terça-feira, 1 de junho de 2021

ORIGEM DO ESCAPULÁRIO DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

 



Qual é a origem do Escapulário do Sagrado Coração?

Como acima dissemos, foi Nosso Senhor que pediu esta homenagem à B. Margarida Maria.

O piedoso costume de trazer a imagem do Sagrado Coração como escapulário não foi conhecido ao principio senão nas casas da Visitação. Foi a digna êmula da serva de Deus, a Venerável Anna Magdalena Rémuzat, da Visitação de Marselha , que a tornou conhecida fora do claustro. Em 1720 conheceu ela, por uma revelação, que uma grande peste estava prestes a cair em Marselha, e que os feridos achariam socorro maravilhoso na devoção ao Sagrado Coração de Jesus. A santa religiosa com auxílio de suas irmãs fez milhares de escapulários do Sagrado Coração, nos quais se liam estas palavras de uma confiança admirável: Alto! o Coração de Jesus está comigo! A história diz que muitas vezes o flagelo parou como por milagre diante desta imagem protetora. Desde então começou a espalhar-se o uso deste escapulário por muitos países. Em 1748 o Papa Bento XIV enviou alguns destes escapulários á piedosa rainha de França, Maria Leczinska . No tempo da Revolução Francesa grande numero de fieis se colocaram debaixo da proteção do Coração de Jesus, trazendo a sua imagem ao peito.

Teve esta santa imagem os seus mártires e não poucos. Dezesseis religiosas carmelitas de Compiégne, João Bénard, sacerdote de Rennes, o P. Lenfant, S. J. ,a Irmã Maria Colin, da Visitação de Besançon, a Irmã Catharina  Joussement, o senhor de La Biliais, sua esposa e duas filhas, de Nantes, Victoria de S . Lucas, de Quimper, e muitos outros foram condenados a subir ao cadafalso em 1793 , por trazerem consigo, ou propagarem o que os seus acusadores chamavam a libré do fanatismo.

Entre os documentos de acusação apresentados nos tribunais para se conseguir a condenação de Maria Antonieta , da princesa Isabel, da princesa de Lamballe, da condessa de Saisseval, da condessa de Carcado e de outras pessoas detidas na prisão dos carmelitas, apareceram os escapulários do Sagrado Coração. Devemos mencionar ainda as numerosas vítimas imoladas em Nantes, em Nossa Senhora des Lucs, na Vandéia.

O exercito Vandeano chegou até a ·escolher esta imagem como divisa; generais e soldados traziam-na ostensivamente ao peito.

Para animar este piedoso costume, Pio IX concedeu a 28 de março de 1873 cem dias de indulgência a todos os que, revestidos desta insígnia, rezarem um P. Nosso, Ave e Gloria (*) .

Tratava-se porem de uma simples imagem trazida ao peito e não do escapulário propriamente dito.

(*) Tratado das indulgencias, Béringer, S. J., vol. t , p. 414

 Qual é a origem do Escapulário propriamente dito?

 Segundo uma narração aprovada pelo Ordinário de Bourges, a SS. Virgem apareceu em Pellevoisin no ano de 1876, trazendo na mão um escapulário,

onde estava bordada a imagem do Sagrado Coração, e disse: “Gosto desta devoção! Nada me será tão agradável como ver esta divisa nos meus filhos”.

Tal é a origem do escapulário do Sagrado Coração e da Mãe de misericórdia, como se propagou entre os fieis.

A Sagrada Congregação dos Ritos aprovou-o em 4 de abril de 1900, com duas leves modificações e Leão XIII enriqueceu-o de indulgências.

 Qual é a forma deste Escapulário?

 O Escapulário do Sagrado Coração compõe-se de dois quadrados de lã branca unidos por dois cordões; um dos quadrados tem a imagem do Sagrado

Coração de Jesus (somente o Coração, sem inscrição alguma); o outro, a imagem da SS. Virgem com a inscrição : Mãe de Misericórdia: Mater Misericodiae, e nenhuma outra se pode pôr na imagem.

 Qual é o fim deste Escapulário?

 Unir no mesmo emblema as duas grandes devoções dos nossos tempos; a do Coração de Jesus, em que havemos de colocar todas as nossas esperanças segundo as palavras de Leão XIII e a da SS. Virgem, com um dos títulos mais próprios para inspirar confiança.

 Qual é a sua eficácia?

 É a de um escudo: coloca o nosso coração entre o Coração de Maria e o Coração de Jesus. Sob esta dupla proteção, que poderemos temer ?

É a de um memorial. Recorda-nos o amor de Nosso Senhor para conosco, e a misericordiosa bondade de Maria para com os pecadores.

É a de um manancial de graças. Nosso Senhor prometeu “derramar com abundância no coração de todos os que honrarem a imagem do seu Sagrado Coração os dons de que está cheio”. E Maria disse : “grandes favores serão concedias àqueles que trouxerem este escapulário, e se esforçarem em o propagar“.

 Quais são as condições necessárias para participar dos privilégios concedidos pela Santa Sé a este escapulário?

 É preciso: 1º. ter um escapulário com a forma acima indicada ; 2º. Recebê-lo  das mãos de um sacerdote devidamente autorizado(*); 3º.trazê-lo habitualmente.

(*) Esta autorização pode pedir-se: ao Superior geral dos Oblatos de Maria, (26, rua de St. Pétersbour􀕈, Paris, VIIIj; ao Superior dos capelães de Montmartre (311 Rua de la Barre, Paris, XVIII) ; ao capelão da visitação de Paray-le-Monial, e ao diretor da arqui-confraria romana do Sagrado Coração.

 Quais são as indulgências concedidas ao escapulário do Sagrado Coração?

 I -  lndulgências plenárias.a)  No dia da recepção (confessando-se e comungando ). b ) Em artigo de morte. c) Nas seguintes festas : Natividade, Circuncisão, Epifania, Ressurreição e Ascensão de Nosso Senhor; Corpo de Deus e festa do Sagrado Coração; Conceição, Natividade, Anunciação, Purificação, Assumpção da SS. Virgem e na festa de Maria Mãe de misericórdia, (*) (confessando-se, comungando e visitando uma igreja, desde as primeiras vésperas até ao pôr do sol, e orando segundo as intenções do Sumo Pontífice).

II - Indulgências parciais.

a) Sete anos e sete quarentenas, em todas as festas secundárias de Nosso Senhor e de Nossa Senhora ; (visitando uma igreja e orando pelas intenções mencionadas).

As festas secundarias são : A festa do Sagrado Coração, do SS . Nome de Jesus, da Invenção da Santa Cruz, do Preciosíssimo Sangue, do Rosário, da Exaltação da Santa Cruz, das Dores de Nossa Senhora (as duas festas), do Carmo, do SS. Nome de Maria, de N. Senhora das Mercês e da Apresentação.

b) 200 dias, uma vez por dia, rezando o Padre Nosso, Ave e Gloria, ou a invocação a “Maria, Mater gratiae, Mater Misericórdiae, tu nos ab hoste protege, et mortis hora suscipe”.  “Maria, Mãe de Graça, Mãe de Misericórdia, defendei-nos do inimigo, recebei-nos na hora da morte”.

c) 60 dias, por cada ato de piedade ou caridade.

 lll - Indulgências das Estações. a) Plenárias : Natal, Quinta Feira Santa, Páscoa, Ascensão: b) trinta anos e trinta quarentenas: Santo Estevão, S. João

Evangelista, Santos Inocentes, Circuncisão, Epifania, Septuagésima, Sexagésima, Quinquagésima, Sexta e Sábado da Semana Santa, todos os dias da oitava da Páscoa, incluindo o domingo de quasímodo, S. Marcos Evangelista, os três dias das Rogações, festa do Pentecostes e todos os dias da oitava até ao Sábado inclusivamente.

c) Vinte e cinco anos e vinte e cinco quarentenas: no domingo de Ramos.

d) Quinze anos e quinze quarentenas: 3º domingo do Advento, Vigília do Natal, Natal, (na primeira missa e á missa de alva) quarta-feira de cinzas e 4º  domingo da quaresma.

e) Dez anos e dez quarentenas: 1º, 2º e 4º domingos do Advento; todos os dias da quaresma não mencionados; a Vigília de Pentecostes; quartas, sextas e sábados das têmporas, exceto as de Pentecostes.

Todas as indulgncias são aplicáveis aos defuntos, exceto a indulgência em artigo de morte.

 (*) Esta festa celebra-se no segundo dia das rogações.

 (Extraído de “O Coração de Jesus Segundo a Doutrina da Beata Margarida Maria Alacoque” – Por um Oblato de Maria Imaculada, Capelão de Montmarfe – Introdução do Pe. Joaquim dos Santos Abranches -  Editor Manuel Pedro dos Santos, 1907, Lisboa –págs. 108/114)

 BREVE RELATO DAS APARIÇÕES DE PELLEVOISIN

 Pellevoisin é um pequeno vilarejo tranquilo e acolhedor na região de Berry, na França. Foi lá que Nossa Senhora apareceu em 1876 pedindo que se divulgasse o Escapulário do Sagrado Coração de Jesus a fim de aumentar aquela devoção no mundo.

Estelle Faguette foi a vidente portadora da mensagem de Nossa Senhora. Na época ela contava com 32 anos de idade, quando descobre ter uma doença incurável. Sem esperança de cura pelos médicos, decidiu escrever uma carta diretamente a Nossa Senhora pedindo-lhe sua intercessão junto ao Filho Divino para ser curada e permanecer ao lado de seus pais, pobres e doentes. Com muita fé e simplicidade escreveu ela:

“Ouça minhas súplicas, minha boa Mãe, e conte-as a seu Filho divino. Dê minha saúde de volta, se assim quiser: mas seja feita sua vontade, e não a minha”.

Nossa Senhora, então, apareceu à jovem, seis meses depois dessa carta, entre os dias 14 e 15 de fevereiro de 1876. Estava tentando dormir, quando, de repente, do lado direito de sua cama ela viu uma forma humana horrível, ameaçadora, que agarrou seu leito e o sacudiu violentamente. Estelle não duvidou tratar-se do próprio demônio. Foi tomada de pânico, enquanto a besta humana rugia.

Porém, nesse instante de confusão e terror, Maria Santíssima apareceu, com beleza indescritível, toda de branco, com um longo véu caindo até os pés. Seu olhar se dirigiu à enferma com bondade indizível. Em seguida, fixou o demônio e disse: O que fazes aqui? Não vês que ela está vestida com o hábito que Eu e meu Filho divino lhe demos? Mencionando o hábito, Nossa Senhora se referia à sua medalha, que Estelle sempre usava. O demônio fugiu, não suportando o olhar da Virgem Maria.

Nossa Senhora disse então à sua filha: Não tenhas medo! Sabes que és minha filha. Ânimo e paciência. Meu Filho vai se deixar tocar. Sofrerás ainda cinco dias em honra das cinco chagas de meu Filho. Sábado próximo morrerás ou serás curada. Para a cura, Nossa Senhora estabeleceu uma condição: Se meu Filho te conceder a vida, anunciarás minha glória.

Perguntando-se o que poderia significar o anúncio da glória de Maria, Estelle viu junto a Nossa Senhora uma placa de mármore branco, na qual estava gravado o Imaculado Coração de Maria. Vindo-lhe ao espírito a pergunta se deveria colocar essa placa na igreja de Notre Dame des Victoires ou em Pellevoisin, a Virgem lhe disse: Em Notre Dame des Victoires já existem muitas marcas de meu poder. Em Pellevoisin, não. Os fiéis daqui têm necessidade de mais ânimo. Estelle prometeu então fazer tudo pela glória de Nossa Senhora. Nesse instante cessou a visão.

Evidentemente, ela narrou tudo a seu pároco no dia seguinte. Este ouviu pacientemente, mas dado o estado agônico de sua penitente, julgou tratar-se de alucinação.

A cura aconteceu depois da quinta aparição, na noite entre 18 e 19 de fevereiro. Depois de uma forte dor, Estelle se sentiu curada. Esta cura foi reconhecida como milagrosa pela Igreja em 1983. Após a cura, Estelle recebeu outras 10 visitas por parte de Nossa Senhora (de 1° de julho a 8 de dezembro de 1876) no decorrer das quais a Virgem Santíssima pediu aos fiéis que vestissem o escapulário do Sagrado Coração.

"Se queres servir-me, sejas simples", disse a Santíssima Virgem Maria a Estelle. E Estelle viveu em Pellevoisin uma vida totalmente simples e consagrada à Glória de Maria. No final de janeiro de 1900, vai a Roma onde o Papa Leão XIII a recebe calorosamente e ordena por decreto de 4 de abril de 1900 a difusão do escapulário do Sagrado Coração.

Difusão do escapulário

A festa da Imaculada Conceição foi escolhida por Nossa Senhora para sua 15ª e última aparição. Foi a mais importante de todas, tendo-se dado perante 15 pessoas. Pouco depois de meio-dia Estelle foi a seu quarto, agora transformado em oratório, com permissão do bispo. Nossa Senhora lhe apareceu mais bela do que anteriormente, cercada de rosas: Minha filha, lembra-te de minhas palavras. De todas as palavras de Nossa Senhora, as que mais marcaram Estelle naquele momento eram: Sabes que és minha filha. Eu sou toda misericórdia e senhora de meu Filho. O que mais me aflige é a falta de respeito por meu Filho na Santa Comunhão e a atitude de distração com outras coisas, que se tem na oração. Seu Coração tem tanto amor pelo meu, que nada lhe recusa. Por meu intermédio Ele tocará os corações mais empedernidos. Vim especialmente para a conversão dos pecadores. Há muito tempo os tesouros de meu Filho estão abertos. Que rezem. Tenho predileção por esta devoção. Aqui serei honrada. Não é apenas para ti que peço a calma, mas para toda a Igreja e a França. Eu te escolhi. Escolho os pequenos e fracos para minha glória. E recomendou: Repete-as sempre. Que elas [as palavras] te fortifiquem e te reconfortem na hora da provação. Não me reverás mais.”

A vidente mostrou-se perturbada por estas últimas palavras. Nossa Senhora acrescentou então de modo profundamente materno: Estarei invisivelmente a teu lado. Estelle viu então ao longe, à esquerda da visão, pessoas com gestos ameaçadores. Mas também, em outro plano, pessoas que pareciam boas. Maria Santíssima, referindo-se ao grupo da esquerda, disse: Não os temas. Eu te escolhi para dar-me glória e propagar esta devoção. Estelle, vendo que Nossa Senhora segurava o escapulário, pediu-o como presente, e a Virgem ordenou: Levanta-te e oscula-o. Tendo feito o que a Virgem lhe disse, exclamou: Osculei verdadeiramente um coração de carne, senti o calor e as pulsações.

Nossa Senhora lhe disse então para apresentar ao bispo aquele modelo de escapulário, e exprimiu o desejo de que todos o portem, a fim de reparar os ultrajes sofridos pelo Santíssimo Sacramento. Em sinal das graças dadas aos que o portam, Nossa Senhora fez cair de suas mãos uma chuva abundante: Essas graças são de meu Filho. Colho-as em seu Coração. Ele não pode me recusar.

Estelle perguntou o que conviria representar do outro lado do escapulário, e ouviu esta resposta singular: Quero que tu decidas. Submeterás tua idéia, e a Igreja decidirá. E afastando-se, acrescentou: Coragem. Se ele não conceder o que pedes (Nossa Senhora se referia ao bispo) e puser dificuldades, irás além. Nada temas, eu te ajudarei.

Com estas palavras, Nossa Senhora encerrou as aparições.

           Reconhecimento da Igreja

Ainda em 1876, com licença eclesiástica, o quarto das aparições foi transformado em oratório, e pouco depois em capela. No ano seguinte foi erigida a Confraria da Mãe de Todas as Misericórdias, elevada à dignidade de Arqui-confraria em 1894, por Leão XIII. O mesmo Papa ofereceu um círio a essa capela, concedendo indulgências aos peregrinos. Em 1904, o Cardeal Merry del Val ofereceu a São Pio X um livro recentemente publicado sobre as aparições. O Pontífice enviou sua bênção em testemunho de sua acolhida favorável, e também recebeu Estelle em março de 1912. Em 1922, Pio XI concedeu aos párocos de Pellevoisin o poder de impor o escapulário do Sagrado Coração de Jesus (nona aparição), bem como o de conceder indulgências. Em 1979, o Cardeal Ciappi OP, mestre do Palácio Apostólico, entregou a João Paulo II o livro sobre o centenário das aparições. Em 1983, a comissão teológica que analisou os relatórios médicos a respeito da cura de Estelle concluiu seus trabalhos. O arcebispo de Bourges, Dom Paul Vignancour, com base nessas conclusões, reconheceu oficialmente o milagre, um grande milagre

 

 

 

 


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