quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

CUBA CASTRISTA, UMA HISTÓRIA DE EMBUSTE E VIOLÊNCIA

A propósito da "aposentadoria" compulsória (todo ditador só se aposenta quando morre) de Fidel Castro, devido a proximidade de sua morte, segue abaixo o texto de uma reportagem publicada há mais de 30 anos, exatamente em agosto de 1974, na edição n. 284 do mensário de cultura "Catolicismo", páginas 2 a 4. Vê-se pela análise que muita coisa não mudou naquele "paraíso" - esta reportagem continua atual. A única coisa que se torce é que, com a morte do ditador, morra também o regime...

Cuba foi descrita por Colombo como "a mais bela terra que os olhos humanos jamais contemplaram". Há séculos é chamada "a Pérola das Antilhas".
Nessa natureza paradisíaca, teve lugar um dos mais dantescos dramas do século XX.
Hoje, quando a poeira do tempo ameaça velar os crimes, as fraudes e as traições que o comunismo cometeu para chegar ao poder em Havana, é do mais alto interesse relembrar essa história tão recente. O que se passou em Cuba foi uma verdadeira parábola. Nunca talvez a fraude e o crime andaram tão juntos e tanto se entreajudaram.

O problema dos comunistas
Os marxistas queriam conquistar o poder. Contra tal pretensão, erguia-se compacta a esmagadora maioria da população cubana, que professava a Religião Católica e que, portanto, opunha ao comunismo uma visceral rejeição. Outrossim, a colonização espanhola havia deixado na Ilha um conjunto de tradições que era preciso aniquilar para tornar possível a comunistização.
Não podendo abater esses dois obstáculos, os estrategistas do Cremlin optaram por contorna-los e por destruí-los por dentro. Essa estratégia foi planejada e levada a cabo com maestria.
No fim da "via crucis" de Cuba, encontramos uma nação sujeita ao comunismo, que foi fraudada nos seus mais caros desejos e convicções.
O objetivo deste artigo é mostrar em câmara lenta, porém de forma sucinta, os acontecimentos que se deram na ilha do Caribe nos últimos anos.
Hoje, já fixados na História, sem os turbilhões de circunstâncias que os rodearam, é mais fácil analisa-los e perceber o caminho - que na época ainda não aparecia claramente - pelo qual os cubanos foram conduzidos até tão trágico epílogo.
Quando esses acontecimentos se deram, deram-se à maneira de uma tempestade de areia envolvendo uma caravana que marcha pelo deserto. No meio das dunas agitadas por ventos que sopravam não se sabia de onde, os viajantes perderam a noção da região na qual se encontravam. Com a visibilidade prejudicada pela tormenta, só aqueles que conheciam muito bem o terreno não se desnortearam. No meio do "brouhaha", no qual se ouviam gritos de alerta e exclamações tranqüilizadoras, a caravana foi conduzida para um ponto desconhecido.
Quando a tempestade amainou e a poeira baixou, os viajantes perceberam que tinham tomado um rumo não desejado por eles. Mas já era tarde demais.
Vamos agora percorrer novamente o trajeto palmilhado pela caravana, não sob a tempestade de areia, mas sob um céu limpo e com olhar atento. Examinaremos as pegadas e as trilhas deixadas por esses infelizes viandantes.

Recapitulando
Cuba teve, como nação independente, curta mas atribulada existência.
Depois de cortar seus laços com a Coroa espanhola em 1898, sua vida política foi sujeita a contínuas agitações. Mais proximamente, sofreu de 1925 a 1933 uma sanguinária tirania sob o governo do General Machado.
Sucedeu a este no poder Ramón Grau San Martin, o qual foi deposto pelo tristemente célebre sargento Batista, que começou um decênio de governo por interpostas pessoas, assumindo depois ele próprio a presidência.
Em 1944, voltou Grau, que inaugurou um período marcado pela corrupção na vida pública. Haveria eleições presidenciais em 1953, mas Batista antecipou-se, dando novo golpe de Estado em março de 1953.

Quem era Batista
O sargento Batista havia encabeçado, ainda jovem, um grupo anarquista chamado "Germinação'". Antes de sua revolução, havia tido estreitos contatos com agrupamentos comunistas que atuavam junto aos trabalhadores do fumo. Sua atitude geral era antimilitarista e depois de seu golpe de Estado empenhou-se em desmoralizar os quadros superiores do exército cubano.
Logo que tomou o poder, Batista favoreceu os comunistas. Em 1938 o PC cubano foi legalizado, o que lhe permitiu, pouco depois, ter o controle dos sindicatos operários e dez cadeiras na Câmara dos Deputados. Em 1943, o ditador concedeu duas pastas de seu gabinete ao partido, o que tornou Cuba o primeiro país latino-americano a ter ministros declaradamente comunistas[1]. O PC foi novamente fechado em 1953.
Ao lado de suas simpatias para com os marxistas, ditador submeteu a ilha a um regime de desenfreada corrupção, imoralidade e escárnio à lei.
O conceituado jornalista norte-americano Dubois afirmou que a esposa de Batista recebia 50% dos lucros das máquinas de jogos instaladas nos cassinos da ilha. Muitos oficiais do Exército, da polícia e alguns da Marinha não estavam isentos da venalidade. O ditador cobrava suas comissões através de intermediários e empregava parte do dinheiro na compra de militares e políticos.
A amoralidade campeava nas esferas do poder e a corrupção grassava em todos os níveis sociais. O terreno estava propício para a germinação da semente marxista.

Um precursor dos "hippies"
Fidel Castro[2] nasceu em 13 de agosto de 1926, filho de um fazendeiro rico. Freqüentou as escolas paroquiais e fez o curso secundário com os Jesuítas, em Havana. Ingressou na Universidade em 1945 e recebeu seu diploma de advogado em 1950. Casou-se com Mirtha Díaz Bolart em 1948, divorciando-se em 1955.
A passagem de Castro pela Universidade já prenunciava o revolucionário que viria surgir depois no cenário internacional.
Durante o ano de 1947 participou de uma frustrada tentativa de invasão da República Dominicana.
Um especialista cubano em comunismo, Díaz Versón, informa que Castro se empregou como agente soviético desde os últimos anos de sua adolescência. Segundo esse autor, entre os funcionários russos que estiveram em Cuba figurou G. W. Bashirov, o qual já havia atuado na Espanha como recrutador de jovens. Bashirov desempenhou missão especial na ilha, não se alojava na embaixada, mas numa casa particular situada na Calle Segunda, n. 6, Miramar.
Em meados de 1943, muitos jovens cubanos começaram a visitar a residência de Bashirov. Díaz Versón cita o nome de vários, entre os quais Castro.
Em 1944, Bashirov foi chamado a Moscou para informar e, pouco depois, retornou com novas instruções. Determinou que alguns integrantes do grupo se infiltrassem nos partidos políticos não comunistas. Ordenou que três deles não se comprometessem com as atividades do Partido Comunista, porque estavam reservados para futuras missões: Fidel Castro, Antonio Nuñez e Alicia Alonso.
Fidel era um jovem estranho para os padrões cubanos da época. Embora filho de pai rico, que não lhe negava dinheiro, usava roupa suja e velha, e não se preocupava em mudar de camisa.
Não acatava normas das mais usuais do trato social. Por exemplo, tinha o costume de tirar os sapatos onde tivesse vontade de faze-lo, sem se importar com o ambiente que o cercava. Não perdeu aliás esse costume: há alguns anos a imprensa publicou fotos mostrando-o com as mãos nos pés descalços, no meio de vários assistentes.
Foi um "hippy" vinte anos antes de surgir o movimento "hippie". Os trajes, as maneiras, as longas barbas e certos hábitos que introduziu na revolução cubana precederam o estilo "hippie", que depois invadiria o mundo.
Durante seus anos acadêmicos, conforme registros da polícia cubana, participou de bandos estudantis que utilizavam até o assassinato como arma política.
Fidel, ainda durante seu período universitário, participou do levante comunista de abril de 1948, em Bogotá, que passou à História com o nome de "Bogotazo".
Há muita documentação sobre esse episódio sangrento. A participação de Fidel Castro tem sido ignorada, atenuada ou mal interpretada pela maioria dos comentadores. Tenta-se explica-la como sendo uma travessura juvenil, mas não foi nada disso. Naquela época, Castro já era um agente de confiança do Cremlin.
Castro chegou à capital colombiana com credenciais da Federação Mundial da Juventude Democrática, organização marxista sediada em Moscou.
Há um despacho da UPI de 19 de abril de 1948, muito interessante, assinado pelo correspondente de Bogotá, Alcides Orozco:
"Esta mañana, estando sientado en el vestíbulo del Claridge Hotel [...] llegaran dos detectives preguntando por el gerente. Al ser recibidos en la oficina, dijieran que buscaban a dos cubanos, Fidel Castro y Rafael del Pino, quienes paraban en dicho hotel.
Los dos detectives tomaron posesión de la correspondencia de los cubanos, que abrieron en mi presença y dijieron que tenian informes fidedignos de que Castro y Rafael del Pino habian dirigido o saqueo del 9 de abril com motivo del asesinato del dirigente liberal Jorge Eliécer Gaitán.
La correspondencia demonstró que ambos pertenecían al partido comunista cubano, y las cartas fechadas en la Habana el 9 de abril, mencionan los desórdenes de Bogotá".
Castro e del Pino refugiaram-se na embaixada de seu país para evitar a prisão como agentes comunista e instigadores da insurreição armada. O Dr. Guilhermo Belt, chefe da delegação cubana à Conferência Panamericana, que se reuniu na época em Bogotá, mandou-os de regresso à Cuba por via aérea.
O governo da Colômbia forneceu na ocasião amplas provas de que os dois jovens eram agentes do Cremlin. O chefe dos serviços de segurança do país aludiu a eles como "conhecidos comunistas". O Presidente Mariano Ospina Perez, em discurso, denunciou-os como "comunistas e organizadores da insurreição".
Voltando a Havana, Castro retomou os estudos, abandonou os bandos estudantis homicidas para não comprometer o futuro que lhe reservava o PC e, em 1950, recebeu seu diploma.
Seu irmão mais moço, Raul Castro, entrou na Universidade em 1950 e foi colocado em contato com os comunistas. Pouco tempo depois estes enviaram-no para os países da Europa Oriental. Não se sabe onde passou o tempo em que se esteve aperfeiçoando na ideologia e nos métodos marxistas. Algumas versões afirmam ter ele estado em Moscou; outras, em Praga. O certo é que também Raul, figura de proa do movimento revolucionário que derrubou Batista e hoje o segundo homem em Cuba, foi desde os primeiros anos de sua juventude um comunista ardoroso e agente de confiança da Rússia Soviética.
Fidel dedicou-se às atividades políticas, sempre como homem de esquerda, de 1950 até 1953.

O assalto malogrado a Moncada
Nesse último ano, dirigiu o assalto malogrado ao quartel de Moncada. Preso juntamente com o irmão, utilizou-se do processo judicial para prestigiar-se. Tornou-se um político de renome nacional.
Recebeu uma pena de quinze anos de prisão, cabendo a Raul treze anos. Iniciou-se na Ilha um grande movimento, do qual participaram eclesiásticos como o Bispo Mons. Pérez Serante, para pedir anistia para os presos políticos. Em 2 de março de 1955, vinte e dois meses depois do julgamento, Fidel e seu irmão estavam livres.
De Cuba, dirigiu-se ao México, onde fundou o movimento anti-Baista que recebeu o nome de "26 de Julho" em memória do fracassado assalto ao quartel de Moncada.
Empreendeu viagens de propaganda por toda a zona do Caribe. Encontrava-se em particular com os cubanos ricos e arengava em comícios os seus compatriotas exilados. Nessa época, nunca se confessou marxista em público.
Em pouco tempo, o Movimento de 26 de Julho começou a tomar corpo. O argentino "Che" Guevara, já nesta época notório comunista, juntou-se a suas fileiras.
Escondendo cuidadosamente do grande público sua militância marxista, Castro viu seu movimento ser ajudado por cubanos ricos e por idealistas que desejavam derrubar a ditadura de Batista. Entretanto, quem tivesse olho arguto não poderia enganar-se quanto ao verdadeiro caráter do "26 de Julho".
A instrução dos recrutas estava a cargo de Alberto Bayo, um revolucionário espanhol que chegara a coronel no Exército republicano de seu país. Terminada a Guerra Civil, emigrara para o México, onde continuou suas atividades subversivas.
O "show" trágico estava montado. Foi contratada uma agência de publicidade norte-americana para promover a imagem do movimento nos EUA. Fidel Castro, ator consumado, estava pronto para entrar no cenário internacional. Talento não lhe faltava: o anuário do Colégio Belém, onde estudara, traz, em 1945, esta referência ao então adolescente Castro: "No faltará el actor que hay en él".
Abriu-se o pano e o mundo assistiu ao primeiro ato da tragédia.

O desembarque na Ilha
No dia 25 de novembro de 1956, Fidel Castro e 82 homens zarparam das costas mexicanas no iate "Gramma".
O tempo não os ajudou. O mar revolto e ventos fortes desviaram a embarcação do rumo desejado. O plano inicial previa greve geral e levantamento popular em Santiago de Cuba para o dia 30 de novembro. Para isso, a rede subterrânea trabalhava ativamente. Castro ouviu pelo rádio que os insurrectos de Santiago de Cuba haviam conseguido libertar os criminosos comuns da prisão local, queimar a central de polícia e dinamitar um depósito. Entretanto, as forças leais ao governo reagiram e o levante foi sufocado.
O "Gramma" desembarcou sua tripulação sem contratempos. Batista teve conhecimento do desembarque e enviou tropas para liquidar os invasores. Dos 82, só sobreviveram onze, que se internaram nas montanhas inóspitas do país.
Em meados de novembro, os onze revolucionários conseguiram atingir uma região onde abundavam os contrabandistas, foragidos da polícia.[3]
Ali Fidel conseguiu mais alguns adeptos, mormente entre os fora-da-lei.
Eram muito poucos os elementos com que contava, mas tinha poderosas alavancas à mão.
A primeira era a previsível negligência e corrupção dos agentes da ditadura de Batista e de muitos chefes militares. Contando com imensos fundos financeiros, Castro utilizou-os largamente para o suborno, recorrendo também à chantagem.
Sua segunda vantagem foi o apoio da vasta rede soviética subterrânea em Cuba e o prestígio que soube conquistar entre a juventude cubana, que o olhava como um novo Robin Hodd.
A terceira vantagem era representada pela máquina publicitária montada no Exterior, da qual o correspondente Herbert L. Mathews, do "New York Times", foi peça das mais importantes.
Herbert L. Mathews entrevistou Fidel Castro em Sierra Maestra. Os artigos publicados pelo "New York Times" em fevereiro de 1957 serviram para dar ao chefe guerrilheiro uma auréola de libertador. Grande parte da imprensa norte-americana começou a elogiar os barbudos. O papel de "cruzados" que os órgãos de comunicação lhes atribuíam serviu para iludir a opinião pública.
O próprio governo norte-americano contribuiu para dar a impressão de que o movimento de Castro não era comunista. O embaixador "yankee" em Cuba na ocasião, Earl Smith, declarou mais tarde que acreditava que o Departamento de Estado estava mais conforme com as idéias de Herbert Mathews do que com as dele. Acrescentou Smith: "Ajudamos a derrubar Batista, que era pró-americano, só para instalar a ditadura de Castro que é pró-russa. [...] Negamo-nos a vender armas a um governo amigo e induzimos os outros governos a não venderem armas a Cuba. Não obstante, os simpatizantes revolucionários entregavam armas, abastecimentos e munições diariamente, partindo dos EUA. Fomos remissos na aplicação de nossas leis de neutralidade". As armas e equipamentos partiam principalmente da costa da Flórida.
Essa situação provocou um grande desalento entre as forças contrárias a Fidel.
Naquela época, vozes isoladas denunciavam insistentemente o caráter marxista dos revolucionários cubanos. Somente á guisa de exemplo, o "Intelligence Digest", publicado em Londres, dizia em dezembro de 1957 haver provas de que submarinos russos estavam abastecendo as forças de Castro.
Não havia na Ilha uma denúncia sistemática do Movimento de 26 de Julho. O chefe barbudo era tido como católico, usava um rosário pendurado ao pescoço, evitava atacar a Igreja.
Além das forças que o apoiavam, Castro contava com o silêncio covarde ou cúmplice dos seus opositores naturais. Por isso, possuía condições de vencer.

Castro no poder
O futuro ditador iniciou, assim, a conquista da Ilha.
O jornalista Stanley Ross, em artigo de 12 de junho de 1960 no "American Weekly", retrata-se do apoio inicialmente dado a Castro e mostra os inesgotáveis recursos financeiros de que este dispunha. Ross afirma que Castro subornou regimentos inteiros do exército de Batista.
Só da Venezuela recebeu cinqüenta milhões de dólares do seu velho amigo Rômulo Betancourt. Embora seguindo uma política moderada na Venezuela, Betancourt tinha sido marxista e já havia ajudado Castro em outras ocasiões, inclusive na passagem deste por Caracas quando do "Bogotazo". O político venezuelano, que chegou a dirigir o PC de 1930 a 1935, renunciou publicamente ao comunismo mais tarde. Não vamos julgar aqui a sinceridade da abjuração.
É do ex-presidente venezuelano esta significativa afirmação, que Castro aliás seguiu ao pé da letra: "Havemos de apresentar Lenine e Stalin a estes povos [latino-americanos] com vaselina. Devemos forjar um ódio apaixonado contra a propriedade privada e uma determinação vital e ativa de nos despojarmos do sistema capitalista. Podemos fazer tudo isso sem utilizar a palavra que exala vapores sulfurosos: comunismo". (R. Betancourt, "El programa mínimo de presentación", 1931).
Castro prosseguiu na empresa de conquistar Cuba. Ainda segundo o Embaixador Smith, a decisão do governo norte-americano de não vender armas a Batista e sua simpatia para com o Movimento 26 de Julho deitaram por terra com o moral do exército do ditador.
Seguindo determinações de Washington, Smith comunicou a Batista que os EUA lhe dariam asilo, caso entregasse o poder. '"Autrement dit", convidou-o diplomaticamente a deixar o governo.
A polícia de Batista, por seu lado, praticava atrocidades que revoltavam a população e a predispunham a apoiar Castro.
Pela fraude utilizada ao aliciar milicianos e simpatizantes, pelo apoio daqueles que o deviam combater, pelos silêncios cúmplices de muitos, e pelos fundos imensos de que dispôs, o líder guerrilheiro tomou o poder no dia 1o. de janeiro de 1959.[4]
Estava consumado o primeiro ato da tragédia.

Alguns fatos significativos
Na noite desse mesmo dia 1o. de janeiro, Fidel Castro pronunciou um discurso no Parque Céspedes, de Santiago de Cuba, anunciando o triunfo da Revolução. A seu lado estavam o Presidente provisório da República, Dr. Manuel Urrutia, e o Arcebispo de Santiago de Cuba, Mons. Enrique Pérez Serantes. O Prelado católico certamente não tinha presente a advertência do Divino Mestre, que acautelou seus discípulos contra lobos com pele de ovelha.
No dia 2 de janeiro Fidel Castro nega que o Movimento 26 de Julho tenha relações com o Partido Comunista e reitera seu repúdio ao comunismo. Afirma de que a acusação de que ele é comunista é uma calúnia lançada pelo regime de Batista. Do pescoço do futuro ditador pende uma medalha da Virgem da Caridade do Cobre, Padroeira de Cuba. Alguns de seus soldados exigem rosários e escapulários.
No dia 7 de janeiro, Fidel afirma que o governo não manterá relações com a Rússia ou com as nações satélites.
No dia 8 nas principais cidades da Ilha os canhões troam, os barcos tocam as sirenas e as igrejas repicam os sinos, como sinal de alegria pela vitória de Castro.
No dia 9 de janeiro, Fidel anuncia eleições num prazo de dezoito meses[5]. No mesmo dia chega da Europa o comunista cubano Lázaro Peña, e reaparece o jornal "Hoy", órgão oficial do Partido Socialista Popular (marxista).
No dia 10, suprime-se a invocação de Deus nos juramentos judiciais e o poeta oficial do PC cubano, Nicolas Guillén, é nomeado poeta do regime.
Para um observador de boa fé os dez primeiros dias do novo governo já davam material para se formar um juízo. Fidel, entretanto, ainda pôde jogar por quase três anos com a cegueira de uns, a covardia e má fé de outros, antes de declarar-se comunista.
A 22 de janeiro, no salão "Copa Room" do Hotel Havana Riviera, Castro recebeu jornalistas americanos. Começou a entrevista dizendo: "Quero esclarecer que não sou comunista, porque estou certo de que a primeira coisa que irão dizer é que sou comunista".
No dia 23 de janeiro, em Caracas, Castro conversa longamente com o poeta comunista chileno Pablo Neruda. Durante sua estadia na capital venezuelana, só concede uma audiência privada, e essa é dada aos irmãos Machado, líderes comunistas. A reunião dura mais de quatro horas.
No dia 13 de fevereiro, o Subsecretário de Estado dos EUA, Roy Rubotton, expressa em Bogotá seu firme desejo de que os ideais da revolução cubana sejam levados a plena realização.
No dia 16 de abril, Fidel Castro declara: "Meu governo nem é comunista, nem capitalista, é humanista".
No dia 8 de junho, Mons. Evelio Díaz, Bispo Auxiliar e Administrador Apostólico de Havana, declara: "Cremos que nossa reforma agrária, em seu nobre propósito, entra de cheio dentro do espírito e do sentido da justiça social cristã, tão claramente formulada e defendida pelo Pontífice Romano, sobretudo desde Leão XIII".
Três semanas depois, Fidel proclama: "A reforma agrária não é comunista, nem anticomunista, é necessária. Os comunistas a apóiam e também Mons. Díaz e o Pe. Biarán".
No dia 23 de julho, chega ao país o então senador chileno Salvador Allende, convidado pelo governo.
Em dia 26 de julho, dia do Movimento, Mons. Evelio Díaz convida o povo católico a celebrar a data, dando assim apoio a Fidel.
No dia 21 de agosto o Ministro da Educação de Cuba, falando em Santiago do Chile numa concentração promovida pelos comunistas, convida os operários e camponeses chilenos a tomarem armas contra o governo legalmente eleito.
A simples resenha desses fatos já não deixa dúvidas sobre as intenções do regime e as táticas de engano que utilizou, além dos apoios que recebeu.

O comunismo manobra
Fidel Castro tinha que vencer a resistência anticomunista do povo. Para isso pôs-se a manobrar.
Foi criado o Instituto Nacional de Reforma Agrária (INRA), que começou a aplicar ditatorialmente leis espoliativas.
Tornou-se comum a prática de expulsar os donos de terras com sua família, sem nenhum procedimento legal. A conta bancária dos espoliados era bloqueada concomitantemente, o que deixara inúmeros lares na mais negra miséria, da noite para o dia.
Quando se anunciou a reforma agrária, alguns fazendeiros afetados por ela doaram dinheiro, rebanhos, dias de trabalho, arados, etc., colaborando com a Revolução. De nada lhes valeu esse gesto, pois foram também varridos por ela.
Nessa hora, a Igreja Católica deveria reclamar o cumprimento do 7o. Mandamento: "Não furtarás", e do 10o. Mandamento: "Não cobiçarás as coisas alheias", - mas não o fez. As cúpulas das entidades agrícolas, por sua vez, calaram-se quando era seu dever defender os legítimos direitos dos associados.
Defendendo o direito de propriedade ameaçado, os Bispos e Sacerdotes, além dos fazendeiros, estariam defendendo os próprios pilares da civilização cristã. Muitos não o fizeram, sendo assim cúmplices da queda de Cuba nas garras dos marxistas.
As reações aumentaram; as embaixadas encheram-se de asilados. Os que podiam abandonavam o país. O "paredón" pôs-se a funcionar ininterruptamente para silenciar os opositores.
Aqui cabe uma reflexão. Muitos dizem que Castro contava com o apoio popular. A utilização em larga escala do "paredón" e a opressão em que jaz ainda hoje o povo cubano provam o contrário. Havia para o novo regime duas possibilidades de manter-se no poder: submeter-se a um teste eleitoral ou esmagar a oposição por métodos violentos. Se Castro fosse realmente popular, ele escolheria a primeira via, para legitimar seu governo perante a opinião pública mundial, aparecendo como líder consagrado pelo povo. Se escolheu a segunda, aparecendo aos olhos de todos com mãos tintas de sangue, é porque não lhe seria possível submeter-se ao teste das urnas sem ser varrido do cenário público.
Um setor de onde Castro temia reações eram as Forças Armadas. Ali também ele utilizou o método do terror. Depois de centenas de execuções sem julgamentos, anunciou que procederia a uma depuração. Os casos seriam estudados individualmente, afirmou-se. Aquele que não tivesse cometido delito algum, nada tinha a temer. Essa "segurança" não convenceu ninguém. Começaram a afluir os pedidos de licenciamento. Muitos militares tomaram o caminho do exílio, outros recolheram-se a seus lares ou mudaram-se para outras cidades em busca de trabalho. O novo exército começou a recrutar-se nas milícias populares e nas fileiras comunistas.
Como por encanto, surgiram centenas de milhares de uniformes das mais cariadas cores. Foram fundadas organizações denominadas primeiros comunistas, jovens rebeldes, juventude feminina, mulheres federadas, milícias de trabalhadores, comitês de defesa, comitês de vigilância dos centros de trabalho.
O povo sentia temor de sair à rua e não se considerava seguro nem no lar, nem no local de trabalho. À noite, ouvir que alguém batia à porta fazia estremecer os moradores. No melhor dos casos se tratava de uma comissão que investigava quantos membros da família estavam dispostos a integrar-se na revolução, quantos trabalhavam, quantos pertenciam aos comitês, quantas crianças iam à escola, etc. A ausência do retrato de Fidel colocava os ocupantes da casa em situação incômoda.
A imprensa que ainda não estava nas mãos dos comunistas começou a reagir. No início não atacou a revolução, mas somente os desmandos dela.
Os detentores do poder retrucaram com violenta campanha contra os jornais que faziam oposição. O slogan era "paredón!" para os diretores e jornalistas que não afinassem com os marxistas.
O "Diário de la Marina", "El País", "El Mundo", "Carteles", "Bohemia", "Excelsior", "Avance"", tentaram fazer frente ao comunismo. Edições inteiras dessas folhas foram queimadas. Os distribuidores foram ameaçados.
Pouco depois, o governo decretou que em todo jornal funcionaria o que ele chamou de "direito de réplica". Daí em diante, nas redações dos órgãos da oposição o governo colocou um jornalista seu. Cada editorial contra o regime era seguido logo abaixo de uma refutação injuriosa, na qual se incluíam insultos ao autor da nota e ao diretor do jornal. Um a um, todos os órgãos da oposição foram desaparecendo.
Ao mesmo tempo, viajantes adrede preparados visitavam a Ilha e saíam contando maravilhas dela. Jean-Paul Sartre, que a visitou em março de 1960, comentou: "o governo e a revolução não são nem capitalistas nem comunistas, mas humanos"[6].
Enquanto isso, a revolução ia devorando seus próprios filhos. Dos primeiros companheiros de Fidel, poucos foram poupados. O Movimento de 26 de Julho não se tinha declarado comunista e havia tido as bênçãos de certo setor do Clero, bem como o apoio de uma boa parte da burguesia. Atraíra assim um grande número de não comunistas. Era chegada agora para os marxistas a hora de depurar seus quadros de todos aqueles que não comungavam de suas idéias.
Aliás, o expurgo havia começado antes mesmo da queda de Batista. Alguns comunistas que atuavam no Movimento de 26 de Julho "venderam-se", seguindo as ordens do partido, para a polícia secreta de Batista, entregando a esta alguns camaradas. Com isso lucravam duplamente: ganhavam a proteção do próprio governo cubano, e ao mesmo tempo entregavam à polícia vários líderes anticomuinistas em circunstâncias nas quais certamente seriam mortos. Depois da tomada do poder, a eliminação dos não marxistas acelerou-se. Os processos públicos, os tribunais revolucionários, as execuções sem julgamento mandaram à tumba muitos antigos colaboradores de Fidel.

"Y donde está la malanga?"
A aplicação do marxismo na Ilha teve o mesmo efeito que, anos mais tarde, teria no Chile. A reforma agrária trouxe a escassez de produtos agrícolas, pelo decréscimo da produção.
Na primavera de 1960 já se introduziram as "quartas-feiras sem frangos".
As indústrias começaram a parar, os bens de consumo a escassear, o mercado negro surgiu, o açambarcamento de gêneros alimentícios generalizou-se.
Cuba, uma ilha cercada de águas piscosas, viu com espanto várias espécies de peixes e mariscos desaparecerem de seus mercados.
A burocracia, a incompetência, a negligência e o fanatismo ideológico próprios do regime marxista, começavam a dar seus amargos frutos.
O próprio Castro reconheceu a penúria na qual imergia o povo cubano. O jornal "Revolución", de 13 de março de 1962, reproduziu esta declaração do ditador: "Es preciso, sin duda de niguma clase, hablar com toda franqueza. El problema más sério que ha tenido que confrontar la Revolución es este problema del abastecimiento... Después de que nosotros nos hemos pasado aquí, muchas veces diciendo que si no hay tal cosa que comer, comeremos malanga. Entonces, la gente dice, bueno, y donde está la malanga?"
A esta altura ia adiantada a exportação da revolução para a América Latina, eram claríssimos os laços de sujeição de Cuba à Rússia Soviética e o apoio total do governo ao comunismo. Já não era necessário continuar com o ardil que vinha sendo usado pelo regime.
Em maio de 1961, Cuba foi declarada uma república socialista.
Em 2 de dezembro do mesmo ano, Fidel Castro, em discurso público, confessou-se marxista[7], acrescentando que durante toda a sua vida o tinha sido.
Cuba foi colocada oficialmente na órbita soviética.
O segundo ato da tragédia encerrava-se.

O desastre da Baía dos Porcos: traição e abandono
Antes de esboçar em breves traços a situação na qual jaz atualmente a Ilha, uma palavra sobre a frustrada tentativa de invasão, feita por refugiados cubanos, na Baía dos Porcos, em 1961.
Foi tal o proveito dela tirado pelo comunismo internacional, que um observador atento às manobras marxistas e conhecedor da astúcia que as caracteriza, é levado a perguntar se ela não foi infiltrada e traída desde o início.
Fidel estava submetido a forte oposição interna, que ameaçava derruba-lo. Com a derrota da invasão, ele pôde desbaratar a oposição na Ilha, capturando alguns dos seus elementos mais ativos.
A atuação dos exilados também era perigosa. Frustrada a expedição libertadora, espalhou-se o desalento nessa área, além de Castro ter conseguido matar ou capturar a fina flor do anticomunismo cubano que tentou conquistar a Ilha.
A malograda invasão serviu de pretexto para o estreitamento dos laços com Moscou e para a entrada definitiva de Cuba na órbita soviética.
Kennedy havia prometido apoio aéreo, mas retirou sua palavra no último momento, abandonando dessa forma os heróicos invasores à morte ou à prisão.
Alguém traiu o movimento, entregando aos comunistas listas de nomes da resistência subterrânea em Cuba, o que provocou uma onda de execuções.
Havia aproximadamente três mil homens em armas dentro da Ilha, já com planos feitos, esperando a ordem para o ataque. A ordem não chegou e todos eles se viram entregues à sanha dos comunistas.
A lista dos tristes e inexplicáveis fatos que se seguiram ao episódio da Baía dos Porcos é longa.
O resultado concreto foi que depois desse episódio o comunismo estava muito mais forte em Cuba.

Privilégios para estrangeiros
Consolidado o regime, amargos frutos começaram a amadurecer.
Um rígido esquema de marxistização da infância e da juventude foi instalado.
Chegaram milhares de estrangeiros da América, da Ásia e África para se instruírem ideológica, política e militarmente; vieram também numerosos instrutores de várias nações.
Para estes, ora chamados de "delegados", ora chamados de "técnicos", não existe o racionamento.
Estabelecimentos especiais, aos quais os cubanos não têm acesso, foram criados para atender às necessidades dos estrangeiros. Estes muitas vezes estabelecem relações "comerciais" com os naturais da ilha. Como os cubanos sofrem uma carência crônica de alimentos, amiúde se dispõem a trocar objetos de ouro, de prata, adornos de cristal, cerâmicas, móveis de família, por carne enlatada russa, compotas húngaras, queijo polonês, etc. E são escorchados nesse comércio, pois os comunistas pedem pelos alimentos preços astronômicos.

A medicina na Cuba de Castro
O corpo docente da Faculdade de Medicina foi, como seria de se esperar, expurgado. Estudantes comunistas ocuparam os cargos dos antigos mestres.
Muitos estudantes ficaram profundamente chocados ao verem seus colegas de ontem, os quais não brilhavam pelo saber, aboletados nas cátedras como seus novos professores. A situação nesse setor do ensino tornou-se caótica.
Aos futuros médicos cabem duas opções: ou emigrar para continuar seus estudos, o que muitos não podem fazer, ou resignar-se, receber o diploma numa universidade cubana e sujeitar-se a qualquer trabalho indicado pelo Estado.
A primeira leva de formados sob esse regime recebeu do povo o apelido de médicos "três picos", porque se dizia em Havana que a única prova que se exigia deles era subir três vezes o pico Turquino.
Esses novos facultativos encontraram (e ainda encontram) um campo de trabalho pré-determinado pelo Estado. Este os obriga a dois turnos de trabalho de seis horas cada um. Em cada turno, o médico tem obrigação de atender a oitenta pacientes,o que dá uma média absurda de treze consultas por hora.
Os laboratórios receberam ordens de nunca atestar menos de 4.800.000 glóbulos vermelhos no resultado de exames de sangue entregue ao paciente. Numa folha que só ia para o clínico, a situação real era atestada. O motivo é simples: a desnutrição, pela carência alimentar, aumentara assustadoramente e o governo não queria deixar que o fato se tornasse de domínio público.
A quase totalidade dos médicos foi incorporada aos hospitais e foram suprimidas as consultas particulares. Os doentes têm obrigação de ir até o hospital para serem atendidos. Para os casos simples, a situação não é dramática. Entretanto, para os casos graves é difícil a solução, pois o serviço de ambulância funciona mal, e táxis quase nunca são encontrados.
Imaginemos os transes por que passa um doente em estado grave, que depois de mil peripécias consegue chegar ao hospital e lá é atendido por médicos "três picos", carentes dos conhecimentos necessários e do material adequado[8].

A dura situação dos trabalhadores
Em Cuba, sob a ditadura de Batista, embora houvesse muitas injustiças a censurar, protegia-se o trabalhador com a jornada de quarenta horas e pagamento de 48 horas, salário mínimo, assistência à maternidade, seguro contra acidentes, descanso remunerado, licença por enfermidade, trinta dias de férias anuais, cinqüenta por cento do salário mensal como abono de Natal, irremovibilidade, aposentadoria aos 55 anos com 75% do ordenado. Havia participação nos lucros em algumas empresas.
Castro restringiu enormemente as regalias operárias. Foi suprimida a jornada máxima de trabalho, reduzidos os salários, instituído o "trabalho voluntário", sem remuneração, que é uma forma mal disfarçada de trabalho escravo.
O regime promulgou em 1970 uma verdadeira legislação anti-social, que comina punições para três classes de trabalhadores:
a)vagabundos: aqueles que, havendo trabalhado durante toda a safra açucareira, que termina em 31 de julho, não se incorporam ao trabalho no dia 1o. de agosto. A sanção pode ser a suspensão da caderneta de abastecimento (em outras palavras, a fome), ou o trabalho forçado numa granja do Estado até dois anos.
b) semivagabundos: aqueles que, embora realizando suas oito horas normais de trabalho e não faltando nenhum dia, não executam "trabalho voluntário" nem pertencem a nenhuma organização de massa. A sanção contra esses pode ir até seis meses de trabalhos forçados.
c) absenteístas: aqueles que, cumprindo embora seu horário, realizando "trabalho voluntário" e pertencendo a organizações de massa, faltam, por motivos alheios à sua vontade, ao trabalho. A sanção contra esses é a crítica pública.
Por essa legislação todo trabalhador cubano está sujeito a, mais cedo ou mais tarde, ser inculpado de um desses delitos, os quais são julgados por tribunais populares.

Os tribunais populares
Os tribunais populares são caricaturas dos tribunais de justiça. Constituídos por membros do PC sem nenhum preparo jurídico e destinados a julgar de maneira "expedita", suas sentenças não têm apelação e são executadas imediatamente[9].
Não nos deteremos aqui nas incontáveis vítimas que esses tribunais mandavam aos pelotões de fuzilamento. Analisaremos outro aspecto.
Espalhados por toda a Ilha, eles infernizam a vida da população. Imaginemos um pacato cidadão condenado a cortar cana por três dias, ou varrer as ruas aos domingos durante um mês, porque não tem "sentimentos revolucionários", "responsabilidade proletária" ou "identificação com o povo". É o que pode acontecer a todo momento, com qualquer cubano.

Exploração do trabalho infantil
O regime difunde que há educação obrigatória e gratuita em Cuba. O obrigatório não traz novidade, pois tudo no regime marxista é obrigatório.
O gratuito é falso. Há as famosas "Escuelas de Cara al Campo". Depois dos doze anos, todo aluno trabalha no campo para o Estado de 75 a 90 dias por ano, gratuitamente.
Além do mais, muitas vezes escolas inteiras são convocadas para executar "trabalho voluntário", o que faz o corpo discente quebrar o ritmo dos estudos, provocando o desinteresse em muitos dos alunos.

O G-2, êmulo da KGB soviética
Análoga à KGB soviética, a polícia secreta cubana - o G-2 - é o terror da população.
Muitos prisioneiros suicidam-se nas prisões, pelo pânico dos tormentos que lhes estão reservados.
Num Estado que erigiu como norma a violação de todos os direitos, nada mais natural do que um organismo que espalhe a insegurança e o medo entre a população.

800 mil refugiados
A fome, as delações, as execuções, o terror, o confisco e o crime erigido em lei, produziram seus frutos lógicos: 800 mil cubanos vivem hoje no exílio[10].
Proporcionalmente seria o equivalente ao expatriamento de 10 milhões de brasileiros.
O terceiro ato da tragédia cubana ainda continua, desenrolando-se aos olhos de um mundo aturdido e um tanto esquecido do encadeamento de desgraças que se abateram sobre a ilha do Caribe.

Esperança
Ao terminar a recapitulação sumária e quase esquemática do furacão que há anos assola Cuba, manifestamos a firme esperança de que tudo isso não passará de um pesadelo na vida da jovem nação. Será um parêntesis trágico na sua história, que logo será fechado.
Tanto sangue derramado, tantos martírios atrairão o olhar misericordioso de Nossa Senhora da Caridade do Cobre, Padroeira de Cuba.
E esperamos que os cubanos que habitarão futuramente a "Pérola das Antilhas" já reinvestida na sua honra e dignidade, aproveitarão largamente os ensinamentos que essa revolução lhes terá proporcionado, tornando-se vigilantes contra toda sorte de enganos e ardis.
Seguindo os ensinamentos dAquele que nos preveniu contra os lobos vestidos de ovelhas, e nos ensina a ter a simplicidade da pomba e a prudência da serpente, Cuba terá um futuro brilhante nas vias da civilização cristã".
[1] O Autor está se referindo ao primeiro período do governo Batista, de 33 a 43.
[2] Segundo artigo de Sérgio Brotero Lefevre, seu nome era Fidélio Castro, mudado para facilitar a pronúncia.
[3] Sierra Maestra, o tristemente célebre lugar de onde partiu a guerrilha de Fidel Castro
[4] Faltou dizer o que foi feito do ditador Batista, confortavelmente instalado num exílio para os EUA.
[5] Já transcorreram-se quase 50 anos e ainda não há eleições livres na Ilha.
[6] Durante décadas Cuba foi visitada por intelectuais, artistas e políticos com fins de propaganda do regime.
[7] Afirmou enfaticamente; "Soy marxista-leninista"
[8] Hoje, há uma propaganda que exalta a medicina cubana, mas cujo logro é patente.
[9] Tais tribunais são cópias dos que funcionavam na Revolução Francesa e visam mais causar terror.
[10] Estes cálculos são otimistas, pois hoje só em Miami vivem mais de um milhão de refugiados cubanos.

Nenhum comentário: