segunda-feira, 7 de outubro de 2019

PRETENDEM PAGANIZAR A SANTA MISSA COM RITUAIS DA PAJELANÇA?






De modo geral, fala-se muito  hoje em dia no respeito que se deve ter pelos “costumes” dos povos nativos, em especial dos indígenas.
No que consistem os costumes indígenas? Quando os portugueses chegaram ao Brasil, era mais profusa a disseminação de tais costumes: antropofagia (matavam e comiam seus adversários), feitiçarias, curandeirismo, muitas superstições, etc.
O aspecto religioso era, e é até hoje, o que chama mais atenção. E a tônica é o xamanismo, feitiçaria, verdadeiramente diabólica. Carl von Martius, estudioso do século XIX, afirma que os feiticeiros formavam uma verdadeira “confraria”, realizando encontros que eles chamavam de “santidade”. Vejamos  uma destas reuniões feitas por eles. Pode ser que se tratasse das faladas “santidades” ou então simples reunião de seus rituais pagãos. 
Jean de Léry, pastor protestante francês que esteve no Brasil tomando parte da famosa “França Antártida”, no Rio,  assistiu uma delas, que ele mesmo  narrou num livro, e que ocorreu da seguinte forma:
“...Os nossos tupinambás costumavam reunir-se com grande solenidade de três em três ou de quatro em quatro anos;  achei-me por acaso em uma dessas reuniões...
“...foram reunir-se em número de quinhentos a seiscentos numa grande praça...  Paramos então e voltamos para saber o motivo da assembléia; nisto os silvícolas se separaram subitamente em três bandos. Os homens recolheram-se a uma casa, as mulheres entraram noutra e as crianças numa terceira. Como vi dez ou doze caraíbas entre eles, suspeitei algum acontecimento extraordinário e convenci meus companheiros a permanecer ali até averiguá-lo.
“Antes de se separarem das mulheres e meninos, os caraíbas proibiram severamente de sair das casas em que se encontravam;  aí também nos encerraram...  ...quando principiamos a ouvir...  ...um murmúrio surdo de rezas; imediatamente, as mulheres, em número de quase duzentas, se puseram todas de pé e muito perto umas das outras. Os homens pouco a pouco erguiam a voz e os ouvíamos distintamente repetir uma interjeição de encorajamento: HE, he, he, he. As mulheres, por seu turno, a repetiram com voz trêmula: He, he, he. He.
“Assim aconteceu um quarto de hora e nós não sabíamos o que fazer. Ao mesmo tempo urravam, saltavam com violência, agitavam os seus braços e espumavam pela boca até desmaiar como vítimas de ataques epilépticos; por isso não era possível deixar de acreditar que se tivessem repentinamente possuídos do diabo. Também os meninos se agitavam e se torturavam... confessarei que tive medo...
“...Ao contrário do que afirmara o  intérprete, não se incomodaram os selvagens conosco;[1] conservaram-se em seus lugares e continuaram as suas cantorias, em vista do que eu e meus companheiros nos acomodamos sossegadamente em um canto a fim de contemplar a cena...
“...Como eram numerosos, formavam três rodas no meio das quais se mantinham três ou quatro caraíbas ricamente adornados de plumas, cocares, máscaras e braceletes de diversas cores, cada qual com um maracá na mão...
“...Os caraíbas não se mantinham sempre no mesmo lugar como os outros assistentes;  avançavam saltando ou recuavam do mesmo modo e pude observar que, de quando em quando, tomavam uma vara de madeira de quatro a cinco pés de comprimento em cuja extremidade ardia um chumaço de “petum”[2]e voltavam-na acesa para todos os lados soprando a fumaça contra os selvagens e dizendo: “Para que vençais os vossos inimigos recebei o espírito da força”.
A reunião que, pelo relato, talvez estivesse até mesmo decidindo ou pedindo aos espíritos forças contra os católicos, termina melancolicamente:
“Essas cerimônias duraram cerca de duas horas e durante esse tempo os quinhentos ou seiscentos selvagens não cessaram de dançar e cantar...” [3]
Será que os participantes do Sínodo da Amazônia, que se realiza agora no Vaticano, pretendem que futuramente haja cerimônias como estas dentro de nossas igrejas? Vão querer “paganizar” a Santa Missa com tais rituais?



[1] A aliança entre os maus: a presença de um herege não incomodava os feiticeiros. Jean de Lery encontrava-se provavelmente entre os tamoios, aliados dos franceses que haviam invadido o Rio de Janeiro.
[2] “petum” - fumo
[3]  “Viagem à Terra do Brasil” – Jean de Léry – Liv. Martins Editora, 1967, págs. 180/183

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