domingo, 17 de março de 2024

EXEMPLOS QUE CONFIRMAM O PODER DA INTERCESSÃO DE SÃO JOSÉ

 







(Extraídos do livro ―”Tesouro de Exemplos”, do padre Francisco Alves, C.SS.R., - Editora Vozes, 1958)

 

1. A estatuazinha de São José

 

Dois carroceiros estavam carregando suas carroças com os escombros de um casarão que fora demolido. Eram bons e honrados, mas, em matéria de religião, completamente indiferentes e ignorantes. De repente um eles tirou com sua pá do montão de entulho uma estatuazinha de São José.

- Toma – disse ao seu companheiro – um deusinho...

- Não o quebres: isto te traria má sorte.

- Tu crês em contos de avozinhas?

- É melhor que mo dês, pois, embora não sendo muito de igreja, prefiro levar um santinho para minha casa a atirá-lo no carro. Isso me sairia mal depois.

- Tens razão, replicou o outro, lembrando-se talvez do tempo de sua primeira comunhão: é melhor levá-lo...

Passaram-se anos. O carroceiro era já um velho inválido, estendido num leito de madeira carcomida. No quarto, duas cadeiras desconjuntadas, uma mesinha cambaleante e uns pedaços de cobertores. Acabava seus dias na miséria. A seu lado uma netinha de treze anos...

- Vovô, o Sr. quer, eu vou chamar o padre que nos dá catecismo; ele é muito bom.

- Não, filha, ainda não estou tão mal...

É sempre assim. Os pobrezinhos nunca julgam estar muito mal. Mas S. José cuidou dele.

- Mariazinha, traga a estátua de S. José que está ali... ela quer me falar... eu a ouço...

- Pobre vovô, a febre devora-o...

Põe-lhe nas mãos a imagem de São José e põe-se a chorar. Parece-lhe chegado o momento de insistir:

- Vovozinho, o Sr. quer falar com o vigário? Ele é tão bom, o Sr. o conhece...

- Falar? Falar é coisa muito vaga; diga-lhe que quero confessar-me, ouviu?

- Obrigada, meu S. José. Salvais a quem vos respeitou; obrigada, obrigada, dizia a menina, correndo em busca do padre. Reconciliado com Deus, e beijando a estatuazinha, dizia às pessoas presentes:

- Não vos esqueçais de Deus, dos deveres religiosos, da missa aos domingos. Eu não fazia nada disso e estou arrependido. S. José me salvou. Alguns dias depois o velho carroceiro morria santamente abraçado á estatuazinha do seu grande benfeitor S. José. (Págs. 73/74)

 

2. A pomba mensageira de São José

 

Há acontecimentos que parecem novelas: que os nossos leitores tomem-nos a seu gosto. A família do Sr. B... sua esposa e uma filha, Josefina, de 20 anos, havia gozado em N. uma bela fortuna; mas, a enfermidade do pai e alguns maus negócios a havia obrigado a viver só do trabalho da filha. A moça era inteligente, enérgica, alegre e, o que é mais, piedosa. Um dia, porém, voltou para casa com uma notícia triste: não quiseram pagar-lhe as costuras, e comunicaram-lhe que, por algumas semanas, não haveria trabalho. Que fazer? Que comer? Mas ela não desanima; confia, não nos homens, mas no paternal auxílio de seu poderoso patrono S. José, cuja festa será celebrada no dia seguinte. Senta-se, escreve num papelzinho a sua situação penosa e abrindo uma gaiola onde tem uma pombinha mansa, ata-lhe debaixo da asa a sua missiva e, beijando-a, solta-a dizendo:

- Vai querida, aonde te guia S. José a fim de que encontres pão para nós e para ti. Passada meia hora, se muito, eis que se apresenta à entrada da casa um moço que pede para falar com Josefina; acompanhava-o um criado com pesado embrulho. Diante da família admirada conta que, sendo devoto de S. José, lhe prometera atender o primeiro pedido de auxílio que se apresentasse. Ora, apenas fizera a sua promessa, entrou pela sua janela uma pombinha em cuja asa viu um papelzinho e a petição a S. José.

- Estou, disse, montando uma oficina de costura e já que Josefina procura trabalho, aqui lhe trago algum e, por ser a primeira vez, pago-lhe adiantado. No volume achava-se discretamente envolvida uma nota de Cr$ 100,00. Os três infelizes não puderam deixar de exclamar cheios de admiração:

- Como S. José é bom! Obrigado, Santo bendito! Era a abundância, após a miséria mais atroz. Mas não parou aí a liberalidade de S. José. Como Josefina teve de ir com freqüência à oficina, logo chamaram a atenção seus finos modos, sua habilidade no trabalho e a fina educação que recebera. Entrou em relações com a família de seu chefe, que logo encontrou boa colocação para o pai de Josefina, melhorando assim a situação do lar. Não sabemos se Josefina se dirigiu a S. José, como fazem muitas moças, para arranjar um bom esposo; o certo é que o encontrou na pessoa de seu chefe e protetor. Na sala de sua casa vê-se em lugar de honra uma estátua de S. José e debaixo dela uma pombinha de ouro com o letreiro: ―A mensagem de São José. (Págs. 74/75).

 

3. São José chama o padre para uma doente

 

Certo dia, apresentou-se na casa paroquial um ancião desconhecido, pedindo ao padre que fosse socorrer uma agonizante. Ele mesmo o acompanharia até á casa. Como a rua era de má fama e a noite se aproximava, o padre desconfiou de alguma cilada, mas o ancião insistiu:

- É preciso que o senhor vá logo, porque se trata de administrar os sacramentos a uma velha que está nas últimas. Partiu o padre levando o Santíssimo e os Santos Óleos. A noite era glacial, mas o velho parecia não senti-lo; ia adiante até chegar a uma casa de péssima reputação; teve o padre um momento de vacilação e temor, mas o ancião animou-o dizendo:

- Eu o esperarei aqui. Bateu o padre à porta repetidas vezes e, como não abrissem, o ancião deu umas pancadas esquisitas e a porta abriu-se imediatamente.

- O Sr. entre, suba a escada, abra a porta do fundo do corredor e encontrará a agonizante. Disse essas palavras com tal força e autoridade que o padre não vacilou mais. Encontrou estendida numa cama miserável uma mulher abandonada que repetia a gritos:

- Um padre! Um padre! Deixar-me-eis morrer sem padre?...

- Filha, aqui estou, sou o padre que a Sra. Chama. Um ancião foi buscar-me... Ela não queria acreditar.

- Não, nesta casa não há ninguém que queira ir em busca de padre e não conheço tal ancião.

Afinal, convencida, acusou os pecados de sua longa vida de pecadora e com tanta dor e arrependimento o fez que o padre se admirou de encontrar tais sentimentos numa pessoa há tanto anos afastada de Deus. Arrumou o padre a mesinha e acendeu as velas para o viático e a extrema-unção. Nesse ínterim várias pessoas entraram e saíram, parecendo não notar a presença do padre. Depois de administrar-lhe todos os sacramentos, perguntou-lhe o padre se havia conservado alguma prática religiosa que lhe mereceu tal benefício em tão grande necessidade.

- Nenhuma, disse, a não ser uma oraçãozinha que rezava todos os dias a S. José para que me concedesse uma boa morte.

Consolado, o padre assistiu ao último suspiro da convertida. Nem à porta nem no caminho encontrou o ancião, e ficou convencido de que não era outro senão o misericordioso patrono da boa morte, o glorioso S. José. (págs. 75/76)

 

4. São José e as crianças

 

a) Nas horas em que não havia ninguém na igreja, notou o irmão sacristão que um menino de cinco anos vinha passar longo tempo do altar de S. José. Ora encostado à grade, ora de joelhos e ora assentado, ali permanecia horas olhando para o Santo. O bom Irmão sentiu-se impelido a fazer esta breve invocação:

- Ó bom S. José, ouvi a oração desse pequenino, não lhe recuseis a graça que vos pede com tanta piedade e inocência! O pobrezinho rezava pela conversão do pai...

- Amiguinho, disse-lhe o sacristão, se você quer dirigir a S. José uma bela oração, diga: ―S. José, rogai por nós

Tomou-o ao pé da letra o menino e, trocando de oração, começou a ir e vir diante do Santo e, ajoelhando-se, dizia:

―S. José, rogai por nós; S. José, rogai por nós!

Nisso se ocupava quando chegou sua mãe para buscá-lo. Teve que sair. Duas horas depois, o papai, que havia doze anos não se confessava, entrou na igreja para reconciliar-se com Deus

b) Um menino da Diocese de Montpellier contava assim um favor que alcançara de São José:

―Quando brincava na esquina de uma rua, fui atropelado por um carro que me esmagou contra uma parede; meu corpo tornou-se uma massa informe. O médico não dava nenhuma esperança. Meus pais apressaram-se a chamar um padre para me dar a extrema-unção. Uma religiosa amiga, muito devota de S. José, enviou-me um cordão bento do Santo. Pedia-me que me encomendasse a Ele com fé e confiança. Assim o fiz. Dormi logo depois e tive um sonho muito esquisito. Parecia-me estar vendo S. José, que garantia a minha cura. Anunciou-me, além disso, que eu seria padre. Despertei alegre e contei a visão à minha mãe. O sonho realizou-se. Até esta data estou bom e são... e não penso senão em ser sacerdote...(págs. 76/77).

 

5. Padroeiro da boa morte

 

―São José teve a felicidade de morrer nos braços de Jesus e de Maria, e não pode deixar de vir com eles, visível ou invisivelmente, para receber seus devotos. Num paróquia de Lyon (França) vivia um piedoso ancião, muito devoto de S. José, que não cessou durante cinqüenta anos de pedir-lhe a graça de uma boa morte. Para isso rezava, pela manhã e à noite, fervorosas orações, jejuava e fazia alguma esmola todas as quartas-feiras. Para ele, o dia da festa de S. José (19 de março) era o mais belo do ano. A 15 de março de 1859, na idade de 86 anos, caiu doente. Pediu imediatamente os santos sacramentos e recebeu-os com uma fé que comoveu a todos os assistentes. A 19 de março mandou celebrar uma santa missa e pediu que lhe rezassem as orações dos agonizantes. O sacerdote estava a terminar a consagração, quando o doente, erguendo os olhos ao céu, cruzando os braços, pronunciou distintamente os santíssimos nome de Jesus, Maria e José, e exalou suavemente o último suspiro. Sua alma voou para o céu precisamente no momento em que o sacerdote, no Memento, ia pedir a Deus que recebesse as almas dos fiéis no lugar do refrigério, da luz e da paz eterna‖. (págs.. 77/78)

 

6. Recuperou a vista

 

―Em Vinovo, aldeia pouco distante de Turim, na Itália, uma moça chamada Maria Satardero teve a desgraça de perder totalmente a vista. Desejando recuperá-la, fez uma visita a S. João Bosco, que então construía, com as esmolas do povo de Turim, a magnífica igreja de Maria Auxiliadora. A moça, depois de ter rezado diante da imagem de Nossa Senhora, falou com S. João Bosco, que lhe perguntou:

- Faz muito tempo que perdeu a vista?

- Sim, muito; faz um ano que não vejo nada.

- Tens consultado os médicos?

- Ah, padre, já não sabem o que receitar-me.

- Distingues os objetos grandes ou pequenos?

- Não; como disse, não vejo nem pouco nem muito.

- Mas não vês a luz desta janela?

- Não, senhor; nada.

- Queres recuperar a vista?

- Sr. padre, sou pobre e preciso dela para ganhar a vida.

- Servir-te-ás da vista para proveito de tua alma e não para ofender a Deus?

- Prometo-o sinceramente.

- Confia, pois, em Nossa Senhora e S. José.

E, em tom solene, D. Bosco acrescentou:

- Para a glória de Deus, da SS Virgem Maria e de S. José, dize: o que tenho na mão? A moça abre os olhos, que antes não viam nada, e diz:

- Uma medalha, de Nossa Senhora.

- E isto, o que é?

- Um ancião com a vara florida; é S. José.

Estava operado o milagre. Pode-se imaginar a alegria da moça e de seus pobres pais!... (págs. 78/79)

 

7. Um lobo que se torna cordeiro

 

Estava no hospital uma infeliz mulher que, há vinte e dois anos, abandonara sua família para se entregar aos vícios mais vergonhosos. Fora, enfim, internada naquela casa pela polícia. A vida que levara, de tal modo a embrutecera que parecia louca; e o médico, não descobrindo nela nenhuma doença, queria despedi-la do hospital para que não perturbasse os verdadeiros enfermos. Pediram-lhe as religiosas que a deixasse alguns dias ainda, enquanto recorriam a S. José. Bem inspiradas, vestiram-na com o hábito e com o cordão de S. José e puseram-se a pedir com fervor que ele tivesse compaixão daquela pobre alma.

O auxílio de S. José não se fez esperar. Poucos dias depois a mulher recobrou a paz, confessou-se com muita dor e arrependimento. Era um verdadeiro lobo e tornou-se tão manso cordeiro que pediu a seu protetor lhe alcançasse antes a morte que voltar à vida de pecado. Atendeu o Santo a tão pios desejos, vindo a convertida a falecer com os mais sinceros sentimentos de dor. Antes da morte pediu humildemente perdão a todos os que escandalizara com seus vícios‖ (pág. 79).

 

8. Padroeiro dos impossíveis

 

Jazia em seu leito de agonia um infeliz apodrecido de vícios, sem o menor remorso, zombando de Deus e desprezando todos os auxílios da religião para a hora suprema. Vendo-o zombar, com riso satânico, de seus esforços para salvar-lhe a alma, resolveram seus parentes recorrer a São José. Este grande Santo havia de fazer com que o misericordioso Coração de Jesus se compadecesse daquele infeliz. Era o mês de março. O sacerdote, os parentes e amigos dirigiram ao Padroeiro da boa morte fervorosas súplicas.

Maravilhoso o poder da oração! Naquela manhã de 19 de março, festa de São José, o próprio doente pediu a confissão e fez questão que chamassem o padre de quem mais zombara até então. Confessou-se com o mais sincero arrependimento e, pouco depois, faleceu... (págs. 79/80)

 

9. O viajante e São José

 

Foi a 18 de março de 1888. Viajava um sacerdote no trem de Mogúncia a Colônia, quando, ao passar por Bonn, notou que seu vizinho se persignou, juntou as mãos e se pôs a rezar.

- Amanhã é festa de São José!... talvez que seja seu patrono, disse o padre.

- Não, Sr., mas minha esposa chama-se Josefina... e gostaria de estar amanhã em sua companhia. Tenho, porém, outro motivo de dar graças; e, se interessar ao senhor, contar-lhe-ei a minha história, pois um sacerdote a entenderá.

- Certamente.

- Quando menino, recebi de minha boa mãe uma educação piedosa. Infelizmente, bem cedo morreu minha mãe; meu pai não se ocupou de minha educação religiosa e logo abandonei todas as práticas de piedade. Encontrei, mais tarde, uma jovem excelente e, desejando fazê-la minha esposa, fingi sentimentos religiosos que não possuía. Uma vez casados, quase morreu de pesar, quando lhe abri meu coração e me pus a zombar de suas devoções. Há cinco anos, na sua festa onomástica, fiz-lhe um rico presente, mas ela, quase receosa, me disse:

- Há outro presente que me faria mais feliz.

- Qual?

- A tua alma, querido, respondeu entre soluços.

- Pede-me o que quiseres: eu o farei.

- Vem comigo amanhã, dia de São José, à Igreja de N. N. Haverá sermão e bênção.

- Se for só isso, podes enxugar tuas lágrimas, que te acompanharei. A igreja estava repleta; o pregador, muito moço, deixou-me frio e indiferente; contudo disse uma coisa que me impressionou:

―Jamais invocou alguém a proteção de São José sem que sentisse o seu auxílio. Tende firme confiança de que correrá em socorro de todo aquele que o invocar na hora do perigo, ainda que seja pecador ou mesmo incrédulo

Ao sairmos da igreja, disse-me minha esposa:

- Meu amigo, muitas vezes estarás em perigo em tuas viagens; prometes-me que, chegando o caso, dirás esta breve oração:

―São José, rogai a vosso divino Filho por mim

- Assim o farei; não é nada difícil.

Pouco depois, viajava por este mesmo lugar em que nos encontramos; éramos sete no compartimento. De repente, um apito de alarma e já um formidável choque nos atirava pelos ares. Não tive tempo de dizer mais que: ―São José, socorro! Tudo foi coisa de um instante. Ao voltar a mim, vi meus companheiros horrivelmente despedaçados e mortos. Eu sofrera apenas leves contusões. Desde aquele dia retomei as práticas religiosas e repito, sempre com grande confiança: ―São José, socorrei-me! (págs. 80/81)

 

10. São José e o primeiro asilado

 

Em 1863 chegava a Barcelona um grupo de Irmãzinhas dos Pobres para fazer a sua primeira fundação na Espanha. Foram muito bem recebidas pelos catalães, que precisavam não pouco de um asilo para tantos infelizes velhos abandonados que costuma haver nas grandes capitais. O Asilo foi, como de costume, colocado sob a proteção de São José, a quem chamam as Irmãs de Procurador da Casa. No começo, por falta de local, admitiam somente mulheres velhas. Mas, eis que São José, um belo dia, lhes traz o primeiro velho. Era um homem de 80 anos que se apresentou, dizendo à Irmã:

- Venho aqui para internar-me.

- É impossível, replicou a Superiora; ainda não podemos receber nenhum homem.

- Seja, mas não há remédio; ficarei assim mesmo.

- Como se chama o Sr.?

- Chamo-me José.

- Este nome chamou a atenção das Irmãs; além disso era dia consagrado a São José.

Não há remédio, recebê-lo-emos em nome de São José. O velho não possuía mais que farrapos e estava coberto de insetos. Roupa de homem não havia. A Superiora, chamando duas Irmãs, disse-lhes:

- Saiam as senhoras a procura de roupa, enquanto vamos lavá-lo e penteá-lo. Durante este breve colóquio ouviu-se a campainha da portaria: era uma senhora desconhecida que, entregando um embrulho, se retirou sem nada dizer. Abriram e viram, com grande surpresa, que era um traje completo para homem. O pobre velho chegou ao cúmulo da alegria; não menos, porém, as Irmãs que compreenderam que São José as convidava a ampliar seus planos de caridade. O Asilo cresceu tranqüila e constantemente e dentro de poucos anos abrigava mais de duzentos velhos sem que lhes faltasse o pão de cada dia, nem as carinhosas atenções das boas Irmãs. (pág. 82).

 

11. Lenda sobre o poder de São José

 

Havia um homem, devoto de São José, que não se preparou para a morte e, mesmo assim, quis entrar no céu. Mas São Pedro, vendo-o chegar manchado, fechou-lhe a porta e deixou[1]o sentado no corno da lua. Entretanto, não faltou quem fosse contar o caso a São José, o qual se apresentou diante do trono de Deus para pedir graça para seu devoto. O Senhor negou-lhe a graça. São José disse que era um devoto seu.

―Devoto que acende uma vela a ti e duas ao demônio?...

São José, porém, decidido a vencer, disse:

- Se meu devoto não entrar no céu, eu me vou embora.

- Pois, vai-te! – disse o Senhor.

São José, que não esperava essa resposta, de chapéu na mão dirigia-se para a porta; mas, no meio do caminho, virou-se e disse:

- Se eu for, não irei só; deve ir comigo minha esposa.

- Pois que vá!

- Mas levando minha esposa, devo levar tudo que lhe pertence...

- Pois leva tudo! – disse o Senhor.

- Tenho uma lista completa. – E São José, em pé no meio do paraíso, começou a ler:

―Rainha dos Anjos!– E já todos os Anjos voam para a porta. Rainha dos Patriarcas! e eles vão se enfileirando perto da porta; Rainha dos Mártires! Vão também eles para a porta. E quando São José ia cantar: Rainha de todos os Santos! Disse o senhor:

- Olha, José; corre, vai dar um banho no teu devoto e, depois, fá-lo entrar no céu; porque, se me empenho em não deixá-lo entrar, por justiça fico sozinho no céu! (págs. 259/260).

 

São José não falha

 

Estrangeiro, quer me responder? Os missionários do Verbo Divino, Pe. Goetz e o Irmão Gervásio tiveram uma ocorrência na China, que escapa à compreensão humana. Irmão Gervásio tinha sido acompanhante do cientista Dr. Filchner através do Tibete para a Índia. Certo dia acompanhou o padre de Kaotai para atender uma doente nas montanhas do sul, chamadas Montanhas do Tribunal. Foram três dias a cavalo. Percorridos mais de 200 km, estavam finalmente no lugar. A doente já havia morrido. Aborrecidos e deprimidos, os missionários trataram de voltar. Haviam descido metade da região montanhosa, quando, à beira da estrada, um moço os esperava e pediu para verem a mãe dele. O jovem conduziu-os uns 10 a 15 km fora da estrada principal, a um lugarejo. Numa casa de pau a pique, achava-se uma velhinha doente. Esta logo os foi abordando com perguntas fora de série.

―Estrangeiro, quer me responder de verdade às minhas perguntas?

―Sem dúvida, mãezinha! Que perguntas tem?

―Existe um Deus em três figuras? Existe na outra vida um lugar de alegria para os bons, e um lugar de horror para os maus? É certo que Deus veio a esta terra, para morrer pelos homens e lhes abrir o lugar da felicidade? Estrangeiro, isso tudo é verdade? O padre confirmou tudo cheio de admiração, perguntando a si próprio, donde a doente tinha estes conhecimentos?

―Bem, o senhor traz água consigo? - prosseguiu a anciã. Lava-me para que eu possa entrar no lugar da felicidade! Donde sabia que o padre trazia água batismal? A forma decidida da doente tinha qualquer coisa de infantil, ao mesmo tempo de muito bem pensado. Pe. Goetz deu-lhe mais umas instruções e a batizou .Foi aí que a doente cheia de alegria, exclamou ainda:

―O Senhor traz consigo também o pão. Não o pão comum, mas é o próprio Deus. Dê-me do pão! O missionário efetivamente trazia o Santíssimo sobre seu peito. A doente sabia isso também. Deu-lhe a santa comunhão e a ungiu com o óleo dos enfermos, após tudo isso, disse-lhe:

―Até aqui a senhora me fez perguntas, agora eu vou perguntar. Onde aprendeu as verdades da fé? Conviveu tempos atrás com cristãos católicos ou evangélicos?

―Não, estrangeiro‖

―Leu então em livros cristãos?

―Nem sei ler estrangeiro, nem eu sabia que podem existir livros assim.

 ―E donde tem esses conhecimentos da fé?

―Eu só pensei que assim devia ser, e há uns 10 anos vivi sempre de acordo com isso. Também ensinei os meus filhos todos, nessa convicção, assim pode lavá-los (batizá-los) a todos.

―E sabia que hoje nós iríamos passar por aqui?

―Sim, com plena certeza. Tive um sonho e vi um senhor mais velho. Ele me disse para mandar meu filho para a estrada e para chamar os dois estrangeiros. Eles iriam me levar para um bom lugar para depois da morte. Os missionários estavam perplexos e emocionados. A disposição cheia de candura da velha doente em face da morte era tão simples que não deixava margem nenhuma de dúvida. Para despedida, deram-lhe um santinho de São José, o padroeiro dos agonizantes. Foi aí que a anciã irradiou de alegria deslumbrante:

―Este eu conheço. Ele me visitou. Esteve várias vezes aqui. Foi ele que me mandou chamá-los na estrada. O que a velha chinesa teve, fora sonho ou visão? Ela mesma não sabia fazer a distinção, e para ela isso não tinha a mínima importância. O importante lhe era o quanto dele aprendera. Os missionários tiveram muita, muita coisa para pensar com este caso. Mais tarde ficaram sabendo que a dita mulher falecera na noite após o batismo. ( Autor: A. M. Weigl - Edições Rosário - 1992 – Curitiba-PR (Ludwig Lenzen) Pag. 202 a 204).


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