segunda-feira, 4 de junho de 2012

O POVO AINDA GOSTA TANTO DA MONARQUIA COMO OUTRORA?


Após mais de dois séculos da queda da Bastilha (223 anos!), o povo ainda gosta da monarquia. Apesar da rainha inglesa não exercer função pública de regência política direta, cargo hoje do primeiro-ministro. Enquanto a mídia procura tentar esconder o esplendor da festa feita pelo povo inglês,  mostrando, por exemplo,  cenas do rei da Espanha, no Brasil, de muletas, com comentários sobre escândalo em que o mesmo esteve envolvido, de outro lado o rumor republicano é tão fraco que quase não  se ouve seu som. O brado de revolta republicano hoje é tão antiquado quanto o do socialismo.
Quantas monarquias ainda restam no mundo? São um pouco mais de 40. Na Europa, além de monarquias propriamente ditas como as da Inglaterra, Espanha, Suécia, Holanda, Dinamarca, Noruega e Bélgica, há ainda alguns principados e ducados;  Na Ásia, só resta o império do  Japão;  No Oriente Médio temos a Arábia Saudita , Brunei, Omã, Qatar, Jordânia e Marrocos, algumas com tronos claudicantes. Pelo ímpeto com que se iniciou a derrubada dos tronos há mais de 2 séculos, previa-se que não restaria mais nenhuma monarquia no final do século XX, nem sequer casas reais.
As nações que mais derrubaram  tronos foram as europeias, lideradas pela França como fruto da Revolução Francesa. Antes disso, as nações se identificavam como católicas e monarcas; hoje, as nações que ainda podem se dizer católicas e monarcas na Europa são a Espanha e a Bélgica, pois todas as demais monarquias europeias são protestantes.
O brilho da comemoração dos 60 anos de governo da Rainha Elisabeth II vem chamando a atenção do mundo todo.  Demonstra quanto o povo inglês ainda gosta da monarquia. Do mesmo modo que na França no século XVIII, como o atestam vários historiadores respeitáveis.
 

O rei e o amor do povo pela Monarquia

Este fato não é só constatado hoje em dia com relação à monarquia inglesa, mas também no passado quando se iniciou o ciclo das revoltas republicadas com a Revolução Francesa. Segue abaixo um trecho de obra que fala sobre o assunto:

No alto dessa pirâmide social, quase diria, desse magnífico palácio de graça e distinção que foi a sociedade francesa anterior à Revolução, encontrava-se o Rei.

“Defensor da Igreja – escreve o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira -, primeiro gentil-homem de seu Reino, reunindo exponencialmente em sua pessoa toda a distinção e requinte de uma Nobreza que por sua vez é o expoente da própria nação, o Rei de França encarnava todos os ideais de uma sociedade em que a Fé, a tradição, a destilação de valores através de um processo formativo de base familiar, realizado durante séculos pelas famílias de escol, eram elementos dos mais essenciais das instituições, geralmente aceitos e prezados pela psicologia coletiva.

“Em relação a seu Rei, todo francês experimentava um sentimento tão vivo de enlevo, de veneração e de ternura, que nos é difícil hoje em dia imaginá-lo. “Um rei – escrevia em 1790 o Cardeal de Tencin – seja ele qual for, é para os soldados e para o povo o que era a Arca da Aliança para os hebreus; sua simples presença já anunciava o sucesso.

“O conhecido escritor e filósofo Joseph de Maistre, ao comentar as cartas de um viajante inglês que percorreu a França naquela época, transmite algo desse sentimento.

“Ninguém ignora que este povo fosse talvez o mais monarquista de toda a Europa, que o amor que ele tinha pelos seus reis era o principal traço de seu caráter, aquele do qual se orgulhava e que se repetia sob todas as formas possíveis.  (..) Um viajante inglês (...) nos descreve muito bem esta característica:

“O amor e a afeição do francês, diz ele, pela pessoa de seus reis constitui uma parte essencial e marcante do caráter nacional (...) A palavra rei suscita no  espírito de um francês idéias benfazejas de reconhecimento e amor, ao mesmo tempo que de poder, grandeza e felicidade.

“O entusiasmo do povo francês pela monarquia e pelos membros da Família Real fazia com que a magnificência da Corte e o luxo dos palácios fizessem parte do orgulho nacional.

“O povo – escreve Lenôtre – sentia-se vaidoso em obedecer a seus senhores, em comparação dos quais todos os demais monarcas da Europa ou da Ásia não passavam de “Reis de Província”. Orgulhava-se do incontestável prestígio desta augusta família, à qual estavam ligados seus destinos. Orgulhava-se não pouco de que a Corte da França fosse suntuosa, ou que o palácio de Versailles fosse o mais admirado do mundo.

“Para a Corte francesa, o esplendor é indispensável. E não é a vaidade dos príncipes, mas a vaidade do povo que o torna necessário”...

 (“Despreocupados... Rumo á Guilhotina” – João S. Clá Dias – págs. 11/20)

 Quando o governo francês, em seu afã republicano, comemorou os 200 anos da queda da Bastilha, em 1989, fez oficialmente um convite à Rainha da Inglaterra para comparecer ao evento. Muito sensatamente a Rainha recusou, pois não poderia se regozijar com uma festa que homenageasse assassínios e queda de trono.  Um jornalista criticou o gesto da rainha alegando que lá também tinha havido no passado uma revolução que destronou um rei sangrentamente. Sim, mas ninguém fez festa por causa disso... Quer dizer, assim como na França (e alhures) o povo ama seus reis.





 




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