A devoção aos Santos Anjos
O Papa Clemente X,
aprovando a devoção aos Santos Anjos, instituiu o dia 02 de outubro como o da
festa dos Santos Anjos da Guarda. Durante muito tempo só havia a festa dos
Arcanjos, que é no dia 29 de setembro. A devoção aos Santos Anjos da Guarda
começou a se propagar, principalmente, a partir de 1411 quando a cidade de
Valência, na Espanha, criou um ofício próprio em honra do Anjo da Guarda da
cidade. Outras cidades foram imitando o exemplo de Valência. Portugal tinha
desde 1513 uma festa em honra dos Anjos da Guarda, fixada em 1o. de
março. Na França, o dia 8 de maio já era consagrado a São Miguel há séculos,
dia em que o Arcanjo apareceu no Monte Gargano. Os outros arcanjos chegaram a
ter suas festas: 24 de março, São Gabriel; e 24 de outubro, São Rafael.
O beato Francisco
d’Estaing, bispo de Rodez, na França, mandou redigir ao franciscano João
Colombi um novo ofício, que foi aprovado por Leão X em 1518. Mas somente em
1590 Sisto V concedeu à nação portuguesa um ofício especial para a festa dos
Anjos Custódios.
Em setembro de 1608, o
Papa Paulo V, a pedido de Fernando II da Áustria, instituiu a festa solene dos
Anjos da Guarda, fixando-a no primeiro dia útil depois da festa dos Arcanjos
(29 de setembro). Clemente IX, em 1667, colocou-a no primeiro domingo de
setembro e acrescentou-lhe a oitava. Finalmente, em 1670, o Papa Clemente X
fixou definitivamente a festa para o dia 2 de outubro com rito duplo. Em 1883,
Leão XIII elevou-a a rito duplo maior.
Na realidade, a
devoção aos Santos Anjos remonta ao Antigo Testamento, época em que os Santos
Seres Espirituais apareciam constantemente para falar aos homens em nome de
Deus ou para intervir quando se fazia necessário a defesa da honra e glória
divinas. Moisés recebeu expressamente de Deus ordens para colocar estátuas de
querubins no Propiciatório, que era a tampa da Arca da Aliança: “Farás
também dois querubins de ouro batido nas duas extremidades do oráculo. Um
querubim esteja dum lado, o outro do outro. Cubram ambos os lados do
propiciatório, estendendo as asas e cobrindo o oráculo, e estejam olhando um
para o outro com os rostos voltados para o propiciatório, com o qual deve estar
coberta a arca” (Ex 25, 19-20). Da forma como Deus o ordenou, Moisés o fez (Ex
37, 7-9). Como Moisés sabia sob que forma deveria representar os Anjos?
Certamente, por causas de suas visões onde os mesmos teriam lhe aparecido da
forma como desejavam ser vistos na Arca.
Quando Salomão mandou
construir o Templo, ordenou que se fizessem figuras de querubins: “Entre as
coroas e festões havia leões, bois, querubins, e também nas
junturas da parte de cima; debaixo dos leões e dos bois, pendiam como que umas
grinaldas de cobre. (III Reis 7, 29). “Lavrou também nas superfícies, que eram
de bronze, e nos cantos, querubins, leões, palmas, apresentando como que
a figura de homem em pé, e com tal arte que não pareciam gravados, mas
sobrepostos ao redor. Deste modo fez dez bases do mesmo molde, da mesma
medida, e de escultura semelhante” (III Reis 7, 36-37).
O Templo continha um
lugar chamado “a casa do Santo dos Santos”, onde estava a Arca da Aliança, e
somente penetrava nela o Sumo Pontífice, enquanto no Santuário podiam entrar
todos os sacerdotes. Neste local, Salomão mandou colocar também seus querubins:
“Fez
também na casa do Santo dos Santos duas estátuas de querubins e cobriu-as de
ouro. As asas dos querubins tinham vinte côvados de extensão, de sorte que uma
asa tinha cinco côvados e tocava na parede do templo, a outra asa, que tinha
também cinco côvados, tocava a asa do primeiro querubim. Da mesma sorte, uma
asa do segundo querubim tinha cinco côvados e tocava na parede, e a outra asa
deste era de cinco côvados e tocava a asa do primeiro querubim. De maneira que
as asas destes dois querubins estavam abertas e tinham vinte côvados de
extensão. Eles estavam postos em pé e os seus rostos virados para o templo
exterior” (Crônicas 3, 10-13).
Se atentarmos para o
fato de que um côvado media entre 45 a 56 centímetros, somente as quatro asas
desses dois querubins mediriam somadas mais de 10 metros de largura. Sabendo-se
que referidas estátuas eram revestidas de ouro, quanto esplendor não refletiam
dentro do Templo!. De outro lado, as estátuas dos querubins foram colocadas de
tal forma que ficavam como que protegendo a Arca da Aliança:
“Os
sacerdotes puseram a arca da aliança do Senhor no seu lugar, isto é, no oráculo
do templo, no Santo dos Santos, debaixo das asas dos querubins, de modo que os
querubins estendiam as suas asas sobre o lugar em que a arca estava posta e
cobriam a mesma arca e seus varais”. (Crônicas 5, 7-8).
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