segunda-feira, 21 de junho de 2010

Vida, martírio e glória de São João Batista


Podemos dizer que São João Batista tem duas festas: a do seu nascimento e a de sua morte; pouca gente sabe que a Igreja comemora seu martírio a 29 de agosto, talvez porque a do nascimento, 24 de junho, chame mais a atenção pelo seu caráter festivo. Extraímos do site Páginas Oriente os textos abaixo, que falam, respectivamente, de seu nascimento e de seu martírio. A seguir, dois vídeos dos Arautos do Evangelho, narrando a vida de São João.
24 de junho, festa do nascimento do Precursos:


As festas dos Santos são geralmente o aniversário da morte, isto é, da despedida do mundo e do nascimento para a vida eterna.
São João Batista faz exceção desta regra, pelo motivo de ter vindo ao mundo em estado de santidade, isento da lei do pecado original. Sabemos que seu nascimento foi um acontecimento extraordinário, acompanhado de fatos igualmente extraordinários, como o relatam os santos Evangelhos. A narração bíblica do nascimento do Precursor de Jesus Cristo, feita sob a inspiração do Divino Espírito Santo, é tão clara e circunstanciada, que não há mister acrescentar coisa alguma.
Em Hebron, nas montanhas da Judéia, oito milhas além de Jerusalém, vivia um casal - Zacarias e Isabel. Ambos justos diante do Senhor. Não tinham filhos, o que muito os afligia, e eram já idosos. Zacarias, sacerdote, um dia em que estava desempenhando seu ministério no templo de Jerusalém, entrou no santuário para queimar o incenso, enquanto o povo orava no adro. Apareceu-lhe então, à direita do altar dos perfumes um Anjo. Zacarias ficou atônito. O Anjo, porém, lhe disse: "Não temas Zacarias, porque Deus ouviu a tua oração. Tua mulher dar-te-á um filho, a quem darás o nome de João. Grande será a tua alegria e muitos se regozijarão pelo nascimento do menino, porque será grande diante do Senhor. Não beberá vinho, nem bebida alguma fermentada, e será cheio do Espírito Santo. Reconduzirá os filhos de Israel, em grande número, a Deus. Ele próprio o precederá em espírito e com o poder de Elias, a fim de preparar ao Senhor um povo perfeito".
Zacarias disse ao Anjo: "Como saberei com certeza que isto vai dar? Já estou velho e minha mulher já vai adiantada em anos". Respondeu-lhe o Anjo: "Eu sou Gabriel e meu lugar é diante de Deus. Ele é que me manda trazer esta feliz nova. Mas como não deste crédito a estas minhas palavras, ficarás mudo, até o dia em que tudo isto se cumprir". Fora, o povo se admirava da longa demora de Zacarias no santuário. Afinal este saiu, sem poder falar. Por sinais deu a compreender que tivera uma visão. Acabando os dias do serviço, foi para casa.
Tudo o que o Anjo predissera se cumpriu ao pé da letra. Seis meses depois, o mesmo Anjo Gabriel foi mandado por Deus à cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a Maria Santíssima, para comunicar-lhe que tinha sido escolhida para ser Mãe do Salvador. Disse-lhe também que sua prima Isabel, apesar de idosa e estéril, tinha concebido um filho, porque a Deus nada era impossível. Maravilhada pelos acontecimentos extraordinários, cheia de gratidão a Deus, que coisas tão maravilhosas operara, Maria pôs-se a caminho e, pressurosa, foi à casa da prima. Esta, ouvindo a voz de Maria, ficou cheia do Espírito Santo e exclamou: "Bendita sois entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre! De onde me vem a felicidade de ser visitada pela Mãe do meu Senhor?
"Logo que chegou a meus ouvidos a voz da vossa saudação, o menino saltou de prazer no meu ventre! Bem-aventurada sois por teres criado! Pois tudo que vos foi dito da parte do Senhor, se realizará".
É opinião unânime dos Santos Padres, que os sinais de prazer que João deu, antes do nascimento, foram causados pelo fato do Precursor, por uma graça especial de Deus, ter conhecido a presença do Senhor e lhe haver prestado homenagem de adoração. Dizem mais, que ao mesmo momento, teria João sido santificado, como o Anjo prometera.
Chegada a época, Isabel deu à luz um filho. Sabendo os vizinhos e parentes desse grande favor, que lhe fizera Deus, correram todos jubilosos a felicitá-la.
No oitavo dia se reuniram para a circuncisão da criança e propuseram, que lhe fosse dado o nome do pai. A mãe, porém, opôs-se e disse: "Não; deve chamar-se João". Disseram-lhe: "Mas, na tua família não há pessoa desse nome". Isabel, porém, insistiu que ao menino fosse dado o nome de João. Então, fizeram sinal ao pai, para que manifestasse a sua opinião. Zacarias pediu uma tabuinha para escrever e escreveu: "João é o seu nome". Ficaram todos admirados. No mesmo instante desatou-se-lhe a língua e Zacarias falou, bendizendo a Deus. Cheio do Espírito Santo, entoou um dos cantos mais belos que a liturgia conhece, e que faz parte do Ofício que os sacerdotes da Igreja diariamente oferecem a Deus - "Bendito seja o Senhor de Israel, porque visitou seu povo e o resgatou. Suscitou um Salvador poderosos, na casa de seu servo Davi, como tinha prometido por boca dos profetas..." E dirigindo-se ao filhinho, disse: "E tu, ó menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque irás ante a face do Senhor, preparar-Lhe os caminhos..."
Tendo ciência desses acontecimentos, toda a região vizinha se impressionou e por toda a parte, nas montanhas e nos vales da Judéia, se contava estas maravilh
as e cada qual dizia: "Que será um dia deste menino?" De fato, a mão do Senhor estava com ele.
Alguns dos Santos Padres são de opinião, que Isabel procurou com o filhinho o deserto, para salvá-lo da perseguição e crueldade de Herodes. Outros dizem que João, tendo apenas cinco anos, levado pelo Espírito Santo, foi para o deserto, com o intuito de santificar-se ainda mais e preparar-se para a alta missão que Deus lhe dera. Os Santos dos Evangelhos dizem-nos alguma coisa sobre a vida de São João no deserto. Trajava vestes de pele de camelo, cingidos os rins com cintura de couro, e alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre. Levava uma vida de oração e de penitência. Diz Santo Agostinho que em João o mundo, pela vez primeira, teve o exemplo mais tarde imitado pelos eremitas. "Que saístes a ver no deserto?" – perguntou Jesus Cristo às turbas. "Uma cana agitada pelo vento? Mas, que saístes a ver? Um homem regaladamente vestido? Eis os que se vestem com regalo, estão nos palácios dos reis. Mas, que saístes a ver? Um profeta? Sim, digo-vos, e mais que profeta. Porque este é aquele do qual está escrito: eis que eu envio meu Anjo diante de ti, que preparará teu caminho. E eu vos declaro: Que entre os nascidos de mulher, não há maior profeta que João Batista". Essas palavras do Divino Mestre contém o maior elogio que o homem jamais recebeu, e são equivalentes a uma formal canonização, a única que o Filho de Deus em vida pronunciou.
Tendo trinta anos de idade, recebeu São João ordem divina para sair do deserto e encetar sua missão, que era de pregar os caminhos ao Messias. João Batista percorreu toda a região do Jordão pregando o batismo de penitência, para a remissão dos pecados. Vieram, então, de Jerusalém e de toda a parte da Judéia, grandes turbas. Todos se faziam batizar por ele no Jordão, confessando os seus pecados.
Os santos Evangelhos contam minuciosamente o que ele pregou, que conselho deu às pessoas que o procuravam, entre estas aos soldados; falam da grande graça que teve, de receber a visita de Nosso Senhor, que quis por ele ser batizado e naquela ocasião o Espírito Santo desceu visivelmente, pairou sobre Jesus Cristo e ao mesmo tempo se ouviu do céu uma voz: "Este é meu Filho muito amado, em quem pus minha complacência". Lemos ainda com que amor e dedicação trabalhou pelo advento do Reino de Deus, dando testemunho de Jesus Cristo: "Eu batizo na água, para a penitência; mas vem outro, que é mais poderoso que eu, e de quem não sou digno de desatar as correias das sandálias; ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo. Ele têm a joeira na mão e vai limpar sua eira. Ajuntará o trigo no celeiro e queimará a palha no fogo, que não se apaga nunca! Em certa ocasião os Judeus de Jerusalém mandaram tratar com João uma comissão, composta de sacerdotes e de levitas, que lhe perguntaram: "Quem sois vós? Por que batizais, se não sois nem o Cristo, nem Elias, nem profeta?". João respondeu-lhes: "Eu batizo em água; mas há em meio de vós alguém que não conheceis. É ele que deve vir depois de mim e não sou digno de desligar-lhe os cadarços das sandálias".
No dia seguinte, diz o Evangelista, João viu aproximar-se Jesus e disse: "Eis o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo". Com essas palavras foi apresentado ao mundo o Messias, como tinha profetizado Isaías.
DEGOLAÇÃO E MORTE DO PRECURSOR

Quando São João Batista, o preclaro Precursor do Messias abandonou o deserto, para onde se tinha retirado, por inspiração do Espírito Santo, foi para o rio Jordão, onde começou a batizar e pregar a penitência, preparando desta maneira o terreno para a nova doutrina do Salvador, Nosso Senhor Jesus Cristo.
Abusos e vícios detestáveis tinham se aninhado na sociedade Judaica e São João Batista se propôs a verberá-los energicamente. À testa do governo estava o rei Herodes, cognominado Antipas, filho daquele outro Herodes, por cuja ordem foram assassinados os inocentes de Belém. É o mesmo Herodes Antipas, que figura na Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Pois ao tribunal desse monarca que Pôncio Pilatos mandou Nosso Senhor, que de Herodes só ouviu escárnios e cujos soldados lhe vestiram a túnica branca.
Herodes antipas vivia escandalosamente, tendo raptado Herodíades, esposa de seu irmão Felipe. Essa união ilícita era um mau exemplo e grave escândalo para a nação inteira. Não havia quem se sentisse com coragem de censurar o monarca e chamá-lo à ordem. São João Batista, porém, não podia ver tal coisa, de braços cruzados.
O Evangelho diz que Herodes se sentiu atraído pela personalidade extraordinária do Batista, e com agrado lhe ouvia as instruções. Diz mais que São João lhe declarou, com toda franqueza: "Não te é lícito viver com a mulher do teu irmão". O que o rei respondeu, o Evangelho não conta; mas podemos crer que Herodes recebeu muito mal a declaração do profeta; tão mal que ponderou as possibilidades de livrar-se de tão incômodo e importuno monitor. Se não deu passo nesse sentido, foi porque temia o povo que a São João grande veneração dedicava. Mais ofendida se sentiu a mulher, que tanto fez, tanto instigou, que o rei se decidiu a encarcerar o Santo Precursor. Na prisão, João recebia as visitas dos discípulos, que ávidos ouviam as instruções do mestre. Alguns deles foram, em comissão, enviados ao Divino Mestre, para lhe dirigir esta pergunta: "És Tu o que há de vir ou devemos por um outro esperar?". São João mandou fazer a Jesus esta pergunta, não porque duvidasse da sua divindade e missão messiânica, mas para que os discípulos tivessem ocasião de conhecer e presenciar as maravilhas por Ele feitas.
É de opinião dos Santos Padres que a prisão de São João se efetuara em dezembro, tendo o Santo ficado encarcerado até agosto do ano seguinte. Era em agosto que Herodes festejava pomposamente o seu aniversário natalício. Ao suntuoso banquete estavam presentes muitos convivas, entre estes os Príncipes da Galiléia. Fazia parte do programa uma dança oriental executada pela filha de Herodíades, chamada Salomé. Tão bem a jovem desempenhou o papel de dançarina, que Herodes, para lhe mostrar seu contentamento, prometeu dar-lhe tudo o que pedisse, ainda que fosse a metade do reino. Esta promessa, tão levianamente emitida, o rei ainda a confirmou com um juramento. Salomé, tão admirada quão perplexa, diante dessa inesperada liberalidade do monarca, foi ter com a mãe, para saber o seu parecer. Herodíades achou chegado o momento de livrar-se do odiado profeta, e nenhum instante hesitou. "Vai – disse à filha resolutamente – e pede a cabeça de João Batista". Sem pestanejar e afoitamente, a leviana dançarina transmitiu a ordem da mãe ao Rei e disse-lhe em voz alta, para que todos pudessem ouvir: "Quero que me dês num prato, a cabeça de João Batista". Ao ouvir um pedido tão bárbaro e desapiedado, Herodes apavorou-se mas, não querendo desapontar a moça e lembrando-se do juramento que fizera, anuiu e mandou o algoz ao cárcere onde João se achava. A ordem de decapitá-lo foi cumprida imediatamente e pouco momento depois, Salomé teve satisfeito o seu desejo: a cabeça de João Batista, apresentada num prato.
Os discípulos, logo que souberam do crime, retiraram o corpo do querido mestre do cárcere e deram-lhe honroso enterro.
Os assassinos não escaparam da vingança de Deus. O Rei da Arábia, cuja filha, esposa de Herodes, por este tirano tinha sido repudiada, abriu campanha contra o adúltero, venceu-o e exilou-o. O imperador de Roma, por sua vez, desterrou-o para Lion, na Gália. Assim, abandonado por todos, fugiu com Herodíades para a Espanha, onde ambos morreram na maior miséria. Consta que Salomé, ao atravessar em pleno e regiroso inverno um rio coberto de gelo, este cedeu e os pedaços de gelo, chocando-se um contra o outro, cortaram-lhe a cabeça.
O martírio de São João se deu um ano antes da morte de Nosso Senhor. O corpo do Santo foi enterrado na Samaria. Seu túmulo foi profanado em 362 pelos pagãos. Piedosos monges salvaram pequenos restos que foram entregues a Santo Atanásio, em Alexandria.
A cabeça de São João Batista foi encontrada em Emese, na Síria em 453 e é hoje a relíquia mais insigne da catedral de Breslau.

Vídeo 1
http://www.youtube.com/watch?v=6VERBW4_2Xs











Vídeo 2
http://www.youtube.com/watch?v=crQiYMvwbyw









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