sábado, 26 de abril de 2008

Médico abortista: uma casta em extinção?

Ser médico abortista está sendo uma atividade que começa a ser mal vista pela sociedade, especialmente em alguns países como Espanha, Itália, Portugal e Canadá, onde o aborto foi recentemente descriminalizado. Alguns ofícios, apesar de "legais", terminam por ficar mal vistos pela sociedade, como no passado ocorreu com os carrascos e os traficantes de escravos. Na Espanha, a diretora de uma destas clínicas, "El Sur", de Sevilla, dra. Eva Rodríguez, declarou que está tendo problemas em conseguir médicos da atividade, e que os atuais são os mesmos de 30 anos atrás. Os médicos jovens sentem-se estigmatizados pela sociedade ao exercerem a prática do aborto. Isto não quer dizer que tenha diminuído os que fazem abortos clandestinos, pois o que tais médicos querem fugir é de seren conhecidos oficialmente como abortistas: neste caso, muitos deles preferem a clandestinidade. Além do mais, a clandestinidade é uma atitivade que gera mais lucros, é sumamente mais vantajosa do que a que se sujeita a serviço do Governo. De outro lado, muitos médicos na Espanha se negam a praticar o aborto, não por princípios éticos, mas porque desconfiam que 98% dos casos, mesmo nas clínicas governamentais, ferem a lei e os expõem às críticas e escândalos públicos que têm ocorrido muito ultimamente. É claro que há também os casos de alguns médicos que se negam por motivos morais e éticos a praticar abortos.
A estas alturas, as autoridades abortistas na Europa se puserem esta questão: como continuar falando para a sociedade que o aborto regulamentado por lei é um ato normal e sem maiores problemas se milhares de enfermeiros, médicos, anestesistas e ginecológicos se negam a fazê-lo?
Na Itália, os ginecologistas que se negam a fazer abortos chega a quase 70%, muitos deles por motivos morais. Os anestetistas italianos que recusam o aborto chegam a 45%. Estes dados só foram colhidos, por enquanto, na Itália, mas é um sintoma do que ocorre nos demais países onde o aborto é legal. Quanto aos ginecologistas, em algumas regiões da Itália chegam a ser mais de 80% os que se recusam a prática do aborto. No Canadá o panorama é diferente, pois é um país em que o aborto sempre foi legal. No entanto, vem diminuindo consideravelmente os hospitais que oferem o serviço de aborto a seus pacientes. Atualmente, o percentual de tais hospitais é de 15%, e este índice vem decrescendo ano a ano. Além do mais, a Associação Médica Canadense não só permite ao médico criar objeções ao aborto mas até mesmo negar-se a fazê-lo e a não colaborar com o mesmo se for solicitado. Já em Portugal, a lei abortista é recente, data de julho de 2007 e foi aprovada num plebiscito tendencioso (pois não foi a maioria da população que aprovou o aborto, haja vista que esta mesma maioria se absteve de votar). Lá, a recusa em praticar o aborto chega a 80% entre médicos e profissionais dos hospitais públicos. O mesmo acontece em Açores e na Ilha da Madeira. Neste última, 64% da população rechaçou o plebiscito que aprovava o aborto e, mesmo assim, teve que se submeter à legislação arbitrária da metrópole. O Código Médico de Portugal proíbe os médicos de praticrem o aborto, motivo que fez o governo pressionar a Associação Médica a mudar o seu código de ética. Resultado: mais de 700 médicos protestaram num documento público, pedindo que a norma fosse mantida.
Em auxílio dos médicos que se recusam a praticar o aborto veio o advogado espanhol José Miguel Castillo, por ocasião da I Jornada de Ética Sanitária, organizada pela Associação Nacional para a Defesa do Direito à Objeção de Consciência, ao lembrar que (pelo menos na Espanha) o aborto não é um direito, mas um delito, com a particularidade de que não é penalizado em certos casos. Se não há o direito da grávida ao aborto também não pode haver o correspondente dever do médico em praticá-lo.

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