O tema da “teoria da conspiração” apaixona certa parcela da opinião
pública; qual é a razão? É que o homem tem fascínio por tudo o que envolve
mistérios, sendo que toda conspiração envolve segredos e mistérios. Muitos têm
grande apetência para saber como andam
os meandros reservados ou secretos da política e do poder, aguçando a curiosidade
para perscrutar o que ocorre nas tramas e nas conversas de pé de ouvido.
De outro lado, a Revolução tem interesse em suscitar o gosto pela
“teoria da conspiração” porque esta alimenta a idéia de um estado “todo
poderoso” e onipresente, sabedor de tudo, conhecedor da vida particular dos
cidadãos e capaz de reger os rumos políticos dos povos, sempre de uma forma
reservada, secreta. Serve também para alimentar o ódio contra as grandes
potências, como os EUA, e assim justificar governos despóticos e comunistas
como o de Cuba.
O filme lançado, com o título de “Conspiracy Theory”, embora com um
enredo romanceado, já trazia esta idéia conspiratória, além de uma infinidade
de contos e romances publicados com a mesma intenção. As verdadeiras conspirações
ou espionagens já ocorridas serviram para alimentar o assunto na mente das
pessoas.
Os casos mais badalados de “conspirações”, no mundo e no Brasil, são
frutos de meras fantasias, embora alguns possam ter algo de crível por causa de
certas coincidências ou fatos comprometedores. É o caso, por exemplo, dos
atentados contra as torres gêmeas do “World Trade Center”: houve uma forte
corrente alegando que os judeus sabiam dos atentados, ou até o promoveram com
fins conspiratórios, fato consumado pela constatação de que todos eles haviam
abandonado os prédios antes dos ataques. Um dos casos mais rumorosos, nos
Estados Unidos, ocorreu na década de 60 a propósito do assassinato de Kennedy,
este caso, sim, fruto de alguma conspiração verdadeira. Mas, as versões foram
as mais estapafúrdias e divergentes, chegando a criar uma grande confusão de
teses sobre o caso. Na Europa, correu a
versão, também fantasiosa, de que a princesa Diana havia sido assassinada. Na
América Latina, os governantes de esquerda vivem inventando coisas absurdas
sobre os americanos, como aquela do Evo Morales acusá-los de ter envenenado
Hugo Chávez . No Brasil, a mente conspiratória imaginou que o presidente
Castelo Branco foi assassinado pelos militares: incrivelmente admitem que um
cadete, aprendendo a pilotar um caça, consiga acertar de propósito, em pleno
vôo (com velocidade acima de 600km/h), um pequeno avião, atingindo a cauda do
mesmo e saindo ileso do acidente. A mesma “teoria conspiratória” serviu para
alimentar acusações de assassinato dos ex presidentes João Goulart e Juscelino.
Em todas estas fantasias sempre está presente alguma agência de inteligência
americana, como a CIA, que os teóricos da conspiração imaginam onipresente em
quase todos os governos do mundo. Não há um só grupo de esquerda que não
acredite que a CIA está presente em todo golpe de estado.
Trata-se de um ótimo campo de “lavagem cerebral” que prepara grupos de
revolta e outros que estão sempre dispostos a investir contra a ordem pública.
Porque há conspirações verdadeiras e outras que se tornam paranóias. A
banalização do tema causa confusão nas pessoas, levando-as a agir
inopinadamente contra a ordem instituída.
O “affaire” da espionagem americana no Brasil, com a reação intempestiva
e barulhenta do nosso governo, se assemelha a lances do passado em que governos
fracos se mostram perseguidos pelos mais fortes para com isso ganhar a opinião
de seus eleitores. Foi o caso da Argentina com a famosa guerra das Malvinas.
Invadiram as ilhas e com isso conseguiram, momentaneamente, acender uma chama
de patriotismo no povo e aumentar a popularidade do governo. Será que a
acusação de espionagem feita ao governo americano poderá causar reação de
patriotismo no povo brasileiro, suficiente para justificar o voto no partido do
governo? Tal espionagem não se circunscreve aos membros do governo, havendo
acusações de que os americanos espionaram também a Petrobrás. É preciso
diversificar as acusações, pois as “teorias de conspiração” imaginam também
lances de espionagens econômicas e financeiras, com fins de ampliação do “império”
financeiro no mundo.
Nossa diplomacia mais parece formada por amadores perante lances
internacionais, como o do Panamá, do Paraguai, do senador boliviano, e agora
este da espionagem. Fica patente a todos que os diplomatas brasileiros só visam
proteger a imagem do partido do governo, porque agem mais por ideologia e se esquecem que estão inseridos
num contexto internacional de um jogo político mais abrangente. Foi com esta
idéia na bagagem que o nosso ministro das relações exteriores viajou para os
Estados Unidos: manter vivo o tema da espionagem, pedindo explicações àquele
governo, e com isso alimentar talvez um retorno da popularidade da presidente.
Tenho certeza que será muito fácil para os americanos darem explicações para o
caso, pois a espionagem é algo tão secreto que, por mais que se responda a tais
indagações, o que sair a público não representará nem um milésimo da realidade.
E o governo brasileiro, com seu embaixador e sua infantil política externa,
passará por bobo de circo.
O que mais teme o atual governo da aludida espionagem:
a)
Descoberta de planos do PT para permanecer no
poder;
b)
Ligações internacionais com outros grupos de
esquerda e com Fidel e as FARCs;
c)
Revelações de tramas das esquerdas, talvez nascidas
no chamado “Forum de São Paulo”, um centro irradiador de seus planos para a
América Latina.
Mas, algumas luzes andam já
esclarecendo um pouco a questão. Na realidade, o uso do tema para acusar os
Estados Unidos de espionagem esconde uma estratégia para encobrir as tramas das esquerdas no poder, e servem também para
tentar desviar a opinião pública de outros problemas candentes da política
atual.
A propósito, já circulam rumores de planos estratégicos do PT para
conseguir vencer as próximas eleições. E muitos deles dizem respeito a um
substancial aumento da técnica das “bolsas” populares, onde se faz caridade com
o dinheiro dos outros. Diz-se, inclusive, que vão lançar até mesmo uma delas
para financiar carros populares para os menos favorecidos. Tudo indica que vai
ser uma farra de esbanjamento do dinheiro público no próximo ano. Será que a
espionagem americana não consistiu em descobrir tal estratégia do partido
governamental com vistas a permanecer no poder?
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