terça-feira, 15 de dezembro de 2020

MEDITAÇÕES PARA O ADVENTO (XVII)

 


Terça-feira da terceira semana

 

 COMENTÁRIOS DE SÃO TOMÁS DE AQUINO

 - NENHUM MÉRITO PRECEDEU À UNIÃO DO VERBO

 I. No que diz respeito ao próprio Cristo, é evidente que nenhum de seus méritos podem preceder a união hipostática; porque não admitimos que antes fosse puro homem, e mais tarde, pelo mérito de sua boa vida,  conseguisse ser o Filho de Deus, como Potino supôs; mas nós dizemos que desde o início de sua concepção aquele homem era verdadeiramente Filho de Deus, visto que ele não tinha outra hipóstase senão a do Filho de Deus, segunda palavras de São Lucas: “O santo, que nascerá de Vós, será chamado de Filho de Deus” (Lc 1,35). Consequentemente, cada operação daquele homem seguiu a união. Então, nenhuma ação sua poderia merecer a união.

II. Nem poderiam as ações de outro homem merecer condignamente esta união.

1º) Porque as obras meritórias do homem são devidamente ordenadas à bem-aventurança, que é o prêmio da virtude e consiste na plena alegria de Deus; a união da encarnação, que se dá no ser pessoal, vai além da união da alma bem-aventurada com Deus, que é operada pelo ato de quem desfruta; e é por isso que essa união não pode ser objeto de mérito.

2º) Porque a graça não pode cair sob o mérito; porque o princípio  do mérito não é o objeto dele e, portanto, não é a mesma graça, que é um princípio de mérito. Então, muito menos a encarnação cai sob o mérito, pois é o princípio da graça, como diz São João (1,17): “A graça e a verdade foram feitas por Jesus Cristo”.

3º) Porque a encarnação de Cristo repara toda a natureza humana, e, portanto, não cai sob o mérito de um homem singular, pois o bem de um indivíduo não pode ser a causa do bem de toda a natureza. No entanto, “ex côngruo” os santos Padres mereciam a encarnação querendo e pedindo. Pois era conveniente para Deus ouvir aqueles que lhe obedeciam. Diz-se que a Santíssima Virgem mereceu trazer ao Senhor de todos, não porque merecesse que este se encarnasse, mas porque  merecia, pela graça que o Sênior lhe deu, tal grau de pureza e santidade, que ela poderia ser dignamente a Mãe de Deus. 31 (3º, q. II, a. XI)

 (Extraído de “MEDULLA S. THOMAE AQUITATIS PER OMNES AMNI LITURGICI SEU MEDITATIONES EX OPERIBUS S. THOMAE DEPROMPTAE.- Recopilação de Fr. Mezar, OP, e tradução do latim para o espanhol por Luís M. de Cádiz)

 

  AFETOS E SÚPLICAS DE SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO

- Orietur vobis Sol justitiae, et sanitas in pennis ejus.
Para vós nascerá o Sol da justiça, e estará a salvação sob as suas asas (Ml 4,2).[1]

Louvada e bendita seja para sempre a vossa caridade, ó meu Redentor! Ah! que seria de minha alma empobrecida, enferma e aflita por tantas chagas provenientes de meus pecados, se vos não tivesse, meu Jesus, que podeis e quereis curar-me? Ó sangue de meu Salvador, confio em vós; lavai-me e curai-me. Arrependo-me, meu Amor, de vos haver ofendido. Para me mostrardes o vosso amor abraçastes uma vida tão aflita e uma morte tão cruel! quisera também eu testemunhar-vos o meu amor; mas que posso fazer eu miserável, tão doente e fraco? Ó Deus de minha alma, vós podeis tudo; podeis curar-me e santificar-me; acendei em mim um vivo desejo de vos ser agradável. Renuncio a todas as satisfações para vos comprazer, meu divino Redentor, que mereceis ser contentado a todo o custo! Ó soberano Bem, estimo-vos e amo-vos mais do que todos os bens; fazei que vos ame de todo o coração e que vos peça sempre o vosso santo amor. No passado vos ofendi e vos não amei porque não pedi vosso amor; hoje vo-lo peço e suplico-vos a graça de pedi-lo sempre; atendei-me pelos méritos de vossa paixão.

Ó Maria, minha Mãe, estais sempre pronta a atender a quem vos pede, amais os que vos amam; amo-vos, ó minha Rainha, obtende-me a graça de amar a Deus, não vos peço outra coisa.

(“Encarnação, Nascimento e Infância de Jesus Cristo” - Santo Afonso Maria de Ligório - Doutor da Igreja e Fundador da Congregação Redentorista - Tradução do Pe. OSCAR DAS CHAGAS AZEREDO, C.Ss.R. - Edição Pdf - Aparecida – 2004 – Fl. Castro – págs. 154)

 



[1] Parece que se refere a Malaquias 3.20, que reza assim: “Mas para vós, que temeis o nome do Senhor, brilhará o sol de justiça, etc. “


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