terça-feira, 18 de junho de 2013

Os protestos da classe média brasileira representam todo o povo?



A propósito das manifestações de protesto que estão sendo realizadas no Brasil, venho observando os seguintes aspectos:


1. Embora note-se claramente que o movimento é composto de uma minoria, a mídia o vem apresentando como se fosse toda a população brasileira. Não é possível que numa população de 190 milhões de habitantes, um grupelho calculado em pouco mais de 300 mil em todo o país seja suficiente para retratar todo um povo. De outro lado, tanto as lideranças como os participantes das passeatas não são pessoas do povo, mas membros das classes mais altas, que nem sequer usam o transporte coletivo. Pelo menos cinco que foram presos por fazerem arruaças são altos funcionários federais, conforme notícias da TV.

2. A diversidade das reivindicações. Passe livre nos ônibus, combate à corrupção, controle dos gastos do governo com a copa do mundo, são talvez as principais, mas, há uma infinidade de cartazes reclamando de tudo. São coisas que nunca vão ser atendidas, o que faz do movimento uma coisa inócua. Isso indica que, na realidade, o objetivo é outro. E dizem que estamos querendo “mudar” o Brasil, o que demonstra que a pretensão é de caráter mais profundo. Que mudança será essa? Ninguém sabe, ninguém diz. Porque se disserem que são anarquistas e desejam que impere o desgoverno, ficarão muito mal vistos pela população.

3. A disponibilidade para ir às ruas. Pode surpreender a alguém que uma população toda acomodada em casa por detrás de um computador tenha tido disposição para sair às ruas, o que demonstraria haver uma certa parcela destes viciados na internet a querer sair de seu mundo virtual para o real. E quando saem, querem impor sua vontade e seu programa de vida aos demais, inclusive com violência como agem os arruaceiros. Não se diga que estão nas ruas pedindo aumento salarial nem qualquer coisa que mexa com seus bolsos, pois todos são pessoas que desfrutam de uma boa vida. Esta é a “massa de manobra”, o “caldo de cultura”, de uma nova revolução, a qual, inclusive, já estreou em outros países como o Egito e a Síria. Eles pensam que são os atores de uma peça importante, mas, na realidade, são vítimas de uma certa “lavagem cerebral” operada nos meios em que vivem e na internet. Na mídia eletrônica é alimentada, por exemplo, uma grande camada desta população que “adora” animais: e se descobrem alguém que maltrata um deles, caem em cima desta pessoa sem piedade - nem consideram que o homem também é um animal. Os fatores que podem levar tais pessoas a sair do comodismo do computador para ficar disponível para atuar e sair às ruas deve ser o político-social e a necessidade de afirmação pessoal.

4. O exibicionismo. Não há uma só reportagem que não mostre um grupinho, ou um indivíduo isoladamente, fazendo barulho para ser visto com seu cartaz ou ouvido seus berros e slogans. Esta necessidade de ser visto e ouvido é uma carência de pessoas de certa camada social, em geral vítimas do ostracismo e do anonimato, mas, que desejam de qualquer maneira manifestar aos outros seus pendores e pensamentos. Deste meio é que surgem também os mais violentos, em geral oriundos de grupos politizados nas universidades pelos intelectuais de esquerda.

5. Os cartazes, slogans e “palavras de ordem”. Quando alguém pronuncia uma “palavra de ordem” não está manifestando sua opinião, mas de alguém que lhe ditou o que deve dizer, se não o termo não se chamaria “de ordem”, quer dizer, dita por ordem de alguém ou alguns que comandam. Da mesma forma, os cartazes com slogans retratam geralmente uma frase curta destinada a influenciar as pessoas a agir por impulso e sem análise detida de seu conteúdo: “desculpe, estamos mudando o Brasil”; “se o transporte é público deve ser gratuito”, “abaixo a PEC 37”, são algumas destas mensagens curtas. Não são daquelas do tipo de grevistas, pedindo aumento salarial ou a demissão de uma autoridade, mas, em geral, anunciando um dito “messiânico” e salvador, com uma solução mágica para os problemas atuais.

6. O hino nacional. Tornou-se um abuso o uso do hino nacional em qualquer manifestação pública, seja no futebol, seja nas passeatas, seja em qualquer inauguração de cunho político. Embora a maioria não saiba entoá-lo, o fato de tais grupos tentar fazê-lo apenas demonstra a utilização de um recurso demagógico para impressionar os que assistem. As bandeiras e o hino nacional compõem um quadro de certo “nacionalismo” utópico para atrair e enganar os incautos e esconder motivações ocultas de grupos revolucionários.

7. A motivação pacífica. Nunca houve uma revolução sem derramamento de sangue, não há pacifismo que perdure entre revolucionários. De modo que, mesmo aqueles que dizem que são pacíficos, ordeiros, querem apenas manifestar sua opinião e negociar com as autoridades, na realidade não adotam um certo tipo de violência, mas se comportam coniventes e até apóiam a violência moral ao querer pressionar outras pessoas a aderir e aceitar aquilo que pregam. O ponto principal de qualquer revolução não é a paz, mas o derramamento de sangue, a eliminação de pessoas, pois os elementos que a dirigem têm isso como objetivo: alguns dizem que vão tirar as pessoas do cargo pacificamente, mas, resistindo estes, apóiam os que os matam. Eles, geralmente, nunca aceitam as decisões que venham contrariar seus objetivos. Por exemplo, as autoridades argumentam que é impossível reduzir o preço das passagens de ônibus, mas, os revoltosos, inflexíveis, não aceitam os argumentos e desejam intransigentemente que suas idéias sejam aceitas e até impostas de qualquer forma, mesmo que a redução das passagens venha prejudicar a coletividade toda. E esta imposição não é uma violência moral de um grupo, ou contra as autoridades, ou mesmo contra os que não lhes dão apoio?
Já marcam para o dia 1 de julho uma “greve nacional”, certamente com apoio das centrais sindicais e outras organizações sociais. Então, isso quer dizer que há uma central que comanda, marca datas e eventos, nada é espontâneo e oriundo do povo. Se chegarem a tanto terão movimentado uma grande parte da classe média brasileira, que não é pequena, dizem ser composta de mais de 50 milhões de pessoas. Se apenas 10% da classe média aderir a tal greve (serão 5 milhões, e todos possuem computadores), ou ao movimento de modo geral, teremos o maior movimento político que já houve no mundo, mas não deixará de ser uma minoria, minoria essa movida por outros que a impulsionarão para objetivos que ela desconhece e não deseja. O que farão para aumentar a pauta de reivindicações e convencer a tanta gente para sair ás ruas, só o futuro nos dirá.

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