terça-feira, 22 de junho de 2021

A ORAÇÃO E A CONFIANÇA, CONDIÇÃO PARA ENFRENTARMOS O ATUAL PANORAMA MUNDIAL

 



Fazem parte de nossa Fé a Confiança e a Esperança. A Confiança diz respeito aos dias atuais e a Esperança aos futuros.

O clima mundial é não somente de falta de Confiança, mas também de Esperança, é a mais completa desesperança, ou, desespero coletivo. E para se adquirir a Confiança (que nos leva à Esperança) é preciso desencalhar na vida espiritual; e para tanto só existe um meio: a oração.  Comentando o livro “A Oração, o Grande Meio da Salvação”, de Santo Afonso Maria de Ligório (conferências do ano de 1957) Dr. Plínio Corrêa de Oliveira, falou o seguinte sobre a oração e a virtude da Confiança, tão necessárias nos dias atuais:

“Nós temos aqui o problema. O encalhe da vida espiritual, as meditações, as orações, os exercícios, só por si, não adiantam nada. A pessoa se cristaliza, se encalha, e o meio de desencalhar é a oração”.

Concluindo sua argumentação sobre um dos sinais precursores da “Bagarre”, o desespero, Dr. Plínio aponta a solução:

“Estarão preparados para a “Bagarre”, não tanto os “santos”, quanto os que saibam rezar. É assim que a pessoa se prepara para a “Bagarre”. Mais do que qualquer outro modo, é sabendo rezar.

“Na “Bagarre” a justiça de Deus vai ser tão grande, o peso da provação tão formidável que, se a pessoa não souber rezar, não atravessa a “Bagarre”.

“Essa espécie de montanha russa na qual nós vivemos, em que os perigos se aproximam e se distanciam, hipóteses, panoramas que mudam, isso tudo é uma preparação para nós confiarmos na oração, para nos dias mais difíceis sabermos corresponder à graça. É assim que nós devemos ver nossos dias”

Rezar sobretudo para adquirir a virtude da Confiança:

“Quando o fogo cair sobre a terra e a justiça de Deus espalhar horrores, quem ainda vai crer na misericórdia? E quem vai ter confiança na bondade de Deus, de modo a atravessar todos aqueles momentos, com a suficiente solidez do princípio axiológico, para entender que aquilo tudo vai acabar dando certo? É uma coisa para se apreciar. Eu tenho impressão de que, exatamente, os confiantes poderão atravessar a “Bagarre”, caso contrário terão muita dificuldade, devido a esse pessimismo espiritual, decorrente de um pessimismo em relação à vida”

Principalmente para se premunir contra o pessimismo:

“As almas precisam se premunir muito hoje em dia exatamente em relação a esse pessimismo, para poder compreender bem que apesar de todas as aparências em contrário, Deus é bom. A vida dá certo apesar dos horrores em que nós estamos.  Ela é como o jogo que dá certo, pelo menos para o Céu. E basta que dê para o Céu, não é preciso mais nada, porque o Céu explica tudo. E, assim, vivermos com alegria e coragem!

“Mas isto, sem oração, não se compreende, porque só ela torna isto explicável.  Se não houver oração, dando sempre esperança, tudo é zero. São as catástrofes interiores, crises nervosas, pavores, psicoses, tudo...”

Um grande teólogo medieval, Hugo de São Vítor, assim fala sobre a oração:

“Corramos, portanto, não pelos passos do corpo, mas pelos afetos e desejos da mente, já que não são apenas os anjos, mas também o Criador dos anjos quem nos espera. Portanto, já que toda a corte celeste nos espera e nos deseja, desejemo-la o quanto possamos. Com grande efusão e vergonha chegará a ela quem com grande veemência não a desejar contemplar. Quem, entretanto, pela oração ininterrupta e pelo pensamento constante tiver nela a sua conversação, nela entrará com segurança e nela será recebido com grande alegria.

“Onde quer que, por conseguinte, estiveres, ora dentro de ti mesmo. Se tiveres longe do oratório, não queiras buscar um lugar, porque tu mesmo serás o lugar. Se estiveres no leito ou em qualquer outro lugar, ora, e ali será o templo. Que a oração seja freqüente e, inclinando o corpo, que a mente se eleve até Deus. Assim como não existe nenhum momento em que o homem não use ou frua da bondade e da misericórdia de Deus, assim também não deve haver nenhum momento em que não o tenha presente na memória”. (“Sobre a Alma” – liv. 1, c. 6.)

São Pedro Julião Eymard assim descreve o que é a oração:

“Orar é glorificar a infinita bondade de Deus, é pôr em exercício a Misericórdia Divina, é rejubilar, dilatar o amor de Deus para com a sua criatura, pelo cumprimento da lei da graça que é a oração. A oração, portanto, é a maior glorificação de Deus promovida pelo homem, é a maior virtude do homem; mais que isto, a oração abrange todas as virtudes, porque todas as virtudes a preparam e compõem. A oração é a fé que acredita, a esperança que suplica, a caridade que pede para dar; é a humildade do coração que formula a prece, a  confiança que balbucia, a perseverança que triunfa do próprio Deus...”.

Como o Santo está falando da adoração eucarística, vai mais além e fala sobre o ponto máximo da oração: “...A oração eucarística tem mais uma excelência: atinge diretamente o Coração de Deus como um dardo inflamado, faz com que Jesus, em seu Sacramento, trabalhe, opere, reviva, ponha em ação o seu poder” (“Flores Eucarísticas” – São Pedro Julião Eymard – Palavra & Prece Editora Ltda – pág. 320)

 


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