Na vertente ocidental do Monte das Oliveiras foi que, segundo a Tradição, Nosso Senhor nos ensinou a Oração Dominical, o conhecido Padre Nosso, ou Pai-Nosso. Os Cruzados construíram naquele lugar uma igreja destinada a perpetuar aquela recordação, depois arruinada. Sobre as ruínas daquele santuário, a princesa de Tour d’Auvergne mandou construir um novo, colocando no claustro que rodeia o edifício 32 quadros com o “Pater Noster”, em 32 línguas diferentes.
Alguns anos depois, o missionário Frei Tomé de Jesus, prisioneiro dos maometanos, compôs estas inspiradas palavra sobre a Oração Dominical:
Alguns anos depois, o missionário Frei Tomé de Jesus, prisioneiro dos maometanos, compôs estas inspiradas palavra sobre a Oração Dominical:
“Ajuntai-vos comigo céu e terra, anjos, homens e toda criatura; vinde todos, louvemos, adoremos e amemos a este Senhor. Todos, Senhor, com as palavras com que nos ensinastes a orar e acender em nós a fome e sede de Vós, e atiçar os desejos de vossos bens, Vos louvamos e Vos rogamos. A elas conhecereis, pois no-las ensinastes, a elas ouvireis, pois para sermos ouvidos no-las destes, por elas nos dareis vivos e perpétuos desejos de vos amar e servir, pois para isso no-las mandastes dizer.
“Pater-Noster – Padre Eterno, Padre Soberano, Padre Todo-Poderoso, Padre Infinito, Padre misericordiosíssimo, Padre amigo nosso, Senhor Nosso, que nos tendes escrito nesse eterno amor vosso. Padre, que assim sois nosso, que tudo fora de Vós nos é alheio, e que nos não olhais senão como amantíssimos filhos vossos.
”Qui es in Coelis – Com esse amor nos esperais nessa celestial casa em que morais, levantai a ela nosso desejo. Já que aqui nos trazei desterrados, não para aqui nos lançardes de Vós, mas para nos levardes por aqui a Vós; prendei convosco nossos desejos, para que com fastio das coisas da terra que nos tem degredados de Vós, sempre de todo, e em tudo, e com todo interior e exterior suspiremos a Vós.
“Santificetur nomen tuum – Fazei-nos estimar a grandeza, majestade, divindade deste paternal nome; fazei que nos prezemos todos de vossos filhos. Trazei o mundo a vosso conhecimento. Mostrem nossos desejos, nossas obras, nossas palavras, que somos filhos vossos, que só por vossa honra suspiramos, só vossa glória e serviço desejamos; e pareçamos, Padre-Santo, filhos dessa
de filhos vossos, todas as coisas que nos querem tirar de Vós, porque só Vós reineis em nós. Ó Padre-Nosso, olhai o perigo em que vivemos, encurtai este degredo e levai-nos a divina santidade.
“Adveniat ad Regnum tuum – Fujam de nós, como Vós. Como, Senhor, sofreis que Vos amemos e Vos não vejamos? E se cumpre estar ainda mais tempo degredados, Vós sabeis morar neste coração. Vinde, Padre e Senhor, aqui reinai, e aqui morai, e se fizerdes desta alma Vosso reino, detenha-se o celestial quanto quiserdes porque nem cá, nem lá, desejo senão que reineis Vós em mim, e tenhais plenário senhorio em todas nossas almas.
“Fiat voluntas tua – Ah! Vinde, Padre Eterno! Alargai, Senhor, vossa bondade, senhoreai tudo, fazei-Vos obedecer de todos. Vós sabeis que não aproveita nada todo nosso ser, senão quanto podeis ser em nós servido. Vossas vontades todas são de pai amigo, de pai cuidadoso de nosso bem. Pois quem nos engana para nos fiarmos doutra vontade, senão da vossa? Viva, viva Senhor essa vontade boníssima, todas as contrárias diferentes se consumam.
“Sicut in Coelo, et in terra – Dessa vossa vontade está a corte do Céu quieta, contente, segura, rica, sem temor e confirmada em todos os bens. Pois que tem a terra cheia de perigos e de inimigos, para se fiar doutras vontades diferentes das vossas? Ó Senhor meu, tirai esta presunção da terra, submetei-a toda a Vós, como submeteis o Céu.
“Panem nostrum quotidianum da nobis hodie – E pois a sustentação da nossa vida nesta vossa obediência se resume, e todas as almas de vossas paternais bondades e graças se mantêm, todos os dias nos ajudai com elas, seja cada dia vosso, e em cada um dos dias nos visitai com vossas mercês, para que renovados cada dia e cada hora com vosso espiritual mantimento, e amor e desejo de Vós, com viva fome cada dia e cada hora suspiremos por Vós, sem haver outro desejo que nestes corações entre. Comece isto hoje, pois nos não destes dia certo de amanhã e continuai-o em cada dia até que chegue aquele que não tem passado nem futuro.
“Dimite nobis debita nostra – Não impeçam estas vossas mercês nossos pecados. As dívidas, em que Vos estou de Vos servir e amar, nunca, meu Deus, mas quiteis, quero-as satisfazer, e quero-vos cada dia mais dever. Mas as dívidas do amor, que Vos tirei e dei a coisas baixas, saldai-mas Senhor, que vo-las não posso pagar senão com Vos tornar o amor. Aqui vo-lo restituo frio, e pervertido, Vós vos satisfazei com ele, e o purificai ao modo de Vosso gosto e o mais em que pequei, me perdoai com misericórdia.
“Sicut, et nos dimittimus debitoribus nostris – Penhorado estais, Senhor, a me perdoar como quem sois, pois que me obrigastes a perdoar com toda minha fraca possibilidade e graça vossa a quem me agravasse, ao modo que Vós perdoais tudo; e se tão largo quisestes que fosse de minha pouquidade, como haveis de ser comigo escasso de vossa largueza? Perdôo como me mandastes. Perdoai-me como podeis, para que entre Vós e mim não haja meio, nem impedimento, nem pejo.
“Et ne nos inducas in tentatione – Fazei, Senhor, em mim esta obra perfeita, tomai-me todo à vossa conta, e livrai-me das tentações que me perturbam. Padre Eterno, que não quisestes que vossos filhos terrenos fossem tentados para serem perdidos, e sabeis quantos bens perderemos se formos vencidos, tentai-nos, e provai-nos da maneira que quiserdes, mas pelejai e vencei em nós com amor.
“Sed libera nos a malo. Amem. – Olhai, Senhor, quão maliciosa é certa carne, de que estamos cercados, e de que só vossa mão nos pode livrar. Olhai quantos males nos cercam e por nós tiram. Olhai a quantos males estes vossos filhos desterrados estamos arriscados. Olhai, que sem vossa paternal ajuda nada podemos. Acudi com vossa poderosa mão, livrai-nos de todos os males, que de Vós nos podem apartar, para que em Vós vivamos seguros. Ó Padre celestial, que prometestes a vossos filhos águas vivas, que de seus corações correriam até Vós, vida nossa eterna! Deseja agora minha alma esta sede e esta água. Ó fonte de vida, farta-me da sede de ti, e farta minha sede contigo só, sempre cada hora, cada momento, para que não seja doutra sede entrada.
“Madre de misericórdia, que sempre desejáveis, e sempre vos fartáveis só destes soberanos bens. Compadecei-vos dos desterrados filhos de Eva. Venha por Vosso merecimento este fogo do Céu, que tudo abrase. Ó corte celestial, que seguramente desejais, e plenariamente fartais os desejos, que de cá levastes, fazei-nas sequer sempre desejar os bens que tendes, para que mereçamos ajudar-vos a nos fartar deles. Amém.
Nenhum comentário:
Postar um comentário