terça-feira, 8 de novembro de 2011

Situação da religião no Brasil vista por uma americana



Sarah Darnall é uma estudante americana que veio ao Brasil para estudar português. Como parte de um convênio de hospedagens com a sua universidade, esteve hospedada em minha família durante os seus estudos em nossa terra. Na elaboração de seus trabalhos escolares essas estudantes em geral pedem ajuda de meus filhos, mas nem sempre corrigindo inteiramente os erros de português (como se vê a seguir). Deixou-nos ela o texto abaixo, como parte de seus estudos, fazendo uma análise da situação religiosa de nosso povo.
Em sua primeira observação, Sarah está se referindo a um templo protestante existente em Salvador, que chama sua atenção pela suntuosidade e imponência: trata-se de um dos inúmeros deles construídos pela Igreja Universal que estão espalhados pelo Brasil (muito conhecido em Salvador por ficar em ponto estratégico, numa rua muito movimentada, ao lado do shopping Iguatemi, de grande movimentação). Nem toda a realidade foi informada à estrangeira, pois aquele templo funciona mais como hospedagem (também rendosa) do que como “casa de oração”. Em sua parte superior se instalou um hotel com vários apartamentos destinados a hospedar os visitantes de outras localidades e, circunstancialmente, há um grande auditório embaixo onde se reúnem os seus freqüentadores para ouvir as bravatas dos pastores protestantes. Cognominada de “Catedral da Fé”, o que menos se vê lá é fé, e o que mais se vê são negócios rendosos.
Já o outro comentário da estudante, provavelmente está se referindo a uma pequena igreja católica situada na Ilha dos Frades ou em algumas das outras pequenas ilhotas situadas na Baía de Todos os Santos, construída no século XVIII, mas (coisa rara) ainda em bom estado de conservação. Aquela comunidade, embora pequena, tinha razoável nível de vida no passado e começou a decair como conseqüência do êxodo em busca da capital, como aliás ocorreu com dezenas de pequenas cidades do Recôncavo da Bahia. As igrejinhas, algumas bem decoradas por nossos cuidadosos ancestrais, conservaram-se ou procuram conservá-las em bom estado, talvez com intuitos mais turísticos do que religiosos. No entanto, aí não se vê tanto mais influência do dinheiro do que nas protestantes.
Embora a estudante tenha muita razão em suas observações, no entanto é preciso salientar que no país dela, os Estados Unidos da América, os protestantes também exploram seus fiéis da mesma forma que os brasileiros. Talvez não seja tão contrastante o fenômeno porque lá a população é rica, ou, pelo menos, tem melhor situação de vida. E lá se vê menos a finalidade financeira dos metodistas, luteranos, anabatistas, presbiterianos, etc., que são, aliás, os mentores dos templos de cá.

Segue abaixo o texto da estudante:

"Eu cresci nos Estados Unidos numa família religiosa. Minha família freqüentar a igreja metodista, e geralmente nós vamos à igreja todos os domingos. Mas, acho que não é por causa de sendo pessoas exremamente religiosas. É porque minha família gosta de tradições, e também porque ambos lados de minha família têm sidos metodistas por muito tempo. Vamos à igreja também porque nós gostamos dos sentimentos que nós temos depois do serviço. Acho que a situação de minha família é comum nos Estados Unidos. Muitas pessoas vão à igreja embora que elas não são muito religiosas.
No outro lado, religião é muito diferente aqui no Brasil. Primeiro, quase todas as pessoas são católicas. Não há uma grande diversidade religiosa como nos Estados Unidos. Segundo, acho que as pessoas aqui geralmente são muito devotas e querem morar de modo apropriado dos ensinamentos da igreja. Eu respeito este parte de cultura brasileira e as crenças das pessoas religiosas também. Mas, há coisas que existem na religião aqui que eu não estou de acordo com.
Quando eu cheguei no Brasil, Claudia, a outra estudante americana que mora com minha família, me convidou à casa de uma amiga dela. Tivemos que pegar o ônibus porque a casa da amiga fica muito longe de a casa de nossa família. Durante o tempo no ônibus, eu vi uma igreja enorme e nova. Claudia me explicou que a igreja foi construida recentemente, é muito caprichada e extravagante, e o pastor da igreja é muito rico. Também ela disse que quase todas as pessoas que freqüentam a igreja são extremamente pobres e moram nas favelas da cidade. Algumas delas moram muito longe da igreja mas elas pegam ou ônibus ou andam todas as semanas para chegar à igreja. E elas pagam quase todo o dinheiro que elas têm, e não é muito, para a igreja.

Não pude acreditar ou que eu vi e a explicação da igreja. Por que pessoas que têm nada têm que pagar para uma igreja ridículo? Durante minha aula de português aqui no Brasil, nossa professora nos explicou que a igreja enorme que eu vi não é a única igreja onde isto acontece. Ela disse que muitos pastores no Brasil são milionários. Também ela explicou que muitas pessoas pobres acham que a única maneira para melhorar as vidas delas é pagar dinheiro para a igreja. Elas acham que se elas pagam, Deus vai melhorar a situação delas.
Eu vi um outro exemplo desta situação de igrejas ricas numa ilha pequena quando nosso grupo de estudantes estava voltando ao Salvador depois de a viagem ao Morro de São Paulo. Estávamos numa cidade muito pequena na ilha. A cidade pareceu como um lugar que tinha dinheiro no passado mas agora não. Muitas lojas foram fechadas permanentemente. Muitas casas foram costruidas numa maneira ruim e algumas casas não tiveram telhados. Na mesma rua onde ficaram estas casas e lojas fechadas ficou uma igreja bonita e nova e branca. Foi óbvio que a igreja foi o único edifício na cidade que teve dinheiro. Eu me senti triste quando eu vi esta situação e eu pensei sobre as pessaos que moram na cidade.
Então, em minha opinião religião é uma coisa boa. Mantém tradições, cria uma comunidade para as pessoas que adoram Deus, e as crenças ajudam pessoas para morar numa maneira melhor. Mas, acho que existem no Brasil algumas igrejas que não mantem os partes bons de religião e querem dinheiro só. Acho que estas igrejas devem mudar e ajudar as pessaos que as freqüentam. Estas igrejas devem usar o dinheiro que elas recebem para ajudar pessoas pobres em vez de construindo uma igreja grande
e elegante e ridícula".



Na foto acima, vê-se um templo da IURD situado em Boston, que era uma igreja católica e foi vendida aos protestantes. Situação pior do que a da Bahia, pois aqui apenas o terreno pertence à Igreja Católica, arrendado aos protestantes (segundo se informa, ou é apenas uma desculpa esfarrapada) para a construção de um "hotel" .

2 comentários:

Anônimo disse...

Gentee.. que palhaçada esse negócio de hotel!! a igreja tem sim apartamentos para que os pastores, reverendos e bispos morem ... que não sabe disso tá muito mau informado!!!e também vocês dizem que o protestantismo explora mas a verdade é que mais de 90% dos países protestantes são desenvolvidos e enquanto isso quase 97% dos países católicos são subdesenvolvidos ou passam por crises horríveis!

quodlibeta disse...

Há muitos anos que corre por aqui esta balela: a de que países protestantes são desenvolvidos. Todos os países ditos protestantes desenvolvidos ficam na Europa, o berço do Catolicismo. Quando o protestantismo chegou lá eles já eram ricos, mas eram também católicos. Quanto aos países colonizados por protestantes, o que se vê é uma grande maioria de países miseráveis, como as Guianas, grande parte da África, a Índia (dominada pela Inglaterra protestante por muitos anos e só se desenvolveu depois que ficou independente), etc. Somente os Estados Unidos da América, que tem maioria protestante, se desenvolveu, mas às custas do Sul de lá, inteiramente católico e colonizado pela Espanha (e tomado do Méxiso por uma guerra, coisa que os católicos nunca fariam).
Quanto ao Hotel da IURD de Salvador, não sou que o digo, mas eles mesmos ao se defenderem na justiça para não entregar o terreno à diocese de Salvado, proprietária do mesmo, que foi iludida quando disseram que iam construir um hotel quando na realidade era um falso templo.