sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

PROBLEMAS DA VIDA MODERNA (IX)

Ainda sobre suicídio via internet

Há algum tempo atrás a revista "Época" publicou os seguintes diálogos que um repórter captou junto a sites e blogs de suicidas em potencial:

Diálogos no inferno: a vida num site de morte
ÉPOCA entrou nos grupos de suicídio que Yoñlu freqüentava para descobrir o que um adolescente encontra nessa rede macabra
“Estou muito deprimido. Não vejo nenhuma razão para a minha vida. Como posso cometer suicídio? Ajudem-me, por favor.” A súplica foi feita por Diego Martin em um fórum de discussões sobre suicídio na internet. O grupo tem quase 2 mil internautas cadastrados que se correspondem em inglês. É um dos mais conhecidos da rede. Foi ali que Vinícius Gageiro Marques, o Yoñlu, fez alguns “amigos” virtuais. Logo que Diego se conectou, na semana passada, encontrou pessoas dispostas a ajudá-lo a morrer. “Você leu o que está no http://gr…? Veja o coquetel D… Pesquise no alto da página, à direita”, disse Kat. “Se você quer que funcione, sugiro que pesquise bastante. O http://gr… é um bom lugar para você começar”, afirmou Peter. Kat, que escreveu ser mãe de duas crianças e sofrer de problemas psicológicos, quis conhecer melhor Diego antes de dar a sentença de morte.– Você acha que devo cometer suicídio?– Não conheço a sua situação. Eu, por exemplo, tenho alguns contatos on-line com doentes terminais. Eles têm pouca possibilidade de vida. No meu caso, com dois filhos, acho que seria errado e egoísta. – Eu não tenho vida. Só depressão. – Isso ainda não é suficiente para que eu possa fazer um julgamento. Essa é uma grande decisão e não há retorno. Mande-me toda a sua história por e-mail.Diego Martin não existe. É um jovem criado pela reportagem de ÉPOCA para descobrir como as pessoas se comportam na web quando conversam sobre suicídio. Mas Kat e Peter existem. Assim como centenas de outros internautas prontos para ajudar e incentivar quem deseja se matar. De acordo com Adalton de Almeida Martins, chefe da Unidade de Repressão a Crimes Cibernéticos da Polícia Federal, criar um personagem na internet não é crime. “Seria falsidade ideológica apenas se houvesse prejuízo a alguém”, afirma. Crime é incitar ao suicídio. ÉPOCA selecionou alguns trechos de diálogos travados em um fórum na semana passada:
squidthings: Não quero te matar. Mas crianças usam essa m… o tempo todo. Tenho um amigo que tomou 2.650 mg e ficou alucinado durante três dias. Depois acordou abandonado em Cleveland.fkd up: Eu estou planejando cozinhar N* e injetar na veia.
axlgu: Não funciona. Eu já fiz isso.
Samantha: Se você quer companhia, eu gostaria de ir. O remédio N* é minha primeira opção. Eu estava esperando para viajar com alguém. Estou reunindo os ingredientes para o coquetel de A*. É fácil achar esses remédios on-line. Só não sei se vai funcionar. Mas isso vai me custar US$ 300.
JohnnieR: Sam, estou tentando organizar um grupo de três ou quatro pessoas. Você será mais do que bem-vinda.
angrygirl13: Me corto e me queimo desde os 11 anos. Me corto quase todos os dias. Tenho um filho menor de idade, então eu não posso ir em frente agora… Mas todos os segundos, todos os dias, eu penso na morte.
tanhkx: Se alguém parar de comer, em quanto tempo morrerá? Provavelmente a pessoa vai ficar cega primeiro, certo? Por causa da falta de vitamina A, eu acho.avalanche: Isso não funciona. Você só vai acabar hospitalizado.
angrygirl13: Meu amigo acabou de tentar se enforcar. Ele estava num programa de prevenção ao suicídio e o deixaram ir ao banheiro sozinho. Mas o lugar não era alto o suficiente para arrebentar o pescoço dele.
kat: Estava postando e notei a resposta de um policial. Devo ficar preocupada se ele estiver me rastreando? Que diabos um policial está fazendo neste site? Talvez ele seja suicida também. Se ele for policial, eu gostaria que atirasse na m… da minha cara.
squidthings: Uma vez, policiais apareceram on-line e tentaram me salvar. Chamaram o 911 e a polícia apareceu na minha casa. Você precisa ter cuidado com quem fala antes de morrer.

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