terça-feira, 9 de novembro de 2010

Visita à Espanha: autoridade papal se impõe perante a mídia

Cerca de 35% dos espanhóis, aproximadamente 16,5 milhões de expectadores com mais de 4 anos, contataram ao menos um minuto com a programação especial que prepararam as cadeias de televisão sobre a visita do Papa a Santiago de Compostela e Barcelona. Estes dados foram divulgados pelo painel de audiência de televisão da “Kantar Media”. No total se efetuaram 31 programas especiais da passagem do Papa pela Espanha, com uma duração de 58 horas, entre o sábado e o domingo, sem contar os informativos normais de cada fim de semana nas cadeias generalistas, conforme um estudo de “Barlovento Comunicação” para a Europa Press.
Entre os momentos mais vistos da visita encontra-se a homilia do domingo na Sagrada Família, assistida ao vivo por 870 mil pessoas (13.1 pontos de audiência), somando-se ainda as pessoas que o viram na cobertura de alguns canais fechados. Somente na Catalunha, quase 25% das pessoas viram ao vivo a cerimônia de dedicação da basílica da Sagrada Família, transmitida pelos canais TV3 e 3/24 de Televisão de Catalunha (TVC), segundo informou uma televisão autônoma em comunicado.
A missa que presidiu o Papa na praça do Obradoiro registrou outro pico de audiência em “La 2” (593 mil e 47% do “share”) e intereconomia (199.000 e 1,6% do “share”), assim como nas autônomas que ofereceram esta homilia.

Segundo a agência Forum Libertas, a audiência de TV na Catalunha no domingo alcançou a cifra histórica de 331 minutos por espectador e o pico foi alcançado na transmissão da Sagrada Família. Quase 1,7 milhões de catalões e 12,4 milhões de espanhóis seguiram pela TV os passos de Bento XVI. Por ocasião da consagração da basílica da Sagrada Família se chegou a atingir um pico de 1,68 milhões de pessoas (24,2% da população da Catalunha).
Deve se considerar que nos programas de maior audiencia, quer dizer aos domingos e feriados, na Catalunha apenas se supera os 250 minutos por pessoa. Para se comparar, o casamento do príncipe real Dom Felipe havia batido em 2004 um recorde de audiência, com 292 minutos. O especial “Benedicto XVI en la Sagrada Família” da TV3, com 6 horas de duração, conseguiu com que aquele canal fosse o mais visto no horário, atingindo 5,8 pontos a mais do que a segunda colocada, a TVE. É bom lembrar também que o europeu, de modo geral, não é tão ligado às TVs como, por exemplo, o brasileiro.
Para calar ainda a boca dos que falavam de suposto prejuízo financiero com a visita do Papa, um estudo do “Kantar Media” revela que somente em termos publicitários houve um impacto económico de 66,5 milhões de euros. Isto quer dizer que se alguém quisesse alcançar o mesmo desempenho publicitário deveria gastar esta soma para obter o resultado. A Kantar Media destaca que das 6.026 notícias geradas, mais da metade foram em jornais impressos (3.567 notícias), seguidos de longe pela televisão (1.269) e o rádio (1.190).
O impacto noticioso na imprensa espanhola
Até à chegada do Papa alguns jornais davam bastante destaque aos grupos de confrontação de contrários, focando pequenos grupos de homossexuais que pretendiam obscurecer a viagem de Bento XVI com manifestações burlescas e imorais. Após a chegada do Pontifice, porém, estas notinhas e noticias foram se rareando, enquanto subiam de cotação as noticias prestigiosas ao Papa.
Ocorreu o mesmo fenômeno por ocasião da recente visita à Inglaterra, quando toda a mídia se rendeu ante Bento XVI e foi obrigada a divulgar noticias prestigiosas sobre sua visita. No caso da Inglaterra, a beatificação do Cardeal Newman foi o ponto alto; e agora, no caso da Espanha, a dedicação da Basílica da Sagrada Família.
De todos os periódicos, somente três jornais, “El Mundo”, “El País” e “Público”, optaram por repercutir o alheamento de Zapatero à visita do Papa, parecendo um visível intuito de diminuir o prestígio do Pontífice, haja vista que não foi recebido pelo Primeiro Ministro em sua chegada. No entanto, o maior diário de Madri, o ABC, escolheu por manchete principal uma grande imagem do Papa na entrada da basílica da Sagrada Família com os dizeres: “Por La vida y La família”. O diário “Avui” escolheu o momento do Angelus e pôs a manchete “Família Sagrada”. Também o “La Razón” se refere à família em sua manchete “Que los españoles vivan como uma sola família”. Nos subtítulos e nos textos não se vê nenhuma nota desabonadora e nenhum comentário sobre escândalos ou qualquer coisa que pudesse empanar o brilho da viagem do Pontífice.
O jornal “La Vanguardia” colocou como manchete “Gaudi, Roma, Europa” e os dizeres: “O chefe do Executivo afirma que o Estado reconhece o peso da Igreja para garantir a liberdade de todos”. Em outro subtítulo o jornal assinala também o papel da Igreja em defesa da familia.
Até mesmo um jornal denominado “Periódico da Catalunha”, um dos mais críticos com o Papa e a Igreja, colocou em sua manchete “Coberto de Glória”, com o subtítulo “O Papa se rende à Sagrada Família”. Os textos apenas comentam sobre as cerimônias e as personalidades presentes.
Todavia, para o jornal “El Mundo” a viagem do Papa estava em segunda ordem.
Sua manchete principal é sobre política local. Mas logo abaixo, como que forçados, colocaram uma noticia sobre o Pontífice com a seguinte manchete: “O Papa pede que os espanhóis “vivam como uma só familia”. Da mesma forma, o jornal “El País” chamou a atenção para o distanciamento de Zapatero com o Papa e nada de noticia sobre a dedicação do templo. Mas parece ter sido o único que quis distoar do geral.
Fontes: ACI Prensa/Europa Press/ Forum Libertas

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