sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

MEDITAÇÕES PARA O ADVENTO (XX)

 


Sexta-feira da terceira semana

 

COMENTÁRIOS DE SÃO TOMÁS DE AQUINO

 – BEM-AVENTURADO O VENTRE DA SANTÍSSIMA VIRGEM

 Bem-Aventurado o ventre que o trouxe (Lc 11,27). Por muitas razões se diz bem-aventurado o ventre da Santíssima Virgem. Porque trouxe Aquele que em si mesmo é sumamente bem-aventurado , como diz o Apóstolo: “O bem-aventurado e só poderoso, o Rei dos reis” (1 Tim 6, 15).

Logo, porque Maria gozou da bem-aventurança suprema e trinitária, por ser esposa do Pai, mãe do Filho e morada do Espírito Santo, de acordo com isso: “Ave mãe da piedade e nobre triclínio de toda a Trindade. Porque concebeu sem corrupção. Porque o levou sem trabalho. Porque deu à luz sem dor.

A propósito, diz São Lucas: “O Espírito Santo virá sobre ti”, e portanto conceberás sem dor ou corrupção; “E de fará sombra a virtude do Altíssimo”, e portanto você o carregará sem trabalho; “E por isso o Santo que nascerá de ti será chamado Filho de Deus”, e assim  dará à luz sem dor. Porque carregou o preço da redenção, conforme se lê em  Números (20, 6): “Senhor Deus, ouve o clamor deste povo e abre o teu tesouro para eles, uma fonte de água viva, para que, quando se fartem, cesse suas murmurações. E a glória do Senhor apareceu sobre eles”.

Porque se beneficiou de todos os estados, porque teve a integridade das virgens, a fecundidade das esposas e a castidade dos continentes. Enfim, porque Maria será sempre abençoada por todos e proclamada bem-aventurada, como ela mesma disse (Lc 1, 48): “Me chamarão Bem-Aventurada todas as gerações”. (Serm., XLVI)

 (Extraído de “MEDULLA S. THOMAE AQUITATIS PER OMNES AMNI LITURGICI SEU MEDITATIONES EX OPERIBUS S. THOMAE DEPROMPTAE.- Recopilação de Fr. Mezar, OP, e tradução do latim para o espanhol por Luís M. de Cádiz)

 MEDITAÇÕES PARA OS DIAS DA NOVENA DE NATAL

 3º Dia

 Parvulus natus est nobis, et Filius datus est nobis. Nasceu-nos um Menino e foi-nos dado um Filho (Is 9,3).

Considera que após tantos séculos, após tantos suspiros e preces, o divino Messias, que os patriarcas e os profetas não tiveram a felicidade de ver, o Desejado das nações, o Desejo das colinas eternas, numa palavra, nosso Salvador veio em fim, nasceu, e deu-se todo a nós: Nasceu-nos um Menino, foi-nos dado um Filho.

O Filho de Deus se fez pequeno para nos fazer grandes; deu-se a nós, a fim de que nos demos a Ele; veio mostrar-nos seu amor a fim de que o correspondamos com o nosso. Recebamo-lo pois com afeto, amemo-lo e recorramos a Ele em todas as nossas necessidades. As crianças, diz São Bernardo, dão facilmente o que se lhes pede. Jesus veio sob a forma duma criança para manifestar a sua disposição de comunicar-nos seus bens. Ora, nele estão todos os tesouros. Seu Pai celeste colocou tudo em suas
mãos.
Desejamos luzes? ele veio precisamente para iluminar-nos. Desejamos mais força para resistir aos inimigos? ele veio para fortalecer-nos. Desejamos o perdão das nossas faltas e a salvação? ele veio para perdoar-nos e salvar-nos. Enfim desejamos o soberano dom do amor divino? ele veio justamente para inflamar nossos corações, e para isso é que ele se fez Menino: se ele quis mostrar-se aos nossos olhos num estado tão pobre e tão humilde, e por isso mesmo mais amável, foi para tirar-nos todo o temor e ganhar o nosso amor.

Além disso Jesus quis nascer como criança para que o amemos não somente sobre tudo, mas também com amor terno. Todas as crianças sabem conquistar a afeição terna de quem as vê; ora, quem não amará com toda a ternura a um Deus, vendo-o feito Menino, necessitado de leite, tremendo de frio, pobre, desprezado e abandonado, que chora sobre a palha numa manjedoura? Por isso São Francisco inflamado de amor exclamava: Amemos o Menino de Belém, amemos o Menino de Belém. Vinde , ó almas, vinde e amai o meu Deus feito Menino, feito pobre, que é tão amável e que desceu do céu para dar-se todo a vós.

 Afetos e Súplicas.

 Ó meu amável Jesus, por mim tão desprezado, descestes do céu para resgatar-me do inferno e dar-vos todo a mim, e como pude desprezar-vos tantas vezes e voltar-vos as costas?

Ó Deus, os homens são tão gratos às criaturas; se alguém lhes faz algum benefício, se de longe lhes fazem uma visita, se lhes mostram sinal de afeto, não podem esquecer-se disso e sentem-se obrigados a pagar-lhes. E são tão ingratos para convosco, que sois o seu Deus cheio de amabilidade, e que por amor deles não recusastes dar o sangue e a vida. — Mas ah! eu tenho sido pior do que todos, pois que, apesar de me terdes amado, mais eu vos tenho sido mais ingrato. Ah! se tivésseis concedido a um herege, a um idólatra, as graças com que me favoreceste, ele se teria santificado; e eu, eu vos ofendi!

Senhor, dignai-vos esquecer as injúrias que vos fiz. Vós dissestes que, quando um pecador se arrepende, esqueceis todos os ultrajes que dele recebestes. Se no passado eu vos não amei, no futuro não quero fazer outra coisa senão amar-vos. Vós vos destes todo a mim; eu vos consagro toda a minha vontade, e assim vos amo, vos amo, vos amo, e quero repetir sem cessar: amo-vos, amo-vos; e quero dizer sempre a mesma coisa enquanto viver, e quero exalar o último suspiro tendo nos lábios a doce palavra: Meu Deus, eu vos amo! — para começar depois, ao entrar na outra vida, a amar-vos sem interrupção, com um amor sem fim, com amor eterno. Aguardando essa ventura, ó meu Deus, meu único Bem, meu único Amor, estou resolvido a
preferir a vossa vontade a todas as minhas satisfações. Venha o mundo inteiro, eu o repilo; não quero cessar de amar Aquele que tanto me amou; já não quero desgostar Aquele que merece amor infinito. Meu Jesus, secundai o meu desejo e a minha resolução com a vossa graça.

Maria, minha Rainha, reconheço que por vossa intercessão tenho recebido todas as graças que Deus me tem concedido; não cesseis de interceder por mim; obtende-me a perseverança, vós que sois a Mãe da perseverança.

 (SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO - “Encarnação, Nascimento e Infância do Menino Jesus” – Edição Pdf Aparecida – 2004 – Fl. Castro – págs. 162/164)

 HOJE É DIA DE NOSSA SENHORA DO Ó, OU DA EXPECTAÇÃO

 https://quodlibeta.blogspot.com/2016/12/comentarios-de-dr-plinio-sobre_18.html

 

 


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