quinta-feira, 4 de março de 2010

A maioria das vítimas do terremoto no Chile foi de veranistas

Parece que as últimas catástrofes naturais estão dando preferência lugares onde abundam turistas. Antes que um tsumani varresse o litoral asiático em 2004, milhões de turistas já vinham formando ondas de “tsunamis” de nudistas ou seminudistas em todo o mundo. E continuam impávidos, impassíveis, indiferentes aos movimentos da providencia divina a formar ondas e mais ondas que invadem todas as praias do mundo de hoje. No tsunami de 2004 contabilizaram-se as mortes de milhares de turistas europeus que desfrutavam pacificamente das praias e dos hotéis de luxo que haviam na região.
O fato repetiu-se em Angra dos Reis, no Brasil (com pouco mais de 50 mortes, mas muita destruição) e no Chile, cujas vítimas fatais não chega a assustar mais do que a destruição de casas, prédios, pontes, etc. Foi o que ocorreu com a cidade de Constitución, no sul daquele país, que registrou o maior número de mortos após o terremoto de sábado (27). A tragédia deixou pelo menos 350 vítimas das 800 contabilizadas até agora.
Algumas das mortes foram causadas pelo tsunami que devastou o povoado 30 minutos após o forte terremoto de magnitude 8,8. As casas se transformaram em escombros onde o Exército trabalha à procura de corpos.
"Neste momento sentimos um cheiro muito forte pela cidade. Há 70 cadáveres armazenados em um ginásio. Os que foram identificados por parentes ainda não puderam ser liberados porque não têm identificação.
Vejam o resumo de notícia divulgada pelo jornal “El Mercúrio”:
“Morte, destruição, saques, desaparecidos e caos resumem o que se está vivendo neste balneário que – quase como toda a zona centro-sul terminou seu período de férias da pior maneira: com a tragédia maior de sua história.
“Mais de setenta mortos (1) e pelo menos 150 desaparecidos é a cifra que dá a polícia. Mais da metade da cidade no chão, literalmente não só pelos efeitos do terremoto, mas por causa de um violento tsumani que arrasou toda a zona próxima ao mar e ao rio Maule.
“Foram as ondas. Uma vinha do oeste e outra do norte, que chocaram na desembocadura do rio e se lançaram em cima da cidade”, relata Agustín Díaz, um pequeno empresário pesqueiro que viu perdidas suas embarcações, móveis, infra-estrutura e veículos.
“Eu o vi, porque fiquei até o fim aqui. As ondas superavam os 15 metros, já que ultrapassaram os eucaliptos que estão em frente (aponta para a Ilha Orrego) ao norte do lugar.
“Precisamente nesse atoleiro de terra havia umas 500 pessoas que acampavam para esperar a tradicional “Noche Veneciana” que se celebra para encerrar o fim das atividades de férias. Há mais de 150 desaparecidos. Ninguém sabe sua identidade, porque a maioria vinha de outras localidades.
“Uma terceira onda que vinha do sul entrou por trás do morro “Mutrón”. Tinha quase oito metros e não avisou. Somente sentimos um ruído atroador, como um saco cheio de pedras que se lançou sobre as casas, explica Gustavo Labrin. Felizmente a maioria dos vizinhos abandou a região, tomada pelo tsumani, apenas acabou o tremor; do contrário, a tragédia haveria sido pior.
“...Desapareceram bairros inteiros, dezenas de casas foram arrasadas. Veículos, máquinas pesadas e guindastes foram arrastados como se fossem papel. Um barco foi lançado 4 quilômetros terra a dentro.
“As zonas de camping denominadas Primera Segunda e Tercera Playa, onde haviam inumeráveis veranistas, foram arrasadas.
O mar avançou cerca de cinco quadras. Chegou até à Plaza de Armas da cidade. Os turistas da ilha Orrego foram arrancados e levados para o mar. Depois apareceram corpos flutuando no rio del Maule....
Segue o relato falando de saques, ação da polícia, etc. Estava se repetindo os mesmos fatos que se sucederam ao terremoto no Haiti. Corpos sendo enterrados em valas comuns e outros a espera de ser reconhecidos por familiares ou amigos.

Descrição do baldenário de “Constitución”
Reconhecido desde princípios do século XX como local de entretenimento para a sociedade chilena, Constitución tinha excelente panorama e oferecia várias alternativas para quem quisesse veranear. No lugar, é possível desfrutar de uma paisagam, com variados rochedos e praias que se estendem ao longo de 5 quilômetros, todas de areias gris escura e textura média. Havia também excursões ao rio Maule e ao Cerro Mutun. Dentre as atividades de entretenimento destacam-se a pesca recreativa, navegação turística, remo, acampamentos, etc. O clima é temperado, com temperaturas moderadas. No verão a máxima varia entre 19 a 30 graus, enquanto que no inverno a mínima é de 7 C;

Medo de tsunami leva moradores para parte alta de Constitución

A altura se transformou em sinônimo de vida para os que escaparam do tsunami que arrasou parte da costa chilena e, cinco dias depois que as ondas gigantes devoraram suas casas, eles seguiam dormindo nos morros.
Nas dezenas de colinas ao redor da cidade de Constitución, centenas de barracas e dois grandes albergues dão refúgio à população.
Antes dos três tsunamis destruírem a cidade, os morros eram o lugar onde os mais pobres erguiam seus humildes casebres de madeira. Agora são o refúgio mais cobiçado.
"A casa foi derrubada, vivíamos com meu pai e meu filho. Estamos há dois dias no albergue. Deram-nos comida e água, mas seguimos com a roupa do corpo", disse Yasna Pereira, de 21 anos, enquanto cuidava do filho de 3 anos.
Os habitantes também improvisaram refúgios com barracas e cobertores nas ruas da parte alta do povoado.
Abaixo, na costa, a cidade reduzida a escombros lhes faz lembrar de como estiveram próximos da morte.
Os homens são os únicos que começaram a descer dos morros. Muitos deles em busca de trabalho. A empresa Celulosa Arauco y Constitución (CELCO) está contratando nativos para limpar a fábrica de celulose que tem na cidade, com cerca de 50 mil habitantes.
Muitos transitam pelas ruas de Constitución com máscaras. Os resíduos da fábrica de celulose, os pescados e mariscos mortos, a falta de higiene dos últimos dias e banheiros lotados sem possibilidade de limpeza fazem com que o odor seja muito forte.
Para os mais velhos, como José Manuel González, de 87 anos e que não tem uma perna, a colina é a única opção.
"Estávamos em casa e tudo caiu; não sobrou nada. Tiraram-nos da cama e nos levaram ao morro", disse González em sua cadeira de rodas. Ao seu lado, outro senhor tomava uma sopa.
Ambos estão hospedados no asilo "Cerro Alto", um dos grandes albergues que acolhe 300 pessoas.
No local, os sobreviventes recebem água e comida, enquanto começam a chegar voluntários para assistir crianças e idosos.
(1) Era este o número apurado no primeiro dia do terremoto, quando a notícia foi divulgada.

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