terça-feira, 19 de fevereiro de 2008
CONCEITOS DECORRENTES DA BONDADE
Eis a conclusão do pensamento que, decorrendo da bondade, deu em outros atributos que hoje são tão mal compreendidos, como:
- “Espontaneidade”, “naturalidade”, “sinceridade”: estas disposições de alma levaria a evitar outra forma de esforço, o de pensar, de querer, de se coibir. Induziriam a dar largas à sensação, à fantasia, à extravagância, a tudo enfim. A televisão, que excita, vai assim matando o livro, que convida à reflexão, as idéias se vão empobrecendo, e com elas o vocabulário também. Falar se reduz, em certas rodas, a narrar em alguns tantos vocábulos básicos alguns tantos fatos elementares. Divertir-se é pular e dar gritos sem eira nem beira. E rir. Rir muito, mas sem muita razão de rir. Claro está que em matéria sexual, mais ainda do que nas outras, qualquer contenção é rejeitada. A “moral sexual” de certa gente consiste em legitimar todos os desmandos para evitar complexos. O pudor seria, assim, o grande inimigo da moral. A libertinagem, o caminho para a normalidade.
- “Idéias largas” : quem as tem, deve pactuar com tudo. Bispos ou governantes, professores ou pais que não sancionem todos os disparates que acabo de alinhar, são déspotas de idéias estreitas, que querem manter o jugo de preconceitos já hoje insustentáveis.
Mas, dirá alguém, tal modo de ser não é o de uma minoria de extravagantes e não o da maioria? Não é verdade que esta assiste desolada e chocada a tais excessos? Desolada e chocada, sim, concordo. Mas acrescento logo: também esmagada e submissa. Pois a história de todos os “progressos” desta década tem sido esta: a) uma minoria lança uma extravagância “louca”; b) a maioria se arrepia e protesta; c) a minoria faz finca-pé; d) a maioria se vai habituando, adaptando e sujeitando; e) entrementes, a minoria prepara novo escândalo; e) e este escândalo terá igual sucesso.
Assim, a maioria vai entrando neste mundo novo, fascinada, arrepiada, hipnotizada, como o passarinho entra na boca da cobra.
De tanto diminuir a polidez, ela morrerá. De tanto encurtar os trajes, eles desaparecerão. De tanto silenciar sobre valores fundamentais da cultura e do espírito, eles desertarão a terra. De tanto estimular e desencadear desordens, estas acabarão por invadir e submergir tudo.
Haverá um meio de evitar isto senão lutando por nossa Tradição, portadora de todos os valores autenticamente cristãos, ou mesmo simplesmente humanos, que este furacão vai destruindo? “
(“Folha de São Paulo”, 20.03.69).
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