segunda-feira, 21 de outubro de 2024

BEATO CARLOS I, PADROEIRO DO CASTO MATRIMÔNIO

Perdendo o trono da Áustria e da Hungria, perdeu também o poder dinástico da família. Foi com a família para a Suíça, mas preferiram manda-lo embora.  Os Países Aliados decidem mandar toda a família para um novo exílio, na Ilha da Madeira. E, no entanto, quando era Imperador no decurso da I guerra foi o que mais ajudou os aliados, embora a Áustria tivesse compromissos políticos com a vizinha Alemanha. Chega com a mulher à ilha em 19 de Novembro de 1921. No ano seguinte, a imperatriz Zita foi à Suíça buscar os filhos. Carlos I na sua simplicidade e bondade era muito querido das gentes da ilha. Visitando uma freira mística, esta lhe falou algo sobre sua morte que estava próxima. Primeiramente escapou de um atentado, do qual participavam forças maçônicas que o odiavam na Europa: dois homens desembarcaram na ilha com o fim de matá-lo e não o conseguiram. Depois, caiu doente de uma hora pra outra, indicando que a Providência o levaria em tempo recorde, impedindo assim a ação criminosa dos inimigos da Igreja.  

Carlos I morreu de broncopneumonia num Sábado de Aleluia, 1 de Abril de 1922. Foi sepultado numa dependência da igreja paroquial. O seu coração foi levado pela imperatriz para Viena, conforme tradição da família Habsburgo. A causa ou campanha para a sua canonização começou em 1949, quando o testemunho da sua santidade foi coletado na Arquidiocese de Viena. Em 1954, a causa foi aberta e ele foi declarado servo de Deus, o primeiro passo no processo..

Seu processo de beatificação durou até o pontificado de João Paulo II. Em 14 de abril de 2003, a Congregação do Vaticano para as Causas dos Santos, na presença de João Paulo II, consagrou Carlos por virtudes heroicas, e ele, assim, adquiriu o título de venerável. No dia 20 de dezembro de 2003, um decreto promulgando um milagre atribuído ao Venerável Servo de Deus foi lido diante de João Paulo II. O milagre, ocorrido em 1960, relaciona-se com uma religiosa polonesa encarregada de um grande hospital no Brasil. Ela sofria de graves problemas com suas pernas e foi obrigada a ficar acamada. Depois de várias operações sem êxito, suas pernas não se curaram, mas ficaram infectadas e causavam-lhe muitas dores. Uma de suas Irmãs sugeriu-lhe que rezasse para o Servo de Deus Carlos da Áustria. A Irmã, contudo, recusou tal sugestão, em favor de outro santo mais familiar e popular. No entanto, as dores e a infecção só aumentavam. Finalmente, no desespero, a Irmã rezou para o Imperador Carlos. No dia seguinte, ela estava completamente curada. Em virtude de seu trabalho no hospital e das numerosas cirurgias, seu caso está bem documentado por vários médicos e enfermeiras.

Em 2004 o Papa João Paulo II proclama “Beato” o Imperador Carlos da Áustria, na Praça de São Pedro – Cidade do Vaticano –, no domingo, 3 de outubro, diante de uma multidão estimada em 50.000 pessoas. O evento foi transmitido ao vivo pela televisão para toda a Europa e, posteriormente, retransmitido em outras partes do mundo. O Papa também declarou em 21 de outubro, a data do casamento em 1911 de Carlos com a princesa Zita, o dia de sua festa.

Em 31 de janeiro de 2008, um tribunal da Igreja, após uma investigação de 16 meses, reconheceu formalmente um segundo milagre atribuído a Carlos (necessário para sua canonização como um santo na Igreja Católica). Curiosamente, a cura milagrosa foi alegada por uma mulher da Flórida que não era católica, mas batista. No entanto, devido às suas experiências, converteu-se ao catolicismo pouco depois.


BEATO CARLOS I, MADRE VIRGÍNIA BRITES DA PAIXÃO E A DEVOÇÃO AO IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA


Madre Virgínia é personalidade importante no final da vida do Beato Carlos I. Trata-se de uma freira detentora de carismas místicos que residia num mosteiro Clarissa da Ilha da Madeira. Tinha sido uma das vítimas da perseguição religiosa havida em Portugal no ano 1910 logo após a proclamação da república, com mosteiros fechados e ela tendo que voltar ao seio da família. Mas, na Ilha da Madeira, conseguiu entrar nas clarissas.  Quando o imperador caiu doente, a esposa do dono da quinta Rocha Machado, onde se hospedara a família imperial, enviou um bilhete à Madre Virgínia pedindo que rezasse pela saúde de seu hóspede. Em resposta, a freira respondeu que era vontade divina que Carlos d’Áustria falecesse de causa natural, de modo a impedir que fosse assassinado como tramavam forças secretas europeias. Informou que já havia gente na ilha com a missão de mata-lo. 

Em mensagem posterior Nossa Senhora pedia que fosse transmitido  à Imperatriz Zita o seu ardente desejo de que ela e toda a família imperial  se consagrassem ao seu Imaculado Coração. Esta cerimônia decorreu na igreja de São Pedro, no Funchal, a 13 de Maio de 1922, e para fazer memória deste  ato solene, a Imperatriz Zita fez questão de oferecer à Confraria do Imaculado Coração de Maria daquele templo uma foto emoldurada da sua família, acompanhada de uma dedicatória especial. 

Foi ainda através da Madre Virgínia que a Imperatriz recebeu uma mensagem  de Carlos d’Áustria, na igreja do Monte, alguns dias após a sua morte, no  decorrer de uma eucaristia, pedindo-lhe que não voltasse a casar-se e que  cuidasse apenas dos seus filhos. E de fato, ela levou até ao fim a sua santa  viuvez. Por último e não menos importante, após o falecimento do Imperador,  Nossa Senhora fez saber à Imperatriz Zita, através da Madre Virgínia, que lhe destinava uma missão muito especial: que ela fosse, através da Europa, uma  voz imperial que divulgasse a nova devoção ao Imaculado Coração de Maria –  que havia sido transmitida originalmente à Clarissa mística madeirense em 1913 – e que encetasse contatos com o Santo Padre, de modo a que este  oficializasse este novo culto e ordenasse a sua realização em todo o mundo.

Madre Virgínia faleceu a 17 de Janeiro de 1929 e o seu funeral se constituiu uma grande manifestação na Ilha da Madeira como talvez não houve outro semelhante. Na ocasião, foi dado destaque à missão que ela teve na Igreja, principalmente a devoção ao Imaculado Coração de Maria e ao dogma da Assunção de Nossa Senhora ao Céu.

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