segunda-feira, 19 de maio de 2008

Bento XVI relembra prisão de Pio VII em Savona

Em sua peregrinação a Gênova, sábado, Bento XVI passou por Savona, cidade na qual começou por visitar o Santuário de Nossa Senhora da Misericórdia. Na sua homilia, dedicada à Solenidade da Santíssima Trindade, após ter visitado o Santuário de Nossa Senhora da Misericórdia, o Papa disse que a essência de Deus é amor, é misericórdia: “Está aqui toda a essência do cristianismo, porque é a essência do próprio Deus. Deus é Uno porque é tudo e só Amor, e precisamente porque é Amor, é abertura, acolhimento, diálogo; e na sua relação conosco, homens pecadores, é misericórdia, compaixão, graça, perdão”.
Mas o momento mais marcante aconteceu quando Bento XVI explicou que a sua peregrinação é também uma homenagem ao seu predecessor, Pio VII, que Napoleão Bonaparte obrigou a viver confinado em Savona, onde passou quase 3 anos de prisão, recebendo, no entanto, todo o apoio e a compreensão dos habitantes dessa cidade.
A história de Pio VII, disse o Papa, ensina-nos a coragem de enfrentar os desafios do mundo, como o materialismo, o relativismo, o laicismo, “sem nunca ceder a compromissos, dispostos a pagar pessoalmente pela fidelidade ao Senhor e à sua Igreja”.
A data também marca o início do processo de beatificação do heróico pontífice.
Por que a prisão de Pio VII
Pio VII tornou-se memorável pela extrema destreza e sabedoria com que lutou contra Napoleão Bonaparteo. Compreendeu Napoleão que era necessário para a o seu governo um simulacro de apoio da Igreja e com isso iludir os católicos que não apoiavam seu despotismo. Com este propósito, em 1802 impôs à Igreja uma concordata prejudicial ao estado pontifício, pelos dolorosos "artigos orgânicos". Em 1804, Pio VII foi forçado pela força a "coroar" Napoleão Imperador dos Franceses. Mas diante da soberba dete, ele mesmo se autocoroou imperador, apesar da presença do Pontífice, que viajou até Paris na esperança de apagar os vestígios da impiedade revolucionária. Mas Napoleão não estava satisfeito em sua ironia e soberba. Ele pretendeu dominar a Igreja Católica como o fez com outros países: nomeou bispos, fez religiosos jurarem fidelidade à coroa e pretendeu manipular o próprio Papa, levando-o à aderir a sua política de alianças e de guerras. Ante a natural recusa de Pio VII, Napoleão ocupou os Estados Pontifícios, prendeu Pio VII e seu secretário, o cardeal Consalvi. O Papa esteve aprisionado em Savona e depois em Fontainebleau, só podendo regressar aa Roma em 1814. No congresso de Viena (1814-1815), os Estados Pontifícios Papais foram restaurados.
Já em Roma, Pio VII restabeleceu a Companhia de Jesus. Fortaleceu as alianças com os demais soberanos "restaurados" e vencedores que emergiram da campanha de Waterloo, intercedeu pelo povo francês que sofreu horrores com as guerras de seu antigo imperador e apelou por uma "política de alianças" que amenizasse a fadiga que toda a Europa atravessou pelas guerras intempestivas e impedisse que outros "Napoleões" aparecessem e tomassem o poder. Faleceu em 20 de agosto de 1823, após mais de vinte e três anos de um importante pontificado cheio de eventos.

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