Está ocorrendo
na cidade Milão, na Itália, de 30 de maio a 3 de junho, o VII Encontro Mundial
das Familias, um acontecimento de alcance midiático de ressonância
internacional. Informa-se que estarão presentes ao mesmo cerca de 1.500
jornalistas provenientes de toda parte do mundo, além de 40 emissoras de TV. Lá
estarão representantes de mais de 24 países. A abertura do evento se deu no dia
de Pentecostes, com a celebração eucarística sendo presidida pelo Cardeal
Angelo Scola, com a participação de 5 mil voluntarios. Bento XVI também está
presente a este grande evento para a Igreja.
Na oportunidade,
declarou o Cardeal Scola que “é um dom extraordinário que o Santo Padre venha
por três días, e isto representa, evidentemente, uma ocasião extraordinária
para reincrementar a fé e a vida cristã, que tanto necesitamos.” O Papa chegou
a Milão na sexta-feira à tarde, saudando a multidão na praça do Duomo. À noite
do mesmo assistiu a um concertó no Teatro de la Scala. No sábado, dia 2 de
junho, Sua Santidade participou de um encontro com religiosos e religiosas, os
quais se preparam para receber a confirmação de seu estado religioso, e pela
tarde estará com as autoridades. Após intensa programação, o Papa Bento XVI
retornará ao Vaticano no domingo, dia 3, à tarde.
EM MILÃO, PAPA
PEDE PELAS FAMÍLIAS
MILÃO, 01 Jun. 12 / 04:21 pm (ACI) -
O Papa Bento
XVI chegou a Milão na tarde desta sexta-feira, 1, onde participa do
VII Encontro Mundial das Famílias. Ele foi recebido pelo Arcebispo de Milão,
Cardeal Angelo Scola, pelo Ministro Andrea Riccardi e outras autoridades
presentes. Em seu discurso Bento XVI pediu a
solidariedade de todos para com as famílias desfavorecidas do mundo inteiro,
especialmente aquelas atingidas pela crise financeira mundial e as emergências
humanitárias.
“Estou contente de estar hoje aqui em meio a vós e agradeço a Deus, que me
ofereceu a oportunidade de visitar vossa ilustre cidade”, disse.
“Dirijo uma particular saudação aos representantes das famílias – provenientes
de todo mundo – que participam do VII Encontro Mundial. Um pensamento afetuoso
dirijo, em seguida, àqueles que necessitam de ajuda e conforto e estão aflitos
por causa das várias preocupações: as pessoas sozinhas ou em dificuldade, os
desempregados, os doentes, os carcerários, aqueles que não tem uma casa ou não
tem a possibilidade de viver decentemente”.
“Que não falte a nenhum desses nossos irmãos e irmãs a solidariedade constante
da coletividade. A este respeito, congratulo aquilo que fez e continua fazendo
a Diocese de Milão para ir concretamente ao encontro das necessidades das
famílias mais atingidas pela crise econômica e financeira, e pelo seu pronto
atendimento, junto a toda Igreja
e a sociedade civil italiana, ao socorrer as famílias da região de Emilia
Romagna, atingidas pelo terremoto, que estão em nosso coração e em nossa oração e pelas quais eu
convido todos, mais uma vez, a uma generosa solidariedade”.
“Queridos irmãos e irmãs, obrigado mais uma vez por vosso acolhimento!
Confio-vos à proteção da Virgem Maria,
que, da mais alta torre do Duomo, maternalmente vigia os dias e as noites dessa
cidade. A todos vós, que deixo um grande abraço, dou a minha afetuosa benção”,
concluiu o Papa no seu discurso na Praça Duomo de Milão.
Esta noite, o Santo Padre assiste, no "Teatro alla Scala" de Milão, a
um concerto em sua honra oferecido também às delegações oficiais deste VII
Encontro Mundial das Famílias.
Dom Petrini fala sobre como
os fiéis vivem o Encontro de Milão
Eis o texto da entrevista concecida por Dom Petrini à Gaudium Press.
http://www.arautos.org/noticias/37419/Dom-Petrini-fala-sobre-como-os-fieis-vivem-o-Encontro-de-Milao.html
Milão (Quinta-feira, 31-05-2012, Gaudium Press) Participando do Encontro
Mundial das Famílias, que acontece na cidade de Milão, na Itália, os bispos do
Brasil declararam que a família brasileira pode levar um belo e particular
testemunho ao mundo ocidental.
No entanto, segundo eles, na própria realidade ela deve
enfrentar o desafio da secularização, e também as mudanças da lei que podem
levar ao indiferentismo nas pessoas da própria natureza da família.
Neste sentido, os prelados salientam que a lei não basta, o que
vale mais é a formação das pessoas. Porque o futuro e a força estão na
consciência dos próprios fiéis que podem ser exemplo de contraposição das
tendências seculares.
Hoje, a Gaudium Press falou com Dom João Carlos Petrini, bispo
de Camaçari (BA) e presidente da Comissão Vida e Família da Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), sobre como os fiéis vivem o Encontro em
Milão.
Gaudium Press - Quais são suas primeiras impressões sobre o
Encontro Mundial das Famílias?
Dom Petrini - O que mais impressiona são as pessoas que chegam
de diversos países. São 135 países representados. Há uma facilidade do diálogo.
Então, impressiona muito bem como no fundo esta realidade católica una pessoas
tão diferentes. História, cultura, circunstâncias de vida. Prevalece este
sentimento de unidade que deixa sempre as pessoas cheias de admiração e há
também o efeito de um grande consolo. Não estamos sós, há muita gente também em
outras partes do mundo que está fazendo esse caminho de fé, mas também de
batalha para não perder a vida da família em circunstâncias às vezes muito
hostis.
GP - De onde e quais são as famílias provenientes do Brasil?
Dom Petrini - Há famílias um pouco de todo o Brasil,
principalmente do sul, onde grandes movimentos familiares são talvez mais
organizados. As zonas do Brasil onde há mais recursos que tornam mais fácil
realizar uma viagem longa.
GP- As famílias mais ricas ajudaram as mais pobres a
participarem?
Dom Petrini - Certamente sempre acontece isto. Um núcleo, um
grupo que se organiza, há sempre alguém que diz: eu não posso. No momento estou
sem recursos porque não trabalho há três meses, etc. Em grupo, geralmente há
esta facilidade de recolher de cada um um pouco para que tenham possibilidade
de participar. É um costume belíssimo da Igreja católica que se renova em
circunstâncias.
Milão por poucos dias tornou-se uma capital das famílias. A
família brasileira como pode contribuir para a família ambrosiana e não somente
ela?
A característica da família brasileira é que é uma família muito
alegre. O brasileiro em geral é o tipo humano cheio de esperança, de
iniciativa, de criatividade, que não pára diante de uma dificuldade. Isto na
família se torna muito importante, porque a família é feita de tantas
expectativas, de tantas esperanças, de tantas alegrias de cotidiano, também de
pequenos dramas. É importante no dia de hoje, ter este olhar positivo também
diante de dificuldades e dramas. Porque creio que a cultura na qual vivemos não
é capaz de conviver com os dramas, tende a não olhar para eles, de ignorá-los,
de substituí-los com um modo mais banal. De viver vendo passar o tempo, sem
pensar nas dificuldades. Tenho a impressão que também no Brasil esta realidade
mundial tenha a sua importância, porém há esta característica do espírito
brasileiro que é muito diferente. Eu noto que na Europa há uma tendência a se
lamentar. A se lamentar de tudo, das circunstâncias, da vida, da família, do
clima, de tudo. Como uma doença em fundo, como se o olhar se concentrasse
somente em aspectos menos positivos, menos belos do que a realidades. A família
brasileira pode contribuir no sentido da positividade quase espontânea. Depois,
quando encontra Jesus Cristo, dá uma verdadeira explosão de vida, de cultura,
de atenção pelo outro. A esperança que é capaz de atravessar também as dificuldades.
GP - O que deseja ver como fruto deste encontro?
Dom Petrini - A minha esperança é que o tema da relação entre o
trabalho e a família seja de fundamental importância. É muito pouco sentido.
Começa a ser mais sentido por toda a sociedade e também pela comunidade cristã.
Às vezes, por ingenuidade perde coisas importantes. Uma pessoa deve trabalhar e
fica fora de casa quinze horas por dia e depois de um tempo não se dá conta que
é um estranho para seu filho. O que quer dizer: Se não se pensa um pouco nestas
situações acaba criando problemas previstos, sem buscar uma resposta adequada.
Certamente a concentração entre trabalho e família é de excepcional
importância. Que o trabalho se torna uma idolatria. É verdade que é preciso
trabalhar, porque é preciso ganhar dinheiro. É necessário para manter a
família. É também verdade que às vezes se exagera muito. Porque muitas vezes
não há um olhar equilibrado sobre certas necessidades. Quem sabe, um dos dois
poderia trabalhar menos, dedicar-se mais às crianças que estão crescendo. Creio
que uma grande contribuição deste VII Congresso Mundial das Famílias seja uma
ajuda para pensar nesta realidade do trabalho e na relação da família, a
procriação dos filhos, a convivência do casal que não são prejudicados como
aparece no cotidiano da família.
O tema da festa também é muito importante porque a família é
capaz de alegrar-se junto como no afeto que vive, na reciprocidade da
dedicação. Um motivo para fazer festa certamente é uma família mais alegre que
terá uma história mais longa. Porque se faz sempre festa. Quando os camponeses
terminavam a colheita, se fazia festa de agradecimento. Havia o trabalho de
quem tinha plantado, semeado. Havia também a chuva e o sol que vieram
gratuitamente. Então havia um senso de gratidão, de uma parte se olhava o
trabalho feito, mas do outro, a graça de Deus que gerou tantos bens. Então a
ideia de festa é associada a uma gratidão por alguma coisa de belo e grande que
aconteceu. Na vida de família pode acontecer algo parecido. Há o empenho do
homem para ser fiel à sua mulher, para ocupar-se de seus filhos, mas a
experiência de felicidade que se pode viver na família é tão grande que não é o
fruto do próprio empenho, isto é mais, é a graça de Deus. Fazer festa,
agradecer ao Senhor, ir juntos à missa em clima de oração é certamente um fato
importante porque isto é que faz aparecer aos olhos de todos como algo grande
que vale a pena ser vivido. Algo que me ajuda porque gastamos menos que é um
modo um pouco esquálido. A grandeza da família tem a sua medida.
GP - O olhar brasileiro sobre a relação família-trabalho-festa?
Dom Petrini - Eu diria que o brasileiro é muito propenso para a
festa. Talvez mais para a festa que para o trabalho por circunstâncias
históricas que não vale a pena recordar. Certamente a festa caracteriza um
pouco a alma brasileira. O perigo é que a festa acabe sendo fora da família. Se
o espírito brasileiro é que ama a festa, então que a festa seja amada na
família. A festa do afeto, da gratuidade, da estima recíproca. A vida que se
desenvolve no ventre materno e se torna um verdadeiro milagre. É preciso ter
olhos para ver as razões da festa na família.
GP - Em quais projetos está trabalhando a Comissão para a Vida e
a Família que o senhor dirige na Conferência Episcopal Brasileira? Como se
prepara para o Ano da Fé?
Dom Petrini - Nós temos três grandes projetos. Em primeiro lugar
a formação. Porque na realidade cultural se corre sempre o risco de estar
muitos passos atrás. A vida da família é muito ligada àquela de nossos avós,
pais. O ponto de encontro da família como sacramento e a realidade atual com
todas as complexidades e dificuldades do mundo de hoje. Por isso oferecemos
muitos momentos de estudo. Uma iniciativa que se chama que tentamos difundir em
toda a família. Também outras iniciativas que vão nesta direção. Ajudar
principalmente as jovens gerações a entenderem melhor o que é a família cristã,
quais são as características e valores específicos do Sacramento e os vários
aspectos da vida da família.
Um outro compromisso que temos é o de fazer diversas famílias
cristãs de vida fraterna. Não que uma família seja isolada nos diversos
desafios deste tempo. Mas cultive sistematicamente um pouco a amizade com as
famílias com as quais compartilha o caminho da fé de rezar, de ler o Evangelho,
mas também de dividir as preocupações, as esperanças, o amor em modo tal que a
família se sinta acompanhada por outras famílias e portanto tenha menos
ocasiões de desânimo, de desconforto.
O nosso terceiro compromisso é construir as associações das
famílias que possam representar a família não como a Igreja que fala, não como
a pastoral de dialogar com os poderes públicos, mas que se reúnem para defender
os próprios interesses. Que poderão reunir estas associações das famílias as
pessoas que têm no coração a família, mas não estão interessadas em estar na
pastoral da família. Então, que haja instrumentos civis para poder dialogar. É
necessário preparar uma realidade que tenha, do ponto de vista civil, a sua
dignidade e existência com as pessoas jurídicas.
Nós vemos o Ano da Fé como uma retomada do Concílio Vaticano II,
não por acaso ele inicia no dia do 50º aniversário do Concílio, mas também os
20 anos do Catecismo da Igreja Católica. Então, o olhar da fé sobre todos esses
50 anos foram colocados em movimento também às vezes com os conflitos, pontos
de vista exagerados. Porém, o olhar da fé que possa ser importante e o Espírito
Santo que guia a Igreja. Que está também na origem do Concílio. Portanto,
podemos tentar entender o percurso que o espírito cristão requer neste tempo. A
fé é sempre a mesma, mas os desafios mudam a todo instante. Então, é preciso
buscar a verdade para sermos portadores da tradição da Igreja. Não como pessoas
que vivem fora do mundo, do tempo e do espaço, mas realmente atentos aos
desafios de hoje. (BD)
Anna Artymiak
ENTREVISTA DE DOM
CARLOS PETRINI Á CANÇÃO NOVA
O PAPA EM MILÃO
Site oficial do VII Encontro das Famílias
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