sexta-feira, 2 de maio de 2008

Sorbonne, maio 1968: uma revolução morta?

Está completando quarenta anos a Revolução da Sorbonne, que teve como ponto máximo de suas manifestações uma passeata gigante, seguida de distúrbios sociais, ocorrida em 13 de maio de 1968. Muitos jornalistas, escritores e historiadores já se debruçaram sobre os fatos ocorridos naquela data, dali tirando muitas conclusões ou lições para os dias futuros. O próprio presidente francês, Sarkozy, fez o lema de sua campanha política baseado na rejeição aos ideais daquela revolução. E, talvez por causa disso, foi eleito. De outro lado, a candidata socialista Segolene Royale fez o contrário, fez apologia da Sorbonne 68, e também talvez por causa disso tenha sido derrotada. Aparentemente isto pode significar que aqueles ideais foram completamente rejeitados pela opinião pública, especialmente o que diz respeito aos costumes e normas de vida. Iremos analisar os fatos e verificar que não é bem assim, pois a sociedade hoje vive inteiramente os princípios apregoados por aqueles anarquistas.
Diferentemente da Revolução Francesa, em 1789, ou da Comunista, em 1917, a Revolução da Sorbonne não veio derrubar tronos ou uma classe social, mas sim explorar os impulsos desregrados dos homens para impeli-los a uma nova concepção de vida. Foi uma revolução comportamental, tendencial, instintiva, pode-se dizer. E os princípios e ideais implícitos nela foram disseminados e absorvidos por todas as populações da terra, especialmente no mundo ocidental.
Diz-se que a Revolução da Sorbonne ocorreu em maio de 1968, mas na realidade ela se iniciou em março do mesmo ano, ocasião em que estudantes "invadiram" uma universidade dos subúrbios de Paris (Nanterre), crescendo depois a contestação até chegar à Sorbonne. A "tomada", ou invasão, daquela famosa universidade revestiu-se de um ato um tanto simbólico, embora os manifestantes tenham-na usado para estabelecer o QG central da revolução e com isso executar seus posteriores lances no resto da cidade. Vieram depois as adesões dos sindicatos, associações civis de diversas natureza, políticos, escritores, jornalistas, e, principalmente, de filósofos, dentre os quais o criador do Existencialismo, Jean Paul Sartre. Da mesma forma foi quase simbólico os atos de invasões das fábricas ou praças.
Por que digo "simbólico?" Porque os estudantes já conviviam dentro das universidades, era lá que estudavam, e alguns até moravam em seus albergues; os operários, por sua vez, também já estavam lá dentro das fábricas, era lá que passavam a maior parte do dia trabalhando. Mas o ato de se fazer uma "ocupação", seguido de publicidade, chamou a atenção pelo que se revestiu de uma ação voltada contra as instituições. Da mesma forma, a tomada da Bastilha, em 1789, foi um ato meramente simbólico para representar a derrubada do poder que se via naquela torre. Na Revolução Francesa se arremetia contra a classe social dominante, representada na Bastilha; na Revolução da Sorbonne, investia-se contra as instituições em busca da utopia da "autogestão", isto é, a ausência do poder e a predominância da autonomia dos dirigidos na direção destas mesmas instituições.
O próprio Conh Bendit (como se sabe é alemão e não francês), um dos principais dirigentes daquela Revolução, declarou recentemente que seus objetivos não era tomar ou ocupar algo como posse ou como tomada do poder, pois eles contestavam a própria validade do poder. Seus objetivos eram meramente filosóficos, eram de natureza psicológica, uma conquista das mentes das pessoas a fim de mudarem seus padrões de vida. O resultado vê-se hoje: por toda parte há contestação contra qualquer poder, há relativismo moral em tudo, aceitando-se o amor livre, o divórcio, o aborto e o homossexualismo como a coisa mais natural do mundo.
Fazendo coro àqueles que sempre falam de Revolução como coisa espontânea, disse Conh Bendit recentemente: "Sessenta e oito foi a revolta dos jovens contra o mundo criado por seus pais (...) após a guerra (...), rígido e conservador. Os novos direitos das mulheres, homossexuais, minorias, etc, e a consciência ecológica, de pós-68, teriam criado um mundo verdadeiramente novo, tornando anacrônicas lutas velhas de quatro décadas, inadequadas à sociedade que soube se recriar permanentemente".
Não, as revoluções sociais não são espontâneas, elas não nascem do chão como uma planta surgida de uma semente: as revoluções são fenômenos de grupos organizados, que, de uma forma estruturada e bem arquitetada por mentes inteligentes, investem contra seus opositores, contra uma classe, ou, no caso, contra as instituições sociais. Após a Revolução da Sorbonne surgiram as atuais modas da indumentária, das mochilas, das tribos urbanas, dos hippies, dos punks, etc. Em alguns países, especialmente nos Estados Unidos da América, logo se iniciou uma campanha para que as escolas fossem mistas e dessem educação sexual aos alunos, atributo que era exclusivo dos pais antigamente. Os efeitos deletérios desta famigerada educação sexual fez-se sentir já a partir dos anos 80 e 90, fazendo com que não fossem mais obrigatória em diversos países. Mas o maior dividendo, a maior vitória auferida pela Sorbonne-68 foi a disseminação da revolta contra a autoridade, contra a lei ou contra os vínculos morais da sociedade. A espantosa liberdade que a sociedade concede aos movimentos homossexuais mereceu-lhes o prêmio do maior castigo de todos os tempos, a AIDS, comprovodamente nascida e até hoje propagada entre grupos de sodomitas.

Um comentário:

Anônimo disse...

....Realmente,é trite dar-se conta que a nossa geração,90,usuflua de relativa liberdade conquistada por movimentos como o de sorbonne, sem ao menos contextualizar sua realidade conteporania.menosprezando assim o sangue deramado pelos nossos "pais".