sábado, 12 de dezembro de 2020

MEDITAÇÕES PARA O ADVENTO (XIV)

 


Sábado da segunda semana

 COMENTÁRIOS DE SÃO TOMÁS DE AQUINO

 - DESEJO DA ENCARNAÇÃO DE CRISTO

 O sacramento da divina Encarnação foi desejado pelos santos Patriarcas. É assim que se lê em Ageu (2, 8): “Ele virá, o desejado de todos os povos”.  E Santo Agostinho: “Os antigos santos Patriarcas sabiam que Cristo havia de vir, e todos os que viveram piedosamente diziam: Oh, se aquele nascimento fosse realizado enquanto eu vivo! Oh, se eu visse com meus próprios olhos o que eu acredito de acordo com as Sagradas Escrituras! "

Existem três causas para esse desejo ardente:

1ª) A miséria transbordante que sofriam. Pela qual se diz no Salmo (17, 7-8): “Na minha tribulação, invoquei o Senhor ... e ele ouviu de seu santo templo minha voz”; Isto deve ser entendido, de acordo com o Glosa, da humanidade de Cristo que havia de vir, e em cuja encarnação o efeito da oração nos alcançaria. E no Êxodo (4,18): “Rogo-te, Senhor, envia aquele que deves enviar. Olha a aflição de seu povo; como tens dito, vem e nos salva”. De onde adverte que a aflição e a libertação do povo israelita eram uma figura da aflição e libertação de toda a raça humana.

2ª) A abundância de paz interna e externa que abundou em sua vinda. Daí o que se lê no Salmo (71, 7): “Em Seus dias nascerá justiça e abundância de paz”. Ou seja, de acordo com o Glosa: Haverá paz até que, destruída a morte, a lua não exista mais, ou seja, a mortalidade da carne. E no Cântico dos Cânticos (1, 1): “Beija-me com o beijo da tua boca; pois o beijo é um sinal de paz”. A esposa pede a Encarnação do Filho de Deus, que é como um antegozo de nossa união com Deus, na qual consiste a paz de nosso coração.

3º) A alegria interior que provaram de antemão, conforme se lê em Baruc (4, 36): “Olha, Jerusalém, em direção ao Oriente, e veja a alegria que vem de Deus”. Os Santos Patriarcas gozaram de antemão da alegria ao ver fé, como diz São João (8, 56): “Abraão, vosso pai, desejou ardentemente ver meu dia; o viu e ficou encantado”. E adiciona a Glosa:  conheceu o dia de minha encarnação. E Santo Agostinho acrescenta: “Qual não seria a alegria do coração do que viu o Verbo Eterno,  resplendor brilhante do Pai nas mentes piedosas e Deus que estava ao lado do Pai, um dia vir em carne humana, sem abandonar o seio do Pai?” "E São Bernardo:" A quem de nós dará tanto gozo a manifestação dessa graça, como deu aos antigos somente a promessa dela? " (De Christi Humanitate

 (Extraído de “MEDULLA S. THOMAE AQUITATIS PER OMNES AMNI LITURGICI SEU MEDITATIONES EX OPERIBUS S. THOMAE DEPROMPTAE.- Recopilação de Fr. Mezar, OP, e tradução do latim para o espanhol por Luís M. de Cádiz)

 

AFETOS E SÚPLICAS DE SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO

- Quae utilitas in sanguine meo, dum descendo in corruptionem. Que utilidade tirarás da minha morte, quando eu descer à corrupção? (Sl 29,10)

Meu amabilíssimo Jesus, quanto vos fiz sofrer durante a vossa vida mortal! Derramastes por mim o vosso sangue com tanta dor e tanto amor, e que fruto tirastes de mim até agora? desprezos, ofensas, afrontas! Mas, meu Redentor, não quero mais afligir-vos; espero que no futuro a vossa paixão produza fruto em mim por vossa graça, cujos efeitos já eu sinto. Sofrestes tanto e morrestes por mim, para que eu vos ame; quero amar-vos sobre todos os bens, e para comprazer-vos estou pronto a dar mil vezes a vida. Padre eterno, não ousaria aparecer diante de vós para pedir-vos perdão e graças, se vosso Filho me não dissesse que, pedindo-vos em seu nome, serei sempre atendido: Tudo o que pedirdes a meu Pai em meu nome, Ele vo-lo dará. Ofereço-vos pois os méritos de Jesus Cristo e, em nome de Jesus peço-vos primeiro o perdão geral de todos os meus pecados; peço-vos depois a santa perseverança até a morte; e peço-vos sobretudo o dom do vosso santo amor, que me faça sempre viver de acordo com a vossa vontade. quanto à minha própria vontade estou resolvido a antes sofrer mil vezes a morte do que ofender-vos, e a amar-vos de todo o meu coração, fazendo tudo ao meu alcance para comprazer-vos; a vós peço e de vós espero a graça de executar esta resolução. Maria, minha Mãe, se rogardes por mim, estarei tranqüilo. Rogai, rogai por mim, e não cesseis de rogar enquanto me não virdes mudado e conforme à vontade de Deus.

 (“Encarnação, Nascimento e Infância de Jesus Cristo” - Santo Afonso Maria de Ligório - Doutor da Igreja e Fundador da Congregação Redentorista - Tradução do Pe. OSCAR DAS CHAGAS AZEREDO, C.Ss.R. - Edição Pdf - Aparecida – 2004 – Fl. Castro – págs. 148/149)

 


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