quinta-feira, 1 de março de 2012

Exemplos de santidade entre índias americanas

Tekakwhita é a primeira americana de origem indígena a ser elevada às honras dos altares.
"Uma grande honra para toda a América do Norte, mas de modo particular para os povos indígenas" é o que dizem os bispos canadenses que também partilham essa alegria com seus irmãos norte-americanos.
Dom Richard Smith, Presidente dos Bispos Canadenses, escreve em nota: "Como nos recordou Bento XVI, os santos e as santas ‘através de seus diferentes percursos de vida, nos apontam diferentes itinerários de santidade, tendo todos um único denominador: ser Cristo e conformar-se com Ele, último objetivo de nossa peregrinação humana' (Ângelus, 1º de novembro de 2011)".
Apelidada de "lírio dos Mohawk", Santa Catarina Tekakwhita nasceu na atual cidade norte-americana de Albany, na metade do século XVII. Foi rejeitada pela sua tribo após ser atingida por uma epidemia de sarampo que a desfigurou e cegou, e ter-se convertido ao cristianismo. Refugiada no Canadá, passou os últimos dias de sua vida em profunda oração. Aos 24 anos entregou sua alma a Deus, quando começavam a desaparecer de seu rosto os sinais do sarampo que a cegou.

Fonte:
Gáudiopress e Rádio Vaticana

Resumo hagiográfico de Catarina Takakwitha

Seu pai era o grande chefe da tribo, e sua mãe, que havia sido raptada pela tribo de seu pai e com ele foi obrigada a desposar, nascendo dessa união a pequena Takakwitha. Como católica, sua mãe, que fora batizada pelos jesuítas, desejava que sua filha também fosse batizada, e recebesse o nome de Catarina, em homenagem a Santa Catarina de Alexandria.
O costume indígena determinava que o chefe da tribo escolhesse o nome de todas as crianças da nação, e para a criança escolheram Takakwitha (a que coloca as coisas em ordem). Sua mãe, em segredo, a chamava de Catarina e desde o colo ensinava orações e cânticos cristãos.
A pequena Takakwitha, aos 4 anos, experimenta uma tragédia em sua tribo: uma epidemia de varíola mata um grande numero de índios e entre eles, seus pais. Ela também é contaminada, quase perde a visão. As marcas da doença a acompanharão pelo resto da vida, além da fragilidade de sua saúde.
Catarina foi levada pelos tios, e por eles educada e criada nos costumes pagãos da tribo. Foi maltratada, humilhada, e era discriminada pelos familiares, que a tinham de pouca serventia.
Apesar de tudo, nutria em seu coração sentimentos cristãos, repetia, em silencio, as orações que aprendera da mãe, e meditava os princípios básicos da fé católica, que também ouvira de sua mãe. Com o passar do tempo, Catarina repetia para as crianças da tribo as historias que sua mãe contava sobre Jesus, e enquanto tecia, sem saber, evangelizava os pequenos de sua nação indígena.
Sempre que era abordada pelos familiares sobre seu futuro, seu casamento, ela respondia com calma e serena, que tinha Jesus como seu único esposo, o que causou indiferença e exclusão da tribo.
Catarina, sabendo da existência das missões jesuítas nas proximidades foge da tribo e da casa de seus tios, e, enfrentando perigos sem conta, consegue chagar à missão, quase esgotada de forças. Aos 20 anos, recebe o batismo e assim realiza o sonho de sua mãe, passando a chamar-se Catarina Takakwitha.
Desde aquele momento, Catarina consagrou-se totalmente a Cristo, na virgindade consagrada ao esposo divino, e finalmente pode alimentar-se do pão dos fortes, Jesus na eucaristia. Os padres missionários ficaram pasmados em reconhecer naquela alma eleita, ensinada unicamente pelo Espírito Santo em tantos anos de isolamento, virtudes cristãs de elevada perfeição.
Sempre ocupada nos serviços da missão, a sua dedicação impressionava a todos, sua disponibilidade, carinho e afeição pelos irmãos doentes e idosos era realmente maternal. Jamais descuidava da vida de oração, da penitência e dos sacrifícios oferecidos por amor.
No ano de 1680, quando completara 24 anos, foi acometida por uma grave doença, que alem de causar dores horríveis, consumia suas forças a cada dia. Sempre no silencio resignado, sem queixas nem murmúrios, Catarina sofria e amava e tudo oferecia a Jesus pela conversão de sua tribo.
Já sem forças físicas e toda transformada em uma rocha de fé, a jovem Catarina, entrega sua alma ao Senhor da Vida. Era dia 17 de abril de 1680.
Momentos antes de morrer, seu rosto, desfigurado pela varíola aos 4 anos, torna-se belo e sem manchas e de uma beleza celestial. Seus olhos, quase cegos, tornaram-se brilhantes e iluminados, e suas ultimas palavras foram: “Meu Jesus, Eu Te Amo!”.
O pedido de beatificação partiu dos membros da tribo, e muitos estavam presentes na praça de São Pedro em junho de 1980, quando o Papa declarava bem-aventurada Catarina Takakwitha.
No ano de 2002, o Papa João Paulo II a nomeou padroeira da 17º Jornada Mundial da Juventude, realizada no Canadá. E, ao lado de São Francisco de Assis, a beata Catarina Takakwitha foi declarada – Padroeira do Meio-Ambiente e da Ecologia.
Que o exemplo de Catarina Takakwitha, nos inspire na perseverança e na fidelidade ao nosso batismo.
Extraído, com adaptações de :
http://marcioreiser.blogspot.com/2008/07/beata-catarina-tekakwitha.html

Em discurso dirigido aos peregrinos peles-vermelhas da América do Norte, por ocasião da beatificação da Virgem iroquesa, o Papa João Paulo II lembrou o exemplo da índia: “Meus irmãos e irmãs, inspirai-vos e animai-vos com a vida da Beata Catarina. Olhai para ela procurando o exemplo de fidelidade; vede nela o modelo de pureza e de amor; recorrei a ela na oração pedindo auxílio. Deus vos abençoe como a abençoou a ela. Deus abençoe todos os Índios Norte-Americanos do Canadá e dos Estados Unidos”

Índias mártires da Castidade


Charles Sainte-Foy, juntamente com os cronistas jesuítas contemporâneos de Anchieta contam vários casos em que índias convertidas e já praticantes do Cristianismo se tornaram mártires da pureza. Certa feita, duas índias estavam fazendo os círios para serem acesos nas missas da aldeia, quando uma delas guardou uma das velas para si. Perguntada pela outra com que finalidade, respondeu que era para o Padre Anchieta celebrar uma missa em sua honra e louvor quando se tornasse mártir e santa. Em seguida, a índia ofereceu aquela vela ao Padre Anchieta, que a guardou consigo. Alguns dias depois a aldeia foi atacada por índios contrários, os quais levaram aquela índia como cativa. O cacique tentou violentá-la a todo custo, mas a mesma lutou bravamente com todas suas forças, dizendo corajosamente que era cristã e casada, não podendo portanto pertencer a outro homem. Cheio de ódio à Fé cristã e à virtude da Castidade, o índio terminou por matar a índia.
No mesmo dia, encontrando-se o Padre Anchieta ausente, resolveu celebrar missa e foi buscar aquela vela que a índia lhe tinha presenteado dias atrás. Inspirado pelo Espírito Santo, pois não sabia do ocorrido ainda, disse que tinha intenção de celebrar aquela missa em honra de uma mártir cristã. Quando outro padre perguntou o nome da mártir, respondeu o Padre Anchieta que era aquela índia que lhe tinha presentado aquele círio.

Outro exemplo de castidade heróica entre os indigenas

O tema pode causar pasmo a certos espíritos superficiais: mas como? Então gente que se dedicava a uma luxúria desbragada, de repente passa a praticar a castidade? Sim, é verdade; e isto já de si constitui um estupendo milagre na ordem da graça. O Padre Anchieta comenta: “Observam-se em muitos, máxime nas mulheres, assim livres como escravas, mui manifestos sinais de virtudes, principalmene em fugir e detestar a luxúria, que sendo comum pernície no gênero humano, desta parte parece que teve sempre, não somente imperioso senhorio, mas até tirania muito cruel. E sendo isto verdade, é muito para espantar e digno de grande louvor quantas vitórias e triunfos alcancem dela. Sofrem as escravas que seus senhores as maltratem com bofetadas, murros e açoites por não consentir no pecado. Outras desprezam as dádivas que lhe oferecem os mandebos desonestos. Outras, a quem pela violência lhe querem roubar sua castidade, defendem-se, não somente repugnando com a vontade, mas até com clamores, mãos e dentes fazem fugir os que as querem forçar. Uma, acometida por um e perguntada de quem era escrava, respondeu: “de Deus sou, Deus é meu Senhor, a Ele lhe convém falar, se queres alguma coisa de mim”. Com estas palavras se foi vencido e confuso e contava isso a outros com grande admiração”

Virtude mais detestada pela Revolução

Quem o relata o caso é o Padre Antonio Blásquez, em carta escrita da Bahia em 1558. Transcrevemos abaixo o relato completo, com todo o seu sabor quinhentista:
“E para concluir direi por último o que aconteceu nesta cidade digno de edificação e, por ser no Brasil, de muita admiração. Foi trazida de casa de seus pais uma índia brasílica mui pequena e, criando-se em bons costumes em casa de uma dona honrada, afeiçoou-se tanto à virtude e cousas do Senhor que propôs em sua alma (ensinada não por homens, senão pelo Espírito Santo) de não conhecer varãoe isto quanto lhe fosse possível. Perseverando ela nestes desejos, cousa muito desacostumada entre as índias desta terra, o Demônio, inimigo da salvação dos homens, não podendo sofrer fazer tão grande desonra em terra onde ele é tão honrado, trabalhou que ela tivesse amos que a tirassem de tal propósito, e creio que assim fora se o Semhor não a prevenira antes com sua Graça, ornando-a de uma grande fortaleza para que pudesse resistir e vencer ao Demônio de uns não bons homens, por meio dos quais lhe queria roubar a jóia da castidade. Estes amos, pois, a acometeram muitas vezes querendo deflorá-la, aos quais ela resistiu com um ânimo mais que de mulher, rogando-lhes com as lágrimas nos olhos que tal cousa não quisessem fazer, pondo-lhes diante o mal que faziam a ela e a si mesmos; finalmente quão grande desonra e desacato cometiam ao Senhor, verdadeiro amador dos limpos e castos”.
Pela reação da índia e, principalmente, por tratar-se de serem cristãos os agressores, seria de se esperar que se contivessem. Mas não foi o que se deu. Continua o Padre Blásquez:
“O senhores com a tal novidade ficavam como atônitos e pasmados, e reconhecendo nela a virtude e a graça do Senhor, por algum tempo a deixavam; mas não durava muito: creio que era parte por sua maldade, parte pela grande inveja do Demônio, que vendo que era vencido por uma índia brasílica, não criada em mosteiros nem em recolhimentos, mas nascida de gente boçal e quase selvagem, solicitava-os a que dobrassem sua alma a que consentisse nos seus torpes desejos, espantando-a algumas vezes com ameaças, outras atraindo-a com mimos e palavras brandas; mas por fim, como acerca de Deus valem muito pouco ardis dos homens e menos malícia do Demônio, ainda que ponha todas as suas forças, acontecia-lhes ficarem envergonhados e o Demônio confundido e vencido. Vendo-se, pois, a pobresita perseguida e acossada destes seus amos, e advertindo que nós outros veneramos a imagem de Cristo Crucificado, pôs em seu pescoço um Crucifixo para que com isso se amparasse e defendesse dos perversos amadores de seu corpo, dos quais não se podia ser livre, nem pelos rogos, nem pelas lágrimas que chorasse; para esse efeito lhe dava o Senhor grande cópia delas”.
Num lance de agressão suprema, o amo da índia tenta uma última vez vencer-lhe o amor pela virtude da castidade, mas a casta mulher o reprime desta forma:
“Não se acabaram com isto os seus trabalhos, porque, vendo um seu amo a sua grande constância, não se atreveu a cometer tal abominação dentro de casa, porque temia que dando ela vozes e gritos, fosse sentido e por conseguinte tido em má conta: assim, levou-a para uma roça e estando ali sós, vendo ela que não tinha ali remédio humano, socorreu-se ao divino, que nunca a ninguém soe desamparar,e posta de joelhos dianta do Senhor, os olhos arrasados de lágrimas, tirou o Crucifixo do pescoço e disse a seu amo: “Senhor, em reverência a este teu Deus que adoras, te rogo que não toques em mim, porque não te aconteça algum mal se o fizeres”. Movido o amo com isto, desistiu da sua danada intenção e, vendo que não lhe aproveitava par o que ele queria, a vendeu a outro homem, com quem experimentou as mesmas fadigas e angústias e por isso muitas vezes lhe fugia e andava amontada em casas de homens honrados, rogando mui continuamente aos Padres que fizessem com que algum homem casado a comprasse, porque com solteiros já tinha experimentado que não podia ter vida…”
Finalmente, o Padre conta como conseguiram livrar a pobre desta aflição:
“Sua consolação e alegria é ouvir pregações e confessar-se muitas vezes e procurar que as outras índias façam o mesmo, e dá-lhes o Senhor tanta graça em falar dele, que os homens Cristãos se maravilham das cousas que diz. Vendo os Padres a sua aflição, determinaram tirar nesta Páscoa alguma esmola, para que a forrassem e ela estivesse em casa de um homem honrado, para que dali servisse aos pobres do hospital e da cidade, trazendo-lhes água e o mais necessário para o seu serviço; já se tem toda junta a esmola em que ela foi apreçada. Prazará ao Senhor, que a livrou de tantos trabalhos, dar-lhe sempre perseverança em seu serviço, pois, sendo antes cativa, tão livremente o servia”

Nenhum comentário: