segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

MEDITAÇÕES PARA O ADVENTO E EPIFANIA (XXXVII)

 



4 de janeiro

COMENTÁRIOS DE SÃO TOMÁS DE AQUINO

 - VIRGINIDADE DE MARIA

 I. Bem-aventurada Maria era virgem no parto, porque o Profeta não apenas diz: Eis que uma Virgem conceberá, mas acrescenta: e dará à luz um Filho (Is 7,14). Isso era conveniente por três motivos:

1ª) Porque correspondia à condição de quem nasceu, que é o Verbo de Deus. Porque o Verbo não é apenas concebido sem corrupção no coração, mas também procede do coração sem corrupção. Para o que, para mostrar que este seria o corpo do Verbo de Deus, era conveniente que nascesse do ventre incorrupto da Virgem. A este respeito se diz: "Aquela que dá à luz carne pura deixa de ser virgem. Mas porque nasceu na carne o Verbo de Deus protege a virgindade, manifestando-se por isso que ele é o Verbo. Nem nosso verbo mental corrompe nossa mente, quando é dado à luz; nem Deus, o Verbo substancial, por querer nascer, tem virgindade destruída.

2ª) Isso foi conveniente em termos do efeito da Encarnação de Cristo, porque veio justamente para destruir nossa corrupção; para o o que, não era conveniente para ele corromper a virgindade da mãe por nascer. Não era justo que aquele que veio para salvar o que foi corrompido violasse com sua vinda a pureza de sua mãe.

3º) Não era conveniente que, ao nascer, diminuísse a honra de sua própria mãe que ordenou a homenagem dos pais. Cristo misturou o maravilhoso com o humilde. Assim, para demonstrar a verdade de seu corpo, ele nasce de mulher; mais para manifestar a sua divindade, nascida de uma virgem. Porque esse parto era conveniente para Deus. Então, portanto, a Santíssima Virgem gerou sem dor. A dor de quem está dando à luz é produzida pela abertura do condutos através dos quais a prole sai. Mas Cristo saiu do ventre fechado pela mãe e, portanto, não havia violência ali. Portanto não houve alguma dor naquele parto, pois não houve corrupção, mas houve a maior alegria, porque o homem Deus nasceu para o mundo, de acordo com o de Isaías: “Ele brotará copiosamente como o lírio, e com muita alegria e louvor ele brotará feliz” (Is 35,2).

II. Ela era virgem depois de dar à luz. Pois é lido em Ezequiel (44, 2): “Esta porta está fechada: não se abre, e o homem não passa por ela, o parque o Senhor Deus de Israel entrou por ela”. Comentando alguém essas palavras, diz: "O que significa esta porta fechada na casa do Senhor, senão Maria que estará sempre intacta? E o que significa: o homem não passará por ela, senão José que não a conhecerá? E daí: apenas o Senhor entra e sai através dela, mas o Espírito Santo a fertilizará, e que o Senhor dos Anjos vai nascer para ela? E daí: será fechada eternamente, mas Maria é virgem antes do parto, uma virgem no parto e virgem após o parto? "

E, de fato, assim como Cristo é o único Filho do Pai de acordo com a natureza divina, igualmente perfeita em tudo, por isso também corresponde a ser o Filho único de sua Mãe, como seu fruto mais perfeito. (3 °, q. XXVIII, a. 2 e 3)

 (Extraído de “MEDULLA S. THOMAE AQUITATIS PER OMNES AMNI LITURGICI SEU MEDITATIONES EX OPERIBUS S. THOMAE DEPROMPTAE.- Recopilação de Fr. Mezar, OP, e tradução do latim para o espanhol por Luís M. de Cádiz)

 

 Exortação para o beijamento dos pés do divino Menino em uso em algumas igrejas.

 Levantai-vos, almas fiéis; Jesus vos convida esta noite a virdes lhe beijar os pés. Os pastores que o foram visitar no estábulo de Belém levaram-lhe seus presentes; é preciso que lhe ofereçais também os vossos. Mas que lhe ides oferecer? Escutai-me: o mais agradável presente que possais oferecer a Jesus, é um coração arrependido e amante. Eis, pois, os sentimentos que cada um lhe deve exprimir:

Afetos e Súplicas.

Vendo-me manchado de tantos pecados, não teria a ousadia de aproximar-me de vós, Senhor, se me não convidásseis com tanta bondade; mas já que me chamais tão amorosamente, não quero recusar o favor que me fazeis. Não,  não quero acrescentar às minhas faltas esta nova ingratidão para convosco; depois de vos haver tantas vezes voltado as costas, não quero por falta de confiança resistir a um apelo tão doce, tão gracioso. Mas sabeis que sou extremamente pobre; nada tenho para vos oferecer. Não tenho outra coisa que o meu miserável coração, que venho trazer-vos. É verdade que vos ofendi  outrora, mas hoje me arrependo, e vo-lo ofereço arrependido. Sim, adorável Menino, arrependo-me de vos haver contristado. Eu o confesso, sou o bárbaro, o traidor, o ingrato, que vos causou tantas dores e vos fez derramar tantas lágrimas no estábulo de Belém; mas as vossas lágrimas são a minha esperança. Sou um pecador indigno de perdão; mas tenho a vós que, sendo
Deus, vos fizestes menino para perdoar-me. Ó Pai eterno, se mereço o inferno, olhai para as lágrimas que vosso Filho inocente derrama para me obter  misericórdia. Não recusais nada às preces de Jesus Cristo; atendei-o pois que implora de vós o meu perdão nesta noite, que é uma noite de alegria, uma noite de salvação, uma noite de perdão. — Ah! caro Menino, meu Jesus, espero de vós o perdão; mas não me basta o perdão dos meus pecados: nesta noite concedeis grandes graças às almas; eu também desejo uma grande graça que deveis fazer-me, a graça de vos amar. Agora que estou arrependido aos vossos pés, abrasai-me todo de vosso santo amor, e prendei-me a vós; mas prendei-me de tal forma que me não possa mais separar de vós. Amo-vos, ó meu Deus feito menino por mim, mas amo-vos pouco; quero amar-vos muito, a vós compete fazer que assim seja. Venho beijar-vos os pés e trazer-vos meu coração; eu vo-lo entrego, não o quero mais. Transformai-o e guardai-o para sempre. Não mo deis mais, pois se o puserdes em minhas mãos, temo que vos torne a trair. SS. Virgem Maria, vós que sois a Mãe desse divino Menino, sois também a minha Mãe: em vossas mãos deposito meu pobre coração,  apresentai-o a Jesus. Se vós lho apresentardes, Ele o não rejeitará. Apresentai, pois, meu coração a Jesus, ó minha Mãe, e pedi que o aceite.

 (SANTO AFOSO MARIA DE LIGÓRIO - “Encarnação, Nascimento e Infância do Menino Jesus” – Edição Pdf - Aparecida – 2004 – Fl. Castro (págs. 98/107)

 

 


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