terça-feira, 10 de setembro de 2013

A "teoria da conspiração" e a espionagem americana no Brasil

O tema da “teoria da conspiração” apaixona certa parcela da opinião pública; qual é a razão? É que o homem tem fascínio por tudo o que envolve mistérios, sendo que toda conspiração envolve segredos e mistérios. Muitos têm grande apetência para  saber como andam os meandros reservados ou secretos da política e do poder, aguçando a curiosidade para perscrutar o que ocorre nas tramas e nas conversas de pé de ouvido.
De outro lado, a Revolução tem interesse em suscitar o gosto pela “teoria da conspiração” porque esta alimenta a idéia de um estado “todo poderoso” e onipresente, sabedor de tudo, conhecedor da vida particular dos cidadãos e capaz de reger os rumos políticos dos povos, sempre de uma forma reservada, secreta. Serve também para alimentar o ódio contra as grandes potências, como os EUA, e assim justificar governos despóticos e comunistas como o de Cuba.
O filme lançado, com o título de “Conspiracy Theory”, embora com um enredo romanceado, já trazia esta idéia conspiratória, além de uma infinidade de contos e romances publicados com a mesma intenção. As verdadeiras conspirações ou espionagens já ocorridas serviram para alimentar o assunto na mente das pessoas.
Os casos mais badalados de “conspirações”, no mundo e no Brasil, são frutos de meras fantasias, embora alguns possam ter algo de crível por causa de certas coincidências ou fatos comprometedores. É o caso, por exemplo, dos atentados contra as torres gêmeas do “World Trade Center”: houve uma forte corrente alegando que os judeus sabiam dos atentados, ou até o promoveram com fins conspiratórios, fato consumado pela constatação de que todos eles haviam abandonado os prédios antes dos ataques. Um dos casos mais rumorosos, nos Estados Unidos, ocorreu na década de 60 a propósito do assassinato de Kennedy, este caso, sim, fruto de alguma conspiração verdadeira. Mas, as versões foram as mais estapafúrdias e divergentes, chegando a criar uma grande confusão de teses sobre o caso.  Na Europa, correu a versão, também fantasiosa, de que a princesa Diana havia sido assassinada. Na América Latina, os governantes de esquerda vivem inventando coisas absurdas sobre os americanos, como aquela do Evo Morales acusá-los de ter envenenado Hugo Chávez . No Brasil, a mente conspiratória imaginou que o presidente Castelo Branco foi assassinado pelos militares: incrivelmente admitem que um cadete, aprendendo a pilotar um caça, consiga acertar de propósito, em pleno vôo (com velocidade acima de 600km/h), um pequeno avião, atingindo a cauda do mesmo e saindo ileso do acidente. A mesma “teoria conspiratória” serviu para alimentar acusações de assassinato dos ex presidentes João Goulart e Juscelino. Em todas estas fantasias sempre está presente alguma agência de inteligência americana, como a CIA, que os teóricos da conspiração imaginam onipresente em quase todos os governos do mundo. Não há um só grupo de esquerda que não acredite que a CIA está presente em todo golpe de estado.
Trata-se de um ótimo campo de “lavagem cerebral” que prepara grupos de revolta e outros que estão sempre dispostos a investir contra a ordem pública. Porque há conspirações verdadeiras e outras que se tornam paranóias. A banalização do tema causa confusão nas pessoas, levando-as a agir inopinadamente contra a ordem instituída.
O “affaire” da espionagem americana no Brasil, com a reação intempestiva e barulhenta do nosso governo, se assemelha a lances do passado em que governos fracos se mostram perseguidos pelos mais fortes para com isso ganhar a opinião de seus eleitores. Foi o caso da Argentina com a famosa guerra das Malvinas. Invadiram as ilhas e com isso conseguiram, momentaneamente, acender uma chama de patriotismo no povo e aumentar a popularidade do governo. Será que a acusação de espionagem feita ao governo americano poderá causar reação de patriotismo no povo brasileiro, suficiente para justificar o voto no partido do governo? Tal espionagem não se circunscreve aos membros do governo, havendo acusações de que os americanos espionaram também a Petrobrás. É preciso diversificar as acusações, pois as “teorias de conspiração” imaginam também lances de espionagens econômicas e financeiras, com fins de ampliação do “império” financeiro no mundo.
Nossa diplomacia mais parece formada por amadores perante lances internacionais, como o do Panamá, do Paraguai, do senador boliviano, e agora este da espionagem. Fica patente a todos que os diplomatas brasileiros só visam proteger a imagem do partido do governo, porque agem mais por  ideologia e se esquecem que estão inseridos num contexto internacional de um jogo político mais abrangente. Foi com esta idéia na bagagem que o nosso ministro das relações exteriores viajou para os Estados Unidos: manter vivo o tema da espionagem, pedindo explicações àquele governo, e com isso alimentar talvez um retorno da popularidade da presidente. Tenho certeza que será muito fácil para os americanos darem explicações para o caso, pois a espionagem é algo tão secreto que, por mais que se responda a tais indagações, o que sair a público não representará nem um milésimo da realidade. E o governo brasileiro, com seu embaixador e sua infantil política externa, passará por bobo de circo.
O que mais teme o atual governo da aludida espionagem:
a)   Descoberta de planos do PT para permanecer no poder;
b)   Ligações internacionais com outros grupos de esquerda e com Fidel e as FARCs;
c)   Revelações de tramas das esquerdas, talvez nascidas no chamado “Forum de São Paulo”, um centro irradiador de seus planos para a América Latina.
Mas, algumas luzes andam já esclarecendo um pouco a questão. Na realidade, o uso do tema para acusar os Estados Unidos de espionagem esconde uma estratégia para encobrir as tramas  das esquerdas no poder, e servem também para tentar desviar a opinião pública de outros problemas candentes da política atual.
 A propósito, já circulam rumores de planos estratégicos do PT para conseguir vencer as próximas eleições. E muitos deles dizem respeito a um substancial aumento da técnica das “bolsas” populares, onde se faz caridade com o dinheiro dos outros. Diz-se, inclusive, que vão lançar até mesmo uma delas para financiar carros populares para os menos favorecidos. Tudo indica que vai ser uma farra de esbanjamento do dinheiro público no próximo ano. Será que a espionagem americana não consistiu em descobrir tal estratégia do partido governamental com vistas a permanecer no poder?

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