terça-feira, 5 de agosto de 2008

Genocídio de Ruanda teve participação ativa da mídia

A AFP divulga hoje uma notícia dando conta que o governo ruandês está acusando a França de participação ativa no genocídio de 1994. No total, 13 políticos e 20 militares franceses são acusados e processados pela Justiça de Ruanda, conforme inquérito que eles mesmos concluíram. O genocídio ruandês deixou, segundo a ONU, cerca de 800.000 mortos, entre a minoria tutsi e os hutus moderados. O atual governo ruandês, dirigido pela minoria tutsi, acusou em várias ocasiões a França de ter treinado e armado os autores do genocídio, o que Paris sempre desmentiu. Kigali rompeu no final de 2006 as relações diplomáticas com Paris depois que o juiz francês Jean-Louis Bruguière reclamou que o presidente Paul Kagame fosse julgado por sua suposta participação no atentado contra o avião do ex-presidente ruandês Juvenal Habyarimana em 6 de abril de 1994, fato que foi detonador do genocídio.
Vejamos como as coisas aconteceram na visão da mídia internacional:
O genocídio
Em Abril de 1994 a morte num atentado ao avião do presidente Juvenal Habyarimana e o avanço da Frente Patriótica Ruandesa produziu uma série de massacres no país contra os tutsis, e causou um deslocamento maciço de pessoas para campos de refugiados situados na fronteira com os países vizinhos, em especial o Zaire (hoje República Democrática do Congo). Em Agosto de 1995 tropas do Zaire tentam expulsar estes refugiados para Ruanda. Quatorze mil pessoas são devolvidas a Ruanda, enquanto que outras 150.000 se refugiam nas montanhas. Mais de 500.000 pessoas foram assassinadas e quase cada uma das mulheres que sobreviveram ao genocídio foram violentadas. Muitos dos 5.000 meninos nascidos dessas violações foram assassinados. O Tribunal criminal internacional, teve voto unanime contra o Dr. Gerard Ntakirutimana, médico missionário que exercia a medicina no hospital pertencente a Igreja Adventista do Sétimo Dia de Mungonero, o qual foi condenado por genocídio e por crimes contra a humanidade e sentenciado a 25 anos de prisão pela morte de duas pessoas e por atirar em refugiados Tutsis em vários locais. Ele foi condenado por fazer parte de ataques contra Tutsis na Colina de Murambi e Colina de Muyira em várias datas. Elizaphan Ntakirutimana, pai do Dr. Gerard Ntakirutimana e pastor presidente da associação da Igreja Adventista do Sétimo Dia em Mugonero, no oeste de Rwanda, foi também condenado a 10 anos de prisão por crimes menores. Elizaphan levou os atacantes para Igreja Adventista de Murambi em Bisesero onde era pastor presidente e ordenou a remoção do telhado do edifício, a fim de localizar os Tutsis que lá estavam abrigados. O ato conduziu às mortes de muitos dos que estavam no local. Ele também levou os atacantes a vários locais para localizar e matar Tutsis.
De acordo com a BBC, centenas de Tutsis que procuraram refúgio na igreja e no hospital Adventista enviaram uma carta a Elizaphan pedindo socorro. A carta, segundo a BBC incluia a frase: " Nos desejamos informar-lhe que amanhã seremos mortos juntamente com nossas famílias". A resposta de Elizaphan Ntakirutimana foi de que eles deviam se preparar para morrer. As Milícias de Hutu, segundo as testemunhas chegaram pouco tempo depois com ambos os Ntakirutimanas. Só alguns Tutsis sobreviveram. Os Ntakirutimanas disseram no tribunal que eles tinham deixado a área antes das matanças. Elizaphan Ntakirutimana fugiu para os Estados Unidos depois das matanças, mas foi extraditado para a Tânzania. Seu defensor foi um dos mais caros advogados dos Estados Unidos, Dr. Ramsay Clark. O ICTR já realizou nove julgamentos, com 10 condenações e uma absolvição. Oito casos envolvendo 20 suspeitos. A expectativa é que mais seis casos deveriam ser concluídos até o ano de 2003. Foram mortos pelo menos meio milhão de pessoas, a grande maior parte da minoria étnica Tutsi, em atos de violência praticados pela maioria Hutu que estava governando o pais. No entanto, outro adventista foi o responsável pela salvação de 1268 tutsi e hutu abrigando-os no Hotel Mille Collines em Kigali. Paul Rusesabagina ficou mundialmente conhecido ao ser retratado no filme Hotel Ruanda. Paul Rusesabagina, residente na Bélgica, afirma que se não forem tomadas posturas duras contra o Tribalismo em Ruanda o genocídio poderá ocorrer novamente, desta vez pelas mãos dos tutsis, governantes do país desde o fim da matança.
Participação criminosa da mídia não é sequer mencionada
Ruanda tinha em 1993 uma população de 8,1 milhões de habitantes. Feito o censo de 2003, 9 anos após o bárbaro assassinato em massa feito em 1994, o país conta com apenas 7,8 milhões de habitantes. Realmente, houve um descenso, um decrescimento da população e, certamente, o genocídio foi a causa. Mas as coisas não aconteceram por acaso. A Rádio e Televisão Livre de Mil Colinas (RTLM), através de seu proprietário, Ferdinand Nahimana, e o jornal “Kangura”, por intermédio também de seu dono, Hassan Ngeze, extremista hutu, fizeram diversas reportagens conclamando os hutus à vingança. Um outro que foi responsabilizado diretamente pelo genocídio, conforme julgamento feito na própria ONU, foi o jornalista Jean-Bosco Barayagwiza, co-proprietário da RTLM. As transmissões da TV eram feitas sob toques marciais de tambores para incitar o ódio dos hutus contra os tutsis. Os jornalistas, em suas reportagens, exortavam abertamente a população ao massacre.
Um ex-repórter da RTLM, Georges Ruggin, declarou que a emissora recebia informações de milicianos hutus sobre operações que pretendiam desencadear e emitia boletins radiofônicos que ajudavam a localizar e capturar as vítimas, a grande maioria civis, e até mesmo padres e freiras. (dados tirados da “Folha de São Paulo”, 04.12.2003, A-13)

2 comentários:

Anônimo disse...

Pelo acontecido em 1994, quando toda mídia fechou os olhos (e até instigou o clima do holocausto) incluíndo a própria sociedade mundial, é realmente mais que um milagre o que Deus está fazendo através deste jovem com sua rádio como também, fez com Paul Rusesabagina em 1994 em pleno holocausto. Mesmo com o péssimo testemunho do Dr. Gerard Ntakirutimana médico adventista e seu pai, o pastor Elizaphan Ntakirutimana, Deus e também, o Espírito Santo, com as orações dos irmãos e irmãs remanecentes, os grilhões do mal começam a ser quebrados para a pregação do evangelho de uma maneira até então não conseguida. Fica aqui as nossas orações e certeza em Cristo por este trabalho, não só em Ruanda como nos demais países do continente africano que passaram e ainda passam situações semelhantes.

Anônimo disse...

Retifico o comentário deixado antes, que o jovem da rádio citada é Bahati Prince, um jovem adventista que tem um programa toda terça-feira, onde leva a esperança para os lares.