segunda-feira, 22 de junho de 2009

Cresce produção de alimentos e a fome no mundo

Mais de um bilhão de pessoas vivem em constante estado de desnutrição no mundo: cerca de 100 milhões a mais do que no ano passado. Foi o que anunciou nesta sexta-feira, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), num relatório sobre segurança nutricional mundial. A entidade define como subnutrida a pessoa que ingere menos de 1.800 calorias por dia."Essa silenciosa crise alimentar que atinge 1/6 de toda a população mundial constitui um sério risco para a paz e a segurança no mundo" – destacou o diretor-geral da FAO, Jacques Diouf. O diretor da Divisão de Desenvolvimento Econômico e Agrícola da FAO, Kostas G. Stamoulis, destacou que, este ano, houve um recorde da colheita de grãos: "Então, não há falta de comida, mas sim falta de acesso à comida." Para a FAO, o objetivo fixado na Cúpula Mundial sobre a Alimentação, de reduzir à metade o número de pessoas com fome, não será alcançado até 2015. Na América Latina e Caribe, a única região que registrou sinais de melhora nos últimos anos, também foi comprovado um aumento (12,8%) do número de desnutridos e, segundo o relatório, quase 53 milhões de pessoas sofrerão fome em 2009,no subcontinente. (BF)
A realidade da fome assusta
Nunca se produziu tanto alimentos como nos séculos XX e XXI. A produção de alimentos chegou a um tal magnitude que os dirigentes da FAO declararam no final da década de 60: “Não haverá fome em nosso planeta na década de 1980: é para a abastança, e não para a miséria, que o mundo caminha. (Addeke H. Boerma, da FAO, em 1968). “Teremos, antes do fim do século, atendido o aumento da demanda de proteína comestível de alto valor biológico, equivalente ao dobro, talvez até mesmo ao triplo das 20 milhões de toneladas de proteína animal que constituem a produção mundial de hoje”. (E. J. Bigwood, da FAO, em 1969).
Estas previsões tão otimistas parecem não corresponder à realidade. O mundo vive contradições difíceis de entender a respeito do assunto. Enquanto os supermercados (especialmente nos países ocidentais e ricos) estão abarrotados em países que produzem excesso de alimentos, em outros a escassez é tremenda. Durante o século XIX e o passado vários países sofreram a tragédia da fome, alguns com mais de um milhão de mortos, como a China, a Coréia do Norte e a Biafra.
Geralmente, estes períodos de grande fome são conseqüências de secas havidas nestes países, mas as constantes guerras tribais, ideológicas ou de fronteiras, impedem que as populações sejam assistidas pelas mais ricas. Além do mais, a desastrosa política de reforma agrária dos regimes comunistas arrasou a produção rural e provocou uma tal desestruturação na produção de alimentos, aliada ao caráter persecutório do regime ditatorial dos soviéticos, que as populações se viram impotentes para superar os períodos de escassez de alimentos e secas. O espectro da fome sempre perseguiu a humanidade, mas em nossos tempos ele tem sido mais cruel e avassalador.
Cinco tragédias universais da fome
Contam-se pelo menos cinco grandes tragédias causadas pela fome, quatro das quais decorrentes do avanço do comunismo no mundo. No século XIX, morre de fome ou por causa dela cerca de um milhão de irlandeses e milhares de franceses e ingleses, em decorrência da perca das lavouras de batata e de trigo; na Ucrânia, no período de 1932 a 1933, a política de reforma agrária forçada pelo poder soviético resulta na morte, por subnutrição, de 6 a 7 milhões de pessoas; a mesma reforma agrária confiscatória na China, a partir do ano de 1959 teria causado a morte de mais de 30 milhões, a maior catástrofe mundial provocada pela fome; nos anos de 1967 a 1979, a guerrilha comunista que procurava a “independência” da Biafra provoca a reação do governo federal e causa a morte por subnutrição e fome de mais de um milhão de pessoa; finalmente, a desastrosa estrutura agrária comunista, aliada a dois anos de inundações e um ano de seca, provocam a morte de mais de 3 milhões de pessoas na Coréia do Norte ao final da década de 90. O mais terrível é que as nações do Ocidente não têm coragem de libertar o povo norte-coreano de tão cruel tirania. No final do ano 2002, o governo comunista daquele país expulsou os inspetores da ONU que lá fiscalizavam as instalações nucleares. Ficou claro para o mundo todo as intenções da Coréia do Norte de produzir a bomba atômica, apesar de grassar tamanha fome entre seus habitantes. Outras tragédias menores ocorreram no mundo, mas estas cinco acima por si falam da impotência que o homem moderno está tendo para resolver tão grave problema.

Que fazem as nações ricas e a ONU?
A agência de alimentos da ONU mantém um programa denominado "Programa Mundial da Fome" (sigla WFP em inglês), cuja porta-voz, Christiane Berthiaume, afirmou à imprensa que o órgão não dispõe de recursos suficientes para enfrentar o problema da fome no mundo. A porta-voz da WFP disse que a falta de recursos ocasionou a suspensão temporária de remessa de alimentos para os 3 milhões de famintos da Coréia do Norte, enquanto que em Angola (com o cessar-fogo da guerra) conseguiu ter acesso a 500 mil pessoas famintas, mas só possuindo recursos para atender a um quarto delas.(v. jornal "A Tarde", de 13.10.2002, pág. 17).
Em outras partes do Planeta, como a Eritréia, devastada pela seca, os recursos também não são suficientes para atender aos famintos. Anuncia-se, já de antemão, que espera-se para breve mais uma catástrofe sobre a África, principalmente em Uganda, com a morte, pela fome, de milhares ou talvez mais de um milhão de pessoas. Mais alarmante é a notícia de que a fome ameaça 15 milhões (sim, 15 milhões!) de pessoas na Etiópia e na citada Eritréia. O chefe da Comissão de Mobilização e Prevenção de Desastres, Simon Mechale, disse que 4,3 milhões de pessoas poderiam precisar de 2,12 toneladas métricas de ajuda alimentar na Etiópia, em caráter emergencial. A Comissão Nacional de Socorro e Refugiados da Eritréia, por sua vez, disse que um terço da população do país (cerca de 3,5 milhões) corre o risco de passar fome. (cf. "A Tarde", 8.10.2002, pág. 18).

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