Faleceu José Saramago, o qual recebeu (como muitos outros, imerecidamente), o Prêmio Nobel de Literatura em 1998. Sua obra-prima foi o livro “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”, escrito em 1991. Trata-se de um romance que procura interpretar a vida de Jesus Cristo de uma maneira blasfema e até imoral. Uma das distorções históricas e psicológicas de seu livro foi a imputação de amor carnal entre Nosso Senhor Jesus Cristo e Santa Madadela, sendo, por isso, considerado blasfemo. O próprio Subsecretário de Estado adjunto da Cultura de Portugal, Sousa Lara, o vetou de uma lista de romances portugueses candidatos a um prémio literário europeu. Em reação a este ato, que considerou censório, Saramago abandonou Portugal, passando a residir, onde permaneceu até a sua morte, na ilha de Lanzarote, nas Canárias. Há versões, porém, de que tenha abandonado Portugal porque ficou sendo muito mal visto pela população daquele país, que conserva-se fiel ao Catolicismo tradicional e não aceita ofensas a Jesus como a de seu romance.
Quando saiu a público, em novembro de 1991, o seu romance suscitou muitas reações de parte dos católicos. Entre as reações mais vibrantes, esteve a do arcebispo de Braga, D. Eurico Dias Nogueira, proferida em maio de 1992:
“Um escritor português, ateu confesso e comunista impenitente, como ele mesmo se apresenta, resolveu elaborar uma delirante vida de Cristo, na perspectiva da sua ideologia político-religiosa e distorcida por aqueles parâmetros. D. Eurico continua: A apregoada beleza literária, a existir nesta obra, longe de atenuante e muito menos dirimente, constitui circunstância agravante da culpabilidade do réu, seu autor”.
Outras reações criticam a alegada hipocrisia do autor, por enfatizar, numa cena em que Deus mostra a Jesus, uma lista de todos os mártires do Cristianismo, por ordem alfabética, os supostos aspectos negativos desta religião, omitindo completamente os milhões de vítimas do comunismo. O revanchismo do autor em relação à queda do comunismo no Leste Europeu também tem sido apontado por alguns como uma das razões do romance. Seu radicalismo pode-se medir por sua posição perante Fidel Castro e o comunismo em Cuba: sempre deu apoio incondicional a Fidel, deixando de faze-lo na década de 90 com uma declaração melancólica de que "a partir de hoje eu e Fidel vamos seguir caminhos diferentes..." Será?
Uma das afirmações blasfemas, ou pelo menos desrespeitosa para com o Homem-Deus, em seu citado livro: “O filho de José e Maria nasceu como todos os filhos dos homens, sujo do sangue de sua mãe, viscoso das suas mucosidades e sofrendo em silêncio. Chorou porque o fizeram chorar, e chorará por esse mesmo e único motivo.”
Quando se defendia daqueles que lhe acusavam de blasfemo, Saramago falou da “liberdade de expressão” que exerceu ao escrever sua obra. É com base no “dogma” da liberdade de expressão que se fala, se escreve e se publica impunemente as maiores ofensas à moral pública e religiosa de nosso povo. Mesmo assim, ele achava (como muitos outros) que sua “liberdade de expressão” deveria ser respeitada. Quer dizer, a gente deve ficar calado quando Nosso Senhor Jesus Cristo é injuriado e difamado, pois o importante é a "liberdade de expressão". Na época, houve reações até dos protestantes, principalmente por causa de uma acusação gratuita contra a Bíblia e que demonstra completa ignorância ou má fé: O Prémio Nobel da Literatura afirmou, em entrevista à imprensa, que “a Bíblia é um manual de maus costumes, um catálogo de crueldade e do pior da natureza humana”, e que não existe nada de divino na Bíblia.
Como se vê, o escritor procurou seguir uma corrente já bastante velha, pela qual o importante é ser contestatário e crítico, embora isso possa ofender a Religião e Deus. Como Deus para ele não existe, deve ter julgado que não estava ofendendo a ninguém. Mas, estava sim: ofendia todos aqueles que crêem em Deus e seguem Sua religião.
No jornal do Vaticano, “L’Ossevarote Romano”, foi publicado um artigo hoje (de Claudio Toscani) que, a certa altura, diz o seguinte:
“E no que diz respeito a religião, viciado como sua mente estava sempre na desestabilizadora banalização do sagrado e um materialismo libertário que os anos mais avançados são mais radicalizados”.. Mais adiante afirma que o escritor foi "Um populista extremista, que tomou a seu cargo o porquê do mal do mundo, e que deveria ter abordado em primeiro lugar o problema das erróneas estruturas humanas, das histórico-políticas às sócio-económicas, em vez de saltar para o plano metafísico".
A respeito dele, resumo um comentario que, de passagem, fez a escritora Lia Luft (em entrevista dada a uma emissora de rádio e com muitos elogios ao escritor): perguntada se não teria visto em Saramago alguma qualidade negativa, Lia Luft disse que sentiu nele algo de amargo. A escritora não acrescentou nada mais a este “algo de amargo”, mas sabemos que isto procede certamente de sua incredulidade e da falta de Deus em sua alma. Qual destino se pode dar a um corpo de um homem que não quis ser o “templo do Espírito Santo” (como ensina a Igreja) a não ser cremado e pulverizado como desejava em vida? É assim que os infiéis tratam o corpo humano após a morte...
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