quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

PONTO ALTO DA HIPOCRISIA NACIONAL




Presenciamos uma grande peça teatral patrocinada por nossos políticos. A meu ver, esta peça passa pelos seguintes passos:
ATO N. 1 – Em preparação a justiça é dotada de super-poderes, prendendo empresários e autoridades comprometidos com a corrupção nacional. As claras evidências de participação de elementos chaves do governo nestes atos de corrupção não chegam, entretanto, a ser comprovadas.
ATO N. 2 – No auge de uma movimentação nacional pela destituição da atual presidente o novo presidente da Câmara se declara em oposição ao governo federal, dando início a uma trama previamente combinada. Escolhido como bode expiatório, ou como “boi de piranha”, Eduardo Cunha chama a atenção sobre si e faz seu papel deixando Dilma em segundo plano.
ATO N. 3 – De repente, o “boi de piranha” começa a por em uso sua estratégia de chantagem e acata o pedido de “impeachment” da presidente, como se isso bastasse para o mesmo ser cumprido e não dependesse de barganhas e conciliábulos entre os políticos de plantão.
ATO N. 4 – Tem início uma polêmica nacional, na qual estão envolvidos diversos setores, até religioso como a CNBB, uns em defesa e outros contra o partido que está no poder. De repente, todos são chamados a emitir sua opinião, a nação é chamada a optar em ser contra ou a favor do “impeachement”. E a discussão passou a ser em quem é contra Dilma ou quem é contra Eduardo Cunha. O ponto principal foi desviado. Na Câmara, todos os quinhentos e tantos deputados querem fazer seus discursos, e a depender deles, esta fase só terminaria daqui a um ano com o pronunciamento de todos. Os do governo vão continuar repetindo, à exaustão, que o “impeachment” é golpe, e os contrários dirão que estão apenas defendendo os interesses da nação. Como ninguém acredita nem num lado nem no outro, não sei de que adianta esta discussão.
ATO N. 5 – A partir de agora a gente tem que fazer um exercício de adivinhação e assim prever o que vai ocorrer doravante. Se o governo ganhar a batalha contra o “impeachement” vai ter mais alguns dias de sossego; se perder, quem vai ter desassossego é o povo com as conseqüentes manifestações de arruaças e greves favoráveis ao PT.  Os exércitos da CUT e MST não costumam agir com moderação, eles constituem a base dos “Black blocs” e não pouparão esforços na luta para manter o “status quo”.  Isso não quer dizer que os procuradores não continuem a prender autoridades e empresários. É provável que permanecendo no poder o PT consiga apenas aumentar seus presidiários. E termine por cair de qualquer jeito. Porque, se não cair de seus cargos públicos, vai continuar caindo da preferência popular.
FECHA-SE O PANO – Não se sabe como este teatro vai um dia acabar. Porque, se hoje ele nada mais é do que uma encenação, no entanto vai aos poucos se tornando realidade, deixando a população na completa falta de confiança em seus políticos e sujeita aos influxos e manifestações oportunistas. Talvez ocorram cenas sangrentas nesta fase, mas aí o teatro já terá baixado o pano. A guerra será apenas na platéia.
É assim nossa democracia. Se o povo foi chamado a eleger seus governantes, porque o mesmo povo não é chamado a optar se o destitui ou não? Em vez dos deputados, porque não se convoca o povo para fazer uma “deseleição”? Não seria mais lógico? Seria menos teatral e menos hipócrita.




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