terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Nazismo e comunismo, verso e reverso da mesma medalha

Vez por outra o tema da oposição entre nazismo e comunismo vem à tona. Desta vez foi um ex-comunista que se ocupou de reanimá-lo. O Autor é um tanto suspeito, não tanto pelo que é hoje mas pelo que foi ontem. Assim, mesmo objeto de suspeição publicamos suas declarações, extraídas de seu livro e estampadas no site “Forum Libertas”, da Espanha. Veja também nossas postagens anteriores: "Comunismo lidera as grandes tragédias da humanidade" e "Papa lembra grande fome que matou milhões" na Polônia em 1933.
Mas para que nossos amigos não tenham uma visão distorcida da real divergência que há entre nazismo e comunismo (apenas aparente e superficial) publicamos também o texto de um artigo do Dr. Plínio Corrêa de Oliveira, publicado, não em 2010, mas 1941, no jornal católico “Legionário”, da arquidiocese de São Paulo, numa época em que quase ninguém imaginava na derrota de Hitler e seus asseclas. Pelo seu texto podemos aquilatar que a divisão entre os dois regimes é mera figura de retórica, e que, na realidade, um é o verso e o outro é o reverso da mesma medalha.

O bolchevismo versus nazismo: 12 comparações de suas barbáries
Martin Amis, escritor ex-comunista, analiza por contraste os dois grandes horrores do século XX. Por que um se canoniza como o mal em estado puro e o outro parece ver-se somente como um erro histórico? (Publicado em 17 de fefeveiro de 2005).
Em seu livro Koba el Terrible, o novelista e ensaísta britânico Martín Amis se centrava num ponto fraco do pensamiento do século XX e ainda do XXI: a tolerância dos intelectuales ocidentais ante o comunismo.

Martin foi militante comunista, como seu pai - o também novelista Kingsley Amis-, até que as revelações de Solzhenitsyn em Archipiélago Gulag foram inegáveis. Aquilo não podía mais sustentar-se. Em 1978 Martin mantinha ainda um diálogo como o seguinte com um irredutível:

-Faço-me perguntas –comenta Amis- sobre a distância que medeia entre a Rússia de Stalin e a Alemanha de Hitler.
-Ah, não caias nisso, não caias nas comparações morais.
-Por que não?
-Lenin foi... um grande homem.
-Não me venhas com essa...
-Falaremos muito e longamente.
-Muito e longamente.

“Mas já havíamos progredido um pouco”, escreve Amis. “Agora as discussões eram sobre se a Rússia bolchevista havía sido melhor que a Alemanha nazista. Quando apareceu a Nova Esquerda, as discussões eram sobre se a Rússia bolchevista era melhor do que os Estados Unidos”.

Mais adiante em Koba el Terrible, Martin Amis se anima a fazer a comparação em grandes pinceladas. E como tais as recolhemos aqui.

Que diferença há entre o bigode pequeno (de Hitler) e o bigode grande (de Stalin), em que deberíamos incluir o bigode mediano de Vladímir Ilich (Lenin)?

Cifras.

Mesmo que acrescentemos as baixas totais da Segunda Guerra Mundial (40-50 milhões) as do Holocausto (ao redor de 6 milhões), parece que o bolchevismo poderia superá-las. A guerra civil, o Terror Vermelho, a FOME; uma Colectivização que, segundo Conquest, causou talvez a morte de 11 milhões. Solzhenitsyn calcula (“Numa estimativa modesta”) que foram entre 40 e 50 milhões os que cumpriram grandes penas no GULAG de 1917 a 1953 (e muitos outros depois do breve degelo de Jrushov), e durante o Grande Terror, a deportação de populações dos anos 40 e 50, Afganistão… Os “Vinte Milhões” começam a parecer quarenta.

Exatidão

Há alguna diferenta moral palpável entre os trens e chaminés da Polônia e o silêncio antinatural e surpreendente que caiu pouco a pouco sobre as aldeias da Ucrânia em 1933? Sob Stalin “não se fez fincapé na aniquilação completa de nenhum grupo étnico”. A diferença se firma no emprego do adjetivo “completa”, porque Lênin empreendeu campanhas genocidas (a descazaquização) e o mesmo fez Stalin. A diferença poderia estar em que o terror nazista se esforçava por ser exato, enquanto que o terror stalinista era deliberadamente aleatório. Todo mundo era vítima do terror, desde o primeiro até o último; todos menos Stalin.

Ideología.

O marxismo era um produto da classe média intelectual; o nazismo era sensacionalista, de imprensa suja, dos baixos fundos. O marxismo exigía da natureza humana esforços sem nenhum sentido prático; o nazismo era um convite direto à abjeção. E sem embargo as duas ideologias funcionaram exatamente igual em sentido moral.

Médicos da morte.

Há alguma diferença moral entre o médico nazista (bata branca, botas negras, bolas de Zyklon B) e o interogador salpicado de sangue do campo Orotukán? Os médicos nazistas não só participavam em experimentos e “seleções”, inspecionavam todas as etapas do processo executor. Na realidade, o sonho nazista era no fundo um sonho biomédico. Foi uma subversão que não praticou o bolchevismo.

Efeito social.

O nazismo não destruiu a sociedade civil. O bolchevismo, sim. É uma das razões do “milagre” da recuperação alemã e dos fracassos e a vulnerabilidade da Rússia atual. Stalin não destruiu a sociedade civil. Lenin, sim.

O humor.

A resistência do humor a desaparecer se há destacado no caso soviético. Parece que os Vinte Milhões não terão nunca a dignidade fúnebre do Holocausto. Isto não é, ou não somente é, uma amostra da “assimetria da tolerância” (a expressão é de Ferdinand Mount). Não seria assim se na natureza do bolchevismo não houvesse algo que o permitisse.

Ciclo de vida.

Stalin, diferentemente de Hitler, fez todo o mal que pôde, entregando-se de corpo e alma a uma empresa de morte. No ano que morreu estava preparando pelo vista outra gigantesca campanha de terror, vítima, aos 73 anos, de um anti-semitismo remoçado e senil. Hitler, pelo contrário, não fez todo o mal que pôde. O pior de Hitler se eleva como uma larga sombra que afeta de forma implícita a nosso conceito dos crimes que cometeu. De haver sobrevivido, o nazismo “maduro” haveria sido, entre outras coisa, uma confusão genética em escala hemisférica (já havia planos, em princípios dos anos quarenta, de depurar ainda mais a linhagem ariana). O laboratório de Josef Mengele em Auschwitz havia sido ampliado até alcançar as dimensões de um continente. A psicose hitlerista não era “reativa”, não respondia aos acontecimentos, senão a ritmos próprios. Possuía ademais uma tendência fundamentalmente suicida. O nazismo foi incapaz de amadurecer. Doze anos era, quiçá, a duração natural de uma agrassividade tão sobrenatural.

Aplicabilidade.

O bolchevismo era exportável e em todas as partes produzia resultados quase idênticos. O nazismo não podia se reproduzir. Comparados com a Alemanha, os demais estados fascistas foram simples aficcionados.

Êxito em vida.

Hitler, ao final de sua trajetória afrontou a derrota e o suicídio. “Quando Stalin completou 70 anos em 1949 – disse Martin Malia – era realmente o “pai dos povos” para um terço da humanidade; e parecia que era possível, inclusive iminente, que o comunismo triunfasse a nível mundial.

Vergonha da espécie.

A combinação alemã de desenvolvimento avançado, alta cultura e barbárie infinita é, desde logo, muito singular. Sem embargo não podemos isolar o nazismo alegando que era exclusivamente alemão. Tampouco podemos por em quarentena o bolchevismo alegando que era exclusivamente russo. A verdade é que os dois relatos abundam em notícias terríveis sobre o que é humano. Produzem vergonha e ao mesmo tempo indignação. E a vergonha é maior no caso da Alemanha. Pelo menos é o que eu acredito. Prestemos atenção ao corpo. Quando leio livros sobre o Holocausto experimento algo que não me sucede quando leio livros sobre os Vinte Milhões, é como uma infestção física. É vergonha da espécie. E isto é o que o Holocausto nos pede.

Armas especiais.

Mas Stalin, ao dar grossas pinceladas de seu ódio, dispunha de armas que Hitler não tinha.
Tinha o frio: o frio abrasador do Ártico. “Em Oimiakón [Kolymá] chegaram a registrar-se temperaturas de -72°C. Chegando a temperaturas muito mais altas se rachava o aço, rebentava os pneus e saíam chispas quando o archote golpeava o tronco das árvores. Quando baixa a temperatura o hálito se congela em cristais que tilintam no chão com um rumor que chamam “sussurro das estrelas”.
Tinha a obscuridade: o sequestro bolchevique, a crudelíssima e implacáel auto-exclusão do planeta, com seu medo às comparações, seu medo ao ridículo e seu medo á verdade.
Tinha o espaço: o imenso império de onze zonas horárias, as distâncias que extremavam o confinamento e o isolamento, a estepe, o deserto, a taiga, a tundra. E o mais importente: Stalia tinha tempo.

E ademais...

Stalin foi um dirigente muito popular dentro da URSS durante o quarto de século que durou seu governo. Resulta um pouco humilhante pôr por escrito uma coisa assim, mas não há forma de evitá-lo. Também Hitler foi um líder popular, mas diferente de Stalin, conseguiu algumas vitórias econômicas e perseguiu a minoria relativamente pequenas (os judeus eram 1% da população) . As vítimas de Stalin foram grupos maioritários como o campesinato (85% da população). E ainda que a vigilância de Hitler sobre a população fosse intimidatória e persistente não se excedeu, como Stalin, para criar um clima de náusea e medo.

Amis fez um livro para despertar a memória: “Para a consciência geral, os mortos russos seguem dormindo. Milhões. Se fez uma guerra contra eles e contra a natureza humana foi contra sua própria gente”.

(tradução livre do texto publicado pelo site Fórum Libertas http://www.forumlibertas.com/frontend/forumlibertas/base.php)


Dr. Plínio mostra claramente que nazismo e comunismo não são muito diferentes



Vejam agora, o texto publicado pelo jornal Legionário, N.º 460, 6 de julho de 1941 sob o título de As relações entre o Nazismo e o Comunismo



Ao comentar o conflito teuto-russo, em seu último número, o “Legionário” prometeu publicar uma lista com algumas notícias que deu em várias ocasiões demostrando a solidariedade efetiva dos regimes nazista e comunista.
Move-nos a fazê-lo somente o desejo de tornar bem patente aos nossos leitores o nosso pensamento, submissos aos interesses da Igreja e para evitar que se lance a confusão aos espíritos.
Poupamo-nos o trabalho e o espaço deixando de citar a opinião constante do “Legionário” sobre a identidade entre o nazismo e o comunismo, expressa anteriormente ao famoso pacto nazi-soviético, e que infelizmente muitos leitores recebiam com um sorriso incrédulo, pois então Hitler se preocupava em aparecer como campeão da luta contra o comunismo.
Essa máscara ele tirou apenas quando lhe conveio - nas vésperas do ataque à Polônia - para conseguir mais facilmente seu intento.
Desde então - setembro de 1939 - convencidos nossos leitores da solidariedade entre os dois regimes, preocupamo-nos em preveni-los contra as futuras manobras dos dois chefes anticatólicos e seus sequazes.
Ainda em 1939 escrevíamos que “essa aliança, desde que convenha, se mostra como é: cada vez mais forte”.
Nesse mesmo ano supúnhamos possível a qualquer momento um domínio do Reich pela Rússia.
“É verdade que, afinal, exausta tanto a Alemanha quanto as democracias pela guerra, a Rússia será capaz de impor-lhe uma reviravolta em seu regime interno. Mas isso não deve preocupar muito aos sequazes de Hitler: porque, afinal, um ou outro regime vem a ser a mesma coisa...”.
Em 17 de Dezembro de 1939, quando ainda não arrefecera o espanto causado pelo pacto nazi-soviético, comentando as manobras hitleristas para evitar uma aliança dos países escandinavos com a Inglaterra visando o auxilio à Finlândia, escrevíamos:
“Noticiado um possível conflito do Reich com os sovietes, aqueles países ficam numa situação extremamente difícil: auxiliar a Finlândia ligando-se a quem?
Na verdade, o próprio auxílio da Itália à Finlândia prejudicando com a retenção em território alemão de numerosos aviões. Assim, mantendo a incerteza do ambiente, o Reich se reserva sempre uma última possibilidade de se salvar, sacrificando sua grande aliada.
Mas, principalmente, ele mantém a confusão no cenário internacional, possibilitando a Rússia, enquanto dure essa indecisão, ir avançando em território finlandês.
A aliança teuto-russa é mais profunda do que muitos querem crer. Sob a aparente divergência de formas, há um mesmo fundo em ambos os governos.
Durante muito tempo insistimos em que essa aliança se daria, afinal, quando as conveniências o mandassem. E desde que ela se fez, notamos que é preciso não se esquecer que se trata de duas formas de uma só orientação, o que explicará, a qualquer momento, o sacrifício de uma para assegurar a vitória da outra.
Indiscutivelmente seria o ideal que o Reich pudesse se salvar da guerra que imprudentemente provocou, para aí substituir em Moscou a foice e o martelo pela cruz suástica”.
Através de todas as alternativas da guerra, desde 1939 até este ano, prevenimos sempre de forma idêntica os nossos leitores contra a confusão que um conflito teuto-russo poderia causar nos meios católicos.
Desses inúmeros trechos dos artigos de fundo, “7 dias em revista” e “nota internacional” esparsos nesta folha, oferecemos mais alguns trechos aos nossos leitores, com o fito de preveni-los mais uma vez contra a cilada inimiga:
“...na Alemanha, ainda ecoam os últimos sons do festim nazi-soviético, que hoje mostra a nu a solidariedade de suas heresias, se bem que estas ainda possam, amanhã, retomar a comédia, e os disfarces de ontem.
* * *
“Assim, pois, o comunismo começa a rejeitar a máscara comunista sem rejeitar nem seu espírito nem seus processos. A Rússia real, a Rússia objetiva, a Rússia que os comunistas quiseram fazer e fizeram de fato quando estavam “com a faca e o queijo na mão”, esta Rússia se despe do “travesti” comunista, e aparece tal qual é, aos olhos do mundo inteiro: oligárquica, autoritária, tirânica, absorvente, perigosa.
Evidentemente, o que pode significar isto? Que os comunistas estão ensaiando alguma tática nova. Qual será ela? Ainda é cedo para dizê-lo. Mas nossa geração, que já assistiu à aliança de quase todas as potências do pacto anti-Komintern com a Rússia, assistirá talvez a alguma outra cena do gênero. Será, por exemplo, a Rússia se transformar em potência anti-Komintern. E se não for isso, será qualquer outra farsa neste gênero. Os ingênuos que se preparem. Deve haver, pelo ar, algum “menu” rico em fraudes de toda a ordem de que, com sua voracidade habitual, não deixarão de deglutir e degustar a todas elas, sem exceção”.
* * *
Em 29 de Dezembro de 1940 prevíamos o que ora sucede, no seguinte tópico:
“O “Legionário” já teve ocasião de dizer insistentemente, em mais de um de seus números, que a hostilidade fictícia do nazismo contra o comunismo, amainada oficialmente (“oficialmente”, sim e só “oficialmente”, pois que no terreno concreto nunca houve luta e nada havia a amainar) por interesses políticos de momento, poderia, de um instante para outro, readquirir novo vigor, sendo muito do feitio do ditador nazista dar um golpe rijo no comunismo, apresentar-se assim à humanidade como um novo Constantino, e, prestigiado pelos louros desta vitória “cristã”, empreender mais resolutamente do que nunca a guerra ao Catolicismo”.
“Noticiamos, em edição anterior, que o Partido Comunista búlgaro, obediente à III Internacional como costumam sê-lo todos os partidos da esquerda, distribuiu na Bulgária numerosos boletins em que procurava desanimar o povo em relação a qualquer reação violenta contra a investida nazista.
Dias depois, o telégrafo nos trás, entretanto, a curiosa informação de que o Kremlin protestou oficialmente contra a ocupação da Bulgária por tropas alemãs.
Assim, ao que parece, a Rússia procura novamente afivelar a máscara do anti-nazismo, ainda há poucos dias considerada antiquada e inútil pelos dirigentes soviéticos. É possível que a farsa vá longe”... previa o “Legionário”, quando surgiram os primeiros rumores da ocupação nazista na Bulgária.
“A política internacional continua cheia de mistérios, entre os quais o mais importante é o das relações teuto-russas. As duas potências totalitárias parecem estar representando, para o mundo inteiro, uma farsa de esconde-esconde. Ora deixam cair a máscara de sua pseudo-incompatibilidade, e apresentam ao público suas faces idênticas de irmãs siamesas, ora cobrem-se novamente com a máscara de inimigos iracundos, e ameaçam travar entre si uma luta de morte. No meio de tudo isto, o público crédulo e ingênuo fica sem saber o que pensar. E, assim, a mascarada vai continuando enquanto os atuais senhores do mundo quiserem”.
* * *
A dança de aproximações e recuos entre a Rússia e o III Reich, indicada no tópico acima, teve confirmação no seguinte, publicado em outra ocasião, em 1940, reproduzindo os comentários dos jornais, que previam então um esfriamento daquelas relações:
“Disto, seria um índice expressivo o tratado anti-soviético firmado pelo governo japonês com um grupo de chineses por este elevado à categoria de governo da grande república oriental. Aliado da Alemanha, o Japão não poderia entrar em colisão com os sovietes sem afetar, indiretamente, a solidez das relações russo-germânicas. A atitude do Japão não teria, certamente, sido tomada sem uma sondagem prévia em Berlim, onde teria sido declarado que um atrito nipo-soviético e um conseqüente esfriamento germano-russo, não desgostariam Berlim. E, assim, a precariedade das relações entre o comunismo e o nazismo transpareceria claramente.
Tudo isto parece claro, e bem raciocinado. Mas é errado”.
E estava errado. Não demorou muito para vermos Stalin e Matsuoka, um nos braços do outro.
* * *
Em novembro, comentávamos as manobras diplomáticas de Hitler:
“Após a visita de Hitler à França, e do seu encontro com Franco, verificou-se que os esforços de Laval e Serrano Suner foram em parte frustados por várias circunstâncias.
Na Espanha verificou-se idêntica resistência da opinião pública à tentativa de arrastar o país à guerra para servir o eixo.
Em vista dessas circunstâncias, que impedem o ataque a Gibraltar e de haver fracassado a invasão da Inglaterra, restando assim apenas a possibilidade do ataque ao Império pelo canal de Suez, Hitler necessitava resolver com a Rússia a questão dos Dardanelos.
A URSS, por todas as formas e em todos os tons, fez constar sua oposição ao domínio dos Balcãs pelo eixo com desrespeito à sua zona de influência.
Hitler invadiu os Balcãs. A URSS não se moveu apesar disso.
Verificando a inutilidade dos esforços junto à Espanha - para o que afivelara novamente a máscara anticomunista, autorizando sua imprensa a atacar o governo de Moscou, Hitler deixou a farsa e resolveu entrar mais uma vez em entendimento com os sovietes.
Para esse fim vale muito a lembrança da guerra russo-filandesa, e a imprestabilidade do exército moscovita. Dos fracassos de seus aliados tira o füeher grande proveito, para se impor como senhor único da Europa.
Assim, a desvalorização das forças russas permitiu-lhe exercer pressão suficiente para que Molotov se abalasse de Moscou a Berlim”.
Agora, a situação estava melhor preparada, e o anticomunismo de última hora arrasta toda a Europa.
* * *
“Como todos vêem, a colaboração germano-russa está atingindo seu auge, pela intervenção ativa russa, ao lado da Alemanha, na política asiática. O “Legionário” já previu longamente tudo quanto se está passando. E, exatamente agora, quando parece ter chegado a seu zênite esta colaboração, permitimo-nos adiantar mais uma coisa a nossos leitores, coisa esta que certamente lhe causará surpresa: no pé em que estão estas relações, tanto é possível que durem longamente, quanto que de repente a Alemanha agrida a Rússia. E tudo isto sem que deixe de ser perfeitamente real a simbiose nazi-comunista.
“Qui vivra verra”.
* * *
Convencidos da solidariedade teuto-russa, estávamos também certos da inconveniência da sua clara manifestação, para o nazismo, esperando antes um aparente conflito.
Por isso manifestamos nossa surpresa quando numerosos telegramas anunciaram que aviadores russos auxiliavam o Iraque em sua luta contra a Inglaterra:
“Também a atitude da Rússia é motivo de surpresa. Não porque houvesse razões para se duvidar da solidez dos laços que unem Berlim e Moscou - laços que se romperão apenas quando, vencidos os demais adversários comuns - e que são todos os países em que ainda predominam uma civilização cristã e católica - devem decidir da supremacia entre si. A surpresa no caso consistiu em que não se esperava que a Rússia arrancasse já a mascara da neutralidade e fosse auxiliar materialmente a luta contra a Inglaterra.”
Os fatos demonstram ser razoável essa surpresa: os telegramas a respeito não eram verdadeiros.
* * *
Concluindo uma nota sobre as manobras do gênero das acima expostas, em que eram comparsas Hitler-Stalin, deixávamos claro o nosso pensamento, há alguns meses atrás:
“A repetição desse fato não esclarece apenas os espíritos obtusos ou de má fé: na realidade a política nazista ou comunista são irmãs gêmeas, e uma estará afinal disposta até a se sacrificar pela outra, para a consecução do fim comum: a destruição da civilização cristã no mundo.”

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