quarta-feira, 11 de julho de 2012

A DITADURA DA MEDIOCRIDADE

A seguir trataremos de algo que atinge muita gente hoje em dia: a mediocridade. De tal maneira que o leitor precisa meditar bem fundo a fim de não se enquadrar também nessa categoria de pessoas. Pois a mediocridade abrange todo tipo de gente, das mais variadas camadas sociais, desde o mais apurado intelectual até o mais iletrado ignorante, desde o gênio mais badalado pela mídia até o mais obscuro néscio, desde o político mais afamado e popular até o último dos odiados pelas classes sociais. Enfim, olhe-se para qualquer canto da sociedade moderna e poder-se-á constatar que a mediocridade campeia em tudo. Vejamos no que ela consiste, como argutamente pode-se constatar o homem medíocre.
Comecemos por um artigo do Doutor Plínio Corrêa de Oliveira:

Medíocres, mediocratas, etc.


"A mediocridade é o mal dos que, inteiramente absorvidos nas delícias da preguiça e pala exclusiva deleitação do que está ao alcance da mão, pelo inteiro confinamento do imediato, fazem da estagnação a condição normal de suas existências.
Não olham para trás: falta-lhes o senso histórico. Nem olham para a frente, ou para cima: não analisam nem prevêem. Sua vida mental se cifra na sensação do imediato. A abastança do dia, a poltrona cômoda, os chinelos e a televisão: não vai além do seu pequeno paraíso.
Paraíso precário, que procuram proteger com toda espécie de seguros. E tanto mais feliz o medíocre se sente, quanto mais nota que todas as portas estão solidamente cerradas. Portas que podem se abrir para a aventura, para o risco, para o esplendoroso, e portanto, também, para os céus da Fé, para os largos horizontes da abstração, para os imensos voos da lógica e da arte, para a grandeza de alma, para o heroísmo.
Por meio do sufrágio universal, os medíocres fizeram tantas leis, tantos regulamentos, instituíram tantas repartições públicas, que nenhuma fuga é possível. Eles impõem às almas de largos horizontes a ditadura da mediocridade.
Como todas as ditaduras, também  esta só se prolonga quando chega a monopolizar os meios de comunicação social.
Cada vez mais as mediocracias vão penetrando nos jornais, na revista, no rádio e na televisão.
E se fosse só isso! O ecumenismo, com a infatigável e vã tagarelagem de seu diálogo, é bem a religião dos mediocratas. Uma espécie de seguro, ou de resseguro, para a vida e para a morte, mediante o qual todas as religiões são solicitadas a dizer em coro que indiferentemente com qualquer delas, os homens podem alcançar para sua saúde, seus negocinhos e sua segurança, e mesmo depois da morte, um bom convívio com Deus.
Nesta perspectiva, parece que a Deus é indiferente que se siga qualquer religião. Pode-se até blasfemar contra Ele e persegui-Lo. Pode-se até negá-Lo. Elé é indiferente a todos os atos dos homens. Olimpicamente indiferente. Ecumenicamente indiferente. Como aliás os medíocres, por sua vez, tenham eles ou não algum Crucifixo, algum Buda de louça ou de metal, ou algum amuleto, nos locais em que dormem ou em que trabalham, são olimpicamente indiferentes a Deus.
Ora, esse indiferentismo não é senão uma forma de ateísmo. O ateísmo daqueles que, mais radicais (em certo sentido) que os próprios ateus, não tomam Deus a sério. Ao passo que o ateu, se tivesse a evidência de que Deus existe, O odiaria...  ou, talvez, O serviria... Mas, em todo o caso, O tomaria a sério".


(Transcrito de "Catolicismo", edição de junho de 1995)


Vejamos outra definição do homem medíocre, feita pelo escritor francês Ernest Hello:


"Suas admirações são prudentes, seus entusiasmos são oficiais. Por vezes o homem medíocre admite um princípio, mas se se chega às consequências desse princípio, ele dirá que se exagera. Se a palavra exagero não existisse, o homem medíocre a inventaria. Ele tem medo e horror dos santos e homens geniais; nada admira com calor. Não crê na existência do diabo. Ele prefere seus inimigos, se são frios, a seus amigos se são quentes. O homem medíocre gosta dos escritores que não dizem nem sim nem não sobre coisa alguma, que nada afirmam, que condescendem com todas as opiniões contrárias. Ele acha insolente toda afirmação. Mas se alguém é um pouco amigo e um pouco inimigo de todas as coisas, ele o achará sábio e reservado. Ele tem medo de comprometer-se. O homem medíocre diz que há bem e mal em todas as coisas. Ele lamenta que a Religião Cristã tenha dogmas. Não tem entusiasmos nem compaixão. Sente-se apoiado sobre a multidão dos que se lhe assemelham. Ele não luta. Tem sucesso porque segue a correnteza. Não percebe a grandeza, não se extasia nem se precipita. Nos seus julgamentos como em suas obras, ele substitui a convenção à realidade, aprova o que cabe em seu casulo e condena o que escapa às designações e categorias que ele conhece; teme o que surpreende, e não se aproxima nunca do mistério terrível da vida, evitando as montanhas e os abismos através dos quais ele conduz seus amigos. O homem medíocre é mais perverso do que ele se imagina e do que os outros o imaginam, porque sua frieza esconde sua maldade. Ele é o mais frio e o mais feroz inimigo do homem genial. Ele é cheio de si, cheio de nada, cheio de vazio, cheio de vaidade".


("L'Homme", capítulo "L'homme mediocre", pág. 58/67 - Ernest Hello)

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