encontrar uma rota para o oeste às Índias .

Ele convenceu Rajah Humabon e sua esposa Hara Amihan, para jurar fidelidade a Espanha.

Eles foram mais tarde batizados na fé católica, levando os nomes cristãos de Carlos e Juana.

Magalhães apresentou o Santo Niño para o recém-batizado e a rainha Juana como um símbolo da aliança.

Para o seu marido Carlos, Magalhães apresentou o busto do "Ecce Homo", ou a imagem de Cristo, diante de Pôncio Pilatos.

Ele deu uma imagem de Nossa Senhora aos nativos que mais tarde foram batizados com seus governantes.

No entanto, Magalhães morreu mais tarde em 27 abril de 1521 na batalha que teve lugar em Mactan.

Muitos anos depois, em 1565, Juan de Camus, um marinheiro da segunda geração da campanha espanhola Colonial sob Don Miguel López de Legazpi encontrou dentro de uma caixa de pinho uma imagem incólume do Santo Menino.

A imagem, que acredita-se ser de origem belga, tem cerca de 30,48 centímetros de altura, vestindo uma túnica de veludo solto, uma corrente dourada no pescoço e uma capa de lã vermelha.

É esculpida em madeira e revestida com pintura.

A imagem tem uma bola de ouro, uma réplica do mundo na mão esquerda e a mão direita está ligeiramente levantada, como um gesto de bênção.

Profundamente impressionado com esta descoberta, Camus apresentou a imagem de Legazpi  aos padres agostinianos.

Eles ficaram tão emocionados com a importância do achado da imagem, que na solenidade, a imagem foi levada em procissão para uma capela provisória.

Legazpi, em seguida, ordenou a criação da Confraria do Santo Niño de Cebu com o Padre Andrés de Urdaneta como seu líder.

 Como devoto do Menino Jesus, Legazpi instalou uma festa em comemoração à descoberta da Santa Imagem.

Embora a festa ainda sobreviva até hoje, o Papa Inocêncio XIII mudou a comemoração para o terceiro domingo do mês de Janeiro de modo a não colidir com a celebração de 40 dias da Páscoa.

Os nativos Cebuano reverenciam a Imagem do Santo Niño como Bathala.

Eles provavelmente untam a imagem com  óleo ou oferecem sacrifícios ao Santo Menino pedindo por sua ajuda em tempos de dificuldades,  necessidades ou suplicando consolo em suas adversidades.

Atualmente vestida de realeza com a sua decoração e ornamentação, incluindo uma faixa adornada com moedas antigas e um castelhano Toison de Ouro (Golden Fleece) com um carneiro pingente supostamente dada pelo rei Carlos III, no século 17, a imagem agora está em grandeza, que continua a cativar os corações e as almas de seus devotos fervorosos.

Histórias de Milagres Señor Niño Santo se espalharam como fogo pelos mares, colocando Cebu como o berço da devoção ao Santo Menino nas Filipinas.

Sua devoção estendeu-se à vizinha ilha-província de Visayas, em seguida, avançou para o norte, até na medida em que o Ilocandia e atingiu o sul de Mindanao.

 A BASÍLICA MENOR

 A Basílica Menor do Santo Niño foi construída no mesmo lugar onde a imagem foi encontrada em 28 de abril de 1565,e abrigou a estatueta do Santo Menino.

Originalmente feita de bambu e palmeiras de mangue,a Igreja  do Santo Niño desenvolveu-se em uma fortaleza, onde os devotos fervorosos de todos os estilos convergem para agradecimento ou súplica ao Menino Jesus, a quem têm venerado através dos séculos.

Com o crescente número de devotos indo a Igreja de Santo Niño, o Papa Paulo VI elevou sua posição a Basílica Menor com todos os direitos e privilégios decorrentes de tal atribuição para a celebração Quadricentennial do cristianismo, nas Filipinas.

Numerosos milagres têm sido realizados pelo poder do Santo Menino.

Diz-se que um livro volumoso é necessário para conter todos os atestados e testemunhos da bondade e da misericórdia do Menino Jesus de Cebu.

Considerado como a principal de todas as relíquias cristãs, nas Filipinas, a imagem do Menino Jesus continua a brilhar como a estrela que atrai o coração do povo filipino.

Enquanto isso, o Visayans continuam a manifestar carinho para com o Santo Niño,  não só durante seu dia de festa, mas durante todo o ano eles vêm  prestar homenagem com um presente, de forma simples, porém profunda.

 A Festa

 A celebração da festa começa na quinta-feira após a solenidade da Epifania do Senhor.

A cada ano, a celebração começa com uma procissão chamada de andar com Jesus e termina com a Caminhada com Maria, no qual a imagem de Nuestra Señora de Guadalupe de Cebu , em trajes de gala, é levada em procissão pelas ruas de Cebu ao amanhecer.

No último dia da novena, as imagens de Señor Santo Niño de Cebu , Nuestra Señora de Guadalupe de Cebu , e o  Ecce Homo , é levada para o Santuário Nacional de São José, na cidade de  Mandaue para a "tradicional" transladação.

 As imagens serão então enviadas de volta para a Basílica na véspera da festa de Señor Santo Niño de Cebu em uma procissão fluvial pelo canal de Mactan.

Após a chegada na Basílica, é  cantada a Missa e se comemora o primeiro batismo.

Depois, é feita uma grande procissão solene com a participação de mais de um milhão de devotos do Santo Niño em uma rota que muda a cada ano.

Missas são rezadas, na maior parte por bispos Cebuanos.

A Santa Sé aprovou os textos litúrgicos especiais para utilização durante a  Festa do Santo Menino, nas Filipinas, situada no terceiro domingo de janeiro.

O festival que se segue é conhecido como o Sinulog , que combina as festas e devoção religiosa do povo Cebuano.

 Padroeiro

 O Santo Niño já foi considerado o patrono de Cebu.

No entanto, o Santo Niño como uma representação do Menino Jesus, não pode ser considerado como patrono ou intercessor a Deus em nome dos Cebuanos.

A Igreja Católica nas Filipinas define o Menino Jesus como um exemplo de humildade, e como uma celebração da Encarnação.

No entanto, muitos cebuanos não consideram o Natal, até que chegue a Festa do Santo Menino.

Em 2002, o Arcebispo de Cebu, Dom  Ricardo J. Vidal Cardeal , declarou a Virgem Maria, Mãe de Jesus, sob o título de Nuestra Señora de Guadalupe de Cebu ( Nossa Senhora de Guadalupe de Cebu ) como a rainha e padroeira oficial de Cebu.

Isso perturba a declaração de alguns dos devotos do Santo Niño, que sentem o rebaixamento da Santa Criança.

No entanto, a declaração é coerente com o pensamento católico que exige um patrono que reze a Deus em nome da vida dos fiéis, e não o próprio Ser divino.

Já que  o Menino Jesus é uma representação de Jesus, a Segunda Pessoa da Trindade, ele não pode, como Deus, ser considerado um patrono.

 Nesse sentido, o movimento do cardeal Vidal foi realmente instalar um padroeiro para Cebu, quando antes não havia.

 Devoção Popular

 A devoção ao Santo Niño de Cebu começou a longa fila de devoção ao Menino Jesus, nas Filipinas.

A partir de Cebu, os Agostinianos levaram a devoção a Manila, Iloilo, Laguna e Tacloban.

Em Bohol, uma devoção profunda prospera com cinco municípios que aderem ao patrocínio do Menino Jesus.

Além disso, a imagem do Menino Jesus  sempre adorna os altares das casas, estabelecimentos comerciais e até mesmo em veículos de serviços públicos na região.

 Realmente, como foi dito, a devoção ao Santo Niño de Cebu é popular no Visayas como é em todo o país


 
 FONTES:
 
https://rezairezairezai.blogspot.com/2011/01/santo-nino-de-cebu-o-santo-menino-de.html


 
http://en.wikipedia.org/wiki/Santo_Ni%C3%B1o_de_Ceb%C3%BA

 

http://santoninoshrine.blogspot.com/

 

 

 

 

sexta-feira, 23 de outubro de 2020

MENINO JESUS DE PRAGA VENCENDO AS AMEAÇAS DE HEREGES E ATEUS

 


Antigo rei da Tchecoslováquia fundou um Convento Carmelita após conseguir grande vitória numa batalha importante. Foi um ato de agradecimento. Tempos mais tarde, o convento começou a passar por grande crise. Os padres carmelitas, então, pediram ajuda a Deus.

Certo dia, receberam a visita da Princesa Polixene Lobkwitz, que estava em seus últimos dias de vida. Ela levou aos padres uma grande oferta em dinheiro que os tirou da crise. A princesa prometeu dar aos padres uma bela imagem do Menino Jesus, vestido de Rei, com o globo terrestre na mão esquerda e a mão direita levantada para abençoar.

 Origens da imagem do Menino Jesus de Praga

A ligação da devoção ao Menino Jesus e os carmelitas já vinha de longa data. Santa Tereza D’Ávila, diz a tradição, teria sido a primeira pessoa a vestir o Menino Jesus com roupas de rei. Há uma versão de que foi ela quem introduziu a devoção ao Menino Jesus nos conventos carmelitas.

Conta-se que a mãe da Princesa Polixene, que era espanhola, tinha ganhado a imagem da própria Santa Tereza D’Ávila. Quando Polixene se casou com um nobre tcheco, ela ganhou a imagem de sua mãe e a levou para a Tchecoslováquia. Antes de sua morte, a princesa fez questão de dar a imagem aos carmelitas, como uma homenagem a Santa Tereza.

No ano de 1628, Frei João Luís da Assunção, então Prior dos carmelitas descalços de Praga, comunicou a seus religiosos que havia sentido uma moção interior no sentido de que venerassem de um modo especial o Deus-Menino, para que Ele protegesse a comunidade, e a fim de que os noviços aprendessem com Ele a ser pequeninos para entrarem no reino dos Céus.

Quase simultaneamente a Providência inspirou a Princesa Polyxena de Lobkowicz — que então enviuvara e ia se retirar para seu castelo de Roudinice nad Labem — a doar ao convento carmelita uma imagem do Menino Jesus que possuía. Ele era representado de pé, portando trajes reais, com o globo na mão esquerda e a direita em atitude de abençoar. Tal imagem era querida recordação de família, pois sua mãe, Da. Maria Manrique de Lara, a recebera como presente de núpcias quando se casou com Vratislav de Pernstein, e a dera à filha também como presente de bodas.

A Princesa Polyxena disse ao prior, ao entregar-lhe a imagem: “Eu vos ofereço, querido padre, o que mais quero no mundo. Honrai este Menino Jesus e assegurai-vos de que, enquanto O venerardes, nada vos faltará”.

Frei João Luís agradeceu o presente, que vinha tão milagrosamente ao encontro do seu desejo, e ordenou que a imagem fosse colocada no altar do oratório do noviciado. Ali os carmelitas se reuniriam todos os dias para louvar o Divino Infante e recomendar-Lhe suas necessidades.


Do ataque sacrílego de protestantes à perseguição comunista

Em novembro de 1631, sob o comando do príncipe eleitor da Saxônia, Praga foi assediada. Os soldados protestantes invadiram igrejas e conventos, profanando e destruindo os objetos do culto católico. Puseram na prisão dois frades carmelitas e começaram a depredar o convento. Vendo no oratório dos noviços a imagem do Menino Jesus, começaram a rir e a zombar dela. Um dos soldados, desejoso de mostrar-se diante dos outros, com a espada decepou as mãozinhas da imagem sob os aplausos dos companheiros. Depois, empurrou-a para o meio dos escombros a que ficara reduzido o altar. Ali o Menino Jesus ficou esquecido.

 

Redescoberta da imagem

Depois de mais de sete anos da invasão protestante, quando a poeira já havia baixado, um carmelita, Padre Cirilo, voltou para o convento em Praga e encontrou a imagem perdida. Ela estava com as duas mãos quebradas. Feliz, o Padre a recolocou na igreja de Nossa Senhora das vitórias.

 

Restauração da Imagem do Menino Jesus de Praga

Certo dia, quando o padre Cirilo estava em profunda oração, ouviu uma voz que lhe dizia: “Tem piedade de mim e eu terei de ti. Restitui-me as minhas mãos e eu vos darei a paz. Quanto mais me honrardes, mais eu vos favorecerei”.

Em outro dia de profunda oração e súplicas o padre ouviu o Menino Jesus lhe dizer: “Põe-me à entrada da sacristia e alguém terá piedade de mim”. Então um senhor muito rico chegou ali e se ofereceu para restaurar a imagem. Quando ela ficou pronta, foi entronizada na mesma igreja em que estava e o convento passou a ter dias melhores.

 

Os milagres do Menino Jesus de Praga

Por causa deste acontecimento a devoção ao menino Jesus de Praga começou a se estender pela redondeza. Vários milagres começaram a acontecer quando os fiéis rezavam ao Menino Jesus de Praga. Por isso, a devoção se espalhou por toda a Europa e depois para o mundo. Ainda hoje, a cidade de Praga é famosa por causa da devoção ao Menino Jesus.

Com a volta à normalidade, chegou a Praga em 1651 o Superior Geral dos Carmelitas, Frei Francisco do Santíssimo Sacramento, que aprovou a devoção do Divino Infante, recomendando aos frades que a difundissem pelos outros conventos austríacos e entre os fiéis. Deixou escrita uma carta, reconhecendo a legitimidade do culto à sagrada imagenzinha, que foi afixada na porta da capela do Menino Jesus.

Em 1744, mais uma vez as tropas dos protestantes, agora prussianos, cercaram Praga. As autoridades da cidade acorreram ao convento dos carmelitas, pedindo ao prior que a imagem do Menino Jesus fosse levada em procissão solene pela cidade, a fim de a livrar da destruição dos hereges. E realmente chegou-se a uma capitulação honrosa, sem batalhas; poucos meses depois os prussianos deixariam Praga, e todos seus comovidos habitantes acorreram à igreja de Nossa Senhora da Vitória para agradecer ao Menino Jesus mais essa graça.

Entretanto, outro perigo maior ameaçava a devoção ao Divino Infante. Em 1784, o ímpio Imperador José II suprimiu o convento dos carmelitas e confiou a igreja de Nossa Senhora da Vitória à Ordem de Malta, já decadente e infestada de maçons. E assim, sem a assistência contínua dos carmelitas, o culto ao Menino Jesus decaiu.

No entanto, de Praga o culto ao Menino Jesus já havia se difundido por toda a Europa, e daí para a América Latina (inclusive Brasil), Índia e Estados Unidos. Neste país, isso se deu graças à devoção de Santa Francisca Xavier Cabrini, que ordenou a entronização, em cada uma das casas do instituto por ela fundado, de uma imagem do Pequeno Rei.

No dia 7 de setembro de 1924, Sua Santidade o Papa Pio XI enviou especialmente o Cardeal Merry del Val para coroar solenemente a sagrada imagem. Assim, a devoção ao Menino Jesus de Praga recebia a aprovação oficial da Igreja.

 

Imagem preservada durante tiranias nazista e comunista

Já no século XX, durante a II Guerra Mundial, houve a ocupação de Praga pelos nazistas, e depois o flagelo comunista abateu-se sobre o país durante quase 50 anos. Mas nem um nem outro inimigo da fé católica atentou contra a milagrosa imagem, que continuou em seu trono na igreja de Nossa Senhora da Vitória.

Finalmente, em 1989, com a queda do Muro de Berlim, e depois, com a Revolução do Veludo, cessou a ditadura comunista na Checoslováquia, que se transformou na República Checa, independente e soberana. Foi restabelecida a liberdade civil e religiosa, e o novo Arcebispo de Praga, que fora também vítima da repressão comunista, quis que reflorescesse a devoção ao Menino Jesus. A convite dele, dois frades carmelitas, justamente de Arenzano, foram para Praga reabrir o convento e estimular a devoção ao Divino Menino Jesus.

  Fontes:

http://heroinasdacristandade.blogspot.com/2019/06/primeiro-domingo-de-junho-festa-mundial.html

 

https://cruzterrasanta.com.br/historia-de-menino-jesus-de-praga/19/102/