domingo, 18 de abril de 2010

Funeral de um presidente católico, num país ainda católico







As notícias que divulgam o funeral do presidente polonês e mais 94 pessoas mortas num acidente aéreo têm algumas divergências: um jornal disse que “algumas centenas de pessoas” participaram do funeral, enquanto outro deu destaque mais a um punhadinho de insatisfeitos que protestavam com o fato do corpo do presidente ter sido enterrado na Catedral. É assim a mídia: quando divulga um fato que não lhe agrada procura tirar dele, de alguma forma, o seu verdadeiro valor ou sentido. Um repórter de TV foi cobrir o funeral do presidente polonês e passou grande parte de seu tempo filmando as pessoas de uma fila, enquanto o principal das cerimônias era deixado de lado.
Mas, na realidade, havia uma multidão no enterro de Lech Kackynski. Alguns diziam que havia 150 mil pessoas, outros mais de um milhão. Conforme se pode ver num dos vídeos acima, a principal cerimônia foi dentro da Catedral de Cracóvia, enquanto do lado de fora a multidão assistia tudo em telões.
Os corpos de Lech e Maria Kaczynski chegaram à cidade no domingo de manhã, vindos de Varsóvia. Uma missa foi rezada na Basílica de Santa Maria e depois os corpos foram transportados pela cidade antiga em direção à catedral de Wawel, onde são sepultados monarcas, poetas e estadistas poloneses.
Dezenas de milhares de poloneses cantaram o hino nacional e jogaram flores no carro funerário que transportou o corpo do presidente Lech Kaczynski ao palácio presidencial. O corpo de Kaczynski foi recebido pela filha do casal Marta e por Jaroslaw Kaczynski, irmão gêmeo do presidente morto e ex-primeiro-ministro da Polônia.
Embora não possamos saber o idioma em que se fala, é importante vermos as imagens dos vídeos acima, mostrando grandiosa cerimônia.

O massacre de Katyn
Segundo as agências noticiosas, Kaczyinski viajava para participar das cerimônias do 70º aniversário do frio assassinato de 22.000 oficiais poloneses (prisioneiros de guerra) pela polícia política de Stalin, a famosa e temida NKVD, conhecido como “massacre de Katyn”. Foi um dos grandes massacres que caracterizou um regime de terror, de ódio e perseguições em nome do socialismo. Se não tivesse havido este acidente fatal talvez ninguém viesse a saber (pelo menos aqui entre nós) que tivesse aquela cerimônia em memória dos mártires assassinados pelos comunistas em 1940.
A 1 de setembro de 1939, a Alemanha invade a Polônia e deflagra a segunda guerra mundial. Duas semanas depois, as tropas soviéticas cruzam a fronteira oriental da Polônia, sob o pretexto de pretensa proteção ao povo polonês, mas na verdade estavam assumindo parte da Polônia que lhes cabia, segundo o acordado no “Pacto Nazi-Soviético de Não Agressão”. Aproximadamente quinze mil oficiais das forças armadas polonesas foram enviados aos campos de prisioneiros de NKVD, na URSS, situados em Kozielsk, Starobielska e Ostashkov. Hoje sabe-se que eram mais de 20 mil.
Por diversos meses, os prisioneiros de guerra poloneses, foram interrogados por agentes do NKVD, principalmente sobre educação e orientação política. Alguns oficiais mais velhos foram também interrogados sobre sua participação na guerra polaco-soviética, ocorrida em 1920.
Aproximadamente no mês de março de 1940, os interrogatórios terminaram, e uma ordem secreta foi emitida aos três campos de prisioneiros para que todos os prisioneiros fossem mortos. A documentação mostra que Stalin e Beria foram os responsáveis por ordenar as execuções. Durante a evacuação dos três acampamentos, grupos de 200 a 300 prisioneiros eram enviados a um destino “desconhecido”, localizado na floresta de Katyn. No início de maio de 1940, todos os prisioneiros poloneses tinham sido removidos dos acampamentos e toda a correspondência com as famílias cessou. Então, ninguém mais soube nada a respeito daqueles oficiais Na verdade todos foram brutalmente assassinados na floresta de Katyn. As execuções terminaram em 10 de maio de 1940.
Quando a correspondência dos prisioneiros cessou, em maio 1940, suas famílias criaram esforços cada vez mais frenéticos para obter informações de seus familiares. Uma das fictícias histórias fornecidas por Stalin era de que eles estariam “construindo estradas”. Em outra ocasião, quando o general Anders estava criando uma divisão polonesa para lutar contra os alemães, perguntou pessoalmente a Stalin o destino dos oficiais, este respondeu simplesmente: “fugiram”, então quando Anders pressionou pedindo para onde, Stalin respondera: “Para a Manchúria”
3 anos depois foi descoberta a primeira leva de corpos enterrados nas valas da floresta: em Smolenks foi achada uma cova medindo 28m de comprimento, 16m de largura e 12m de profundidade, onde jaziam cerca de 4 mil corpos de oficiais poloneses. Hoje, a Rússia reconheceu oficialmente o massacre, e o total de vítimas chega a 22 mil.

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