DR. PLÍNIO COMENTANDO SOBRE OS MALEFÍCIOS DO CARNAVAL
Transcrevemos a seguir as respostas dadas pelo Dr. Plinio Correa de Oliveira a um repórter sobre o Carnaval.
P. Sr. Plinio, como um leigo católico vê o Carnaval, que é uma festa pagã?
R. O Carnaval tem uma razão de ser na alma popular. Podem-se distinguir dois aspectos dessa razão de ser: de um lado é o desejo do maravilhoso que leva muitas pessoas a adotar fantasias magníficas que parecem tiradas das páginas das mil e uma noites, ou a reproduzir em todo seu fausto personagens históricos de grande envergadura. Grande parte do povo se entusiasma com tais mostras de aparato que elevam o espírito acima da vulgaridade pardacenta do cotidiano.
Esta aspiração do maravilhoso, profundamente digna de respeito ao meu ver, é de tal maneira inextirpável da alma humana que o próprio comunismo – o qual é bem exatamente o contrário do maravilhoso – se serviu da exibição do que havia de mais feérico no velho cerimonial czarista, para empolgar e atrair recentemente o público parisiense. Quando Bolshoi exibiu há pouco, em teatro da capital francesa, “Ivan, O Terrível”, um desfile do “czar” com todo esplendor de sua corte arrancou gritos de entusiasmo no público. Não era o comunismo que este aplaudia, era o esplendor da velha tradição moscovita.
Ao lado deste veio “maravilhoso”, o carnaval apresenta também um aspecto de comicidade, em que o bom humor popular procura expandir-se saindo algum tanto da monotonia da vida comum. Também isto é – dentro das devidas medidas – compreensível.
Contudo, haveria tola ingenuidade em imaginar que esses aspectos preponderam no carnaval de hoje.
A agressão sexual desfechada contra o Ocidente por certa propaganda penetrou profundamente nos folguedos carnavalescos, dando-lhes uma nota de sensualidade pagã a qual como católico não posso deixar de verberar energicamente.
P. O carnaval é uma festa orgíaca?
R. O carnaval como ele se passa hoje tem pouco ou nada a ver com o de há 30 anos atrás.
Em outros termos, havia outrora ao par de um carnaval depravado, um carnaval familiar que se desenrolava em um ambiente de recato e compostura, muito difícil de encontrar hoje. O mais das vezes o carnaval de hoje, desenfreando a sensualidade, cria uma atmosfera destrutiva da instituição da família e contrária a verdadeira tradição brasileira.
P. O carnaval brasileiro não é uma festa tradicional? Por que então a TFP não defende a sua realização?
R. O carnaval se exprime pelo gosto e pelo esplendor de muitas fantasias nos desfiles de rua. Infelizmente, entretanto o aspecto orgíaco se vai tornando sempre mais marcante tanto no carnaval dito de salão como no de rua.
P. O pessoal da TFP está proibido de pular o carnaval?
R. Os estatutos não me conferem, nem seria cabível, que conferissem poderes para uma proibição desse gênero. Entretanto seria uma incoerência com os princípios da sociedade que eles se associassem a festejos geralmente tão opostos aos objetivos da TFP.
P. Acha que eles observam esta coerência?
R. Trata-se de rapazes admiráveis precisamente por sua coerência. Desinteressadamente e com risco de vida afrontam eles cansaço, sol, chuva e bombas em nossas campanhas. Não tenho, portanto, o direito de imaginar que eles procedam sem coerência em relação ao carnaval ou qualquer outra circunstância.
A TFP é uma sociedade cívica que tem por fim valorizar três pilares da ordem natural e da civilização cristã no Brasil: Tradição, Família e Propriedade. A sociedade entende esses valores de ordem natural segundo nossa tradição cristã sempre as entendeu. Os seus membros se empenham em levar a todas as suas consequências a fidelidade a esses valores.
Assim estão persuadidos de prestar uma contribuição valiosa para a grandeza e o progresso do Brasil, pois, coerentes com o ensinamento de Pio XII, consideram o progresso como o desabrochar normal da tradição, e não a negação violenta e completa desta última. Qualquer aspecto da TFP facilmente pode ser explicado por quem procure situar-se na perspectiva de uma plena coerência com a tradição, família e propriedade.
P. O que o Senhor faz nos quatro dias de carnaval?
R. Durante o carnaval fico pondo em dia serviços atrasados e, se sobra algum tempo, eu rezo ou descanso. Nunca pulei o carnaval; assistia quando era moço nos salões junto com a família ou na rua.
Nenhum comentário:
Postar um comentário