quarta-feira, 17 de junho de 2020

PEQUIM HERDOU DE MOSCOU O PAPEL DE “FERA” ?






PEQUIM HERDA DE MOSCOU O PAPEL DE “FERA”

(Pequeno trecho de artigo publicado por Dr. Plínio Corrêa de Oliveira em janeiro de 1960, onde o mesmo analisa profeticamente o papel  que a China desenvolveria futuramente na propagação da Revolução em sua fase mais cruel, que é a difusão do comunismo no mundo. Note-se que tudo o que ele diz nesse artigo começou a ficar mais evidente uma década depois, quando Nixon foi à China e carreou fortunas de dinheiro para sustentar o comunismo naquele país)

Ora, a China é precisamente uma nação que em sua imensa maioria jamais foi cristã. Se bem que de seu glorioso passado imperial lhe advenham muitas tradições formalmente opostas ao comunismo, é preciso lembrar que o processo de ocidentalização a que ela já está sujeita há um século – arredondamos um tanto a cifra –, a proclamação da república, a penetração dos germes terríveis da Revolução que grassa no Ocidente, o espírito igualitário, laicista e sensual que infelizmente impregna quase tudo quanto a China vem importando, o prolongado período de guerras internas que abalaram todos os seus quadros sociais até a queda de Chang-Kai-Chec e o advento do comunismo, tudo enfim vem concorrendo de há muito para debilitar a resistência oposta pelas estruturas e tradições chinesas ao comunismo. Ademais, se é verdade que a Igreja tem prosperado muitas vezes (e nem sempre, note-se de passagem) com as perseguições, também é verdade que estas costuma destroçar tudo quanto não é católico. O protestantismo, por exemplo, sofreu um tremendo retrocesso com o nazismo, a igreja cismática foi quase aniquilada na Rússia bolchevista. Pois o que ali se encontra com esse nome é mais um fantasma suscitado pelos maquiavéis do Kremlin para efeitos de propaganda, do que propriamente uma seita religiosa.
Assim, o marxismo encontra, numa China em que sobre o velho tronco pagão se insere o venenoso enxerto neopagão, verdadeiramente uma terra de eleição.
De onde, engrandecer a China às expensas da Rússia é transferir gradualmente a preponderância para o pior dos elementos do mundo comunista.
Ora, é neste processo que está em curso no presente momento. Constitui ele o verso da medalha da "aproximação" da União Soviética com o Ocidente. A China comunista vai ocupando lentamente a Ásia. Infiltrou-se rumo ao sul, até fazer estremecer Singapura e a Austrália. Deglutiu o Tibet com uma selvageria de canibal. A Índia estremece diante dela. Em palavras mais breves, um continente quase inteiro está ameaçado com o crescer deste polvo. E o Micado, o Xá, o Rei da Jordânia ou o Generalíssimo Chang-Kai-Chec sentem que em breve estarão passando pelas mesmas aperturas de Nehru, senão do Dalai Lama.

(Plínio Corrêa de Oliveira – trecho do artigo “A Revolução em 1960”, publicado em janeiro daquele ano no jornal de cultura católica “Catolicismo”).



quinta-feira, 11 de junho de 2020

TENDE CONFIANÇA, NADA TEMAIS!







Nosso Senhor Jesus Cristo nos convida à Confiança
Voz de Cristo, voz misteriosa da graça que ressoa no silêncio dos corações, vós murmurais no fundo das nossas consciências pa­lavras de doçura e de paz. Às nossas misérias presentes repetis o conselho que o Mestre dava, freqüentemente, durante a sua vida mortal: “Confiança, confiança!”
À alma culpada, oprimida sob o peso de suas faltas, Jesus dizia: “Confiança, filha, teus pecados te serão perdoados!”[1]  “Confiança”, dizia ainda à doente abandonada que só d’Ele esperava a cura, “tua fé te salvou”[2]. Quando os  Apóstolos tremiam de pavor vendo-O cami­nhar, de noite, sobre o lago de Genesaré, Ele os tranqüilizava por esta expressão pacificadora: “Tende confiança! Sou Eu, nada te­mais!”[3] E na noite da Ceia, conhecendo os frutos infinitos de seu Sacri­fício, lançava Ele, ao partir para a morte, o brado de triunfo: “Confiança! Confiança! Eu venci o mundo!...”[4]
Esta palavra divina, ao cair de seus lábios adoráveis, vibrante de ternura e de piedade, operava nas almas uma transformação ma­ravilhosa. Um orvalho sobrenatural lhes fecundava a aridez, clarões de esperança lhes dissipavam as trevas, uma calma serenidade delas afugentava a angústia.  Pois as palavras do Senhor são “espírito e vida”[5]. “Bem-aventurados os que a ouvem e a põem em prática”[6]
Como outrora aos seus discípulos, é a nós, agora, que Nosso Senhor convida à confiança. Porque recusaríamos atender à sua voz?...

Muitas almas têm medo de Deus
Poucos cristãos, mesmo entre os fervorosos, possuem essa confiança que exclui toda ansiedade e toda hesitação. Várias são as causas dessa deficiência. O Evangelho narra que a pesca miraculosa aterrou São Pedro. Com a impetuosidade habitual, ele mediu de re­lance a distância infinita que separava da sua própria pequenez a grandeza do Mestre. Tremeu de terror sagrado, e prosternando-se, a face contra a terra : “Afastai-Vos de mim, Senhor, exclamou, que sou um pecador!”[7]
Certas almas têm, como o Apóstolo, esse terror. Elas sentem tão vivamente a própria indigência e as próprias misérias, que mal ousam aproximar-se da Divina Santidade. Parece-lhes que um Deus assim puro deveria sentir repulsão ao inclinar-Se para elas. Triste impressão, que lhes dá à vida interior uma atitude contrafeita, e, por vezes, a paralisa completamente.
Como se enganam essas almas!
Logo aproximou-se Jesus do Apóstolo assustado: “Não temas” [8] disse-lhe, e o fez levantar-se...
Vós também, cristãos, que do seu amor tantas provas recebestes, nada temais! Nosso Senhor receia acima de tudo que tenhais medo d’Ele. Vossas imperfeições, vossas fraquezas, vossas faltas, mesmo graves, vossas reincidências tão freqüentes, nada O desanimará, contanto que desejeis sinceramente converter-vos. Quanto mais miseráveis sois, mais Ele tem compaixão de vossa miséria, mais deseja cumprir, junto a vós, sua missão de Salvador...
Não foi sobretudo para os pecadores que Ele veio à terra?...[9]

A outras falta a fé
A outras almas falta a fé. Elas têm certamente essa fé comum, sem a qual trairiam a graça do Batismo. Crêem que Nosso Senhor é todo-poderoso, bom e fiel a suas promessas; mas não sabem aplicar essa crença às suas necessidades particulares. Não são dominadas pela convicção irresistível de que Deus, atento às suas provações, para elas Se volte a fim de socorrê-las.
Jesus Cristo pede-nos, no entanto, essa fé especial e concreta. Ele a exigia outrora como condição indispensável dos seus milagres; espera-a ainda de nós, antes de nos conceder os seus benefícios...
“Se podes crer, tudo é possível àquele que crê”...[10] dizia ao pai do pequenino possesso. E, no convento de Paray-le-Monial, empregando quase os mesmos termos, repetia a Santa Margarida Maria: “Se puderes crer, verás o poder do meu Coração na magnificência do meu amor...”
Podeis crer? Podereis chegar a essa certeza tão forte que nada a abala, tão clara que equivale à evidência?...
Isso é tudo. Quando chegardes a esse grau de confiança vereis maravilhas realizarem-se em vós...
Pedi ao Mestre Divino que aumente a vossa fé.  Repeti-lhe com freqüência a prece do Evangelho: “Eu creio, Senhor, mas ajudai a minha incredulidade!...”[11]

Esta desconfiança de Deus lhes é muito prejudicial
A desconfiança, sejam quais forem suas causas, nos traz prejuízo, privando-nos de grandes bens.
Quando São Pedro, saltando da barca, se lançou ao encontro do Salvador, caminhou, a princípio, com firmeza sobre as ondas. Soprava o vento com violência. As vagas ora levantavam-se em turbilhões furiosos ora cavavam no mar abismos profundos... A voragem abria-se diante do Apóstolo. Pedro tremeu... hesitou um segundo, e, logo, começou a afundar...  “Homem de pouca fé, disse-lhe Jesus, por que duvidaste?...”[12]
Eis a nossa história. Nos momentos de fervor, ficamos tranqüilos e recolhidos ao pé do Mestre. Vindo a tempestade, o perigo absorve a nossa atenção. Desviamos então os olhares de Nosso Senhor para fitá-los ansiosamente sobre os nossos sofrimentos e perigos. Hesitamos... e afundamos logo! Assalta-nos a tentação. O dever se nos torna enfadonho, a sua austeridade nos preocupa, o seu peso nos oprime. Imaginações perturbadoras nos perseguem. A tormenta ruge na inteligência, na sensibilidade, na carne...
E perdemos pé; caímos no pecado, caímos no desânimo, mais pernicioso do que a própria falta. Almas sem confiança, por que duvidamos?
A provação nos assalta de mil maneiras. Ora os negócios temporais periclitam, o futuro material nos inquieta. Ora a maldade ataca-nos a reputação. A morte quebra os laços de afeições das mais legítimas e carinhosas. Esquecemos, então, o cuidado maternal que tem por nós a Providência...  Murmuramos, revoltamo-nos, aumentamos assim as dificuldades e o travo doloroso do nosso infortúnio.
Almas sem confiança, por que duvidamos?
Se nos tivéssemos apegados ao Divino Mestre com uma confiança tanto maior quanto mais desesperada parecesse a situação, nenhum mal desta nos adviria... Teríamos caminhado calmamente sobre as ondas; teríamos chegado, sem tropeços, ao golfo tranqüilo e seguro, e, breve, teríamos achado a plaga hospitaleira que a luz do Céu ilumina...
Os Santos lutaram com as mesmas dificuldades... muitos dentre eles cometeram as mesmas faltas. Mas estes, ao menos, não duvidaram... Ergueram-se sem tardança, mais humildes após a queda, não contando, desde então, senão com os socorros do Alto... Conservaram no coração a certeza absoluta de que, apoiados em Deus, tudo poderiam. Não foram iludidos nessa confiança. [13]
Tornai-vos, pois, almas confiantes. Nosso Senhor a isso vos convida; e o vosso interesse assim o exige. Tornar-vos-ei, ao mesmo tempo, almas iluminadas, almas de paz.

(cap. I, 1, 2 e 3 do LIVRO DA CONFIANÇA, do Padre Thomas de Saint-Laurent)

AS NOSSAS INFIDELIDADES REITERADAS NÃO DEVE FAZER-NOS PERDER A COFIANÇA EM DEUS. SÓ A PERDEMOS POR TERMOS FALTA DE FÉ

Deus, pai terno de todas as suas criaturas, empregou todos os meios para tranquilizá-las contra estes temores excessivos que as afastam d’Ele. Receando que, compenetrado da sua ingratidão, espantado com as suas infidelidades reiteradas, depois de tantas vezes lhes haver obtido o perdão, o homem perdesse toda a esperança e não mais ousasse dirigir-se a Ele para sair do abismo em que seria precipitado, não somente Ele lhe assegura que os que esperam n’Ele não serão confundidos (Sl 21), mas lhe declara de maneira bem precisa a sua vontade misericordiosa sobre este ponto importante: impõe-lhe como preceito esperar n’Ele.
Este preceito, só podemos cumpri-lo ultimamente pela sua graça. Poderia Deus ter estabelecido esse preceito se não tivesse querido ajudar-nos? E, se o estabeleceu, pode não ficar sensibilizado com a nossa obediência, quando o invocamos na sinceridade do nosso coração? Pode abandonar-nos, quando cumprimos aquilo que Ele nos prescreveu para obtermos o seu socorro? Não; Deus não falta à sua palavra. Se sucumbirmos, é que a nossa confiança se enfraquece, é que temos falta de Fé.
Quereis uma prova e um exemplo disto? Fornecer-vo-los-á o Evangelho. Fiado na palavra de Jesus Cristo, Pedro, cheio de confiança, anda sobre as águas. O vento vem a soprar, a confiança do Apóstolo diminui: ele teme, começa a afundar. Excitando o temor, o perigo reanima a confiança: Pedro recorre ao seu divino Mestre, que lhe estende a mão para impedi-lo de perecer. Para nos instruir, Jesus não quis deixar seu Apóstolo ignorar a causa do perigo que este havia corrido. Exprobrou-lhe a     sua falta de confiança: “Homem de pouca fé, diz-lhe Ele, por que duvidaste?”
Imagem natural, esta, do que sobejas vezes acontece a uma alma cristã. Enquanto tudo está em paz no seu coração, ela anda com confiança para ir a Jesus Cristo, conforme Ele a chama. Mas acaso o vento da tentação vem a elevar-se? Acaso as dificuldades da virtude fazem-se sentir? Então ela se perturba, esquece-se de que anda fundada na palavra de Jesus Cristo, começa a temer; hesita na sua confiança, que se enfraquece sempre mais por essa infidelidade: e ela começa a afundar; e, se a volta da confiança não lhe atrai um pronto socorro, ela sucumbe,
São Pedro estava perdido, se não houvesse chamado Jesus para salvá-lo; e esse bom Mestre não lhe faltou. Se uma alma cristã, depois de imitar a fraqueza desse Apóstolo, em vez de perder um tempo precioso em se assustar, em se lamentar, invocasse como ele o seu Salvador, logo experimentaria a proteção d’Ele; evitaria tantas quedas, tantas inquietações que a sua pouca confiança lhe ocasiona. Mas, neste caso, só deve ela queixar-se de si mesma, se não aproveita o socorro que está sempre pronto, que lhe é sempre oferecido. Ela conhece o perigo, sabe o meio de se subtrair a ele: é realmente culpa sua se não segue essa luz.

(“Tratado do Desânimo nas Vias da Piedade” – Padre J. Michel, SJ – Ed. Vozes, págs. 27/29)



[1] Confide, filii, remittuntur tibi pecata tua (MT 9, 2)
[2] Confide, filii, tua te salvam fecit (Mt 9, 22)
[3] Confidite, ego sum, nolite timere (Mc 4, 50)
[4] Confidite, ego vici mundum (Jo 6, 33)
[5] Verba quae ego locutus sum vobis, spiritus et vita sunt  (Jo 6, 64)
[6] Beati qui audiunt verbum Dei et custodiunt ilud (Lc 9, 28)
[7] Exi a me, quia homo peccator sum, Domine (Lc 5, 8)
[8] Noli timere (Lc 5, 10)
[9] Non enim veni vocare justos sed peccatores (Mc 2, 17)
[10] Si credere potes, omnia possibilita sunt credenti (Mc 9, 22)
[11] Credo, Domine, adjuva incredulitatem meam (Mc 9, 23)
[12] Modicae fidei, quare dubitasti? (MT 14, 31)
[13] Spes autem non confundit (ROM 5, 5)

terça-feira, 9 de junho de 2020

SÃO JOSÉ DE ANCHIETA, ESPERANÇA DE PROTEÇÃO CONTRA A COVID-19





 Redação (09/06/2020 15:58, Gaudium Press) Neste ano de 2020, coincide com o dia de São José de Anchieta o momento de tristeza e apreensão pelo qual passa o país do qual ele foi Apóstolo.
De fato, o Brasil vive a pandemia do novo coronavírus e a covid-19 se espalha por todos os cantos da nação. E tudo parece incontrolável.
Não é fora de propósito, recordando a história do Santo, fazer uma pergunta:
Se José de Anchieta vivesse conosco esse período, o que faria ele?

O que faria José de Anchieta numa época de pandemia?
Nos 44 anos que dedicou na Evangelização da Terra de Santa Cruz existem registros que mostram que ele atentava também “dos cuidados físicos nas enfermidades, do interesse em conhecer a medicina indígena para curar as doenças e, sobretudo, da sua profunda oração e inabalável esperança na misericórdia e providência divina”.
Existem testemunhos recolhidos pelo Pe. Pero Rodrigues, SJ, segundo o qual, “quando se achava entre os índios, [José de Anchieta] cuidava deles em suas doenças. Nunca se negava para os servir no espiritual e temporal, ainda que houvesse de passar fome, frio e maus caminhos, e todas as mais incomodidades que a terra e o tempo ocasionavam”.
Na cidade que hoje se chama Anchieta, informa o site do Santuário Nacional de Anchieta: “neste mesmo lugar, São José de Anchieta fez as suas próprias orações, cuidou e sarou enfermos. Aqui, em particular, invocou a proteção materna de Maria contra as enfermidades”.
O mesmo site recorda que 1590, por ocasião da dedicação da Igreja de Nossa Senhora da Assunção, o santo escreveu e encenou o Auto da Assunção, uma peça teatral que conta a história da visita de Maria a aldeia.
Nesta obra, o santo colocou na voz do anjo a seguinte invocação em tupi:
“Mãe de Deus Virgem Maria, vem a aldeia visitar, dela o demônio expulsar. Oxalá com alegria progridamos em te amar. Afasta-lhe a enfermidade, a febre, a disenteria, as corrupções, a ansiedade, para que a comunidade creia em Deus, teu Filho e guia”.
O site do Santuário recorda: “na missão de Piratininga, atormentados de inúmeras enfermidades e epidemias”, recorriam ao santo que se colocou “entre a sala de aula e a enfermaria socorrendo muitos filhos e filhas” que o procuravam.

Do Céu, ele pode fazer por nós mais do que se aqui estivesse
Neste momento de peste incontrolável que assola a Terra de Santa Cruz, as soluções vindas deste mundo parecem cada vez mais difíceis.
E quando as soluções não chegam de lugar nenhum, elas vêm do Céu.
Do Céu São José de Anchieta é capaz de fazer por aqueles que são fruto de seu apostolado mais ainda do que faria se aqui estivesse entre nós.
Por isso, nada melhor do que recorrer àquele que fez tanto bem espiritual e temporal para as gentes brasílicas. Confiemos então ao Apóstolo do Brasil “a saúde do corpo e da alma do povo desta terra”.

Oração a São José de Anchieta em tempo de peste e pandemia
Trazemos aqui a oração a São José de Anchieta difundida pelo Santuário Nacional de Anchieta:
São José de Anchieta, Apóstolo do Brasil, a quem confiamos a saúde do corpo e da alma do povo desta terra.
Encontraste boa saúde nestes trópicos e recomendaste as terras do Brasil, vinde em nosso auxílio diante desta grande calamidade que nos assola.
Foste tu que se colocaste entre a sala de aula e a enfermaria socorrendo muitos filhos e filhas que te procuravam na missão de Piratininga, atormentados de inúmeras enfermidades e epidemias.
Foste tu que na carência total se fez médico e com as plantas desta terra encontrou veículo para novas medicinas.
Foste tu que movido pelo zelo do Evangelho tentou salvar a muitos por meio da Palavra e da Eucaristia, aumentai em nós a Fé, a Esperança e a Caridade, para que, movidos pelos mesmos sentimentos de Cristo, possamos servir os mais pobres e necessitados.
Como foste tudo para todos, fazei-nos colocar toda a nossa confiança nas mãos de Cristo Jesus. Para que, no nosso pôr do sol, brilhe vitoriosa a luz do Cristo.
Que a Virgem Maria rogue por nós em nossas agonias, dando-nos seu Filho Jesus como remédio para a nossa vida.
São José de Anchieta, rogai por nós.
Amém.

O QUE A MÍDIA NÃO FALA SOBRE O RACISMO NOS ESTADOS UNIDOS







A propósito da onda de protestos recentes nos Estados Unidos da América, ocasionada pela morte de um negro por um policial branco, surgiu repentinamente uma organização mundial sob o epíteto de Antifas, com pretensões de combater não tanto o ódio racial, mas o fascismo político.
Vê-se nessa ocasião uma semelhança do que ocorreu em 1992, quando uma onda de violência racial foi detonada por causa do clamor provocado pela mídia, especialmente por canais de TV. A diferença é que, naquele ano a motivação foi exclusivamente racial, enquanto que nos dias de hoje o racismo foi apenas o pretexto para a ação política de elementos de esquerda e adeptos de uma nova ordem mundial anárquica condizentes para a desordem social.
Vejamos como os fatos se deram naquele ano, quando a comoção social foi detonada por canais de TV da mesma forma que hoje.

O ódio racial que explodiu em Los Angeles, em 1992, deixando 53 mortos e mil feridos, foi excitado pela mídia

Tudo ocorreu porque um júri popular absolveu em Los Angeles quatro policiais brancos que no ano anterior haviam espancado um motorista negro durante uma blitz. Um vídeo amador havia documentado as agressões e foi ostensivamente divulgado por canais de TV, promovendo grande comoção social entre os negros. Nas reportagens, as TVs destacavam o fato de todos os membros do jurado não serem negros, dando grande realce ao ódio racial. Em pouco tempo havia manifestações violentas de negros contra brancos, queimando lojas, destruindo e matando. Em dezenas de grandes cidades, como Houston, Las Vegas e São Francisco foi ateado o ódio racial. Passeatas reuniam milhares de negros em cidades como Nova York, onde só se via incêndios, arruaças, depredações e... mortes. A partir da divulgação das notícias em todas as emissoras do mundo, o destaque era para o ódio racial dos brancos, como que “desculpando” ou justificando as violências praticadas pelas comunidades negras em revolta.[1] Segundo a tônica geral da mídia, o ódio racial parte quase sempre dos brancos, quando não é sempre assim. Segundo dados estatísticos, o racismo tem origens mais profundas.

Violência de negros contra brancos nos EUA é mais de 25 vezes maior que o inverso, mas jornais escondem dados

Os ataques de brancos contra negros são acontecimentos comuns, muito mais frequentes do que os de negros contra brancos, ou negros contra negros? Os dados omitidos na cobertura da imprensa mostram o contrário. Vejam tais dados, que resumimos abaixo, divulgados por jornalista da insuspeita revista “Veja”:
1)  Assassinatos:
– Entre 93 e 94% dos negros assassinados nos EUA são mortos por outros negros.
O ex prefeito de Nova York Rudy Giuliani foi chamado de racista pelo ativista negro Michael Eric Dyson por dizer, no calor do debate, que “policiais brancos não estariam lá (nas comunidades negras) se vocês não estivessem se matando uns aos outros”. Depois o ex-prefeito teve de explicar na CNN:
“Eu disse a mesma coisa que o presidente dos Estados Unidos disse e fui acusado de ser racista. O presidente disse ‘porque as comunidades minoritárias normalmente estão sujeitas a mais crimes, elas precisam de aplicação da lei mais do que ninguém’. Quando ele disse isso, ele não foi acusado de ser racista. Quando eu disse, o meu adversário disse que eu era um racista. Se houver grandes quantidades de crime na comunidade, nós colocamos mais policiais lá. Se não fizéssemos isso, seríamos racistas (também). Se eu colocar todos os meus policiais na Park Avenue e nenhum dos meus policiais onde estão ocorrendo cinco vezes mais crimes, então eu serei acusado de racista. A polícia vai aonde o crime é cometido.”
Em outra oportunidade, declarou:  “Até o momento em que me tornei prefeito, milhares de negros estavam sendo mortos a cada ano. Quando deixei o cargo, o número havia baixado para cerca de 200. Eu provavelmente salvei mais vidas de negros como prefeito de Nova York do que qualquer prefeito na história desta cidade. Eu gostaria de ver se o dr. Dyson já salvou tantas vidas em sua comunidade como eu salvo, e eu fiz isso por ter de usar policiais em áreas de negros onde havia uma quantidade enorme de crimes.”
2) Crimes violentos não letais:
Os dados da Pesquisa Nacional de Vitimização de Crime (NCVS, na sigla em inglês) sobre crimes violentos não letais cometidos em 2010 – último ano disponível – são os seguintes:
– Brancos contra negros: 62.593;
– Negros contra brancos: 320.082.
Logo: negros cometem 5 vezes mais crimes violentos contra brancos do que o contrário.
Mas estes são números absolutos. Proporcionalmente, ainda é pior.
– População branca: 197.000.000.
– População negra: 38.000.000.
– Crimes violentos de brancos contra negros por cada 100 mil brancos = 62.593 x 100.000/197.000.000 = 32.
– Crimes violentos de negros contra brancos por cada 100 mil negros = 320.082 x 100.000/38.000.000 = 842.
Logo:
– Taxa de crimes violentos de negros contra brancos é mais de 25 vezes maior do que o contrário.
No caso específico de “agressão agravada”, a diferença ainda aumenta:
– Brancos contra negros: 1.748.
– Negros contra brancos: 67.755.
Logo:
– A taxa de crimes de “agressão agravada” de negros contra brancos é 200 vezes maior do que o contrário.
Nos casos de roubo e estupro, há um dado curioso (e aqui vou inverter a ordem, em nome do suspense):
– Negros contra brancos: 13.000 estupros; 39.000 roubos.
– Brancos contra negros: 0!
Isso mesmo: o número de estupros e roubos de brancos contra negros relatados na pesquisa é tão infinitesimal que o dado foi arredondado para zero.
“Para atiçar o fogo do ressentimento racial em face desses fatos contrários”, como escreve David Horowitz, “os defensores dos direitos civis fingem que as estatísticas mentem ou que apenas mencioná-las é um ato de racismo. Eles nos dizem que os criminosos negros não são, na verdade, os criminosos; o verdadeiro culpado é o ‘sistema branco e injusto de justiça’”.
Escreve Horowitz:
“Nenhum membro da imprensa perturbou seu dueto [Obama e Hillary] salientando que os afro-americanos cometem muitos mais crimes proporcionalmente do que os brancos. Isto é ‘privilégio de pele negra’ e ilustra como as atitudes racistas anti-brancos tornaram-se predominantes na cultura política.
Por pura repetição e falta de informação corretiva, os mitos de ‘privilégio de pele branca’ deixaram uma marca profunda na cultura em geral e na cultura dos negros americanos em particular. De acordo com uma recente pesquisa do Washington Post e da ABC News, 84% dos negros norte-americanos acham que o sistema de justiça os trata de forma injusta. Mas, se é verdade que os negros são presos em maior número do que sua representação na população, também é verdade que eles cometem crimes em número muito maior do que sua representação garantiria. Os afro-americanos são 12,6% da população dos EUA, mas eles são responsáveis por 38,9% de todas as detenções em casos de crimes violentos – incluindo 32,5% de todos os estupros, 55,5% de todos os roubos e 33,9% de todas as ‘agressões agravadas’. Isto porque eles são presos por crimes que não cometeram? Eles são apenas ‘culpados por serem negros’? Na verdade, as estatísticas são compiladas por meio de entrevistas com as vítimas destes crimes violentos, o que, no caso de crimes cometidos por negros, são em sua maioria negras elas próprias. Em 2010, autores negros eram responsáveis por 80% de toda a violência contra os negros (incluindo 94% dos homicídios), enquanto autores brancos representavam apenas 9% de toda a violência contra os negros.
Outro fato inconveniente para os promotores do mito racial ‘sistema de injustiça’ é que muitas cidades de alta criminalidade com população de maioria negra e altas taxas de prisão de negros são dirigidas por prefeitos afro-americanos e chefes de polícia afro-americanos. Entre eles estão Detroit, Jackson, Birmingham, Memphis, Flint, Savannah, Atlanta, e Washington. Conhecedor dos métodos usados pela polícia para combater o crime e da contribuição desproporcional de negros para as taxas de criminalidade, o ex-chefe de polícia negro de Los Angeles Bernard Parks disse: ‘Não é culpa da polícia quando eles param homens das minorias ou os colocam na cadeia. É culpa dos homens das minorias por cometerem o crime. Na minha mente, não é uma grande revelação que, se os oficiais estão à procura de atividade criminal, eles vão olhar para o tipo de pessoas que estão listadas em relatórios de crimes.’ Mas esta atitude sensata não penetrou na liderança do Partido Democrata, nem no moralmente degradado movimento dos direitos civis neste país.”
Nada disso você lê nos jornais. Nada isso importa à militância. Os casos Trayvon Martin e Michael Brown mostraram que a esquerda agora quer que os negros também tenham o “direito” de espancar ou tentar pegar a arma de autoridades sem correr o risco de serem mortos.
E se você acha que Giuliani, Horowitz e eu só constatamos esses fatos porque somos brancos, assista ao “épico massacre moral e intelectual”[2]  imposto pelo radialista negro Larry Elder no âncora esquerdista branco da CNN Piers Morgan sobre a violência inter-racial, na ocasião da morte de Martin: “O racismo não é mais um dos principais problemas da América. O problema número 1 entre as pessoas negras é o alto número de negros nascidos fora do casamento: 75%. Em 1960, 5% de todas as pessoas deste país haviam nascido fora do casamento. Atualize-se, Piers. O número agora é de 43%. Olhe para isso, para os crimes, para o abandono dos estudos – está tudo conectado”, ensinou Elder.
Pois é. Os fatos são coisas teimosas. E, felizmente, não dependem da cor de ninguém. [3]
Repete-se, nos dias de hoje, onda semelhante de violências supostamente raciais, demonstrando que o detonador deste ódio é a própria mídia e também que há mais ódio de negros contra negros do que de brancos contra negros.
Tornado um movimento político criminoso e terrorista pelo presidente americano, já se sabe que o Antifas nada tem de anti-racista, muito menos de democrata.

Os distúrbios de 1992 estão assim registrados na wikipédia:
 Os distúrbios de Los Angeles em 1992 foram desencadeados em 29 de abril de 1992, quando um júri absolveu oficiais do Departamento de Polícia de Los Angeles, três brancos e um hispânico, acusados ​​de agressão contra o motorista negro Rodney King após uma perseguição em alta velocidade. A agressão dos policiais foi filmada. Milhares de pessoas na área de Los Angeles se revoltaram ao longo dos seis dias após o veredito provocando um conflito racial.
Saques, assaltos, incêndios, assassinatos e danos materiais ocorreram, causando cerca de US$ 1 bilhão de prejuízo. Ao todo, 53 pessoas morreram durante os tumultos e milhares mais foram feridas.Reginald Denny, um motorista de caminhão branco que passava pelo local dos distúrbios, foi arrancado de seu caminhão e agredido violentamente quase até a morte, tornando-se involuntariamente um símbolo da agressão e violência dos dias dos distúrbios.
Os tumultos começaram no dia 29 de abril e iniciaram-se na região sul da cidade de Los Angeles, espalhando-se em seguida por toda a região metropolitana do Condado de Los Angeles. Como a polícia local não conseguiu lidar com a situação após quase uma semana de protestos, o Corpo de Fuzileiros Navais e a Guarda Nacional da Califórnia foram chamados para patrulhar as ruas, e, no sexto dia após o início, os tumultos finalmente cessaram. Após o final dos protestos, uma profunda reforma na polícia de Los Angeles foi realizada, o que incluiu a demissão do chefe de polícia, e os policiais envolvidos foram novamente julgados.


segunda-feira, 8 de junho de 2020

AS BEM-AVENTURANÇAS SÃO CONTRÁRIAS AO ESPÍRITO PAGÃO E SECTÁRIO







Na maioria dos povos que cercavam os hebreus o que predominava era costumes e leis antinaturais, muitas das quais ainda oriundas de Hamurabi, um antigo rei babilônico. Nosso Senhor condena-­as ao dizer: “Ouvistes que foi dito: “Olho por olho, e dente por dente”. Eu, porém, digo-­vos que não resistais ao que é mau; mas, se alguém te ferir na tua face direita, apresenta­-lhe também a outra...” (Mt 5, 38), numa alusão clara àquelas leis que, aliás, foram adotadas também por Moisés.
Por exemplo, entre os assírios havia o costume de furar os olhos dos inimigos vencidos na guerra e depois transformá-­los em escravos. Dentre a maioria daqueles povos, como os egípcios, ou até mesmo os indianos (até há poucos anos), costumavam enterrar vivas as viúvas junto com os defuntos maridos. Além de tudo, os cultos pagãos eram cada vez mais antinaturais, desumanos e ofensivos a Deus. Os caldeus tinham uma religião sinistra e corruptora, com práticas horríveis como a de oferecer crianças como vítimas para serem queimadas vivas aos seus ídolos. Entre os fenícios também havia cultos idolátricos terríveis.
De modo geral, as mulheres eram oferecidas como objeto de uso do prazer para tais cultos. Quanto aos homens, tinham de oferecer aos ídolos aquilo que tinham de mais precioso na concepção deles. Assim, entravam no templo ao som de uma música de ritmo forte e alucinante. A multidão que assistia ao espetáculo se alucinava com a música e as danças dos rituais. Alguns homens se aproximavam, então, do altar ao som frenético daquele ritmo e, pegando de uma espada, se amputavam com as próprias mãos. Banhados em sangue saíam a correr pela cidade. Outros sacrifícios idolátricos assim desumanos e cruéis são hoje descritos por modernas descobertas dos pesquisadores.
Abaixo um resumo do Padre. Berthe sobre o que poderia ter ocorrido com a opinião pública, inteiramente pagã ou descrente daqueles princípios tão belos e tão opostos da vida que levava:
Ora, num relance de olhos pelo mundo, via Jesus que todos povos, Judeus e Gentios, adoravam, na presença do verdadeiro Deus, divindades falsas: personificações vergonhosas dos vícios que lhes manchavam os corações. Os seus deuses e deusas eram a soberba, a avareza, a luxúria, a inveja, a ira, a gula e a preguiça. Em vez de procurar as bênçãos de Jeová, o próprio judeu pensava encontrar a felicidade na satisfação das paixões. O fariseu embriagava­-se de glória humana, o saduceu com prazeres ignóbeis, e todos amavam o ouro e a prata mais que a Lei, mais que ao mesmo Deus.
“E tamanha era a perversão da natureza humana que, no momento em que ia a estabelecer o Reino de Deus, ouvia Jesus ecoar por toda a parte: no Oriente e no Ocidente, em Jerusalém como em Roma, o canto dos idólatras:
‘Felizes dos ricos, que dispõem à sua vontade dos bens deste mundo.
‘Felizes dos poderosos, que reinam sobre milhares de escravos.
‘Felizes dos que não conhecem as lágrimas, e cujos dias se passam em prazeres e diversões.
‘Felizes dos ambiciosos, que se podem saciar de dignidades e honras.
‘Feliz do homem do prazer, saturado de festins e volúpias.
‘Feliz do homem sem piedade, que pode satisfazer a vingança, esmagando aos seus inimigos.
‘Feliz do homem de guerra e de carniceria, que esmaga sob os seus pés aos povos vencidos’.
‘Feliz do tirano, que oprime o justo na terra e nela destrói o reino do verdadeiro Deus’.
“Tais eram, havia séculos, os cantos dos filhos do velho Adão. “As turbas apinhadas sobre o monte não conheciam outros princípios sobre a felicidade, e muitos perguntavam, havia tempo, se estas máximas corriam no Reino de que Jesus se dava por fundador. Esperavam com impaciência que se explicasse afinal bem claro sobre as disposições requeridas para fazer parte dos seus verdadeiros discípulos. Assentado num outeiro donde dominava a multidão, tendo junto de si os apóstolos, e à volta deles o povo em círculo, tomou o Salvador a palavra, e não receou opor às pretendidas felicidades do homem decaído, aquelas divinas bem­-aventuranças, que nenhuma boca humana tinha ainda proclamado.
“Bem­-aventurados os pobres, verdadeiramente desprendidos dos bens deste mundo, porque deles é o Reino dos Céus.
“Bem­-aventurados os que choram, porque serão consolados.
“Bem-­aventurados os que são benignos para com seus semelhantes, porque possuirão a terra dos eleitos.
“Bem-­aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos.
“Bem­-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
“Bem­-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus.
“Bem­-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus.
“Bem­-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça, porque deles é o Reino dos Céus.
“Sim, sereis bem­-aventurados, quando os homens vos amaldiçoarem e perseguirem, e quando mentirosamente disserem contra vós toda a casta de males, por minha causa.
“Regozijai­-vos então e rejubilai, porque a vossa recompensa será grande no Céu.
“E lembrai­-vos também de que assim foram tratados os profetas que antes de vós viveram”. .
A Doutrina de Nosso Senhor não se atinha somente aos princípios enunciados no Sermão da Montanha. Ato contínuo, foi Ele explicitando outros princípios (chamados comumente de “Conselhos Evangélicos”), todos eles em geral contraditando com o paganismo ou com o judaísmo decadente: “Vós sabeis que se deu a vossos pais aquele mandamento: Não matareis; e quem fizer um homicídio será condenado pelo tribunal. Mas eu digo­-vos: Todo o que se encolerizar contra o seu irmão, será condenado pelo supremo Conselho; e todo o que apodar ao seu irmão de ímpio dementado, será lançado na geena de fogo”. Disse mais: “Ao apresentar vossa oferta ao altar, se vos lembrardes de que o vosso irmão tem alguma coisa contra vós, deixai ali a vossa oferta, e ide primeiro reconciliar­-vos com vosso irmão: vireis depois apresentar a Deus a vossa oferta. Do mesmo modo, põe-­te em bons termos com o teu credor antes de chegar ao tribunal: porque doutra sorte, se o molestas, ele te entregará ao juiz, o juiz ao executor, e serás lançado na prisão donde não sairás antes de pagar a dívida até o último ceitil”.
De todos os mandamentos, Nosso Senhor foi tirando deduções e aplicações práticas para a vida social, a fim de que as pessoas ao praticá-­las estivessem preparadas para o Seu Reino aqui na terra, que era o protótipo do Reino dos Céus.
Sobre o nono mandamento, por exemplo, disse: “Sabeis do mandamento  dado aos antepassados: Não adulterarás; Mas eu digo­-vos: Quem olhar para mulher com mau desejo, já cometeu adultério no seu coração”. Não só isso, disse mais que se um órgão escandaliza é melhor cortá-­lo “porque mais vale perder a vista ou a mão do que ir com todos os membros para geena do fogo”, isto é, o inferno.
Condenou também o divórcio, autorizando a separação dos esposos apenas em caso de infidelidade, mas sem se contrair novas núpcias; o juramento inútil, tão comum entre os judeus; a lei de talião, “olho por olho, dente por dente”, etc.
Os fariseus não consideravam ao estrangeiro como irmão, nem ao inimigo como o seu próximo, sendo lícito então detestar ou maltratar aqueles seres “inferiores”. Parece até que têm sucessores nos ricaços e nas elites decadentes dos dias atuais. Parecendo falar para os dias futuros, Nosso Senhor não deixou entretanto de proclamar: “Sabeis que foi dito: Amarás a teu próximo e odiarás a teu inimigo. E eu digo­-vos: Fazei bem ao que vos odeiam, e orai pelos que vos perseguem e caluniam, para que assim sejais filhos do vosso Pai Celeste, que faz nascer o sol para bons e maus e descer a chuva sobre justos e injustos. Se amais só aos que vos amam, que recompensa mereceis? Não fazem outro tanto os publicanos? E se não saudais mais que aos vossos irmãos, em que vos distinguis dos outros? Não fazem outro tanto os pagãos? Ora bem! sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito”.[1] E assim, os discursos do Messias procuravam ditar conse­lhos novos para a aplicação de uma Lei antiga, sem desta forma modifica-­la mas, ao contrário, fazer cumpri-­la mais eficazmente.

O verdadeiro sentido prático das Bem­-Aventuranças

Santo Agostinho assim comenta o verdadeiro sentido prático das Bem-­Aventuranças:
Bem-­Aventurado os pobres de espírito (Mt 5, 3) ­ “Imitai aquele que se fez pobre, embora fosse rico, para vos enriquecer com sua pobreza” (II Cor 8,9).
Bem-­Aventurado os mansos (Mt 5,4) – “Imitai aquele que disse: “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração” (Mt 11, 29).
Bem-Aventurado os que choram (Mt 5,5) – “Imitai aquele que chorou a sorte de Jerusalém” (Lc 19, 41­44).
Bem­-Aventurados os que têm sede de justiça (Mt 5.6) – “Imitai aquele que disse: “O meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou” (Jo 4,34).
Bem­-Aventurados os misericordiosos (Mt 5,7) – “Imitai aquele que socorreu  o homem maltratado pelos ladrões e que se encontrava semimorto e desesperado no caminho” (Lc 19, 30-­35).
Bem-­Aventurados os puros de coração (Mt 5,8) – “Imitai Aquele que não cometeu nenhum pecado e mentira nenhuma foi encontrada em sua boca” (I Pd 2,22).
Bem­-Aventurado os que são perseguidos por causa da justiça (Mt 5, 10) – Imitai Aquele que “sofreu por vós, deixando-­vos um exemplo, a fim de que sigais os seus passos” (I Pd 2,21).
Bem­-Aventurados os pacíficos (Mt 5, 9) – Imitai Aquele que disse em favor de seus perseguidores: “Pai, perdoa-­lhes, não sabem o que fazem” (Lc 23,
  
.(Santo Agostinho – “A Virgindade Consagrada” – Ed. Paulinas, pp. 52/53)


[1]    “Jesus Christo, Sua Vida, Sua Paixão, Seu Triunfo” – Pe.  Berthe - Estabelecimentos Benziger & Co. S.A., Einsiedeln, Suíça 1925 , págs. 142/143