A propósito da data em que se comemora o "Dia Mundial do Refugiado", neste último dia 20 de junho, a CNBB publicou em seu site a nota abaixo transcrita. Segundo dados da própria ONU existem atualmente, no mundo, mais de 42 milhões de pessoas que podem se classificar nesta condição de "refugiados". Qual a razão principal de número tão grande de refugiados, tão grande que nem na segunda grande guerra chegara a tanto (pelo menos em proporção com a população mundial)? As explicações genéricas dadas pela CNBB não chegam ao cerne do problema, pois problemas localizados, ou genéricos (como fome e crises políticas) não chegam a explicar tal crescimento de trânsfugas de seus países de origem. Se houver uma outra guerra de dimensões mundiais como as já precedentes, pergunta-se: será que as organizações sociais atualmente existentes estão preparadas para receber número tão avultado de refugiados? Pensemos no problema. Aqui vai a notícia da CNBB:
O dia 20 de junho é considerado o Dia Mundial do Refugiado. Os refugiados são pessoas que estão fugindo de perseguições, guerras, conflitos, violências, alterações climáticas e fome. São homens, mulheres e crianças obrigadas a deixar sua pátria por fundado temor de perseguição seja por motivos de raça, religião, nacionalidade, opinião política ou grupo social, seja pela violação massiva e generalizada de direitos humanos que ocorre no próprio país ou própria falta de proteção do Estado. Segundo a Agência da ONU para refugiados, em 2008, havia 42 milhões de pessoas sob a proteção e cuidados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR). Este dado inclui 15,2 milhões de refugiados, 827 mil solicitantes de asilo e 26 milhões de deslocados dentro de seus próprios países por causa de conflitos armados e violência. Cerca de 80% dos refugiados são de países em desenvolvimento, que são, por sua vez, os que têm mais deslocados internos. “Em 2009, vimos um número considerável de novos deslocados no Paquistão, Sri Lanka e Somália", afirma o Alto Comissário da ONU para refugiados, Antonio Guterres. Ele adverte ainda que "enquanto alguns deslocamentos devem ser curtos, outros podem durar anos e inclusive décadas para ser resolvidos". Como exemplo citou os casos de Colômbia, Iraque, República Democrática do Congo e Somália. Segundo documento da ONU a acolhida aos refugiados é aspecto determinante para que eles consigam, pelo menos, recuperar a esperança de começar a reconstruir sua vida. É fundamental considerar que, ao chegar a um novo país, as dificuldades que enfrentam não se limitam à nova cultura, ao idioma e aos costumes. Não raro chegam em situação de pobreza, emocionalmente abalados, doentes e sem perspectiva sobre seu futuro. Estas situações ainda podem ser agravadas em face de práticas discriminatórias motivadas por fatores econômicos, raciais e étnicos. O imaginário de muitas pessoas, afirma o Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados, António Guterres, ainda tende a achar que o refugiado é um criminoso, que está foragido de seu país, e não alguém que, exatamente ao contrário, teve que fugir de sua casa, de seu país, por ser perseguido ou por ser vítima de uma guerra ou de conflitos que assolam sua Pátria.Há hoje no Brasil aproximadamente quatro mil refugiados, dos quais 70% são procedentes do continente africano. Contudo há refugiados de 72 diferentes nacionalidades. Os países com maior número de refugiados no Brasil são: Angola, Colômbia, Cuba, Iraque, Libéria, Palestina, República Democrática do Congo e Serra Leoa.O ACNUR expressa uma grande preocupação na relação refúgio e tráfico de pessoas no sentido da incidência e garantias necessárias para que as vítimas ou potenciais vítimas de tráfico de pessoas, que têm fundado temor de voltar ao país de origem, sejam identificadas e lhes seja dado acesso aos procedimentos de refúgio. E a outra dimensão preocupante é relativa à prevenção, no sentido de evitar que as pessoas perseguidas e os apátridas se convertam em vítimas de tráfico, devido à situação de vulnerabilidade em que se encontram. Estes aspectos implicam em temas relativos à sua documentação, situação legal e direito de residência.Em documento emanado aos 03 de maio de 2004 – “A Caridade de Cristo para com os Migrantes” – o Pontifício Conselho para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes destaca que as situações críticas do mundo atual - nacionalismo exasperado, o ódio ou a marginalização sistemática ou violenta das populações minoritárias ou dos fiéis de religiões não majoritárias, os conflitos civis, políticos, étnicos e até religiosos que ensangüentam todos os continentes - alimentam fluxos crescentes também de refugiados e de prófugos, freqüentemente misturados com aqueles migratórios, envolvendo sociedades onde, no seu interno, etnias, povos, línguas e culturas se encontram, porém com o risco de contraposição e de choques. (n. 1) As Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (2008-2010), orienta e estimula a atenção aos refugiados em vários momentos: “É urgente o estabelecimento de estruturas nacionais e diocesanas destinadas não apenas a acompanhar os migrantes e refugiados, como também a empenhar-se junto aos organismos da sociedade civil, para que os governos tenham uma política (...) que leve em conta os direitos das pessoas em mobilidade”, afirma um dos trechos do documento.
Veja também nossa postagem anterior, "O oprórbio que sofrem as mulheres nos últimos tempos", quando a Cáritas Internacional manifesta sua estranheza perante a incapacidade dos governos em dar amparo a mulheres e crianças que sofrem os efeitos dos problemas comuns aos refugiados, ou seja, a guerra.
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