sexta-feira, 21 de junho de 2013

O que havia de autêntico estava dentro do cavalo de Troia



Há algo de autêntico nas manifestações de rua? Sim, é verdade que campeia um grande descontentamento na população, fato inegável. Tal descontentamento vem sendo alimentado e estimulado por um trabalho sorrateiro da mídia. Por exemplo, sempre que se noticia um crime clamoroso, logo em seguida vem a frase “o bandido até o momento não foi preso”; sempre que se comete uma barbaridade contra alguém, um assassinato frio e cruel, o repórter é orientado a perguntar pelos familiares das vítimas sobre o direito de justiça, que seria punir o culpado. Esse anseio por justiça chegou a movimentar toda a opinião pública contra os responsáveis pelo incêndio da boate de Santa Maria, não houve um só que manifestasse o perdão aos culpados, involuntários, diga-se de passagem. Muitas vezes a exigência de se cumprir justiça confunde-se com mero desejo de vingança. E assim é alimentada a indignação contra a Justiça, morosa, lenta e benigna com os crimes. Quando os temas são de ordem política a mídia alimenta mais ainda a insatisfação, colocando no “pelourinho” aqueles mais corruptos e mais visados por causa de cargos altos. Embora os órgãos de imprensa ajam sempre assim, no entanto nunca apresentam uma solução para os problemas, deixando o povo sem rumo e considerando que “o Brasil não tem jeito”. Quer dizer,  promovem a desesperança, que já impera em muitos. O trabalho deles é tirar a seiva da lenha para que fique seca e venha o fogo e lavre mais facilmente.

É justo reclamar contra a corrupção? É claro,  é evidente. No entanto, pouco se diz que o problema da corrupção está enraizado em nosso povo; de tal sorte que, em geral, os mesmos que protestam contra os políticos corruptos também participam de uma corrupçãozinha em seu nível familiar ou pessoal. É uma questão de cultura e de educação.

É justo protestar contra os gastos abusivos das copas de futebol? Sim, é justo se indignar e protestar contra tais gastos abusivos, deixando que uma organização internacional de futebol mande no Brasil. Como tais copas envolvem altos negócios, tudo é perdoado pelas autoridades. Ninguém pode ficar calado perante tantos desmandos.

É lícito que se proteste contra a impunidade? É evidente que o povo tem o direito de se indignar e se manifestar contra a grande impunidade que campeia no país, havendo rumorosos casos de políticos e de pessoas influentes que se beneficiam de seu prestígio para fugir da justiça.  Mas, isso é algo tão complicado que, para mudar, tem que haver adequação até do nosso Código Civil, que premia bandidos com redução de pena, coisa inédita no mundo. O problema da maioridade penal, por exemplo, que tem diversos movimentos pedindo para reduzir para os 16 anos, foi declarado pelo próprio ministro da justiça como “causa pétrea”, algo que não se pode mexer. Quer dizer, há uma má vontade de nossa elite política em solucionar o problema da impunidade judicial.

Enfim, todas as questões levadas para as manifestações de rua são justas, lícitas e razoáveis? Todas, não; pois a maioria porta cartazes com bobagens e coisas que não representam o pensamento da população. Mas, no geral, há reivindicações autênticas, como as elencadas acima. A este ponto chegamos em concordar com o descontentamento, mas fica por aí. Vem agora, a forma de fazê-lo e o que se encontra por detrás de tudo isso. Uma coisa é a doença que ataca o corpo do paciente e outra são os remédios que lhe querem aplicar.

Dá para desconfiar que um movimento tenha surgido, assim de repente, fruto das redes sociais, e tenha feito esta massa ter saído de casa para enfrentar a policia e a ordem pública. Os organizadores programaram os locais, o horário e o dia das concentrações, deram orientações de não permitirem partidos políticos, espalharam palavras de ordem, mas não deram aos manifestantes um ideal fixo, uma questão-base, um lema para ser levado em questão. Não, tudo ficou por conta de cada um, dando ao movimento um sentido mais de anarquia do que de organicidade.  É, exatamente, essa anarquia que não corresponde aos anseios de nosso povo, que precisa de ordem para ter paz  E não se obtém ordem com passeatas, quebra-quebras e confrontos com a polícia.

Aqui chegamos a uma questão básica, que é analisar até que ponto a autêntica insatisfação e indignação de nosso povo está sendo manipulada para fins escusos. Os manifestantes, que saíram às ruas justamente indignados com tantas coisas erradas em nosso país, não percebem que estão sendo usados como “massa de manobra” para outros fins que aqueles pelos quais lutam. Os radicais, como vimos em nossa postagem anterior, o sabem, e por isso estão na frente do movimento.

Como estão misturados com os pacifistas, foram por estes ocultados e lhes deram cobertura para praticar seus crimes. Os pacifistas agiram como os do famoso cavalo de Troia, que levava em seu interior os soldados que iriam invadir a cidadela. Quanto aos crimes de vandalismo, no caso, seria razoável que o Ministério Pública os processasse por crime culposo, aqueles que a pessoa é responsável mesmo sem ter a intenção de praticá-los.

 

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