domingo, 4 de dezembro de 2016

QUE SENTIDO TEM O ANTIGO TESTAMENTO APÓS A VINDA DE CRISTO?




É comum os protestantes darem mais importância ao Antigo Testamento do que ao Novo, realçando alguns fatos como a libertação do povo eleito do Egito, os Dez Mandamentos, Davi e Salomão, etc.,  O personagem mais lembrado por eles é Salomão. Basta ver a quantidade de filmes e novelas sobre tais temas divulgados pela maior TV deles, a Record. O mesmo procedimento ocorre entre os Judeus, estes com certa razão (embora culposamente) pelo fato de nunca terem reconhecido em Jesus Cristo o verdadeiro Messias. Os fatos mais importantes após a vinda de Cristo foram aqueles decorrentes d’Ele mesmo, ou seja, a Igreja Católica e a Civilização Cristã.  Os do Antigo Testamento apenas são pre-figuras e símbolos do que veio após Ele.
A propósito, ouçamos o que diz sobre o tema o grande São João da Cruz:

“A principal causa pela qual na lei antiga eram lícitas as perguntas que se faziam a Deus, e convinha que os profetas e sacerdotes tivessem visões e revelações de Deus, era porque não estava então ainda fundada a Fé nem estabelecida a lei evangélica; e assim ,  era mister que perguntassem a Deus e que Ele falasse, ora por palabras, ora por visões e revelações, ora em figuras e semelhanças, ora em muitas outras maneiras de significações. Porque tudo o que respondia e falava e obrava e revelava eram mistérios de nossa Fé e coisas tocantes a ela ou endereçadas a ela. Porém, já que está fundada a Fé em Cristo e manifesta a lei evangélica nesta era da graça, não há porque perguntar-Lhe daquela maneira, nem para que Ele fale nem responda como então.
Porque, em nos dar, como nos deu, a seu Filho – que é uma Palavra sua, que não tem outra -, tudo nos falou junto e de uma vez somente nesta Palabra, e não tem mais que falar. E este é o sentido daquela autoridade com que São Paulo quer induzir os hebreus a que se apartem daqueles modos primeiros e tratos com Deus da lei de Moisés, e ponham os olhos somente em Cristo, dizendo: O que antigamente falou Deus nos profetas a nossos país de muitos modos e maneiras, agora finalmente, nestes días, nos tem falado no Filho tudo de uma vez.
No qual dá a entender o Apóstolo,  que Deus ficou já como mudo e não tem mais que falar, porque o que falava antes em partes aos profetas já o tem faladoo n’Ele tudo, dando-nos o tudo que é o Filho.
Pelo qual, quem quisesse agora perguntar a Deus ou querer alguma visão ou revelação, não somente faria uma necedade, mas faria agravo a Deus, não pondo os olhos totalmente em Cristo, sem querer outra coisa ou novidade. Porque lhe poderia responder Deus desta maneira: “Se te tenho já falado todas as coisas por minha Palabra, que é meu Filho, e não tenho outra coisa que te possa revelar ou responder que seja mais que isso, põe os olhos n’Ele, porque n’Ele o tenho posto tudo e dito e revelado,  e encontrarás n’Ele ainda mais do que pedes e desejas.
Porque desde o dia em que baixei com meu espírito sobre Ele no monte Tabor, dizendo: Este é meu amado Filho em que pus minha complacencia, ouvi-O, já que levantei a mão de todas essas maneiras de ensinamentos e respostas, e as dei a Ele; ouvi-O, porque eu nada tenho mais a revelar,  nem mais coisas que manifestar. Que, se antes falava era prometendo-lhes a Cristo, e se me perguntavam eran perguntas encaminhadas à petição e esperança de Cristo, em que haviam de achar todo o bem, como agora o dá a entender toda a doutrina dos evangelistas e apóstolos”.

(do tratado de São João da Cruz, “Subida ao Monte Carmelo”, liv. 2, cap. 22, n. 3-4)


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