segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Enquanto os comunistas previam erradamente em 1960 o fim da fome, sob o advento do socialismo, ONG católica fundada naquela época ainda hoje atua

Em dezembro de 1959 o diário soviético “Komsomoltskaya Pravda” se perguntava como seria o mundo 50 anos depois. Uma coisa estava clara: todos os alimentos seriam grátis em 2010, todo mundo poderia comer o que quisesse, e nas casas não só haveria torneiras de água corrente, mas também torneiras das quais sairia leite de depósitos nos edifícios abastecidos com caminhões das férteis granjas soviéticas. Acaso em 1957 o Sputinik não dava já voltas ao redor da terra enviando suas mensagens? Não era nenhuma mentira do diário: era previsível conseguir este Estágio em 50 anos, a tecnologia o permitiria.
Nesse mesmo ano, em 1960, um grupo de mulheres católicas espanholas fundava “Manos Unidas” (Mãos Unidas) (www.manosunidas.org) a fim de declarar guerra à fome no mundo. Pensavam elas que no ano de 2010, com enormes avanços no campo da energia e da agricultura, acabava a Guerra Fria, com máquinas do homem em Marte, com uma tecnologia que permita a qualquer africano de classe popular chamar por celular a seus parentes emigrados para a Espanha... ainda haveria muitos milhões de pessoas passando fome?
A vergonha de nossa civilização é que, tendo a tecnologia e capacidade produtiva e distributiva para acabar com a fome (algo de que careciam as gerações anteriores) este açoite da humanidade persiste ainda em infinidade de seres humanos.
A União Soviética se desfez e seus projetos foram de água abaixo. Mas a humilde iniciativa daquelas mulheres continua viva em “Manos Unidas”, que o ano passado destinou 53,7 milhões de euros a 692 projetos, a maior parte na África e Ásia em programas de educação, atenção sanitária e social.
Na sexta-feira anterior à jornada contra a Fome se fez celebrar um “Dia de Jejum voluntário”, a fim de conscientizar e solidarizar os espanhóis com os que passam fome. Se anima às pessoas a destinar “o preço de uma comida” a um donativo para os projetos de “Manos Unidas”.
Outra das grandes fontes de ingressos para manter este trabalho no Terceiro Mundo é a coleta deste fim de semana nas paróquias.
Este ano, o lema de “Manos Unidas” parece inspirar-se na Encíclica social de Bento XVI, “Caritas in veritate”, que relaciona ecologia, paz, direito à vida e à alimentação. “Contra a fome, defende a Terra” é o lema. Menciona ademais dois dos chamados “Objetivos do Milênio” (proteger o meio ambiente e erradicar a pobreza).
A presidente de “Manos Unidas”, Myriam Garcia Abrisqueta, explicou às agências de notícias que “as mudanças climáticas, as secas, as inundações, as percas de colheitas afetam a dignidade e o desenvolvimento da pessoa”. Acrescentou ainda que os objetivos do Milênio “dificilmente se cumprirão em 2015”. Não são só os soviéticos que fazem cálculos sobre cifras irreais.
Myriam Garcia Abrisqueta destacou a generosidade dos espanhóis (o ano passado, em que pese a crise, aumentaram os donativos). “A população espanhola entende que se a crise afeta a nós, afetará muito mais os países desfavorecidos, em parte porque a quantia dos compromissos internacionais se verão minguados”, assinalou à Europa Press.
O ato de apresentação da campanha a nível espanhol foi feita em Madri por Anne Igartiburu, coadjuvado pelo coral “Karibu” de mulheres africanas, e contou com o testemunho do bispo Juan José Aguirre, cordobês e missionário em Bangassu, República Centro-africana. Mesmo contando com sua própria ONG, a Fundação Bangassu (www.fundacionbangassou.com) também conta com o apoio de Manos Unidas em vários de seus projetos.
Outro exemplo da ação de Manos Unidas é o Haiti, país em que já faz 30 anos que atua. Nas últimas duas semanas foram aprovados outros 16 projetos humanitários no castigado país, aos quais foram destinados mais de 1,16 milhões de euros. Estes trabalhos se unem aos 68 programas realizados de 2007 a 2009, com uma inversão de 2,3 milhões de euros, mas 430 mil euros enviados depois dos furacões Ike, Hanna e Gustave, em 2008.
Assim como a Cáritas, “Manos unidas” conta com grande rede social que é a Igreja Católica em todo o mundo: onde chega há uma comunidade local responsável e disposta a fazer frutificar um projeto social.
Traduzido de Forum Libertas

Veja nossas postagens anteriores sobre o mesmo tema:

Comunismo lidera as grandes tragédias de fome no mundo;
Cresce produção de alimentos e a fome no mundo

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