quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

O carnaval é uma festa popular?

Sempre que um carnaval termina é feito um balanço daquilo que ele alcançou; e sempre o resultado é o pior possível. Nos veículos de comunicação é prolífera quantidade de informações sobre as mazelas causadas por essa festa. A par da grande quantidade de violência, vem sempre as notícias que lhe são afins como estupros, roubos, assassinatos, violências morais e corporais de todo tipo.
Bem; onde está a alegria? É verdade que alguns (sim, alguns, apenas) se esbaldaram de dançar e comemorar, mas estes mesmo encontram-se frustrados após tantos festejos e encontram-se profundamente infelizes e sem compreender a razão de suas vidas. O cansaço é um fator secundário, pois o pior é a frustração. Frustração de que? Frustração porque não chegaram ao final da festa com um objetivo lógico para suas vidas; frustração porque, ao final, a vida continua como antes, cheia de problemas, de dores, de angústias, de incertezas, etc; a única certeza é que o carnaval de nada lhes serviu para amenizar suas mazelas, muitas vezes até as piora.
Sim, e cadê a tão decantada alegria do carnaval? Essa falsa alegria é comparável àquela do torcedor de futebol: se o time dele faz o gol ele comemora, mas o do time adversário fica triste e frustrado; e, muitas vezes, jogadores e torcedores se envolvem em luta corporal para fazer prevalecer suas vontades. Não se parece um pouco com o carnaval? Enquanto alguns pulam e se alegram, outros brigam, apanham, matam, sofrem, às vezes são presos até injustamente e apanham da própria polícia: tudo isso para com que outros “brinquem” e se alegrem. No futebol, também alguns se alegram enquanto outros ficam tristes e frustrados. E, o pior, no final, muitos entram numa tremenda briga, que no final até acaba em mortes.
É verdadeiramente alegria este tipo de divertimento?.
Aos quatro ventos se diz que o carnaval é uma festa popular. Quanta mentira nisso! Há dois sentidos para algo ser “popular”: o primeiro é tudo aquilo que a média das pessoas gosta e aprova;.então, diz-se que um artista é popular porque há uma média ponderada da população que lhe aplaude. Mas ele não pode dizer que é popular em todo o sentido da palavra enquanto não obtiver uma aprovação da maioria. Então, esse é o segundo sentido de popular, o sentido que modernamente se atribui à uma sociedade dita democrática, onde as coisas para se dizerem “populares” devem obter a aprovação da maioria. E o carnaval é aceito pacificamente pela grande maioria de nosso povo? Por que nunca foi feita uma pesquisa nesse sentido?
Vamos fazer aqui uma análise com base em alguns dados. Segundo os jornais, no ano 2012, cerca de 1,9 milhões de carros saíram de São Paulo para fugir do carnaval! Sim, para fugir do carnaval! Se em cada carro viajar uma média de 4 pessoas teremos então quase oito milhões de pessoas fugindo do carnaval somente na cidade de São Paulo. E aí só estão computados aqueles que possuem carros próprios. Falta serem apurados aqueles que saíram de ônibus, de trens e de aviões, etc. Em todas as capitais e grandes cidades do país o fenômeno se repete, levas e mais levas de trânsfugas invadem as estradas fugindo da festa mais “popular” do Brasil. E, segundo dizem, os roteiros turísticos mais procurados não são aqueles que procuram o carnaval mas os que fogem dele. Um dos mais visitados no Brasil, durante o carnaval, é, por exemplo, o das cataratas de Iguaçu.
É claro que os motivos dessa fuga são meramente egoísticos, em geral são de pessoas em busca de sossego, de gozar a vida nas praias e nos recantos aprazíveis. Mas há também aqueles que fogem por fugir, porque desejam ficar longe do barulho e das folias momescas. No final, computando tudo, é muito maior o número das pessoas que fogem do carnaval do que aqueles que se dirigem às capitais ou grandes cidades para participar das festas. Resultado, o carnaval não é uma festa tão popular quanto propagam. E nem traz a tão sonhada paz e alegria quanto se divulga. Que o digam as milhares de pessoas feridas e até mortas no decurso dos carnavais que se festejam em todo o Brasil. 

E por que tais estatísticas não são divulgadas como devem? Segundo uma certa mentalidade política, é preciso mostrar o carnaval como a apoteose da alegria e felicidade, sendo, portanto, inoportuno divulgar seus efeitos maléficos. Certa feita foi questionado isso perante as autoridades de Salvador, e, se não engano o prefeito da época declarou que havia pedido à imprensa não divulgar as violências ocorridas durante o carnaval a fim não afastar os turistas e visitantes. 
Outras estatísticas empanam essa festa, como o número de pessoas atendidas por uso excessivo de drogas, furtos e roubos, acidentes nas estradas (em geral causados por pessoas embriagados durante o carnaval). Isso para não falar nas outras brigas e querelas, e todo tipo de violência que ocorrem nos circuitos das escolas de samba do Rio e de São Paulo.


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